Shy Violet escrita por Letys


Capítulo 2
Backpfeifengesicht


Notas iniciais do capítulo

Backpfeifengesicht, do alemão, uma pessoa que merece muito um soco na cara.
Perdão por ter demorado tanto pra postar, mas eu estava em uma fase em que se eu escrevesse, o capítulo ia ficar um lixo, reescrevi ele tantas vezes e só agora a inspiração veio, peço perdão. Mas pra compensar, o capítulo está até que grande, e eu gostei muito dele
Obrigada a todos que estão acompanhando, e boa leitura :3



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[Alyssa]

Chegando em casa, havia uma solicitação de amizade da Violette no Facebook. Eu aceitei, e ela mandou no chat que assim que falasse com o pai dela em relação ao meu emprego, ela me avisaria. Os pais dela são separados, ela mora com a mãe e não é sempre que consegue falar com o pai. Como eu sei disso? Descobri do modo mais bobo e infantil. Não, não foi perguntando, foi a minha compulsão por olhar todas as redes sociais ate descobrir a vida inteira dela que me fez isso. Eu só não me sentia tão maluca por fazer isso, porque o Alex também fazia isso com o tal Kentin, mas eu tinha pena, e muita, fazia um ano que ele estava tentando algo mas não saia do lugar.

Flashback mode: ON

Um ano atrás...

– Como foi o seu primeiro dia de aula Alex? - Eu perguntava animada. Meus irmãos haviam começado o ensino médio, era como se eles tivessem se tornado homenzinhos (ainda que o Alexy não seja exatamente um)

– Foi legal... - Ele estava com os pensamentos distantes, olhando pra cima e as vezes suspirava

– Alex?

– ...

– Alex? - Eu procurava algo no quarto dele para jogar, acabei optando por pegar uma bola de meias e joguei na cabeça dele - ALÔ, ALEXY, TEM ALGUÉM EM CASA?

– Ai, desculpa - Ele dizia passando a mão na cabeça

– Aconteceu algo na escola? Alguém te zoou? Tá tudo bem?

– T-Tá

– Não me convenceu, você sabe que pode me contar tudo Alex - Eu me aproximava dele, nossos rostos estavam a uns cinco centímetros de distancia e eu só olhava os olhos dele, tentando decifrar algo

– O-O que você tá fazendo? Sua maluca! - Ele dizia recurando enquanto as bochechas adquiriam um tom rosado

– Você conheceu alguém.

– AHN?

– Vou falar de novo: Você. Conheceu. Alguém - Eu repetia calma e pausadamente

– Deve estar imaginando coisas - Ele estava com a cabeça abaixada e olhando o celular, vez ou outra sorria, ainda que tentasse disfarçar

– Você não me engana não bonequinha...

– Ei bofinho, quem você acha que é pra me chamar de bonequinha? - Ele ria

– Ah, me dá isso aqui! - Eu tentava pegar o celular da mão dele, ele ficou em pé e esticou o braço, eu como sou menor, fiquei pulando pra tentar pegar - Droga, vou ter que apelar

Comecei a fazer cócegas loucamente nele, eu não sabia se ele dava risada ou se gritava, mas em determinado momento, ele gritou ajuda pro Armin, que chegou em poucos segundos

– O que tá acontecendo aqui? - Armin com toda a sua postura de "irmão responsável" parou na porta e ficou nos olhando, como se exigisse uma explicação

– Eu quero saber o que tanto ele olha no celular dele! - Eu explicava, mas sem parar de fazer cócegas - Ele sorri toda hora

– Ah é? - Armin se aproximava de nós, paramos. Não sabíamos quem ele ia defender e o que ele ia fazer - Me dá isso aqui!

Ele pegou o celular da mão do Alexy, mas não olhou. Ao invés disso, ficou olhando fixamente pra mim e pro Alex, cujo aparentava estar com um pouco de vergonha e medo. O Armin não é das melhores pessoas quando vai dar um sermão, mas provavelmente, o sermão seria pra mim por invadir a privacidade do meu irmãozinho.

Ou não...

Armin apenas sorriu de canto e foi andando para trás, em questão de milésimos eu já compreendi o seu olhar e o seu quase-sorriso.

– Certo... - Eu pensava alto

– Certo o que? - Alexy perguntava preocupadamente pra mim - Não, espera, vocês não vão...

– CORRE ARMIN! - Eu gritava enquanto mantinha Alexy no quarto com cócegas. Ouvi o Armin entrar no banheiro e fechar a porta, deixei o Alexy se recuperando das cócegas e saí em disparada em direção ao banheiro. Bati desesperadamente na porta pro Armin abrir antes que o Alexy me alcançasse.

Assim que entrei, nos trancamos no banheiro e vimos o que tanto fazia o Alexy sorrir. Era um garoto musculoso com cabelos castanhos dormindo de bruços em cima da carteira. A foto não estava em uma qualidade tão boa, aparentemente, Alexy teve que dar zoom na câmera pra tirar.

– Quem é esse? - Eu perguntava pro Armin

– Não... não pode ser - Armin abria a porta do banheiro, assim que Alexy viu Armin saindo, já pegou o celular de volta e colocou no bolso

– Vocês não tinham o direito de fazer isso! - Alex nos olhava não com um olhar repreensivo, mas sim, magoado. Já o olhar de Armin, dizia "fizemos merda" Ambos entraram nos quartos.

– Dá pra alguém me dizer quem é o cara da foto? - Era nessas horas que eu agradecia pelos meus pais trabalharem o dia inteiro, já que isso ia gerar uma grande discussão se eles estivessem lá, ainda mais por causa do meu pai.

Tá bom, não foi certo o que eu fiz, mas eu me empolguei com a ideia do Alexy se apaixonando por outra pessoa. Ele olhava a foto dando o tipo de sorriso mais bonito que existe, e aquele sorriso havia sumido há algum tempo dos lábios dele, havia sumido desde... Argh! Aquele loiro maldito!

Eu e Armin não falamos com o Alexy pelo resto do dia. Armin me contou sobre o "garoto militar" cujo o Alexy havia tirado a foto, também me aconselhou a pedir desculpas pro Alex, coisa que ele já havia feito um tempo antes de eu e ele conversarmos. Tá bom, era minha culpa, mas o Alexy devia entender o motivo de termos feito aquilo. Realmente, estávamos zoando ele, mas não apenas zoando, estávamos felizes por ele, pois é desse jeito que irmãos devem agir.

Devia ser quase uma da manhã quando resolvi pedir desculpas a ele. Nossos pais estavam dormindo, então era mais tranquilo de conversar. Bati duas vezes na porta do quarto dele, ele não abriu.

– Vou entrar, ok?

Eu abri a porta vagarosamente, Alexy estava sentado na sua cama olhando pro nada, aparentemente com pensamentos distantes, mas não com a mesma felicidade de algum tempo atrás. Ele não parecia feliz, tudo por culpa minha

– Aquele garoto, o Kentin... Ele é bem bonito, sabia? Você já falou com ele? - Eu sorria, me sentando ao lado dele

– Já.

– Sério? Puxa, que ótimo! E como ele é? Ele é mais quietão, divertido, mulherengo... como ele é?

– Ele... - Alex perdeu todo o ar sério nessa hora, parecendo se irritar com a minha pergunta - Por que você quer saber? Já não basta ter visto o meu celular, agora você quer saber tudo sobre ele também?

Ele se levantou e saiu do quarto, obviamente, saí atrás dele. Ele foi em direção a árvore enorme que temos no nosso jardim, em um dos galhos dela, temos uma balança. Ele calmamente se sentou na balança e eu me abaixei, me apoiando nos joelhos dele

– Sabe, uns dois anos atrás você me contou que estava apaixonado por um garoto, o das tatuagens, se lembra?

– Como eu poderia esquecer? - Ele ainda estava irritado, porém, um pouquinho de nada mais manso

– Você sabia desde o início que ele era problema, e mesmo assim, você gostava dele. Nunca vi ele, mas aposto que se eu ver, eu vou saber na hora, e sabe o que eu vou fazer?

– O que você vai fazer?

– Vou calçar o meu sapato enorme de couro, pegar minha lata de cerveja, entrar no meu caminhão, colocar Maria Gadú no ultimo volume e atropelar esse filho da puta. Aposto que ele nunca mais vai querer magoar alguém que a Ally-Bofinho gosta muito

– O sapato de couro fecha com cadarço ou com velcro?

– Velcro, óbvio!

– Essa é a minha irmãzona! - Finalmente um sorriso do Alex, que se transformou em uma risada e não pude deixar de rir junto com ele

– O que eu quero dizer, é que eu não fiz por mal. Eu fiquei feliz por você ter ficado desse jeito por outra pessoa, já fazia algum tempo que eu não ouvia você falar de outra pessoa que não seja o Dak...

– Não mencione esse nome!

– Ok, o Você-Sabe-Quem. Enfim, sei lá sabe, eu só queria ter certeza de que você estava se apaixonando por outra pessoa, porque isso é o que eu mais quero, quero ver você com as borboletas no estômago outra vez, quero ver você sorrindo por causa de outra pessoa e tendo dificuldades pra dormir por pensar demais nesse alguém! Não só eu, mas como o Armin também, queremos ver você correndo atrás de alguém que valha a pena, ainda que tropece, mas continue correndo

– Ally, eu não sabia - Ele se levantava ficando em pé a minha frente, fazendo eu me levantar também - Desculpa

– Não, eu que tenho que te pedir perd...

Antes que eu percebesse, os braços dele já estavam ao redor da minha cintura e me erguendo, eu coloquei os meus braços ao redor do pescoço dele e ficamos abraçados assim por um tempo.

– Tá tudo bem - Ele dizia enquanto me colocava no chão

– Alexy, promete que vai correr atrás desse cara? - Eu lambi minha mão e a estendi

– Ah Alyssa, esse toque é nojento!

– Vamos Barbie!

– Ah, tudo bem vai - Ele acabou cedendo enquanto lambia a própria mão e batia na minha - Eu prometo.

Flashback mode: OFF

Naquela semana havia uma competição de skate na pista de Ville Sucre, era uma competição não oficial que nós (pessoas que frequentamos a pista) organizávamos todo bimestre. Eu sempre via a Kim lá, ela era realmente muito boa, as pessoas sempre acham que há uma certa rivalidade entre eu e ela, pois quase sempre somos as finalistas, mas nem ligamos tanto pra isso, levamos na boa, afinal, é só um modo de diversão.

– Armin, não deixe sua irmã andar de skate ou qualquer coisa que ela possa cair de costas – Eu ouvia minha mãe do corredor

Como assim? Como ela poderia me deixar sem fazer uma das coisas que eu mais gosto? Ainda bem que o Armin é legal e não iria concordar com isso

– Certo mãe, não vou deixar ela se machucar.

O QUE? TRAIDOR, TRAIDOR, TRAIDOR! Mas pelo que conheço, é fácil subornar ele, é só comprar algum jogo pra ele que ele aceita qualquer coisa. Então ótimo, o plano era comprar um jogo pra ele e entregar em troca de ir ate a competição.

Estava tudo certo, eu já estava com o dinheiro, porem eu só poderia sair no fim de semana, e foi isso que eu fiz. Esperei ansiosamente a semana passar, e não sei como, Sweet Amoris inteira sabia da competição, serio que a competição era tão conhecida assim? Bom, de qualquer jeito, não acho que alguém iria contar pro Armin. Esperei ate a sexta, a competição era no sábado.

Fui ate o shopping, fazia algum tempo que eu não ia, eu não conseguia me lembrar direito onde ficava a loja de jogos, então fiquei passeando pelo shopping. Ate que na escada rolante, ouvi um bando de risadas histéricas, mas uma das risadas se destacava no meio delas, uma risada neutra, discreta, mas ainda sim, muito fofa.

– Olha lá, é a guria nova – Kim falava

– Sim, oi – Eu sorria, tentando parecer mais simpática o possível

– O que você veio fazer aqui? – Iris perguntava

– Vim comprar um jogo pro Armin, e vocês?

– Viemos fazer compras, comer algo... – Kim explicava – Vamos encontrar a Rosa na loja de roupas, quer se juntar a nós?

– T-Tudo bem se eu ficar andando com vocês? Serio? – Não era sempre que alguém me chamava pra sair ou coisa assim, então eu não sabia muito bem como reagir

– Claro que sim – A garota do grêmio falava, acho que era Melody o nome dela. Meu Deus, como minha memória é horrível

– Bom, então tudo bem nesse caso. Onde é a loja em que a Rosalya esta?

– Na Georgina’s, ali na frente – Iris falava apontando pra uma loja com a decoração verde-água

Assim que entramos na loja, eu me senti no paraíso. Era a mistura de todos os estilos de roupa que eu uso, na frente havia camisas xadrez, mais pro meio da loja era a parte retro, mais pro lado do pin up, e no fundo, a parte college dos meus queridos coletes e saias, que merda, como eu queria estar com mais dinheiro. Eu nunca havia tido o que chamam de “tarde de compras” com alguém que não fosse minha mãe ou o Alex, e sinceramente, estava sendo bem divertido. Iris estava experimentando um monte de roupas junto com Kim e Violette, eu e Rosa estávamos ajudando Melody a escolher algumas roupas, aparentemente, Melody queria impressionar alguém.

Depois, elas foram comigo comprar o jogo do Armin, escolhi Dangan Ronpa. Ainda havia sobrado um pouco de dinheiro, tanto meu quanto delas, então fomos ate o Burger King. Burger King é a salvação pra quando você esta sem dinheiro, pois eles tem o abençoado e glorioso refil de refrigerante. Enquanto as meninas compravam os lanches, eu me ofereci pra ir com a Violette pegar os refrigerantes. Nesse pouco tempo que eu estava em Sweet Amoris, eu percebi que a Violette tem uma expressão um pouco monótona (se é que ela tem alguma expressão) mas a expressão dela estava monotonamente triste, se é que entendem.

– Ahn... – Como é que eu perguntava isso pra alguém que eu nem conhecia direito? – Violette, ta tudo bem contigo?

– Esta sim – Ela forçava um sorriso enquanto colocava um pouco de Pepsi no copo que era da Rosalya – Por que a pergunta?

– Você parece estar um pouco pra baixo

– Ah, não é nada

– Não parece que não é nada – Eu discordava

– B-Bom... Você quer mesmo saber? Posso te contar mais tarde, se quiser – Ela não parecia muito a vontade pra falar sobre isso

– Olha, te ajudarei da maneira que eu puder, mas não se sinta pressionada a me falar se você não quiser – Mentira, se sinta sim, quero saber de tudo da sua vida Violette, por favor, me conte

– Pode deixar - Ela acabava de encher o ultimo copo e voltava pra mesa, um pouco tímida

Comemos e discutimos sobre a competição de skate, as meninas falaram que iriam estar lá torcendo por mim e por Kim. Achei melhor não contar que eu pretendia ir escondida do Armin, quer dizer, eu nem conheço as meninas direito, elas poderiam contar algo pra ele. Depois que todas as meninas foram embora, ficamos apenas eu e Violette, me ofereci para levar ela até sua casa, e assim fizemos.

Andávamos em silêncio, a cada passo, Violette respirava fundo e na hora em que tomava coragem pra começar a falar, desistia. Droga, eu não devia ter tentado forçar intimidade com ela, que merda eu estava pensando? Eu não queria falar algo para não força-la ainda mais, mas era preciso. Vamos lá Ally, pense nos motivos pelos quais Violette poderia estar triste, poderiam ser as notas. Não, notas não, as aulas mal voltaram. Ok, então poderia ser algo com o pai dela, ou se não, um motivo que eu já estava suspeitando há alguns minutos

– É sobre o Alexy - Falamos juntas, mas eu, falei interrogativamente

– O-Oi? Como sabia? - Violette perguntava com vergonha

– Hehe, eu não sabia, na verdade - Eu soltava uma risada, tentando quebrar aquele clima chato, por favor Violette, colabore

– Eu não sei se deveria falar isso pra você, afinal você é irmã dele, mas... Eu queria saber se tem um jeito de fazer com que ele goste de mim - Ela olhava pra baixo com uma cara não muito boa, parecia aqueles cachorrinhos com os olhinhos tristes que dá vontade de pegar no colo

– Você ainda gosta dele, ah meu deus... - Eu pensava em mil coisas agora, realmente Alyssa, acho que não era pra ser você e a Violette

– S-Sim... Eu já tentei de tudo, já tentei falar sobre moda com ele, mas ele entende disso melhor que eu - A cada palavra, ela parecia mais triste - Já tentei ser mais confiante em relação a mim mesma, já fiz tanta coisa pra conquistar ele que eu nem sei mais o que eu poderia fazer. Juro que já tentei desistir, mas toda vez que ele chega na escola e dá aquele sorriso radiante, eu vejo o quão lindo ele é, e como as pessoas que estão ao redor dele ficam felizes também com o seu sorriso. Eu penso que eu poderia ser o motivo daquele sorriso, mas é impossível. Eu não sei mais o que fazer, eu não aguento mais gostar dele - Agora ela colocava as mãos no rosto e começava a chorar - Essa dor não vai embora nunca... Eu me sinto tão inútil

– Droga, não chora, n-não chora - Eu falava abraçando ela, sabe essas pessoas que ficam em choque ao ver alguém triste? Que não consegue dar nenhum conselho e nem sabe como ajudar? Então, eu me encaixo perfeitamente nessa categoria - Sabe, acho que você não consegue esquecer porque você sempre fica forçando as coisas

– Como assim? - Ela enxugava os olhos

– Gostar e esquecer de alguém são duas coisas que você não pode pedir pra acontecer, tem que ser sem querer, sabe? Uma hora, você vai pensar cada vez menos nele, e um dia, você acorda percebendo que você não precisa que alguém goste de você pra você conseguir alcançar a felicidade

– E você acha que eu consigo alcançar a felicidade facilmente?

– Bom, é tudo sem querer, não é? - Eu sorria, percebendo que ela já estava melhor - É tipo do nada, puff

– Puff?

– Sim, puff!

– Puff

– Exatamente! - Eu ria descontroladamente, ela parecia uma criancinha falando "puff"

Depois de deixa-la em sua casa, fui entregar o jogo pro Armin. Meu pais estavam no quarto, minha mãe estava tocando uma musica da igreja deles, acho que nunca falei isso, mas ela toca violão e canta maravilhosamente, no outro corredor, Alexy estava no seu quarto ouvindo Skrillex, e Armin estava no seu quarto dormindo. Ótimo, a barra tava limpa! Bati na porta do Armin delicadamente, vi que ele não respondia, então entrei.

– Ei irmãozinho, eu tava tão afim de jogar um jogo

– Humpf - Ele colocava o travesseiro na cara e virava pro outro lado

– Ok, eu disse jogar um jogo – Nada aconteceu - Armin, caralho! Jogo, pra você, olha, jogo, jogo, jogo! - Eu tirava a caixa da sacola e esfregava na cara dele

– Cheiro de... JOGO NOVO, JOGO! - Ele se levantava, tentando pegar o jogo da minha mão

– Nananinanão, não ainda - Eu segurava o jogo atrás das minhas costas - Antes, você vai ter que fazer algo pra mim

– Sabia que tava bom demais... - Ele reclamava ironicamente - Tá, o que você quer, pentelha?

– DEIXA EU IR NA COMPETIÇÃO, DEIXA DEIXA DEIXA, A MÃE E O PAI NÃO TEM QUE SABER, POR FAVOR, EU NÃO CONTO PRA ELES QUE VOCÊ DEIXOU EU IR, EU VOU ESCONDIDA, DEIXAAAAAAAA - Eu berrava com um bico

– Não.

– QUE? - Um cara chato e ranzinza havia tomado o lugar dele aquela hora - Armin, por um jogo, um jogo, porra, fucking Dangan Ronpa

– Desculpa Ally, mas não vai rolar dessa vez. Você realmente tá mal, e pode machucar mais as suas costas se competir - Ele falava bagunçando o meu cabelo

– Bom, se a situação é essa - Eu falava sorrindo maquiavelicamente - Boa noite maninho, heh

Tá bom, o plano não havia funcionado, agora eu ia ter que apelar. Nunca na minha vida eu achei que ia fazer isso, inclusive, eu estava me sentindo em um filme americano por pensar em fazer isso, mas aí vai: Eu iria trancar a porta do quarto, fugir pela janela, ir até a competição, e voltar. Perfeito! Ninguém ia saber de nada.

Era o dia da competição e eu tava muito, muito animada pelo que eu ia fazer. Não, não estou falando só da competição, e sim o fato de eu fugir de casa, eu estava me sentindo super UHULES, AQUI É BR00T4L1D4D3 e por isso achei que eu conseguia fazer tudo. A merda já começou na hora que eu fui sair pela janela, fez o maior barulhão na hora que eu estava andando no telhado em direção ao jardim da frente. Ok, até aí tudo certo, não me machuquei na hora que eu pulei. Fui em direção a pista de skate, ansiosa como nunca

Quando cheguei lá, haviam várias pessoas conversando, apertando ou afrouxando o truck do skate, então resolvi fazer o mesmo, afrouxei um pouco o truck do meu skate e troquei as rodas, até que uma garota com cabelos curtos, acompanhada de um microfone e câmeras, veio em direção a mim. Percebi que ela era de Sweet Amoris, se eu não me engano seu nome era Peggy, e é sempre ela sempre faz a cobertura da competição,

– Olha só, vejo que esse ano Kim e Ally vão disputar o primeiro lugar de novo - Ela quase fazia eu engolir o microfone

– Acho que sim né - Eu sorria - A Kim é uma ótima adversária

– Bom, espero que vocês consigam ganhar do Tubarão

Tubarão era o apelido de um garoto cujo vinha vez ou outra competir também. O apelido era por conta do Harlem Shake que fizemos depois de uma das competições do ano passado, ele foi com uma máscara de tubarão e foi o primeiro bimestre que ele participou da competição. Não sabíamos o nome dele, portanto, apelidamos ele de Tubarão. Ele era muito bom, e várias vezes ele se metia em encrenca na pista de skate, ou era por dar em cima de uma garota comprometida, ou por ficar nos beijos quentíssimos com uma garota na frente de todo mundo na pista, enfim, sempre problemas com meninas.

A primeira etapa era o Free Style, começamos fazendo algumas manobras pra impressionar, mostrar do que somos capazes. A Kim realmente se saiu bem, mas infelizmente, não tão bem quanto o Tubarão.

– É, parece que não será nada fácil vencer do Tubarão dessa vez hein, mas a Ally sempre tem uma carta na manga! - Peggy dizia se aproximando de mim com uma câmera e um microfone - Eu sou Peggy Sue ao vivo com a TwitCam

– O que? - Eu perguntava enquanto já remava na pista, pronta para dar um hardflip - Você disse que isso está sendo transmitido em uma TwitCam? - Merda, os meus irmãos seguem ela no Twitter, merda, merda, merda

– Sim, ela está transmitindo isso no Twitter - Gritava Armin de algum lugar próximo a mim, antes que eu percebesse, já havia caído. Nem preciso falar né Deus? Esse cara só dá mancada comigo...

Armin me deu um sermão digno de sermão de mãe quando você quebra alguma coisa quando é criança, mas era pior, eu não era mais criança, e ele não era a minha mãe, dá mais vergonha ainda.

– Vamos Alyssa... - Armin segurou minha mão enquanto me arrastava em direção a saída da pista. Olhei pra Alexy, ele havia ficado um pouco pra trás pois estava paralisado, com cara de quem tinha visto um fantasma. Não era a mesma paralisia facial que ele ficava quando olhava pro Kentin, e nem a mesma expressão, na verdade, não era nem pro Kentin que ele estava olhando, e sim pro Tubarão, cujo era loiro, possuía algumas tatuagens e...

– Você! - Eu dizia soltando a mão do Armin e correndo em direção a todo mundo - EU VOU TE MATAR SEU DESGRAÇADO!

– Alyssa, volte já aqui! - Armin mandava

– Não, não vou voltar! Sabe quem é esse cara? - Eu apontava pro Tubarão - Ele é o Dake

– Dake... Você... FILHO DA PUTA! - Armin saía correndo junto comigo em direção ao Dake, não acredito que depois de tanto tempo competindo com ele, ele era o idiota que quebrou o coração do meu irmão

– Armin, não! - Alexy tentava se colocar na frente do Armin pra ele parar - Não vale a pena.

Mas pra mim valia, ô se valia... Eu disse pro meu irmão que eu ia atropelar o Dake com um caminhão, mas já que isso não era possível, o que eu mais queria era descer o cacete na cara dele. Quando eu estava pronta pra ir pra cima dele, Lysandre me segurou também, eu ficava me debatendo pra ele me soltar, quando eu estava quase conseguindo, uma pequena figura angelical se colocou a minha frente.

– Por favor, não aqui...

Ah Violette, por que você faz isso comigo? Eu acalmei e desisti de bater no Dake, mas apenas porque Violette apareceu. Eu ouvia Castiel reclamando com Lysandre porque ele queria ver uma boa briga, e tenho certeza que não era só Castiel que queria isso. Houveram reclamações e conversas paralelas durante uns cinco minutos, e quando todos percebemos, a briga já estava acontecendo, mas não fisicamente, e sim verbalmente

Dake parecia irritado, e Alex fazia uma cara de quem ia chorar, mas não o fez, justamente porque quem o defendia era Kentin. Eu não podia estar mais feliz, a pessoa que o Alex ama ali, o defendendo com unhas e dentes. Kentin parecia estar gritando com Dake, Dake o respondia como se fosse algo insignificante, mas eu sei que pro Alex, aquilo significava o mundo.

– Você não o conhece suficiente pra falar isso dele! - Kentin gritava

– Conheço, e como conheço...

– Não, não conhece! Eu sei como ele é, e por isso sei que ele costuma encher o saco das pessoas que ele gosta. Pode ser irritante as vezes, mas mesmo assim, ele continua sendo uma pessoa marav... boa.

– Irritante? Você e nem ninguém sabe da verdadeira história. Cuidado com quem se meter com essa bichinha, acabo a discussão por aqui.

Dake virou as costas pra Ken e saiu andando, todos estavam em silêncio, até que o silêncio foi quebrado pelo som mais harmonioso o possível

– QUEM VOCÊ ESTÁ CHAMANDO DE BICHINHA? - Armin partia pra cima do Dake, mas dessa vez foi tão rápido que não deu tempo de ninguém separar os dois.

Dake estava no chão, deitado de lado, encolhido de dor. Armin estava em cima dele, com uma perna de cada lado do corpo do Dake e sua mão direita pressionava o rosto do Dake no chão.

– Nunca, repito, NUNCA MAIS chame o meu irmão de bichinha - Eu nunca havia visto Armin tão irritado, eu tinha que olhar mais de perto

– Só eu e Armin temos permissão pra chamá-lo assim, otário - Eu disse com desprezo cuspindo na cara do Dake. Foi folga minha? Claro que foi, mas com tudo que o Dake fez pro meu irmão, ele bem que merecia, e merecia muito mais, ele começou a se debater embaixo do Armin, até que conseguiu levantar e veio em minha direção

– Ora sua...

– FIQUE LONGE DA MINHA IRMÃ!

Foi o soco mais bonito que eu já vi alguém recebendo. Talvez bonito pelo fato do Dake merecer, talvez bonito por ser um soco no nariz e ter sangrado, ou talvez bonito não por ter sido o Armin, e sim, o Alexy. Ele parecia destemido e aparentemente, Dake estranhou isso, na verdade, todos estranhamos. Há um ano atrás, Alexy morria de amores e sentia o seu coração agoniar toda vez que lembrava do Dake, e agora ele havia dado um soco no nariz do surfista/skatista/cafetão (ou até mesmo puta, vai saber) mais metido a besta do mundo.

Obviamente, Peggy estava filmando tudo, e as centenas de pessoas que estavam ali começaram a gritar. Não pude deixar de gritar junto, eu estava muito orgulhosa do Alexy, muito mesmo, mas um som foi mais alto do que os gritos: o som da sirene da polícia.

– Droga, quem chamou a polícia? Foi só uma briguinha de nada - Armin perguntava

– Alguém deve ter visto pela Twitcam - Alexy dizia

– Podem prender a gente? - Eu perguntava vendo que todos estavam saindo correndo

– Eu não quero ficar aqui pra ver - Alexy corria - Vamos, as bicicletas estão logo ali!

Peguei meu skate e saí correndo em direção as bicicletas junto com meus irmãos. Querendo ou não, uma bicicleta vai mais rápido que um skate, então fui sentada no cano da bicicleta (não recomendo, dói) enquanto Armin pedalava, Alexy estava um pouco mais a frente de nós.

Chegamos em casa exaustos, suados, e minhas costas doíam um pouco

– Onde vocês estavam? - Minha mãe perguntava

– Apenas dando um passeio - Alexy respondia com o pouco de fôlego que havia

Fomos pro meu quarto, e assim que eu fechei a porta, sentamos no chão e começamos a rir muito.

– Que merda Alyssa, nunca mais nos mate de preocupação - Armin ria e bagunçava o meu cabelo

– Ah mais foi divertido vai! E aquele soco do Alexy? Cara, eu to tão, tão orgulhosa de você.

– Eu também! - Armin concordava e se jogava em cima do Alexy

– MONTINHO! - Eu me joguei em cima deles e ficamos conversando até o resto da noite.

Na escola, todos olhavam o Alexy não como "o gayzinho" mas sim de um modo mais, respeitoso, digamos. Até Kentin o olhava de forma diferente, o que era ótimo. A professora de sociologia nos deu um trabalho em dupla, era algo sobre conhecer mais afundo a sua dupla, pra explorarmos mais o psicológico, não sei qual a necessidade disso, mas tudo bem. O ruim é que ela sorteou as duplas, e eu já estava ficando nervosa por nunca ser sorteada

– Alexy e Kentin - Ela dizia tirando dois papéis de um saquinho - Vejamos... Íris e Violette, e Armin e Alyssa

– Fácil, tiramos 10 já! - Armin dizia

– É verdade, vocês são irmãos, acho que não seria justo - A professora falava - Portanto, é melhor que seja Alyssa e Violette, e Armin e Íris

Droga, meu coração... Ele estava explodindo.

Alexy ia até a casa do Ken pra começar o trabalho, dava pra ver que ele estava bem nervoso, mas ao mesmo tempo feliz. Ele foi no fim de semana logo cedo, Armin ainda estava dormindo, acompanhei Alex até a porta

– Bom, eu acho que é a hora de você falar pra ele, não é?

– E-Eu não consigo, desculpa Ally

– Ei, tá tudo bem. Faça como quiser - Eu dei um beijo na sua bochecha enquanto ele ia

Ele estava quase virando a esquina, quando gritei:

– Ei, Alex!

– O que foi?

– Independente do que aconteça na casa do Ken, continue correndo, ok? - Alexy entendeu sobre o que eu estava falando e sorriu

– Pode deixar, não vou parar de correr!

Ele continuou o seu caminho com a cabeça erguida. Ele não era mais o Alexy de um ano atrás, o Alexy de um ano atrás era tão frágil em relação a si mesmo e agora ele esbanja alegria e confiança, fazendo com que todos ao seu redor percebam sua mudança. Ele está indo na casa da pessoa que ama, e eu nunca fiquei tão ansiosa pra saber o que ele ia dizer na hora que chegasse em casa.

Não pare de correr, Alex!


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Notas finais do capítulo

Não me perguntem de onde tirei Ken e Dake, mas eles não vão ficar juntos, se acalmem -QQ
Boatos que o próximo capítulo vai ser um pouquinho trágico, porém muito fofo (e grande) e quem shippa KenXAlexy vai amar :3
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