Gota D'Água escrita por KuroroLucifer


Capítulo 13
Paulo




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Eu acordei no hospital, no outro dia à tarde. Não sabia onde estava nem o que tinha acontecido, só sabia que as coisas não estavam bem — ainda mais depois de sentir o característico odor de hospital.

Uma enfermeira acabava de mexer no meu soro, injetando qualquer coisa. Eu sentei e ela, bastante simpática, puxou conversa. Me explicou que eu sofrera um acidente de carro que poderia ter sido bastante grave. Eu perguntei como viera parar ali e ela disse que não sabia. Mas disse que eu estava acompanhado de um homem, que acabara de sair para almoçar.

— Ele acabou de sair mesmo — ela disse. — Um desencontro de segundos mesmo, foi ele sair pra você acordar.

Quando eu perguntei o nome desse homem, ela não soube dizer.

***

Até aquele momento, a imagem de Luiza ainda não viera na minha cabeça. Não era insensibilidade minha, jamais. Mas é que uma dor de cabeça se apoderara de tal forma de mim que eu não conseguia pensar em mais nada. Nem me preocupei com o tal homem que estava comigo, nem pensei na possibilidade de ele ser o Gabriel.

Mas não era, como percebi quando Paulo entrou no meu quarto. Ele não conseguiu conter sua alegria quando me viu acordado.

— Bruno, graças a Deus! — ele disse, com um sorriso no rosto. Eu tinha me esquecido do quanto ele era bonito. — Eu estava muito preocupado com você, meu amor. Você sumiu, cara, sumiu! Não estava em casa, não atendia telefonemas, o que aconteceu com você? E aí eu soube do acidente, logo tratei de te colocar aqui, em um quarto. Você pode me dizer o que aconteceu?

Ele não parava de falar, de fazer perguntas e a dor também não dava trégua... Tudo isso junto foi me irritando de tal maneira que eu nem conseguia falar. Quando ele percebeu que minha feição mudara, ele parou de me pressionar e sentou ao meu lado.

— Olha... Desculpa. — ele disse, abaixando a cabeça e beijando minha mão. — Eu estive muito preocupado com você... Me desculpa. Eu te amo, eu te amo. Agora relaxa, amor. — ele colocou a mão na minha cabeça, numa carícia. — Eu estou aqui com você. Eu sempre vou estar aqui com você...

E, enquanto ele falava, eu fui mergulhando num novo sono profundo, que sobrepujou até a dor.

***

Ali Luiza estava presente, naquele sonho. Eu vi ela se aproximando de mim, pegando minhas mãos e dizendo pra eu ser feliz. “Seja feliz, meu amigo”, ela disse. “Seja feliz. Nada mais importa”. E, nisso, eu acordei.

Obviamente estava no meio da noite. Paulo estava debruçado sobre minha cama, numa posição que parecia extremamente desconfortável, dormindo. Eu não me mexi, não ousei, para não acordá-lo.

Nisso, alguém entrou no meu quarto. Abriu a porta de forma com que não houvessem ruídos e passeou pelo ambiente. Mexeu na bolsa que Paulo trouxera consigo — que não tinha quase nada —, se aproximou da minha cama. Instintivamente, fechei os olhos, mas senti aquela presença me observando.

***

Se fora sonho ou não, eu nunca soube. Mas acordei alarmado, como se ainda me observassem. Paulo me acalentou, me fez relaxar e ficou ali até que me dessem alta. Alta esta que não demorou a chegar, muito pelo contrário. Logo no terceiro dia perceberam que nada acontecera de errado comigo.

Ou melhor, havia algo de errado. Uma tristeza enorme que se formou assim que eu soube da morte de Luiza. Uma dor me invadiu o coração de forma devastadora e, se não fosse Paulo, eu teria feito uma besteira assim que saísse do hospital.

Se, em algum momento, eu conseguira sair da depressão que eu entrei quando fora raptado, tudo acabara. Eu voltei ao mesmo estágio que Luiza me ajudara a superar, antes. Eu estava resumido a ficar jogado em uma cama o dia inteiro, num quarto com as janelas fechadas e luzes apagadas. Comia somente quando Paulo me obrigava — e ele obrigava sempre, tenho que admitir — e não saía nunca.

Eu simplesmente não queria mais saber de nada.

***

Paulo costumava sair, todos os dias, bem cedo para comprar pão para o café. Ele adorava ter os pães bem quentinhos e bem claros à mesa. Ele levava, todo o dia, em uma bandeja, uma xícara grande de café com leite bem doce e um pão com queijo e presunto para mim.

Mas, por alguma razão, naquele dia estava sendo diferente. Naquele dia, eu ouvira o carro ligar, a porta bater, tudo. Mas Paulo não voltava. Não voltava nunca. Uma preocupação crescente uniu-se à tristeza que já me estava cada vez mais familiar e eu comecei a chorar novamente. Um aperto no meu peito se fez presente, doloroso e eu não conseguia parar de chorar.

Paulo parecia que não voltaria nunca mais. E não era exatamente mentira.


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Notas finais do capítulo

DESCULPA A DEMORA, PESSOAL! É que eu estava dormindo na casa da minha avó e lá eu estava sem internet. Juro que não atraso mais, juro juro. Perdão, viu? Enfim. Espero que tenham gostado do capítulo! Beijos



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