Rachel governa o lado obscuro escrita por Rafa


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Mais um.



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De todas as câmaras sombrias no castelo Fabray sem contar as masmorras subterrâneas, é claro, o que servia como um tribunal tinha de ser o pior.

Como todos os salões abaixo do solo, este tinha uma lareira com um fogo ardente, mas as chamas pareciam mais infernais do que alegre. Lançavam assustadoras sombras que se deslocavam sobre as paredes de pedra cinza e definitivamente não fazia muito para aquecer a decoração gritante, que consistia em um semicírculo de bancos de testemunhas, um local usado no chão de pedra, onde o acusado estaria, e uma longa mesa, onde me sentei ao lado de Quinn em uma cadeira com superfície dura e espaldar reto. Os Anciões esperavam em assentos semelhantes em ambos os lados de nós, todos os dez vampiros mais velhos sentados notavelmente quietos.

Movendo-me em minha cadeira, eu tentei — e falhei — ficar mais confortável.

Eu deveria processar as pessoas que desenharam o castelo My Little Pony Crystal Rainbow que eu brincava no jardim da infância. Eles me levaram a acreditar que os castelos eram preenchidos com arco-íris, cupcakes e móveis cor de rosa. Não de pedra e fogo, e... Sangue.

Voltando um pouco para o lado, tentei encontrar os olhos de Quinn, mas ela estava olhando para frente, obviamente preocupada. Ela também estava muito quieta, exceto a mão esquerda, que distraidamente coçava o queixo direito, onde tinha uma pequena cicatriz. Eu sabia que significava que ela estava escondendo a tensão, e as borboletas em meu estômago ficou pior.

Se Quinn está tensa, como eu posso sequer imaginar lidar com isso?

Minha mulher parecia sentir que eu estava ficando muito nervosa, e ela moveu seus olhos apenas o suficiente para me lembrar:

— Não surte Rach. Nós já conversamos sobre isso. É parte de nossos deveres.

Bem, Quinn nunca tinha usado a palavra "surte", mas nós havíamos discutido como minhas novas responsabilidades incluíam estabelecer a justiça, e às vezes sentenciar...

— Que o acusado se apresente.

Eu pulei quando o repentino comando de Quinn ecoou pelas paredes, e virei com o coração apertado ao ver que tínhamos estado acompanhados por um vampiro que estava no fundo da sala, mãos algemadas e cabeça baixa.

Ele é um assassino, eu me lembrei quando minha boca ficou seca. Um grupo de testemunhas o viram destruir meu tio Constantin Dragomir. E o que eu estou fazendo é como servir em um júri. Os seres humanos comuns fazem isso o tempo todo!

Olhei à minha esquerda, buscando a garantia de que não estaria sozinha para decidir o destino do prisioneiro que foi arrastando em direção a esse ponto pálido no chão. Mas meu tio Dorin — o único Ancião que eu considerava um aliado não estava lá, — e acabei encontrando o olhar de Claudiu Fabray, que sorriu. Talvez pelo pânico crescente que deve ter estado aparente no meu rosto, ou talvez com a perspectiva de ouvir o depoimento sobre um assassinato.

Meu estômago ficou enjoado. Claudiu era como seu irmão mais velho, Basile — outro vampiro perverso e maldoso, que Quinn destruiu.

Embora eu sabia que estava me contorcendo de forma demasiada para uma princesa, virei-me para olhar Quinn novamente, exatamente quando ela disse, com uma voz firme que eu não poderia imaginar convocar se eu tivesse que falar.

— Conte sua história para este júri, Dumitru Fabray, e nós vamos decidir se você merece misericórdia ou punição.

Eu deveria ter dado a minha atenção para o vampiro que estava prestes a lutar por sua vida, mas eu continuei assistindo minha mulher, que tinha estado nesse círculo apenas alguns meses antes e, felizmente, foi considerada inocente da morte de Basile. Felizmente, a maioria dos Anciões — não Claudiu, é claro, — acreditavam que Basile atacou primeiro, não dando a Quinn outra escolha senão defender-se.

Eu nunca me deixei pensar sobre o que poderia ter acontecido nesse julgamento, e fiquei feliz por não saber sobre isso até muito tempo depois que o veredito havia sido proferido.

Continuei estudando Quinn. Como ela pode suportar estar nesta sala, deixando para conduzir tudo sozinha e friamente? E se o veredito de hoje for culpado, ela não teria que...?

— Fale, — Quinn pediu ao seu familiar. — Esta é a sua chance de salvar sua existência.

Eu ouvi comando e compaixão na ordem de Quinn, mas o meu sangue frio, de repente era como gelo. Uma existência pode realmente acabar hoje. Eu não sou apenas parte de um júri. Eu sou o juiz, e Quinn seria...

Dedos agarrando minha cadeira, eu finalmente me forcei a enfrentar Dumitru Fabray, que levantou a cabeça, para que eu pudesse ver seus olhos verdes e assustados, porque se ele fosse considerado culpado...

— Não!

Eu não tinha certeza se eu gritei alto, mas a minha cadeira guinchou quando eu pulei, o que provavelmente afogou a minha voz de qualquer maneira. — Desculpe-me, — eu murmurei, inclinando minha cabeça. — Eu... Eu preciso sair. Eu não me sinto bem...

Eu não conseguia olhar para Quinn quando eu tropecei do seu lado. E eu certamente não olhei para Claudiu ou para os outros Anciões, que estariam muito cientes da razão pela qual a garota americana criada por vegans saiu correndo da sala, quase tropeçando em seu longo vestido formal.

— Desculpe-me. — Os Anciões puxaram suas cadeiras para que eu pudesse passar por trás deles. — Desculpe...

Eu sabia que eu estava — de novo — ferindo Quinn e minha chance de ganhar uma votação crucial de confiança mais tarde nesse ano, quando o mais influente Fabray e membros do clã Dragomir se reuniam em um grande congresso de verão de vampiros. A votação que poderia elevar Quinn e eu como rainhas. Mas eu não podia ficar lá, mesmo deixando-nos condenadas ao fracasso.

Eu praticamente corri passando pelo prisioneiro, não olhando para ele, para qualquer um. Mas, quando eu corri para a porta, eu chamei a atenção de um vampiro que eu não tinha notado antes, mesmo que eu deveria ter esperado que ela assistisse ao julgamento do assassino de seu pai. Minha prima Sugar Dragomir, 18 anos, como eu, pequena e vestindo preto, sentou-se sozinha em um canto, misturando-se nas sombras, como se ela não quisesse que ninguém visse o seu rosto enquanto ela ouvisse a história do assassinato de seu pai contado em detalhes.

Eu não tinha certeza de qual veredito o prisioneiro teria, mas eu nunca me senti tão culpada como quando saí daquela sala, desapontando não apenas o minha esposa, mas o primeiro amigo que fiz na Romênia.

— Não seja tão dura consigo mesma, Anastácia, — Meu tio Dorin pediu. Ele pairou perto da minha mesa, torcendo as mãos nervosamente, a simpatia em seus olhos.

— Eu... Eu não fiz um esforço muito forte para assistir ao julgamento, também.

— Sentar em julgamentos não é para todos, sabe?

— Claudiu parecia bem com isso, — eu disse miseravelmente. — E Quinn foi muito bem!

Pelo menos, ela agiu bem, que era o que realmente contava.

— Sim, bem, Fabray são lendários pelo seu sangue frio, — Dorin me lembrou. — Todos têm gelo em suas veias. E alguns, como Claudiu, salivam só em pensar em infligir alguma punição. Nós Dragomir, por outro lado, tendemos a ser um pouco... — Ele não conseguia encontrar a palavra certa, mas eu podia terminar a frase com bastante facilidade.

Mole. Submissa. Covarde?

Mas era tão ruim querer evitar terminar com uma vida?

Empurrei-me em pé da minha enorme cadeira de escritório, que havia pertencido a minha mãe de nascimento. A camisola de seda que eu tinha mudado em uma tentativa desesperada de fazer as pessoas acreditarem que eu realmente estava mal continuou fazendo minha bunda escorregar no assento de couro, e quando eu empurrei de volta, meus pés pendiam, então eu me senti ainda mais como uma criança brincando de ser uma princesa. Uma garota envergonhada.

Pelo menos uma Dragomir — Mihaela — nunca se esquivava de um julgamento.

Exagerei, com o pijama?

— Acho que não há nada que eu possa fazer agora, exceto tentar me redimir na reunião de amanhã com os Anciões, — eu disse, olhando melancolicamente para um livro enorme que estava aberto sobre a minha mesa. — Posso pelo menos tentar fazer alguns pontos inteligentes quando discutirmos este orçamento.

No entanto, eu não tinha muita esperança nisso, também, enquanto eu fazia a varredura das colunas de números que supostamente representavam quanto Quinn e eu pretendíamos gastar para governar uma mudança, em um infinito e louco reino de vampiros que eu nem sabia que existia até recentemente.

Eu caí na minha cadeira, pensando, Claro, eu sou uma matematleta, mas eu também sou uma adolescente que apenas no ano passado trabalhou por gorjetas de três dólares, não milhões de euros em impostos!

E que nem sabia que vampiros arrecadavam impostos?

— Dorin? — Fechei o livro de contabilidade com um baque, porque minha preocupada e distraída mente ficava saltando para frente para uma reunião ainda maior que teria lugar mais tarde nesse ano, tornando-se impossível concentrar-se em números. — Como é realmente o congresso vampiro, afinal? Tenho dificuldade em imaginar este evento, onde o meu destino e de Quinn será decidido.

— Oh Deus... — Dorin recuou e torceu as mãos novamente, mas desta vez ele parecia feliz e nostálgico sobre uma semana que eu temia. — O congresso é mais um evento! Os Fabray e Dragomir mais proeminentes de todo o mundo se reúnem, e enquanto os negócios são conduzidos, é claro, é também uma oportunidade para nós socializarmos. Festas todas as noites por uma semana inteira, com a melhor comida e música. No passado, as fazendas eram belamente decoradas, o suficiente para rivalizar com o seu casamento!

Seus olhos praticamente brilhavam, e eu desejei poder ficar animada com a perspectiva de centenas de meus parentes errantes em torno do castelo. — Então, é basicamente uma enorme reunião de família mortos-vivos?

— Sim. — Dorin assentiu. — Isso vem sendo realizada a cada ano desde que o pacto que decretou o seu casamento foi assinado, unindo os nossos clãs. E este ano será ainda mais especial, pois celebramos a paz duradoura alcançada em seu casamento. — Ele sorriu ainda mais calorosamente. — Sua mãe foi anfitriã do primeiro Congresso, pouco antes de sua destruição. Ela estaria tão orgulhosa de vê-la assumir esse papel.

Eu escorreguei no banco novamente e empurrei-me de volta para cima.

Como eu poderia alimentar e entreter oitocentos vampiros quando eu não podia nem pedir o jantar da cozinha para mim e Quinn? Eu iria estragar todo o evento, e os meus parentes ririam quando eles lançassem seus votos de "não" na votação de confiança no último dia. Eu estava condenada a me arruinar no meu próprio partido, e arruinar o futuro de Quinn, também.

— Vai ser um desastre, — eu admiti em voz alta, pela primeira vez.

— Anastácia! — Eu olhei para cima para ver Dorin pressionar um dedo sobre os lábios, me calando e apontando para a porta.

Eu soube imediatamente que tinha feito outro erro. Emilian, a jovem guarda, que estava sempre colocada fora da sala sempre que Quinn não poderia estar comigo, nunca deveria me ouvir queixar-me ou mostrar fraqueza. Servos — mesmo aqueles fiéis, — eram notórios fofoqueiros, de acordo com minha mulher, que tinha tratado com "subalternos" a sua vida inteira, enquanto eu estava empilhando esterco em uma fazenda.

Se Emilian dissesse a alguém que eu estava prevendo o desastre no congresso, a palavra que se espalharia como fogo, seria eu que não conseguia nem sequer planejar uma festa.

Dorin e eu olhamos um para o outro, ambos provavelmente pensando a mesma coisa. Que a única coisa que fiz foi regiamente atrapalhar.

Como Quinn estava se saindo no julgamento sem o meu apoio?

E minha prima Sugar, a quem eu também abandonei, chorando atrás de seus óculos de lentes grossas?

— Vamos voltar para o orçamento, — eu suspirei, abrindo a contabilidade de novo e falando mais calmamente. — Eu acho que eu estou traduzindo o romeno errado, porque me parece que Quinn quer gastar sessenta e cinco mil euros em coelhos no próximo ano.

— Eu tenho um gosto por lebre, mas eu nunca poderia consumir o valor de mais de cinquenta mil euros em um período de doze meses.

Eu gelei ao ouvir o som inesperado de uma voz grave, mas feminina, e senti meu tio apreensivo, também, quando nós dois giramos para ver Quinn encostada no batente da porta, braços cruzados.

E, embora ela só tenha feito uma piada, seu rosto parecia perturbado, talvez porque eu tinha admitido a minha ignorância muito alto, afinal das contas, ou talvez por causa do que ela acabara de fazer no julgamento ...

— Quinn?


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Notas finais do capítulo

Quem leu as duas primeiras fics, já podem tentar desvendar o mistério que ronda nessa.



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