The Women's Revolution escrita por mrsbriel


Capítulo 28
Capítulo 28




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– Jake. Espere. - Corro atrás dele, antes que ele atinja seu objetivo, que é chegar no carro próprio que Bailee lhe deu.

Ele para de caminhar e espera até que eu o alcance.

– Jake. Por que levou Dylan até o corredor? - Pergunto.

Ele sorri e pega em minha mão.

– Primeiramente: parabéns. Isso tudo que está acontecendo, que por um acaso era um desejo seu, é também, mérito seu. Estou muito orgulhoso. - Ele diz, o tom aveludado de sua voz tranquilizando meu estado de espírito. - Depois porque...bom. Ele é sua âncora. Como você é a minha.

– O que...

– Em que se agarrou para sair do efeito final do Lyniop, Tess? - Ele sussurra. - Me responda com sinceridade.

– Primeiro, em que se agarrou? - Pergunto.

Ele sorri.

– Não é óbvio? Você é a minha âncora.

Suspiro.

– Dylan foi minha âncora.

Ele sorri e acaricia meu rosto.

– Eu já esperava. E por isso levei-o até o corredor. Eu sabia que ele te pararia, Tess. Mas...não sei. Não...não foi ele que parou você. Eu acho que sua âncora não lhe tem mais valor.

– Você está certo. Ele não me tem mais valor. Eu espero que ele seja feliz e saiba curtir a própria liberdade mas...não me tem mais valor nenhum.

– Olhe para trás. Suas âncoras estão juntas, inclusive duas acabam de chegar agora mesmo. - Ele sorri.

Obedeço-o para me deparar com Jamie e Clover caminhando na direção de Derek e George.

– Ai meu Deus, Jamie. - Deixo Jake falando sozinho por segundos de desespero. A necessidade de ter meu irmão em meus braços é maior do que a necessidade de encarar os olhos azuis que tanto me causam admiração e amor.

Os bracinhos de meu irmão estão estendidos para frente enquanto corre em minha direção. Clover enrosca-se no pescoço de Derek que a abraça com intensidade enquanto grudo o corpo de meu irmão ao meu, como se fossemos um só. E naquele momento, creio que somos mesmo.

Porque eu sinto Jamie. Sinto Jamie comigo. Fazemos realmente parte do mesmo time. Como...como faço parte do mesmo time que George. Ou Derek. Ou Clover. Ou Jake. Nós todos somos um time e um time que não aceita a derrota. E acima de tudo, não aceita mandatos. Nós somos nossos próprios chefes. Nossos próprios capitães.

Não precisamos de escravos. Especialmente os escravos interiores, os que nos atormentam com tanta frequência, chamados de culpa. Nós precisamos inteiramente de um ao outro. É só isso.

Eu, Tessa Stolpeen, fiz de tudo por meu irmão. E eu faria tudo de novo. Não só por meu irmão. Por meus irmãos, porque eu tenho um segundo. Tenho uma segunda razão para dizer que sou completa sem ter escravos ou o poder de superioridade. Minha superioridade está na força que eles me dão e no poder mais forte que possuo. O amor por minha família.

E George e eu...nós podemos fazer nossa própria história de revolução se transformar em algo divino. Não é nossa culpa. É culpa do sentimento mais distinto e que pode levar as pessoas a fazer algo que racionalmente, elas não façam. O amor. A lealdade por esse sentimento.

Eu entendo Bailee completamente. Entendo assim que localizo o mesmo brilho nos olhos de Clover olhando para o rosto de meu pai, que ela costumava ter. Talvez, se eu estivesse tão mentalmente desorientada quando partiram meu coração, eu pudesse ter feito o mesmo. Porque não há como saber quando você está sendo irracional. Não há nada racional por perto para que você possa comparar.

Eu faria coisas irracionais para proteger minha integridade moral. E quando digo integridade, me refiro ao meu sentimento por minha família. O propósito disso tudo, não é tentar fazer algo virar uma ditadura. O propósito é a vingança de perder algo pela qual você daria sua vida.

Talvez, em algum lugar, Bailee esteja orgulhosa dos feitos de George e eu nos Continentes. Mas isso também não é um problema nosso, já que por eleição do povo, inclusive homens, Clover foi eleita a nova governadora dos Continentes.

Seu primeiro feito com esse cargo, foi destruir as Aldeias de formação de escravos no Continente Masculino. Ela construiu condomínios exatamente iguais aos que há no Continente Feminino, simbolizando a igualdade que agora rola solta por ambos os locais.

Diversas mulheres assumiram seus relacionamentos com seus ex escravos ou com ex escravos de suas filhas ou amigas. Eles agora moram juntos como...marido e mulher. Como uma família.

Testes de DNA são feitos a todo momento para comprovação de filhos de mulheres que agora tornaram-se casadas. O controle de natalidade não existe mais, apesar de que a família Ripling continua sendo a maior de ambos os Continentes, que agora tem a nomeação A e B. Não há mais distinção de gêneros.

Faculdades e escolas foram expostas em todos os lugares pelo antigo Continente Masculino. Os professores que davam aulas à Jamie no subterrâneo agora são professores em sala de aula, de meninos e meninas.

Clover arranca elogios até dos mais machistas. E não é para menos. A igualdade com que ela lida com ambos os Continentes só aumenta. E ela é realmente inteligente e apropriada para lidar com tudo isso. George e eu fizemos uma ótima escolha ao dizer para que ela se candidatasse.

Em algum lugar na história, é possível que já tenha existido o voto para eleger o representante de seu país. Mas nada como eleger o representante do seu mundo, sem o regime hereditário para se opor contra sua vontade.

Todo ano, os votos serão recontados. Todos tem o direito de votar...mas nesses dois anos seguintes, ninguém conseguiu derrubar o trono de Clover Smith. E eu realmente desejo ser como ela. Desejo ser como minha verdadeira mãe.

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Há uma carta sobre a estante de mogno polido. Abaixo-me para pegá-la. É uma carta de Jake.

– George. Ele me mandou uma carta.

George está no banho, mas consegue me escutar, pois grita de volta:

– Ótimo. Escreva uma de volta. Pergunte se ele não mudou de ideia sobre alistar-se para o exército. Eu mudaria.

Sorrio para a carta e para a frase de George.

– Talvez, essa carta seja ele falando sobre como sente sua falta e que deseja sair de lá, apenas para vê-la. - Jamie opina.

– Seus onze anos não lhe permitem opinião qualquer, baixinho. - George grita novamente.

– Tess, você poderia por favor, enfiar uma flecha nos olhos dele?

– Por que nos meus olhos? Isso tudo é inveja do azul?

– Ah meu Deus, eu odeio ele. - Jamie coloca as mãos no rosto e desaba na minha cama.

– Eu também. - Respondo.

– Eu ouvi. - George grita.

Reviro os olhos e volto-me para a estante. Cartas para papai. Cartas para Clover. Mais cartas para Derek...Espere. Faculdade Federal Stoonlight?

" É com imenso prazer que convidamos George Smith Ripling e Tessa Smith Ripling para se encaminharem em nossa sede e realizarem suas devidas matrículas. Estamos felizes em dizer que ambos estão aceitos na Faculdade Federal Stoonlight."

– George! - Grito.

Ele sai do banheiro, enxugando seu cabelo com uma toalha.

– O quê? - Ele responde.

– Nós passamos! Passamos! - Sacudo a carta no ar, a fim de que ele entenda o que está acontecendo.

Seus olhos azuis se arregalam e a boca faz o formato de um "O"

– Eu não acredito! - Ele grita e me pega em seu colo, me girando pela sala.

Derek entra no cômodo no exato momento em que meu pé passa por um vaso de porcelana e faz com que ele se choque contra a parede.

– Parabéns! - Ele diz.

– Pelo vaso ou pela aprovação?

– Aprovação? - Ele sorri.

– Passamos, pai. - George sorri.

– Eu não acredito! Estou...muito orgulhoso de vocês. - Derek vem até nós e dá um beijo na testa de cada um, deixando um Jamie emburrado no sofá vermelho.

– Eu acho que alguém está precisando ser notado. - Jamie suspira. - Inclusive, isso me lembra a história de um coelho chamado Sr. Thompson. Ele morreu de...

– Ataque do coração. - Todos respondemos em uníssono.

– Na verdade, eu descobri que foi de AVC. - Jamie sorri.

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Depois de um ano na faculdade, posso dizer que George e eu já me acostumamos com tal rotina. E pela forma como estamos nos esforçando, em breve estaremos integrados em algum distrito policial. Seremos a dupla de detetives com mais premiações notáveis em casos solucionados.

Talvez, eu esteja sendo esperançosa demais. Esperançosa demais, até para mim.
Mas, se não temos a esperança de que podemos ser os melhores, o que sobraria?

Talvez seríamos tão amargos quando Jennette Stolpeen, que hoje não passa de um borrão sombrio para nós todos. Estamos vivendo felizes e bem, graças a esperança, que nunca nos deixou. Nosso time está bem. E unido, como sempre.

Tudo o que precisamos é de mudanças. E por mais desagradáveis que sejam os estágios, até chegarmos aonde realmente desejamos, devemos prosseguir, tendo fé de que quando atingirmos o ápice, estaremos vivendo o momento mais feliz que poderemos ter.

E o meu momento mais feliz, será enquanto eu viver. Porque agora, está tudo bem. Está tudo bem...exceto pelo fato de que o campeonato de futebol se aproxima e nem George, nem Dylan, nem eu, aguentamos mais perder para a equipe dos bombeiros.

Sim, Dylan está fazendo a mesma faculdade que nós dois. Decidimos esquecer o passado por tempo suficiente para que ele não interfira mais no que somos e no que fazemos.

George e eu somos invencíveis. E não é só porque apesar de todos os esforços, não conseguiram nos matar. É porque não morremos interiormente. E se não morremos interiormente, somos bem capazes de perdoar e seguir em frente. Não nos interferiu em nada, exceto que agora somos bem mais fortes e inteligentes. Eles não podem nos pegar. Nunca puderam.

Colocamos a sabedoria adquirida durante a guerra em primeiro lugar e isso é importante para conseguirmos viver bem, mesmo com os fantasmas que de vez em quando me assombram em meus pesadelos. Eu consigo dormir, porque George está na cama ao meu lado. Meu irmão sempre estará lá para me proteger e vice-versa.

Meu arco, aljava e flecha estão aposentados, assim como a habilidade de luta corpo a corpo de George. Estamos vivendo uma vida tão tranquila, que mal me lembro de quando vivemos uma agitada.

Durante o almoço dessa tarde, Dylan aperta minha bochecha. Chuto sua panturrilha, para lembrar-lhe de que continuo bem esperta e preparada para qualquer ofensividade.

– Eu ainda te odeio. - Sussurro.

Ele sorri.

– Então, eu também. Como está seu namorado soldado?

– Ele não é meu namorado. E...soldado é para plebe. O capitão Neigh, está muito bem, obrigada.

– Uh! Capitão Neigh. Eu deveria ser um capitão também, caso eu não tivesse escolhido seguir o policiamento. E caso não estivesse esperando pelo momento de levar outra surra em campo pelos bombeiros.

– Não desta vez, colega. - Digo a ele. - George e eu estamos pensando em alguma coisa. Vamos mudar isso. Eu não gosto de ser freguês.

– Está dizendo que teremos uma revolução? - Ele pisca para mim.

– Talvez! Somos muito especialistas nisso, você sabe.

– Então eu tenho que passar para o lado dos bombeiros, já que sempre fico do lado perdedor. - Ele sorri.

– Talvez seja o tempo de fazer uma revolução para isto também. - Pisco de volta para ele e saio do refeitório, procurando por George.

Entro no corredor dos dormitórios e lá está George fechando a porta do nosso quarto da faculdade e sorrindo na minha direção.

– Acho bom ter alguma estratégia. Não vou aceitar perder de novo para o time dos bombeiros.

Sorrio para ele, com o olhar vago.

– Vamos fazer uma revolução em campo.

– Nisso somos bons.

– Definitivamente somos bons em revolução. Mas não em futebol, o que indica que vamos perder.

– Não aceito uma derrota dessa vez.

É uma revolução em campo. Uma revolução dentro de um jogo. Quase impossível, eu posso confessar. Mas existem trilhões de revoluções piores do que essa. Vencemos uma tão complicada e sem a ajuda de um dos meus amigos, que virou inimigo, e que virou amigo de novo. Talvez Dylan possa ser nosso reforço, mas na verdade, meu maior reforço é saber que meu irmão e eu permaneceremos unidos. Como sempre.

– Nós podemos fazer isso. Vamos orgulhar Derek, Clover e Jamie. Eles vão estar lá e não pretendo passar vergonha na frente da minha família.

– Juntos.

– Juntos. - Concordo, entrelaçando meu braço ao seu.


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