Gota D'Água escrita por KuroroLucifer


Capítulo 11
Em Casa




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Naquela tarde, eu e Luiza estávamos conversando pela primeira vez sobre o que tinha me acontecido. Contei pra ela algumas coisas sobre Paulo, sobre como éramos felizes e como acabamos nos separando. Conversamos bastante naquele dia e eu jamais me senti tão bem na minha vida. Parecia que Luiza me entendia.

Ao fim da nossa primeira conversa sobre meu passado, não resisti à tentação de perguntar para ela sobre ela. Ela deu um sorrisinho e olhou para o relógio: era hora do almoço. Ela levantou-se para fazer o almoço e eu me ofereci para ajudá-la. Percebi que ela estava se esquivando da conversa, mas me fiz de desentendido e forcei um pouco o assunto.

Ela se esquivou várias vezes enquanto eu a ajudava ao ponto de, quando estávamos comendo, não falarmos uma única palavra mais. Eu desisti de perguntar e ela ficou pensativa enquanto comia. Reinou o silêncio na mesa de jantar.

Como era de costume, Luiza levantou-se do almoço com seu copo de Coca-Cola, sentou-se no sofá e acendeu um cigarro. Era rotineiro que ela fumasse depois do almoço e eu sabia respeitar isso: ela gostava de fumar em silêncio. Quando o cigarro chegou no filtro, eu me aproximei dela e fiz o pedido que mudou nossas vidas por completo: eu queria ir na minha casa.

***

Ela, no princípio, não queria me levar. Depois de saber detalhes sobre Gabriel, ela parecia preocupadíssima com me deixar sair. Por ela, eu iria direto à polícia, mas eu não queria falar nada. Falar tudo pra um estranho me faria sofrer tudo de novo — e eu não queria isso. Não queria mesmo.

— Luiza, você não tem o direito de fazer isso comigo. — eu disse, insistindo. — Se eu quero ir na minha casa, você não pode me proibir.

— Não me entenda mal, Bruno... — ela suspirou. — Eu só tenho medo.

— Não tem do que se preocupar — eu abri um sorrisinho. — É só a minha casa.

***

Entramos no carro. Luiza parecia contrariada, mas não disse nada no caminho. Ela olhava para o retrovisor sempre, preocupada, mas não disse nada. Eu fui aproveitando o caminho, revendo as ruas que já não via há tanto tempo. Ela entrou na minha rua e estacionou na frente da minha casa, mas não fez nenhuma menção de descer do carro.

Ela me olhou triste, como se aquilo fosse uma despedida. Eu dei um sorriso para ela e perguntei se ela não ia descer do carro.

— E você quer que eu desça? — ela perguntou, ligeiramente aliviada.

— Claro.

E ela desceu do carro.

***

Entramos na minha sala que parecia enorme. Minha casa era, inegavelmente, maior que a de Luiza. Minha casa era bem-iluminada, com as paredes brancas e uma única parede laranja, na sala, a parede que tinha a televisão pendurada. Um corredor levava à cozinha e tinha uma escada que levava para os dois quartos de cima e à saleta que dividia os quartos.

Ela achou a casa bonita e fez mil elogios durante a incursão. Eu, porém, jamais me senti tão mal na minha vida. Não demorou muito para que as lembranças da noite que eu terminara com Paulo voltassem à minha cabeça. Ainda tinha umas peças de roupa que ele deixava lá, para colocar de manhã depois das nossas longas noites de sexo. Me lembrava das vezes que comemos pipoca naquele sofá, daqueles dias que éramos unidos.

Mas a lembrança que mais me doeu foi a de ligar para Gabriel e cair na sua conversa idiota. Como eu era estúpido. Eu deveria ter previsto que era alguma armadilha. Ninguém gosta de graça de ninguém, então cuidado com a vida, meu filho, minha mãe costumava me dizer, mas sobre Paulo. Ela estava errada sobre quem eu deveria ter cuidado.

O meu celular estava em cima da estante e tinha várias ligações perdidas de Paulo e do escritório de advocacia. Eu tinha me esquecido completamente do trabalho; na verdade, tinha me esquecido de tudo. Peguei o celular e até pensei em ligar para eles, mas desisti. Fiquei ali, chorando, sentado no meu sofá.

Luiza ficou olhando tudo com curiosidade. Mas não disse nada.

***

Meu celular vibrou em minhas mãos. Era uma mensagem.

Se você acha que acabou, meu querido, você está muito enganado. Ou você acha que pode confiar em todo o mundo?

Eu olhei para frente procurando Luiza. Ela tinha sumido dali.


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Notas finais do capítulo

Desculpa a demora gente, não deu para publicar hoje de madrugada, como de costume. Gente, estou amando que você andam lendo a história, obrigado mesmo! Não querendo ser chato, mas deixem review, eu quero saber a opinião de vocês da história. Muito obrigado por tudo, tá? Um beijão



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