Shy Violet escrita por Letys


Capítulo 9
Unsaid Things


Notas iniciais do capítulo

Cara, que vergonha de ter postado esse capítulo só agora ・(/Д`)・
Outubro foi um mês horrível pra mim, cada hora surgia uma coisa que eu tinha que resolver. Além disso, eu estava escrevendo quatro capítulos ao mesmo tempo. Sim, quatro. Três dessa fic, e um da minha nova (esqueci de falar dela aqui, mas deixo o link dela lá nas notas finais, é um yuri também, mas dessa vez de Adventure Time :3)
Bom, é isso, espero que gostem (/^▽^)/ Boa leitura!



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[Alexy]

"Mais rápido Alexy, pedale mais rápido!" Eu pensava, ignorando completamente o fato das minhas pernas já estarem doloridas. Parecia que quanto mais eu pedalava, mais longe ele estava de mim.

Entre sinais vermelhos ultrapassados, buzinas, xingamentos alheios e dois quase atropelamentos, finalmente cheguei ao hospital. O ambiente todinho branco fez o meu coração apertar, da mesma forma que haviam pessoas lá dentro cujo estavam felizes pelo nascimento de um novo membro da família, haviam também pessoas tristes pela partida de um ente querido. Será que o Kentin estava nessa categoria?

– Se acalme Alex, se acalme... - Eu pensava, tentando me conter.

Em um canto perto da recepção, havia uma catraca, uma mulher anotava os nomes dos visitantes e entregava um crachá pra eles, o qual eles encostavam em um leitor que liberava a catraca, e então eles subiam para os quartos.

– Oh, então é simples assim? - Pensei, me dirigindo a fila

Assim que a pessoa a minha frente passou pela catraca, estufei o peito e pronunciei alto e sonoramente

– Alexy Hale! - Eu teria batido no meu próprio peito se não estivesse tão nervoso

Vai visitar quem? - Ela perguntava com uma voz baixa e nasal, sem dar muita atenção

– Er... Sabe... - Droga, qual era o nome do avô do Kentin?

– Não sabe o número do quarto?

– ...

– Próximo!

Primeira tentativa: falha.

Eu andava de um lado pro outro na lanchonete esperando ter uma ideia, e nada. Eu encarava a pequena caixa azul com as alianças, era como se a maldita caixinha estivesse tirando sarro de mim a todo momento.

– Preciso achar um jeito de me acalmar, que droga - Eu pensava

Fiz o que qualquer fã de cafeína teria feito para se acalmar. Olhei para a máquina de café, ela olhou pra mim. Era como se eu estivesse andando no deserto, e depois de muito tempo, avistasse um oásis - ou no mínimo, um calmante

Selecionei um cappuccino e inseri uma nota. Esperei, e nada.

– Ah, não me diga que a máquina engoliu o meu dinheiro e não vou ganhar o meu café?

Aquele definitivamente não era o meu dia. Depois de alguns socos na máquina, percebi que essa não era a melhor solução, já que as pessoas me olhavam como se eu fosse um retardado.

Sentei em uma das cadeiras da lanchonete e finalmente o Sr. Óbvio resolveu me dar uma forcinha: Eu ia perguntar ao Kentin o nome do seu avô. Simples, era apenas uma pergunta, ele não iria desconfiar, afinal de contas.

"qual o nome do seu avô? aquele das fotos e tal

estou comentando com a ally, e ela tem uma implicância em saber o nome das pessoas"

Pronto, agora era só esperar a resposta.

"vc não tá pensando em ver o meu vô no hospital, está?"

D-Droga, será que tinha ficado tão na cara assim? Foi a melhor desculpa que eu consegui pensar.

"claro que não, nem sei em qual hospital ele tá"

Tudo bem que a Íris me contou, mas ele podia cogitar a opção dela não ter contado. Quer dizer, podia, não é?

"hadrian heinz

e fala pra ally parar com esse tipo de coisa, é assustador"

Então o Heinz do Kentin era da família do pai dele, santo nome de ketchup. Bom, pelo menos alguma coisa tinha que dar certo hoje. Fui novamente em direção a catraca, dessa vez, a mulher me olhava com um certo descontentamento. Novamente, estufei meu peito

– Eu sou Alexy Hale e vim visitar Hadrian Heinz! - Eu sorria como se tivesse acabado de ganhar um troféu em uma gincana

– Certo. RG?

– Claro! Só espera eu pegar aqui na minha moch... - Ao colocar a minha mão nas costas, lembrei que não tinha pego a minha mochila do armário quando corri ao bicicletário, merda!

Segunda tentativa: falha.

Acabei parando na mesma mesa da lanchonete, sem esperanças e desanimado, estava quase virando a raça que eu menos gosto: Os "cumpadres"

Eles são aqueles tios em ônibus ou em filas que não conhecem você, mas, por sentir uma enorme necessidade de reclamar de algo e não terem alguém pra ouvir, eles te escolhem a dedo e falam até sobre a vida do tio do vizinho do padrinho do irmão do pai deles. As vezes, os cumpadres são "cumadres", e apesar de na maioria das vezes serem mais velhos, existem cumpadres e cumadres de todas as idades.

– Eu não sou um cumpadre de hospital - Eu repetia pra mim mesmo, com a cabeça abaixada, apoiada na mesa - Não sou um cumpadre de hospital, não sou um cumpadre de hospital, não sou...

– O que é um cumpadre de hospital? - Kentin me interrompia, fazendo com que eu me assustasse e desse um pulo

– D-Desde que hora você está aí?

– Na verdade, desde a hora que ligaram no hospital dizendo "um tal de Alexy Hale está querendo subir" - Ele imitava a mulher, tampando o nariz - Bom, o meu avô está bem, mas de qualquer forma, que tal subirmos?

Meu coração se encheu de alegria ao ver que Kentin estava aparentemente normal. Se tivesse acontecido algo com o avô dele, ele iria estar demonstrando de alguma forma, não iria?

Ao passarmos pela catraca, ele disse a mulher com voz irritante que eu estava com ele, então ela me deu um crachá e me liberou. Sério que era tão fácil assim esse tempo todo?

Ao subir até o terceiro andar, viramos a esquerda, e depois a esquerda de novo, um dos primeiros quartos. O mesmo senhor das fotos, porém, um pouco mais abatido, estava dormindo tranquilamente, para o meu alívio.

– O que aconteceu com ele?

– Ah - Ele suspirou, dando um sorriso - Insuficiência cardíaca, é algo normal até, considerando que o seu nível de colesterol é alto.

– Que bom que não é algo tão grave - Eu sorri, vendo que os dois estavam bem.

Kentin não tirava os olhos do avô um minuto sequer. Era como se os papéis estivessem invertidos, ele era o adulto, e o avô dele a criança. Ele perguntava toda hora pro seu avô se ele estava bem, se queria comer. Kentin até me apresentou e ficamos contando algumas coisas pro sr. Ketchup, coisas sobre a escola, sobre o nosso dia.

O sr. Heinz era um daqueles velhinhos incrivelmente fofos que dá vontade de apertar. Ele valorizava muito a vida e cada mínimo detalhe da mesma. Ele contou histórias sobre a juventude dele, Kentin se mostrava 100% interessado o tempo todo. Era um lado do Kentin que eu ainda não conhecia, um lado incrivelmente adorável e atencioso com as pessoas que ele gosta.

Quando menos percebemos, já era noite, os pais do Kentin me ofereceram carona e eu recusei, mas eles insistiram. Bom, eu não sei se eles vão me odiar quando descobrirem sobre eu e ele, então de certa forma seria bom aproveitar esses momentos com os meus sogros.

Talvez fosse o vento quente que estivesse fazendo eu passar mal, talvez fosse o fato de eu estar no mesmo carro que os meus sogros, mas era evidente que eu não estava bem. Quando chegamos na minha casa, sai do carro em disparada a porta de casa, toquei a campainha como um louco, até que a Ally atendeu.

– Pensei que você ia demorar um pouco ma...

Mal deixei ela acabar de falar e me joguei no sofá, meus pais foram em direção a porta agradecer aos pais do Kentin por me deixarem em casa. Suspirei frustadamente por não conseguir dizer a ele nem metade das coisas que estavam entaladas em minha garganta.

– Por que vocês não ficam para jantar?

Não pude dizer, infelizmente, mas agradeci mentalmente umas trinta vezes pela minha mãe ter feito o convite. Eu tinha mais uma esperança, mais uma chance, muito obrigado mamãe.

***

– Quem fez o jantar hoje? - Perguntei sentado a mesa com Kentin e Armin, nossos pais estavam conversando na sala

– B-Bom, dessa vez foi o Armin... - Ally fazia cara de preocupação colocando os pratos na mesa. Havia um bom motivo pra cara que ela estava fazendo: Armin cozinhava muito, muito, extremamente mal.

Ela teve que voltar aos armários para pegar os copos e os talheres que ficavam nas gavetas logo abaixo, me ofereci para ajudá-la.

– Podemos colocar anestésico na comida, todos vão ficar com a língua amortecida e não vão sentir gosto algum - Ally sussurrava pegando os copos e colocando na bancada

– Mas e quanto a aparência? - Eu perguntava contando os garfos e as facas - Quer dizer, o que ele fez dessa vez?

– Não sabemos, ele não deixou ninguém chegar perto da cozinha. Só sabemos que ele fez em uma forma, a forma está no forno com um pano por cima pra ninguém ver.

– Merda... - Acabei de contar os talheres e fomos colocar na mesa, por sorte, Armin e Kentin estavam entretidos demais na conversa deles.

– Escolheu o dia errado pra trazer o seu namorado pra conhecer o papai e a mamãe - Ela falava ao pé do meu ouvido - Será que não é melhor pegarmos os restos de comida do lixo e servirmos?

– Não, o caminhão de lixo passou agora a pouco - Me sentei ao lado do Kentin, Ally sentou do meu outro lado - E ele não é meu namorado... Ainda.

– Como não? - Ela perguntou um pouco alto

– Sh - Eu coloquei as mãos na sua boca - Se der tudo certo, depois do jantar eu vou ficar a sós com ele, você me ajuda?

Ally fez que sim com a cabeça e tirei as mãos de sua boca. Armin e Kentin pararam a conversa e Armin anunciou que o jantar estava pronto como se estivesse anunciando que zerou algum jogo. Orgulhoso demais pra ser o Armin, considerando que o assunto era uma comida que ele tinha feito.

Depois de todos se sentarem a mesa, Armin colocou a forma sobre a mesa, Ally estava com a cara de quem estava vendo um filme de terror e se preparando para o susto que viria logo menos, eu estava com um sorriso roboticamente estampado dizendo para mim mesmo mentalmente "ninguém vai ter diarreia e nem enjoo dessa vez, calma Alexy"

– Armin, você pode me dizer, por favor, o que caralhos é isso? - Ally apontava pra gororoba que o Armin fez, pelo menos era uma gororoba bonita

– Alyssa, modos! - Meu pai a repreendia, ela apenas revirou os olhos em sinal de desgosto

– B-Bem... - Armin se sentiu desconfortável com o clima, mas mesmo assim respondeu - Isso é uma lasanha de bacon, literalmente. Quer dizer, não tem um nome certo, mas parece uma lasanha, não parece?

– O que? - Os olhos do Kentin brilharam ao ouvir a palavra "bacon"

A unica coisa que era visível era a camada de cima, que era bacon entrelaçado, nos cantos havia um pouco de queijo que escorria entre os pequenos espaços das fatias de bacon entrelaçadas e estava com um cheiro maravilhoso.

– Tá bom, começando da camada de dentro pras camadas de fora, é exatamente isso - Armin batia no peito e falava - Frango desfiado, requeijão, parmesão, mussarela, cheddar e bacon.

Bom, pelo menos dessa vez, parecia que ele tinha conseguido fazer algo decente. Suspirei de alívio ao ver que era algo aparentemente gostoso e que os olhos do Kentin, assim como os do pai dele, estavam brilhando.

– Será que não é algo pesado demais para os convidados? - Minha mãe perguntava, olhando a invenção do Armin - Alexy, querido, você pode por favor fazer uma salada?

Quando eu ia me levantar, o pai do Kentin falou com a sua voz grave e marcante

– Salada uma ova! - Ele batia na mesa - Bacon é coisa de macho!

Ele foi o primeiro que colocou a comida no prato, era provavelmente a coisa mais gordurosa que ele iria comer na vida e ele devorou tudo na mesma velocidade em que alguém come uma bala. Eu e Ally olhávamos tudo já esperando pelo pior, e Armin com a mesma cara de orgulhoso

– Ei, por que só eu estou comendo?

Depois de vermos que ele não passou mal ou coisa do tipo, colocamos a comida no prato e comemos absolutamente tudo. Senti como se eu estivesse grávido de um elefante de tão cheia que a minha barriga estava. Fiz um sinal pra Ally, ela entendeu e prontamente disse

– Bom, deixa que eu lavo a louça de vocês - Ela ia pegando um prato com os talheres de cada vez, até perceber que Armin não estava se mexendo e o olhou com cara de repreensão

– Você não quer lavar a minha louça também? Vamos lá, eu já tive que fazer a comida - Ele sorria

O plano era ele e a Ally lavarem toda a louça, os adultos ficarem conversando na sala, e eu e Kentin subirmos para o meu quarto, mas, por algum motivo...

– É mesmo, você tem um anime que precisa assistir, não é? - Ela olhava pra mim e pro Kentin

– Anime? Hoje é quinta, não é? Não, não tenho não.

– Tem sim! - Ela sorria com a cara mais psicótica possível - Aquele do garoto de cabelos azuis, esqueci o nome... - Armin continuava com a mesma cara de ponto de interrogação, ela já estava ficando irritada - Ver, assistir, observar, vigiar...

– Vigiar... Obser... AH, ENTENDI!

Depois de levar um tapa na parte de trás da cabeça por ser tão estupidamente lerdo, Armin subiu atrás de mim e do Kentin. O quarto dele é o mais perto das escadas, então se alguém subisse, ele iria correndo nos avisar ou fazer qualquer coisa para disfarçar que eu e Kentin estávamos a sós não apenas como amigos.

Assim que ele entrou no meu quarto e fechou a porta, a primeira coisa que reparou foram os versos de musica que eu havia escrito com umas letras legais na parte de trás da minha porta.

Não escrevo muito grande, se não, não sobra espaço para os versos que eu ainda vou escrever, mas todos, absolutamente todos, representam a constante guerra que eu vivo comigo mesmo, com meus pais, e com Deus.

– Você não estava em um bom momento quando os escreveu, não é? - Kentin perguntava apontando

– Pelo contrário, eu os escrevo pra me manter bem - Suspirei

– Com os seus pais?

– Com essa eterna calcinha enfiada no meio das nádegas cujo chamamos de vida.

– O que? - Ele não parava de rir - Você criou essa filosofia? Quer dizer, você já usou uma calcinha?

– De forma alguma! - Senti minhas bochechas esquentarem, Kentin riu mais ainda - A filosofia é da Ally, ela diz que é um saco quando a calcinha vai enfiando conforme anda.

– Ah, quando a cueca fica subindo também não é muito legal.

– Então mudemos a filosofia, agora vai ser "vida, a eterna cueca que fica subindo"

Depois de um duplo ataque de risos, abrimos a janela e nos deitamos com cuidado no telhado. A minha janela tinha vista para o quintal, então Kentin ficou preocupado caso os nossos pais saíssem para conversar no quintal ou coisa assim, mas eu tinha os meus truques para ficar invisível naquele telhado aos olhos de quem estava lá embaixo.

Apesar de fazer inúmeras filosofias para coisas cotidianas, a unica coisa que eu conseguia pensar era na caixinha no meu bolso e que hora eu iria conseguir dizer o que eu queria. Olhei a hora no meu celular, 22h30, daqui a pouco Kentin iria embora e eu ainda não tinha falado absolutamente nada

– E uma filosofia sobre mim, v-você tem alguma?

Observei o seu rosto corado e não pude deixar de sorrir. Olhei pro céu e suspirei, tentei pensar em uma filosofia que não ficasse tão estranha, e acabou saindo a coisa mais estranha que eu poderia dizer

– Ah não sei... Acho que você é uma agulha, e eu sou um masoquista...

Mas que merda Alexy, você disse isso mesmo?

– Estranho - Ele apontava pra mim com o dedo indicador e ia aproximando cada vez mais, até que seu dedo começou a pressionar minha bochecha

– Não vai nem ao menos perguntar o porquê? F-Foi tão ruim assim?

– Se você explicar, talvez não fique tão estranho assim - Ele riu

– Tá bom - Suspirei, um pouco nervoso - Vamos do começo... Eu era o garoto novo, e você era como um presente caro que eu teria que trabalhar muito pra conseguir ter. Você estava sempre um andar acima de mim, e toda vez que eu esticava o meu braço pra te alcançar, você se afastava, até que um dia eu estiquei o braço, e você segurou minha mão.

– V-Vamos ser amigos? - Eu perguntei estendendo a mão, e foi quando eu vi ele sorrir pela primeira vez

– Claro - Ele segurou minha mão firmemente, foi a primeira vez que o meu coração chegou a doer de tão rápido que batia

– Você ainda lembra disso? - Ele ria sem jeito

– É óbvio! Você sorriu de um jeito tão bonitinho que não tinha como eu me esquecer. Eu lembro também quando você brigou com o Castiel e o Nathaniel teve que separar vocês, acabaram os dois com pelo menos um olho roxo e o Castiel assinando um papel de suspensão.

– Ah, sério que você lembra disso? Você e Melody vieram correndo até a enfermaria saber como estávamos

– Sim, quando eu e Dake brigamos na pista de skate, era como se você estivesse retribuindo ao me defender, isso foi tão legal - Eu me empolgava ao lembrar

– Mas é claro, aquele cara é um idiota!

– Dos grandes. Quando começamos a ser amigos, nunca imaginei que algum dia você ia fazer algo desse tipo para mim. Antes que eu percebesse, você tinha tomado conta do meu coração e feito dele seu. Você estava lá sempre, ainda que eu tentasse te tirar de lá, você sempre acabava voltando, como se fosse a sua casa, você entrava quando queria e mexia em tudo o que havia lá dentro sem ao menos avisar.

Depois de perceber tudo o que eu disse, me sentei também e cobri o rosto com as mãos, eu deveria estar parecendo um tomate, se eu visse que cara o Kentin estava, eu provavelmente ia ficar pior ainda.

– Dizem que temos que voltar ao lugar que pertencemos, não é? - Eu abri uma fresta entre os meus dedos pra ver, mas ainda estava com o rosto coberto

Uma grande anta é o que você é, Alexy. Falou tanto, mas não explicou a grande e estúpida filosofia pra ele. Vamos, você já teve que fazer coisas que precisaram de mais coragem do que essa, vamos!

– Você faz eu ficar nervoso desde a primeira vez que eu te vi, tão nervoso, que chega até a doer. Mas eu nunca, nunca vou querer parar de me sentir dessa forma em relação a você.

Esperei uma reação dele, mas ele não disse nada. Finalmente tirei as mãos do meu rosto e tentei me explicar de uma forma melhor

– B-Bom, um masoquista gosta de sentir dor, não gosta?

Antes que eu percebesse, o rosto dele estava muito próximo do meu, ele segurava uma das minhas mãos e eu estava nervoso demais pra pensar em alguma coisa

– Kentin, eu... Eu t-te...

Fui interrompido pela porta sendo aberta bruscamente. Nós dois nos assustamos por medo de ser os meus pais ou os dele, mas para o nosso alívio, era Armin

– Saiam já daí! Os pais do Kentin estão subindo, a Ally está tentando atrasar eles mas eles já estão na escada.

Sem que o Kentin olhasse, tirei um dos anéis no bolso e fiquei segurando ele com a minha mão esquerda. Pouco antes dos pais dele chegarem no quarto, lhe dei um selinho razoavelmente longo e coloquei o anel no bolso do seu moletom enquanto isso. Não foi bem do jeito que eu esperava, mas foi o que eu consegui fazer.

Quando meus sogros chegaram no quarto, eu, Armin e Kentin disfarçamos e fingimos que estávamos falando de jogos esse tempo todo. Tenho que admitir, até que eu atuo bem em situações de emergência.

Descemos com eles até a porta da frente. O pai e a mãe dele foram primeiro em direção do carro enquanto ele dava tchau pro Armin, pra Ally, e dava um tchau amigável pra mim.

Ele andava em direção ao carro sem ao menos colocar as mãos no bolso ou coisa assim, por que ele tinha que ser distraído justo agora?

– Você não esqueceu o seu celular? - Perguntei, na esperança dele colocar as mãos no bolso pra checar

– Não, eu coloquei no meu bolso - Bingo! Fez exatamente o que eu queria. Era como se houvesse um ponto de interrogação estampado em seu rosto assim que ele sentiu o anel no bolso

O sorriso que ele deu assim que percebeu o que era foi indescritível, ele segurava o anel com uma mão e com a outra ele apontava pro mesmo

– I-Isso aqui... Isso a-aqui é...

– Filho, venha logo pro carro, preciso esvaziar o meu organismo de todo esse bacon! - O pai dele buzinava

Suas mãos estavam tremendo quando ele colocou a aliança no bolso e entrou no carro, ele parecia estar tão nervoso quanto eu. Acho que ele conseguiu entender o que eu estava tentando dizer, no fim das contas.

***

– Vocês estão namorando mesmo? - Rosalya perguntava animada junto de Íris e Violette

– Sim! - Eu sorria segurando a aliança que estava em uma corrente no meu pescoço, assim como a aliança do Kentin

Rosalya e Íris ficaram animadas, já Violette, mantinha a mesma expressão monótona de sempre.

Não demorou muito tempo para que Ally chegasse animada pulando em todas as meninas

– Vio, que cara é essa? - Ela perguntou, segurando o rosto dela pra ela não olhar pra outro lugar

– Q-Que cara? - Violette perguntou um pouco preocupada - Eu estou normal, não estou?

Ally saiu andando do nada deixando todos nós com uma cara de "mas ué?". Não demorou muito tempo para que ela voltasse com um pacote de alcaçuz com o sabor mais azedo que tinha

– Você gosta de coisas azedas, não é? - Ela entregou

– Sim, vamos dividir! - Violette sorriu como uma criança ao ganhar um brinquedo novo

Não sei se Ally estava vendo coisas demais, mas se Violette estava realmente pra baixo, a Ally provavelmente foi a unica que percebeu. Ela está dando o melhor de si, não está?

É nessas horas que eu percebo o quanto sou sortudo. Tenho sorte por ter tentado tanto quanto ela e ter conseguido - ainda que depois de muito tempo - alcançar o meu maior objetivo. Meu maior objetivo sempre foi o Kentin, e noite passada eu consegui chegar até ele e pega-lo para mim.

Não consegui falar muito bem todas as coisas que eu queria, mas temos todo o tempo do mundo até que eu consiga falar

– A-Alexy - Ele me chamava baixinho, com as bochechas mais vermelhas que o normal

– O que foi? Aconteceu algo?

– N-Nada, é que... Tudo bem se a gente for pra sala de mãos dadas?

– C-Claro - Eu afirmei sorrindo.

Não era como se eu nunca tivesse segurado a mão dele antes, mas agora era diferente, era a primeira vez que eu segurava a mão do meu namorado.

Realmente, acho que algumas coisas são melhores quando não são ditas.


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Notas finais do capítulo

Em algum capítulo eu mostro quais os versos que tem na porta do Alexy, tehe
A personalidade do pai do Kentin é completamente baseada no Elfman, de Fairy Tail.
Sobre essa invenção completamente gordurosa do Armin: recomendo -QQQ Meu primo fez recentemente e é a coisa mais gordurosa que eu já comi, mas mesmo assim foi divino q
Ah sim, minha outra fic pra quem quiser ler http://fanfiction.com.br/historia/543763/Eramos_nos/
Vocês tem alguma sugestão para os próximos capítulos? Tipo um passeio pra tal lugar ou na casa de tal pessoa? Se tiverem, me falem nos comentários, por favorzinho (◡‿◡✿)
Bom, acho que é só isso. Mais uma vez, me desculpem. Espero muito que vocês tenham gostado, um kissu da Tia Letys e até a próxima (○゜ε^○)