Gota D'Água escrita por KuroroLucifer


Capítulo 18
Ajuda dos Céus




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/449706/chapter/18

Cinco meses antes de tudo isso o que eu venho contando acontecer, um amigo de Marcos — Henrique — marcou um almoço para comemorarem sua promoção. Iria Marcos, Júlia, Henrique e Paola, sua namorada. Eles se encontraram e começaram a conversar sobre a vida. Como Paola era amiga de Júlia, o assunto fluía com mais facilidade entre elas que com Júlia e Henrique, por exemplo. Então houve uma divisão silenciosa entre eles quatro: meninas com meninas e meninos com meninos.

Como a vida dos homens giram ao redor de trabalho e eles dois tinham o mesmo emprego, claro que o assunto foi esse: o hospital. Henrique gostava de passear entre as alas do hospital, gostava de estar por dentro das novidades.

Segundo ele, tinha chegado uns cinco pacientes no mínimo estranhos no hospital. Dois homens e três mulheres sujos, completamente nus — cobertos por uma manta verde —, moralmente abalados e chorosos. Eles não tinham coragem de falar nada e tremiam da cabeça aos pés e não regiam a nada. Quando um enfermeiro foi fazer um exame íntimo em um dos homens, este reagiu somente para se proteger, agredindo copiosamente o enfermeiro. A óbvia aversão dos pacientes ao contato íntimo só podia significar uma coisa: eles tinham sido estuprados até o limite.

O hospital chamou a polícia para tentar resolver aquela situação. A polícia levou os cinco pacientes embora, mas o médico responsável não os deixou sozinhos; antes, acompanhou passo a passo todo o processo policial.

A polícia não deu muitas respostas, mas ficou claro que eles tinham sido extremamente abusados, até não aguentarem mais e simplesmente apagarem. O médico responsável, o doutor Lucas, levou o caso até um psicanalista que tentou conversar durante horas com aquelas pessoas tão estranhas. Eles não falavam, tinham medo; ficavam retraídas no canto da sala olhando para o nada ou se entreolhando. Às vezes, as mulheres choravam, mas era uma coisa rara.

O psicanalista contou para o dr. Lucas que aquele fenômeno se chamava dissociação mental. Ele explicou que, quando uma pessoa é exposta a um trauma intenso, a mente dela, não sabendo como lidar com aquilo, simplesmente quebra. Para de funcionar, simplesmente, até que a pessoa consiga lidar com aquela situação. Nesse momento, a mente cria outras personalidades para aquelas pessoas, mas até para isso leva-se um tempo e os traumas têm que ser curados. Senão, a pessoa simplesmente não aguenta e fica louca, parada, assustada, obsessiva.

O doutor Lucas ficou pensando naquilo, tentando entender como isso aconteceria a cinco pessoas de uma vez. Ele começou a criar uma teoria louca na cabeça. Louca, mas que fazia sentido.

A de que alguém estava fazendo isso de propósito.

***

Quando Henrique terminou de contar essa história para meu irmão, Marcos simplesmente estava estarrecido como jamais esteve a vida inteira. Não conseguia conceber que alguém conseguia ser tão cruel.

— Henrique... Aonde eu encontro esse doutor Lucas?

— Eu tenho o número dele aqui. — ele pegou o celular e abriu um sorriso. — Você vai ajudá-lo nessa história louca?

Marcos deu um sorriso.

— Vou pensar nas minhas posibilidades.

E pegou o número.

***

Duas semanas mais tarde, Lucas e Marcos finalmente arranjaram tempo de se encontrar para conversar sobre o assunto.

Lucas simplesmente nomeara aquilo de Teoria da Gota D’Água: a de que alguém estava transformando os cérebros alheios em gelatina por puro prazer. Puro controle, fosse o que fosse. Ou, segundo ele, talvez as pessoas pudessem ser usadas de produtos colocados à venda na Deep Web, por exemplo.

Ambas as ideias pareciam assustadoramente loucas para Marcos. Quem, em sã consciência, poderia fazer isso com outro ser humano? Era uma ideia inconcebível para ele. Inconcebível, pelo menos, até ele ver com seus próprios olhos aquelas pessoas encolhidas no canto do quarto, com medo até das próprias sombras.

Marcos se ofereceu para começar a buscar, junto com Lucas, as pessoas que estavam sofrendo aqueles abusos, quem estava fazendo isso com eles e, principalmente, por que. Juntos, eles contrataram outro psicanalista que ficava vinte e quarto horas com as pessoas, cuidando delas, tentando ajudá-las a não fazer nenhuma besteira.

Ao final de um mês de buscas, pesquisas e certas ajudinhas de alguns policiais, os dois homens e uma das mulheres se mataram. Além de chegar mais sete pessoas que, ao que tudo indicava, também tinham sofrido os abusos.

A situação ficou assim durante todo o tempo, até eu chegar. Marcos via em mim uma vítima que tinha conseguido se libertar antes que fosse tarde.

Marcos via em mim uma ajuda dos céus.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

HEY GENTE!

Eu tenho uma coisa pra dizer pra vocês, uma novidade que talvez vocês possam se interessar: Gota d'Água, o livro 1, está finalizado e à venda para quem quiser adquirir! Eu vou, claro, postar o livro até o final, mas acho que seria bem legal vocês comprarem o livro, gente, sério, ia ajudar muito!

Olha aí: https://clubedeautores.com.br/book/158628--Gota_dAgua

Beijos do Kuroro.

(Detalhe: Fernando, eu fiz uma dedicatória pra você. Espero que você goste, viu? Obrigado por acompanhar o projeto!)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Gota D'Água" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.