Eu congelei imediatamente no lugar onde estava. Um pânico começou a me subir pelo corpo, eu comecei a tremer. Levantei do sofá num ímpeto só, atravessei da sala para a cozinha e me armei com uma faca. Fiquei com ela em punho enquanto voltava para a sala. Subi até meu quarto e, sem olhar para trás, me tranquei nele. Virei e sentei na cama pensando no que iria fazer a seguir.

***

Não demorou muito até que Luiza começasse a gritar meu nome lá de baixo. Ela parecia genuinamente preocupada, o que até me convenceu e me fez abrir a porta, descer e encontrá-la quase chorando no sofá. Ao me ver, ela me xingou, me bateu, pergutou se eu era louco, se estava maluco de fazer aquilo com ela.

Olhei dentro de seus olhos e suspirei. Eu só podia estar ficando paranoico.

Ela pediu para ir embora dali e eu não me sentia sequer em condições de retrucar com ela. Luiza jamais se descontrolara tanto quanto naquele momento em que procurou e não me achou. Eu coloquei a faca em cima do sofá e chequei se o celular estava no bolso. Ao perceber que sim, atendi ao pedido de Luiza e, depois de procurar o molho de chaves e trancar a casa, saí de lá.

Eu não voltaria ali tão cedo.

***

Luiza ainda estava trêmula quando entrou no carro. Ela arrancou com força, dando a ré e fazendo a volta para a rua que nos levava para casa. Mal ela virou a esquina outro carro — um preto, pelo que vi de relance — bateu no nosso, no lado do motorista. Nosso carro foi arrastado por este preto até um poste, que acertou a porta esquerda dos bancos traseiros.

Luiza morreu automaticamente com a batida.