From The Razor To The Rosary escrita por Persephonne


Capítulo 5
Capítulo 5




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- Então, já que você vai ser o meu... ajudante, acho que seria legal se nós nos conhecêssemos um pouco melhor. – Gerard falou. Ele e Frank estavam no seu escritório, organizando papéis de casamentos e batismos. Frank olhou para Gerard e quase riu.

- É. Muito legal. – não é preciso dizer que ele estava odiando aquilo.

- Então, acho que podemos ser francos. – Gerard falou e Frank o olhou rapidamente. – Você tinha dito que seus pais o obrigam a vir na igreja.

Frank o olhou decepcionado e respondeu:

- É. Se eu não vir à missa todo o Domingo, não ganho grana.

- Eles te compram? – o padre falou, chocado.

- É, acho que sim. – Frank deu de ombros. – Mas não faz diferença, eu simplesmente ficava andando por aí até a hora da missa acabar. Eles não vão na mesma que eu.

- Mas eu te vi na missa do domingo passado. – Gerard se arrependeu de ter falado aquilo no momento em que as palavras saíram da sua boca. Frank sorriu, presunçoso.

-          Então você me notou, huh? Bem, na missa passada eu tive um bom motivo pra entrar na igreja. Um ótimo motivo. – sorriu, olhando para o padre. Gerard podia sentir os olhos verdes despindo-o, e então desviou o olhar do de Frank e voltou a observar a mesa bagunçada.

 Respirou fundo.

- Eu não te notei, eu só... – as palavras fugiram da sua mente. Frank riu, divertido.

- Me notou. Mas tudo bem.

- Seja como for, você tem mostrado bastante interesse na igreja ultimamente. –O Padre continuou, voltando a mexer nos papéis.

- Bem, ultimamente apareceu uma razão MUITO boa pra eu me interessar.

Gerard ficou sem ação por alguns segundos com aquilo. Não podia ceder. Não podia dar esperanças àquele garoto. Não podia perder o controle da situação, se é que ainda tinha algum. Mudou de assunto:

- Então, os seus pais te obrigam a vir à igreja sob a ameaça de cortar o seu dinheiro. Isso é ridículo. Você já tentou conversar com eles a respeito?

- Conversar? E desde quando eles conversam sobre qualquer coisa que não seja Deus ou os vizinhos? E a situação piorou depois que eles descobriram que eu sou gay. Pensam que eu tenho o demônio dentro de mim, ou sei lá que merda. Bem... – sorriu – talvez ás vezes eu tenha. – E deixou os próprios olhos escalarem o corpo do padre, indo dos pés à cabeça. As bochechas do outro já estavam vermelhas.

- Não diga isso. – Gerard notou com irritação que suas mãos tremiam levemente. – Mas continuando, você deveria falar com eles. Honestidade é a base de qualquer caráter. Ou deveria ser.

- Olha quem fala. – Frank resmungou. Gerard o repreendeu:

- O que você disse?

- Nada.

Mas o sacerdote tinha escutado muito bem. Suspirou. Tinha que continuar se fazendo de desentendido, talvez assim Frank desistisse, e ele poderia parar de brigar com si mesmo.

Ficaram em silêncio por alguns segundos, até o mais novo falar:

-          Sabe, é exatamente por isso que eu não gosto de católicos. A maioria de vocês são um bando de hipócritas. –Voltou a olhar nos olhos do Padre. - Principalmente os que mentem para si mesmos.

Levantou-se, com a expressão fechada e fez menção de sair.

-           Frank, espere. – Gerard ficou de pé, mas não saiu de onde estava, o lado oposto da mesa. Frank o olhou. O padre tentou afastar os pensamentos que invadiam a sua mente. – Fique. Eu ainda preciso de ajuda com essa papelada toda. – sorriu. – Por favor?

Apesar do fato de Gerard não ceder o irritar profundamente, Frank não podia resistir àquele sorriso. Era puro, sincero, diferente de toda a malícia que subitamente surgia nos lábios do garoto quando se dirigia ao sacerdote. Respirou fundo e se sentou novamente.

- Só pra ficar claro... – falou. - ...eu estou fazendo isso por você, não pelos meus pais, nem pela fé, nem pela igreja. Eu só estou aqui por sua causa.

Gerard o encarou por alguns segundos, antes de abaixar a cabeça e voltar a atenção para um certificado de batismo. Tentava acalmar o seu coração, que batia desenfreado. Ouviu Frank suspirando, provavelmente decepcionado. Então jurou para si mesmo que não deixaria o garoto ganhar. Ou pelo menos tentaria.

***

- Bem, acho que já está tarde. – Gerard falou. Eram 6 horas da tarde, e eles não tinham trocado muitas outras palavras durante o dia inteiro. Frank o olhou e se levantou calado. Gerard não agüentou e falou:

- Frank, eu gostaria que você se abrisse comigo.  – “má escolha de palavras. Muito má escolha” pensou imediatamente. – Er, quer dizer, já que você vai ser meu ajudante, acho que poderíamos ser amigos.

Frank o olhou longamente e finalmente deu um sorriso de canto.

- É. Seria legal. – o padre sorriu e estendeu a mão para se despedir, mas Frank o abraçou e falou baixinho no seu ouvido, causando arrepios do dedão do pé ao último fio de cabelo de Gerard. - Aliás... péssima escolha de palavras. – e se afastou. Com uma piscada para o padre, Frank foi embora deixando Gerard lá, tentando controlar as reações que aquilo causou no seu corpo.

***

E assim, a semana passou. Todo o dia Frank estava lá, ajudando Gerard, e dando em cima dele descaradamente. Mas o pior, para o Padre, nem era isso. Era o fato de que ele mesmo não fazia nada. Não o incitava, mas também não o desencorajava. E a cada dia ele achava mais difícil resistir à tentação.

Na sexta feira, Frank decidiu ir um pouco mais além. Digamos que aquela era a ocasião perfeita: estava ajudando Gerard a arrumar o seu quarto, fato que rendeu um sorriso ao garoto e um suspiro mortificado ao sacerdote. Até agora, nada de mais havia acontecido, para o alívio do padre e a agonia do menino.

Até Frank aproveitar que Gerard ficou ao seu lado para ajudá-lo a arrumar a estante e falar:

- Padre.... eu tenho uma confissão que eu quero fazer agora.

Gerard respirou fundo. Sabia o que podia vir pela frente.

- É melhor não.

- Mas é uma confissão urgente. – Frank falou no seu tom mais inocente, quase sussurrando. A cada segundo se aproximava mais do padre. – Você tem que ouvir. – agora ele estava muito próximo de Gerard, o suficiente para murmurar no ouvido dele. - Me perdoe, padre pois eu pequei. Fazem 5 dias desde a minha....

- Pare. – Gerard Falou baixo. Frank sorriu.

-          Ok. Então eu vou te contar casualmente. – se aproximou ainda mais, agora colando os lábios no ouvido do padre. Sussurrou. – Eu tenho pensado muito sobre uma pessoa. E eu sei que essa pessoa também pensa em mim. Ele, na verdade. E toda vez que eu penso nele, não posso evitar o estado em que eu fico. Você sabe...eu fico duro. E só de imaginar como ele deve ser na cama, o quão macia deve ser a pele dele, como o cabelo dele deve ficar quando tá molhado de suor...

Gerard notou com pavor crescente uma certa pressão na altura do quadril, aonde Frank estava praticamente grudado nele. E notou com pavor maior ainda que ele mesmo também estava ficando excitado. Fechou os olhos e engoliu em seco. Frank notou que ele tinha sentido e falou:

-          Viu só? Esse é o efeito que ele me faz, toda vez que eu penso nele. Toda vez que eu penso sobre como deve ser arrancar aquela maldita batina e deixar a minha mão viajar pelo seu corpo... – Nessa hora, Frank pôs uma mão na cintura de Gerard, a abaixando lentamente até o seu quadril, e se infiltrando por debaixo da batina. Gerard apertou mais as pálpebras. Frank então fez sua mão deslizar mais, até o fecho da calça do padre, e o abriu devagar.

Gerard deixou sair um suspiro profundo e trêmulo quando sentiu a pele quente da mão de Frank envolvendo a sua. O volume da calça do outro pressionando contra o seu quadril também não o ajudava nada a lutar contra aquela situação. Sentiu a boca de Frank no seu ouvido, lóbulo da orelha, pescoço... a mão dele também estava começando a se ocupar e Gerard estava a um suspiro de distância do inferno, quando o telefone tocou.

O Padre teve a impressão de ter pulado uns 2 metros nessa hora. Rapidamente se virou, correndo o mais rápido que podia em direção ao telefone, e o atendeu. Era alguém perguntando algo sobre um batizado. Sua mente estava bem longe, então ele apenas concordou e desligou. Olhou para Frank, que o observava como se esperasse algo. O padre respirou fundo e falou com a voz controlada.

- Fora.

- Peraíííí, onde estávamos??? – ele abriu um sorriso largo, mas Gerard apenas falou, dessa vez mais alto:

- Fora daqui.

Frank mordeu o lábio, decepcionado. Então o olhou, feliz:

- Amanhã, no mesmo horário?

- Não. Não quero ver a sua cara pelo resto da semana, agora sai daqui.

A expressão de ironia em Frank foi substituída por uma de mágoa pura. Gerard tentou não sentir pena dele.

- Mas...

- Frank... não. Pelo menos não agora. Volte na semana que vem. Eu vou... tirar uma folga nessa. Ok? – o seu olhar (entre outras coisas) agora era menos duro. Frank pareceu entender.

- Certo. Segunda que vem, então. – e saiu, apressado e sorridente. Gerard se sentou na cadeira mais próxima, e bateu a cabeça contra a mesa à sua frente.

- O que você está fazendo? – falou sozinho e então sua mão seguiu o caminho que a de Frank tinha seguido alguns minutos atrás.

***


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