Poseidon estava se sentindo um completo idiota. Só notou que tinha feito merda quando Afrodite veio lhe bater depois do conselho olimpiano.

–-Seu idiota! Você fez Atena se sentir uma mula!

–-Mas eu só disse o que era certo!

–-Mas ela esta se sentindo um lixo!

Poseidon olhou para o trono de Atena, ela escorregou melancolicamente para fora dele, e caminhou lentamente para fora do salão, provavelmente em direção ao seu templo.

–-Como você tem tanta certeza?

–-Eu leio os sentimentos, seu idiota. Sei o que todos sentem por aqui, e ela esta um caco. Ela pode até estar disfarçando, mas não precisa ser muito observador, nem ter poderes para notar que ela esta morrendo por dentro. Além disso...

–-Além disso, o que?

–-Ela esta magoada com você.—Afrodite hesitou--Você feriu ela em outro lugar além do ego.

–-Onde?—Poseidon se sentia confuso.

–-No coração.—Afrodite disse, num tom singelo.

Poseidon olhou novamente para o trono de Atena. Só lhe sobrou uma coruja empoleirada no encosto do trono que lhe olhava ferozmente. No coração? Afrodite quis dizer o que com isso? Atena o odiava, certo?

–-Eu vou falar com ela.

ooo

–-Atena?

Atena estava jogada de bruços num divã em sua biblioteca. Ele sabia que ela estava triste, mas não entendia porque tanto drama da parte dela, ele sempre achou que ela fosse forte, e que agora estaria jogando lanças em uma foto dele.

–-Vá embora, cérebro de água-viva!

–-Não vou não. Tenho uma coisa para fazer aqui.

–-Não tem nada o que fazer!—Atena gritou, e uma estante de livros caiu no meio do caminho entre Poseidon e ela—Vá embora, antes que eu lhe transforme em um purê de frutos do mar!

Poseidon andou por cima da estante, e continuou até sentar ao lado de Atena no divã. Ele podia sentir sua fúria só de estar perto dela, mas parecia algo como frustração, não com algo mortal.

–-Atena...—Poseidon disse suave, tocando nos ombros dela. Ela ainda não se virou para olha-lo.

–-Saia daqui, por favor.—ela pediu, fracamente, numa voz de choro.

Poseidon virou Atena para que ela ficasse com as costas no divã, e tomou um susto que lhe partiu o coração: ela tinha os olhos vermelhos de chorar. Um choro sofrido, não por orgulho como ele havia imaginado.

–-Não queria que você me visse assim...—Atena disse, tentando enxugar as lagrimas—derrotada.

–-Me desculpe Atena. Fui longe demais hoje.

Atena sentou-se no divã do lado contrario ao de Poseidon, ficando de costas para ele. Ela abraçou o próprio corpo, como se quisesse proteção da forte Atena, que parecia ter fugido.

–-Tudo bem, Lord Poseidon. Você não deveria se incomodar, pode ir. Está perdoado.

Poseidon sabia que aquilo era apenas uma mascara, sabia que Atena ainda sofria amargamente por dentro, e que seu orgulho nunca lhe diria o que era. Poseidon virou-se para ficar do mesmo lado de Atena no divã, depois ele segurou de novo em seus ombros, virando-os para ele. Atena baixou o olhar, tentando esconder-se dele, mas ele levantou seu rosto pelo queixo.

–-Atena, qual é o problema? Sei que é mais do que aconteceu hoje.

Atena simplesmente balançou a cabeça, negando uma resposta, e deixando novas lagrimas escorrerem por sua face. Poseidon não sabia o que fazer, sentia uma culpa toma-lo, uma vontade de protege-la dele mesmo, mas ao mesmo tempo uma vontade de tê-la em seus braços.

Ele a abraçou.

Atena agarrou-se a ele e continuou a chorar, um choro triste, sofrido, que rasgava Poseidon por dentro.

Ele a tirou de seus braços, deixando os dois ainda bem próximos, para que ela não pudesse fugir de seus olhar, e perguntou:

–-Qual é o problema? Pode confiar em mim, Atena.

–-Eu...—Atena cravou os olhos no fundo da alma de Poseidon—Amo você.

Poseidon deveria ter tomado um susto. Deveria ter começado uma enxurrada de perguntas. Deveria ter negado e se afastado imediatamente. Deveria ter pensado que talvez aquilo fosse um truque. Mas ele viu nos olhos de Atena que era verdade.

Então ele fez o que realmente deveria fazer: Ele a beijou.