The Women's Revolution escrita por mrsbriel


Capítulo 27
Capítulo 27




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– Vocês dois precisam de uma pausa? - Jennette pergunta, fitando George e eu com certa diversão. Recuso-me a olhá-la nos olhos e fito George, como sempre faço quando estou confusa ou amedrontada. Ou ambos.

Ele olha para frente, os olhos marejados de lágrimas que ele não consegue conter. Limpo algumas que escorrem com delicadeza e ele finalmente olha para mim.

– Não podemos confiar em ninguém. - Ele sussurra. É claro que com o silêncio que se faz, os três que estão ali conosco são capazes de escutar.

– George... - Bailee tenta dizer algo, mas é inútil. Ele finge não ser capaz de ouvir, assim como eu. Tentamos formar uma barreira entre todos eles, onde estamos sozinhos. Como realmente estamos.

– Eles mentiram para nós quando disseram que o grande segredo era Jake. Por que eles mentiram para nós? - George continua.

Limpo novamente outra lágrima de seu rosto.

– Eu não sei, mas gosto da ideia de ser sua irmã.

É bom arrancar um sorriso de seu rosto naquele momento inabalavelmente tenso. Seu rosto se ilumina numa expressão serena e ele abraça meus ombros.

– Você já era minha irmã antes mesmo de sabermos disso. - Ele continua sorrindo para mim e ignorando totalmente o conflito externo fora de nossa barreira.

– Não podemos confiar em ninguém. - Repito sua primeira frase.

– Tess! - Derek grita. Eu olho para ele e lanço-lhe o mesmo olhar de repugnância que faço com Jennette. - Não...não me olhe assim.

Viro-me para ele, deixando de olhar George pela primeira vez desde a revelação.

– Por que mentiu para mim, pai?

– É. Por que mentiu para nós...pai? - George concorda.

– Eu nunca menti. E também nunca imaginei que vocês iriam ficar tão próximos como estão agora. Nunca ao menos passou pela minha cabeça que vocês se conheceriam. Nem ao menos que chegariam a se ver, na rua, na padaria ou em qualquer lugar de frequência comum. Nunca. Mas depois...assim que vi George no barco eu...não sabia exatamente o que fazer ou como lidar? O que eu deveria fazer? "Olá, você não me conhece, mas sou seu pai. Olhe só, Tess. Seu irmão"?

– Eu não sabia que era meu pai naquela época. - Digo.

– E George...sua mãe lhe mandou para o Continente Masculino. Não se esqueça.

– Cale a boca, Jennette. Ela...não teve opção, George. Mas...Clover estava lá. Ela estava lá, para te vigiar. E...se lembra de Josh? O garoto que morreu levando a culpa por você? Ele era o filho de Clover.

– O filho de Clover? - George e eu perguntamos ao mesmo tempo.

– Sim. Ele morreu por duas causas, George. A primeira era que apreciava a sua amizade. E a segunda é que foi instruído para isso.

– Instruído para morrer por mim? - George abaixa a cabeça. - Inacreditável...Como vocês deixaram que algo chegasse nesse ponto?

Derek nos lança um olhar triste.

– Eu não pude fazer nada. Era só um escravo com uma vigilância extremamente apurada. Só.

– Desculpe por isso. - Bailee diz, imediatamente.

Derek sorri para ela, e por um instante reconheço um brilho em seu olhar, o tipo de brilho que vejo quando Jake olha para mim ou quando eu olho para Jake. Uma chama de um amor adolescente não concretizado por milhares de motivos reacende dentro de ambos.

George parece perceber também o que está acontecendo, pois abaixa a cabeça e sussurra:

– Eu sinto muito que não tenha dado certo para vocês dois. Talvez isso tudo tenha sido culpa minha.

– Não foi sua culpa. Tudo acontece por alguma razão, George, e sei que é difícil de acreditar, mas dentre todos os homens que eu conheço, inclusive Derek, eu ainda teria escolhido você. Sempre você.

– Por que, Bailee?

Ela sorri, com lágrimas nos olhos. Eu sinto vontade de sair do muro alto da nossa barreira imaginária para dar-lhe um longo abraço, mas isso afetaria todo o controle da ocasião, na qual aplicamo-nos no dom da conversa e descobertas. George é meu irmão, fruto de um romance não concretizado de Derek e Bailee. Eles deveriam ter ficado juntos e nada disso teria acontecido. Nenhum regime misândrico. Mas talvez eu não estaria aqui.

– Bem...por que você é meu filho. E você nunca desiste de um filho, seja ele o que for.

– Mesmo se ele for um assassino sem intenção? Porque é o que eu sou. Eu matei pessoas mesmo sem saber que estava matando. Acreditava ser puro, até matar Katy.

– George, você continua puro. Um herói puro. - Derek diz.

Olho para o meu pai. Ele sempre tem as palavras certas para dizer. Sempre tem o dom de acalmar quem quer que seja, mas dessa vez não funciona. George mexe em sua calça, especificamente em sua cintura e retira uma arma de lá, bem escondida.

– George. - Digo, baixinho. Ele leva a arma até a cabeça e sorri.

Agarro seu braço, fincando minhas unhas em sua pele.

– O que está fazendo? - É o tempo em que me desespero. Fito as armaduras medievais ao lado de Jennette e de Derek, na esperança de poder alcançar alguma dela para que talvez eu consiga desviar o tiro que ele pretende acertar em si mesmo, de alguma forma. É inútil.

– Talvez eu seja o grande problema, Tess.

– George, não. - Derek sussurra, o tom formal e tranquilizador, como sempre.

– Não, você não é. Eu sou a Rainha do desastre. Não você. Isso é tudo que precisa saber.

– Não. Talvez se eu não existisse, nada disso tivesse acontecido. E eu me refiro à Josh. Me refiro ao fato de Clover perder um filho.

– Isso é tão pouco, perto do que eu já fiz.

Ele morde os lábios e segura o gatilho com mais força.

– Se vai fazer isso, então eu vou logo atrás de você. - Sussurro. - Derek, passe-me uma de suas armas.

– Não. - Ele diz.

– Derek, se um dia me amou, por favor, passe-me uma de suas armas. - Grito.

– Tess, não.

– Pai. Se você um dia me...

– Tessa, eu não posso! É exatamente porque eu te amei por todos os dias da minha vida que eu não posso fazer isso. Não posso viver sem você. Não posso. - Ele diz, beirando o desespero. Eu odeio vê-lo assim.

– Se meu irmão está indo, eu vou ir com ele. Não importa se com a sua arma ou com a que ele próprio usou para se matar. Mas eu adoraria que fossemos ao mesmo tempo. Confie em mim, Derek. Eu realmente quero ir.

Ele hesita, relutante. Seus olhos estão um tanto quanto desesperados e seu corpo treme.

– Eu te amo, pai, mas por favor, me passe sua arma.

Ele faz um sinal negativo com a cabeça, mas recebo uma arma. Não dele. De Bailee.

– Não. - Derek grita. - Não. Não. Não. Não. Não.

Ele está tão desnorteado quanto George, que está parado bem em minha frente. A arma ainda não deixou a parte lateral de sua cabeça. Ele ainda está pensativo.

– É isso? Vão nos deixar? Sem tentar lutar? - Bailee sussurra.

– Nós já lutamos muito, Bailee. - George diz. Faço que sim com a cabeça. Eu realmente concordo com isso. - É o nosso tempo de paz.

– É muita culpa para dois adolescentes carregarem. Muita culpa de tudo de errado que tem acontecido desde o nosso nascimento. Muitas mortes que apesar de não serem totalmente causadas por nossas mãos, foram por nós. - Sussurro.

Duas figuras correm pelo corredor, chamando a atenção de George e eu por um momento. Localizo Jake e logo atrás dele, Dylan. Por incrível que pareça, seu semblante se assemelha ao de Jake assim que nos vê parados, com armas em ambas as cabeças.

– Tess, não! - Ele grita. Para ao lado de Derek, que se afasta, relutante. - Não faça isso. Vocês dois. Não façam.

– Tess! - O tom de voz de Jake é urgente. Seus olhos azuis estão fixos em mim e em minha expressão provavelmente insana.

– Um. - George diz.

– Dois. - Continuo.

– George. - Bailee grita.

– Três! - Finalizo.

Ao invés do som de tiros, o que ouvimos é um som de agonia. Dylan está chorando. E como sempre, o desespero dele me desespera. Os olhos de Jake estão marejados de lágrimas, porque nesse caso não tem como ele morrer por mim. Está acabado.

– Vocês dois vão mesmo fazer com que todos os esforços de mantermos vocês vivos finalizem dessa maneira trágica? E sobre a morte de Josh, George? Sobre a depressão de Clover após o ocorrido? E sobre...Jamie? - Derek diz. Um último discurso desesperado.

A menção do nosso irmão nos faz baixar as armas ao mesmo tempo. A sincronização um com o outro é a única coisa que não está acabada durante todo esse tempo.

George joga a arma no chão e chuta-a para frente. Calmamente, retira meus dedos paralisados de cima da minha e faz o mesmo com a segunda arma.

– Eles recuperaram a sanidade. - Jake comenta.

– Não totalmente. - Dylan contradiz.

Jennette bufa, como se estivesse insatisfeita.

– Todo essa encenação...achei que vocês fossem simplificar o meu trabalho. Mas não. Vocês preferem dificultar tudo. Achei que eu teria apenas dois para matar, mas...Não. Vocês dificultam! Eu achei que eu poderia dizer a todos que foi um ato de bravura da parte da minha filha, se matar junto com o irmão, quando eu for eleita a nova governadora. Mas não. Terei que matá-la eu mesma. E você também, George. Apesar dos seus incríveis olhos azuis, infelizmente terei que executá-lo. - Ela diz, caminhando por entre o corredor extenso e apanhando uma lança enorme de uma das armaduras paradas por ali. - Talvez queiram morrer de mãos dadas? Sim? Não? Talvez?

Derek e Bailee fazem uma barreira na frente de George e eu. De mãos dadas, ambos tentam garantir nossa segurança.

– Ah, que fofo. - Jennette comenta. - De mãos dadas. É por isso que talvez eu queira matar o fruto do relacionamento de vocês primeiro. Você é o escolhido, George.
Eu me coloco na frente do meu irmão, segurando firme sua mão. Derek e Bailee não saem da frente.

– Saiam. - Jennette intima.

– Eu acho que terá que nos tirar, querida. - Derek diz.

– Derek, eu não estou brincando com você.

– E nem eu. - Ele sorri.

– Fique atrás de mim. - Sussurro para George. Ele não protesta, como faria em seu juízo perfeito e o agradeço por isso.

– Bem, já que não fazem o que mando... - Jennette levanta a lança e a finca na barriga de Bailee Mason. Completamente enfiada, aparecendo do outro lado de seu corpo. Nenhuma chance de cura, já que provavelmente foi rasgando todos os tipos de orgãos internos até ultrapassar em suas costas.

George sai de trás de mim violentamente.

– George, não. - Grito.

Jennette caminha por trás de Bailee quando é surpreendida. Bailee ainda apreciava os últimos segundos de vida, enquanto sua boca jorrava sangue. Ela cambaleia para mais perto de Jennette e continua enfiando a lança até que não tenha mais qualquer visibilidade na frente de seu corpo. E até que ela consiga cobrir o corpo de Bailee e o de Jennette juntas, como se fossem carnes em espetos de churrasco.

Bailee sorri quando percebe o seu feito.

– Não com meu filho, vadia. - Ela sussurra, cuspindo uma boa quantidade de sangue.

Jennette desaba no chão antes de Bailee, mas como ambas estão unidas pela lança, acabam caindo quase que juntas.

– Mãe! - George grita.

Bailee ainda tem tempo de dizer mais algumas palavras antes de seus olhos azuis se fixarem no vazio e seu rosto perder a coloração rosada:

– Derek. Cuide de meu filho.

– Sempre. - Derek sussurra, abaixando-se para pegar sua mão molenga pela falta de força de agora.

– E...Derek. Algum dia...algum dia você me amou?

– É claro que sim. - Meu pai continua sussurrando, como se estivesse fazendo promessas de amor à uma jovem adolescente. - Mas não como eu amo hoje. Hoje.

Bailee sorri, cuspindo mais sangue no chão.

– Transfira todo o amor que sente por mim para Clover. Faça-a a mulher mais feliz do mundo e peça para que ela cuide das três crianças. Especialmente da minha criança, como ela sempre fez. Vocês podem ficar todos juntos, finalmente, porque está acabado. Com a minha morte, o regime misândrico está acabado. Tessa. Você é uma das garotas mais lindas que eu já vi em toda minha vida. Em todos os sentidos. Cuide dele, como sempre fez.

– Eu vou fazer isso. - Digo.

Ela luta contra suas próprias forças que se esvaem suavemente, arrancando-lhe tudo o que lhe resta.

– George, me desculpe. - Ela sussurra por fim.

– Mãe. - Ele diz. - Está tudo bem. Me desculpe por não ser o melhor filho que você poderia ter e por ser tão rude inicialmente. Eu te amo.

George está chorando e me faz ter um acesso protetor e envolver seus braços com um demorado abraço. Ajoelho-me junto dele e enxugo suas lágrimas pela segunda vez naquele dia.

Bailee sorri, o que confirma que ela escutou cada palavra.

– Ela te ama também. - Derek diz, colocando as palavras exatas na boca de Bailee, pois ela aperta sua mão devagar e depois fita o vazio. Para sempre.

– Adeus. - Derek beija sua mão e solta-a delicadamente no chão. Ele se arrasta até onde George e eu estamos agarrados um ao outro, chocados e desesperados demais para fazer qualquer outra coisa que não seja se agarrar na força quase inexistente um do outro.

Ele nos coloca em seu colo, um de cada lado da perna, como costumava fazer com Jamie e comigo. Beija nossas testas e acaricia nossos cabelos, nos dando conforto numa situação como aquela, porque é isso que meu pai faz. Ele dá a vida por seus filhos, não importa qual seja a dor que esteja sentindo. Nós somos sempre prioridade em sua vida e ele é sempre o nosso ponto de força e o nosso ponto mais fraco.

Os homens que habitavam o apartamento e que estavam do lado de Jennette começam a chegar pelo corredor.

Dylan grita, fazendo meu coração vibrar pelas palavras duras.

– Bailee Mason está morta. O problema acabou. Estamos livres.


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