Gota D'Água escrita por KuroroLucifer


Capítulo 4
Perigo




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Eu até pensei em negar aquele pedido, mas percebi que se eu me mantivesse em casa, eu acabaria por me desfazer em lágrimas novamente. Por causa disso, aceitei sem muita relutância.

— Onde a gente se encontra?

— Na cafeteria do centro da cidade, perto do Parque.

O Parque da cidadezinha era basicamente um lago que era circundado por árvores cheias, lindas, parrudas. Era um ponto de encontro conhecidíssimo, o maior point social da cidade. Este Parque era cercado de lojas grandes e a grande Starbucks no centro que era a cafeteria mais importante de lá.

E lá fui eu, para me dar uma chance de sair da tristeza e dar uma chance ao meu novo amigo de tentar me seduzir. Claro que eu não estava aberto a isso. Mas era bom se sentir desejado.

Como eu morava próximo ao Parque, caminhei durante um pouco mais de sete minutos. Estava metido em roupas leves por causa da temperatura e, por causa disso, andava com passadas rápidas, que eram incentivadas pelo tempo.

Reconheci o garoto do restaurante tão logo o vi. Ele estava usando uma calça jeans e uma camisa verde-azulada. Ele era moreno com cabelos avermelhados — o oposto de mim, que era branco de cabelos negros — e tinha os olhos cobertos por óculos grandes, que adaptavam-se perfeitamente ao nariz ligeiramente afilado. Os óculos tapavam não só os olhos bem como metade das sobrancelhas grossas do rapaz.

Acenei pra ele num gesto brusco quando ia atravessando a rua displicentemente. Um carro buzinou e eu voltei para a calçada, num salto. Ele olhou pra mim, sorriu e balançou a cabeça. Eu dei um sorriso arrependido e, assim que pude, atravessei a rua.

— Eita — eu disse e dei uma risadinha.

— Eita. — Ele disse, meio que concordando. — Qual é o seu nome?

— Respondo a todas as perguntas assim que eu der o primeiro gole no meu capucino.

Ele deu uma risadinha e balançou a cabeça de novo.

***

Tivemos que esperar curtos quinze minutos para o café ficar pronto. Ficamos nos olhando, sem dizer nada, enquanto isso. Eu percebi que, por duas vezes, o garoto moreno fez menção a iniciar a conversa, mas desistiu. Talvez fosse pelo que eu disse antes. Talvez não. Talvez ele estivesse esperando o momento certo. Obviamente ele não sabia que, uma vez eu estando ali, já era o momento certo para qualquer coisa.

Quando o café chegou, eu dei um gole longo e senti a quentura deliciosa descendo pela minha garganta. O garoto bebeu sem tanto ímpeto, como se o café fosse apenas um pretexto para o que ele queria de verdade — e era mesmo.

Como eu percebi que ele não diria nada — fosse por timidez, fosse por qualquer outra merda — iniciei a conversa.

— O que você quer saber de mim?

— Primeiramente seu nome.

— Meu nome é Bruno e o seu?

— Gabriel. Qual a sua idade?

— Já vai iniciar as perguntas críticas cedo assim?

Ele sorriu.

— Você me perguntou o que eu queria saber de você.

— Eu tenho 28 anos de idade. Pelo menos por enquanto.

— Por enquanto?

— Sim, por enquanto. Meu aniversário é mês que vem.

— Quando, no mês que vem?

— Dia vinte e sete. E você?

— Tenho 22.

— Você é muito novo.

— Sou... — ele fez uma pausa e bebeu um pouco do café. — O que ou quem você estava esperando no restaurante?

— Meu ex-namorado.

— Ah.

Eu vi que ele desmoronou.

— Relaxa, nós não vamos mais voltar.

— Vocês terminaram em dois dias?

— Sim... Longa história. Não quero falar sobre isso.

Eu não saí de casa para falar de Paulo, querido, eu quase acrescentei, mas deixei para lá.

— Tudo bem. — ele se desculpou. — Posso fazer uma pergunta?

— Faça.

— Você está aberto a novas experiências?

Eu olhei para a cara dele desconfiadamente.

— Como assim?

— Eu quero muito ficar com você.

Eu avaliei o corpo dele até onde pude ver e dei um sorriso.

— Não, as coisas não são assim.

— Infelizmente, não é um pedido.

Gabriel piscou para mim e levantou de leve a camisa. Era uma arma.


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Notas finais do capítulo

Vou dar uma pausa para o Natal a partir de amanhã e, por isso, vou tentar adiantar alguns capítulos hoje. Espero que estejam gostando.