The Women's Revolution escrita por mrsbriel


Capítulo 21
Capítulo 21




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Processo a informação dada por Derek durante o jantar. E também durante o banho. E durante o resto da noite, onde George e eu estamos tentando nos concentrar para assistir a um filme que está sendo televisionado.

Dylan está sentado atrás de nós, que estamos no chão. George revira os olhos quando ele faz comentários sobre o filme e eu soco seu braço.

Eu vou acabar enlouquecendo se ficar por aqui. Sim, eu vou. George e eu nos levantamos da sala e deixamos Dylan sozinho com o filme. Caminhamos até a porta e nos sentamos na varanda enorme da casa. Bailee e Derek estão lá, jogando dama enquanto discutem sobre o paradeiro de minha mãe.

Paradeiro de minha mãe.

– Eu suponho que ela tenha um líder no meio dos rebeldes masculinos, Derek. Alguém que os incentive e agir como Dylan, Wes e Tyler estavam agindo antes que arrancássemos as informações de Dylan. - Ouço-a dizer. George está em silêncio, pois a mesma curiosidade que assola meus pensamentos, enrosca-se em sua mente também.

– Isso é quase uma certeza, Bailee. - Eles conversam como se fossem velhos amigos. Quase como se fossem George e eu. Em outros tempos, era quase impossível imaginar que uma coisa dessas aconteceria. Me refiro à uma mulher que estava sedenta pelo sangue dos Ripling, sedenta pela exposição das cabeças de ambos em uma praça pública do Continente Feminino e que agora está jogando uma partida de dama com meu pai. Sorrio. - Jennette sempre teve seus truques e sempre soube como convencer alguém de que tal ato é o certo a ser feito.

Concordo lentamente com a cabeça, apesar de ele não estar falando comigo. Penso em Jamie e em Clover no prédio principal do Continente Masculino, cercado de guardas e distantes do subterrâneo, onde passamos mais da metade do tempo desde que fomos para lá. A mudança está sendo drástica para todos nós. Cogito a possibilidade de pedir um telefone para falar com Jamie por alguns minutos, mas uma simples olhada no relógio revela que é impossível contatar o meu irmão numa hora dessas.

George encosta-se em mim e dorme alguns minutos depois. Desejo poder fazer o mesmo, sem receio de que eu tenha pesadelos cruéis envolvendo Jake. Fecho os olhos por um breve instante e revejo seus olhos azuis, fixos em mim, fazendo o que ele fazia de melhor. Observando. Não paro nem meio minuto de olhos fechados. Fixo meu olhar em George e na boca entreaberta, devido a um começo de resfriado.

Puxo-o para mais perto de mim, esmagando todo o meu ressentimento em relação à morte de Jake junto ao seu abraço. Jake. Jake. O que eu não daria para que ele estivesse ali?

Continuo fitando o rosto adormecido de George quando sinto minha pálpebras pesando. Não quero dormir. Não posso acomenter-me a mais pesadelos. Ou o que seria pior, sonhos com Jake. Por fim, o cansaço me vence e sou carregada pela inconsciência, agarrada ao corpo inativo de George.

Sonho que estou novamente no Compartimento de Jake. Ainda posso ver seu rosto e estou deitada sobre seu corpo. De repente, ele se levanta. Senta-se na beira da cama e olha para mim, sério.

– Você tem que me deixar ir. - Diz.

– Eu não posso. - Respondo.

– Se quer ganhar isto, tem de fazê-lo. - Ele retruca.

Levanto-me e sento ao seu lado.

– Não pode me pedir isso.

– Sim, eu posso.

Ele se levanta e vai em direção à porta. Levanto logo em seguida e o abraço por trás, prendendo minhas mãos em volta de seu peito.

– Não vá. - Sussurro.

– Tem que me deixar ir. Não pode ficar se lembrando disso por toda a sua vida. Esqueça. Eu não vou voltar. - Ele diz, alto e claro.

– Só...não vá. Me deixe ficar mais um pouco com você, por favor. - Digo. - Jake, eu te amo.

– Eu te amo também. Eu te amo muito. - Ele responde.

– Fique. - Imploro, choramingando. - Fique, por favor.

– Não posso. Me desculpe.

Seu corpo começa a jorrar um líquido incolor. Como água. Mas não é água, porque consigo sentir o odor. É um cheiro quase agradável. Reconheço imediatamente. Gasolina. Não afasto minhas mãos de seu corpo, permaneço ali, imóvel, enquanto ele permanece ali também.

Em questão de segundos, o líquido se substitui. Agora tem cor. Uma cor forte. Afasto um pouco minhas mãos para observar o sangue que agora jorra no lugar da gasolina ou junto dela.

– Jake, você está... - Começo a avisá-lo.

– Me deixe ir. - Ele sussurra.

– Não! - O aperto com mais força contra meu corpo. Talvez, esse seja meu erro pois o seu corpo molhado explode em pedaços de carvão, sujando meus pés, o chão e minha roupa. Jake não existe mais.

Acordo berrando no quarto que me foi designado. Derek invade o cômodo, batendo a porta com força na parede e pegando-me em seu colo, enquanto choro convulsivamente.

– Só um sonho, meu amor, só um sonho. Foi só um sonho. - Ele repete essa frase mais de três vezes até que meus gritos diminuam a intensidade. Bailee, Dylan e George estão parados na porta, sonolentos. Bailee segura uma arma pequena nas mãos, talvez desconfiando de um possível ataque.

Agarro os cabelos e a camiseta de meu pai até que consiga parar de chorar realmente.

Até que consiga diferenciar o real do imaginário.

Meia hora depois, Derek cochila encostado na cabeceira de minha cama, segurando meu corpo entrelaçado ao seu como um filhote de macaco. Meus olhos estão mais abertos do que de costume. Não quero dormir. Estou em um completo e interminável estado de alerta e pesar.

George passa pela porta do meu quarto e deita-se no espaço livre da cama de casal.

– Noite ruim? - Ele sussurra. Pelos olhos inchados e as lágrimas que ainda cercam os mesmos, cogito que ele esteve chorando.

Faço que sim com a cabeça.

– Você também?

– Sim. - Ele concorda. - Sonhei com ele.

– Eu também. - Sussurro. - Não um sonho. Um pesadelo.

– Durante esses dias, até um sonho vira pesadelo quando envolve o que aconteceu, Tess. - Ele aperta minha mão que não está agarrada à camiseta de Derek. - Temos que permanecer sãos. Mentalmente sãos, entende? Estamos sendo torturados mentalmente. E é bem pior do que ser torturado fisicamente, porque fisicamente, sabemos que uma hora irá acabar. Terá uma pausa até que recomece. Mas, mentalmente...eu penso sobre isso o tempo todo. É tipo: "Olha, que lindo dia. Opa, foi nesse local que fulano morreu. Quem sabe hoje eu não serei o próximo?"

– Nós estamos em pânico. Creio que pelo que aconteceu com Jake, nosso pânico e estresse pioraram. Estamos pirando, George. Literalmente.

– Eu não duvido nada que daqui há alguns dias comecemos a ver vultos ou pessoas mortas. - Ele diz, sério. Segundos depois, ri, fazendo com que eu ria também.

– Isso não será bom para o nosso psicológico.

– Tem razão. Mas o que é bom para o nosso psicológico, atualmente, Tess? Acha que algum dia teremos uma cura mental? Não entraremos mais em pânico? Não seremos mais perseguidos? Não tentarão nos matar a todo momento?

Respondo o que julgo ser verdade.

– Não.

Ele sorri tristemente.

– Era isso que eu queria saber.

Ficamos ali, olhando para o nada, de mãos dadas, porque sinceramente aquilo é a nossa única conexão entre o que é real e o que é falso. Não temos mais nada além de um ao outro para suportarmos esse peso que é estar ficando desvairado. Inconsequente. Louco.

– Por que Dylan está aqui ainda? - Pergunto.

George hesita em responder.

– Ele diz estar arrependido por ter se juntado aos rebeldes dentro dos rebeldes. Bailee o trouxe, primeiro porque ele insistiu muito para vir ver como você andava e depois porque precisava tirá-lo da companhia de Wes. Wes realmente te odeia.

Dou de ombros.

– Eu também o odeio. Acho que eu deveria tê-lo cegado mais cedo, caso soubesse que ele iria cortar o pescoço de Jake.

George ri e fecha os olhos. Paro de falar por acreditar que ele quer dormir e felizmente estou certa. Mantenho-me na realidade do aperto de mão firme de George e consigo cochilar até seis e meia da manhã.

Depois, tomamos café em silêncio, porque estamos todos mentalmente desgastados.

Bailee interrompe o silêncio, pigarreando e iniciando um discurso sobre sanidade mental e que fortes emoções podem fazer com que fiquemos realmente abalados, a ponto de termos sonhos ruins e não conseguirmos diferenciar o real do imaginário.

– Certo, aonde pretende chegar com isso? - George a interrompe, pouco depois de mordiscar uma torrada.

– Pretendo chegar no ponto onde eu trago uma psiquiatra especialista em perdas para ter algumas sessões com vocês. Ambos passaram duas semanas somente com Jake e foi um baque para os dois. - Ela diz.

– Desde quando se importa com a nossa sanidade mental? - Digo.

– Desde que percebi que ambos tem pesadelos até quando cochilam e que só sabem falar de morte e de que podem ser mortos a qualquer momento.

– Estamos falando alguma mentira? - Respondo.

– É claro que não. Mas creio que se você estiver preparada mentalmente para qualquer outra perda que venha a acontecer, será mais fácil aceitar. Essa guerra é nossa.

– Não estamos em uma guerra, Bailee. - George interrompe. - Estamos atualmente numa guerra com nosso interior, tentando lutar contra os pesadelos que nos assolam enquanto dormimos. É só isso.

– E é isso que quero dizer. Alguém de fora disso tudo, poderia ajudá-los.

– Não precisamos de uma psiquiatra. Não estamos inteiramente loucos.

– O que estão esperando? Começarem a atirar uns nos outros? Vocês precisam de ajuda.

– Eles podem conversar comigo, se quiserem, Bailee. Não é necessário trazer alguém de fora para aconselhá-los e essas coisas. - Dylan entra no meio da conversa.

– Quem disse que quero falar dos meus problemas e dos meus momentos difíceis com você? - Respondo. George concorda com a cabeça.

– Foi só uma sugestão. - Ele dá de ombros.

– Acontece que a sua sugestão não foi requisitada na mesa do café da manhã. Termine esse seu pão em silêncio, garoto. - Bailee diz. George e eu soltamos risinhos de provocação.

– Estou apenas tentando ajudar.

– Nós não... - Começo.

– Tessa! - Derek chama minha atenção.

– Tudo bem, desculpe, Dylan.

Ele faz que sim com a cabeça.

– Continuo não querendo ajuda de um escravo que resolveu se rebelar contra as mulheres, mesmo quando não levou nem um mísero choque de eletrosingular ou chicotadas. Aliás, quantos almoços ou jantares você fez, Dylan? Dois? Três? Quantas camas você arrumou? Sinceramente, é muito engraçado você entrar para a revolução dentro da revolução quando ao menos sofreu com a escravidão masculina. Tessa deveria era ter lhe dado uns choques para ver se enfiava alguma coisa em sua cabecinha vazia de um garoto apenas louco para chamar qualquer tipo de atenção que seja. - George sorri quando finaliza seu mini discurso.

– Mason, você vai pagar por isso.

George sobe em cima da mesa e mexe em seu bolso. Retira uma carteira de couro e começa a espalhar notas de valores altos em cima e ao redor da cadeira onde Dylan está sentado.

Ah, nada como ser filho da governadora do Continente Feminino.

– É suficiente? Por que tenho muito mais em meu quarto. - Ele diz, quando todas as notas já rodeiam Dylan. - Quem vai pagar por qualquer coisa aqui, é você, Dylan. E nem pense que chegará perto de Tess de novo. Ela está acordada. Está desperta e sabe exatamente quem você é. Nossa possível loucura não interfere nisso. E você não vai chegar perto dela enquanto eu viva.

Dylan levanta-se espalhando as notas no chão. Ele apanha a arma de Bailee em cima do criado-mudo e aponta para George.

– Vamos acabar logo com isso, então.

O silêncio é interrompido por dois cliques das armas de Derek e de Bailee e do som do meu arco sendo flexionado.

– Abaixe a arma. - Sussurro soando mais ameaçadoramente do que seria necessário.

Dylan joga a arma no chão e Bailee pisa em sua mão com sua bota de salto alto antes que ele a retire do chão.

– É por pessoas como Dylan Fonkin que penso no quanto meu regime feminino foi bom para as mulheres e até para homens como George.

George solta uma gargalhada.

– Dylan, você cheira a derrota. E eu sou alérgico a isso.

Sorrio, vitoriosa, para George. Seguro seu braço e saímos da casa, acelerando o carro ganhado de Bailee.

Por um lado, acredito que Bailee tenha razão sobre o fato de que estamos ficando loucos. George está ficando agressivo e provocador como eu era antes da possível loucura e eu estou ficando deprimida, calada e pensativa, como George costumava ser. Estamos adquirindo as características um do outro.

– George. - Digo, mas por incrível que pareça, junto com as características trocadas temos a percepção de entender o que o outro quer dizer.

– Precisamos de ajuda. - Ele responde, lendo meus pensamentos.


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