– Você é idiota ou se faz?

Tia Dora entrou na sala e arrancou o controle da mão do Vitor. Eu ri e me sentei no colo dele.

– Eu estava me divertindo.

– Você poderia ter machucado seu pai.

– E ele poderia ter me matado já.

– Eu ainda posso.

Tio disse se arrumando na cama que agora estava em forma para sentar, tia Dora foi ajudá-lo.

– Não sem poder mexer o braço.

Vitor disse fazendo movimento com o braço. Tio Paulo havia levado dois tiros, um pegou no abdomen e outro no braço, então ele não poderia mexer agora.

– Lia bate nesse moleque.

Dei um tapa nele que revidou com um tapa na minha cara, eu o olhei chocada enquanto ele ria.

– Não bata na Lia.

Tia Dora arremessou o controle da cama nele que desviou fazendo com que o controle pegasse na parede e a cama ficasse em posição reta de uma vez fazendo o tio Paulo soltar um palavrão em protesto.

– Viu o que fez, idiota?

Falei para o Vitor pegando o controle no chão.

– Viu que fizemos um idiota?

Nós rimos e Vitor revirou os olhos.

– To vendo que o senhor ta melhor, nós vamos embora dormir.

Vitor me levantou do seu colo para nos despedirmos.

– Lia se cuida, minha filha.

Tio me puxou para me dar um beijo na testa.

– Seu filho também vai se cuidar.

– Quem se importa?

Sorri para o tio.

– Mãe qualquer coisa me liga, mas só algo grave, se ele morrer só precisa ligar para eu ir pegar a herança.

– Vitor!

Dora o advertiu lhe dando um abraço.

– Tchau, tio.

– Tchau!

Vitor deu um tapinha no abdomen do tio Paulo como um sinal de despedida.

– Saco de merda.

– Quem se importa?

Fomos saindo e Vitor piscou para ele.

– Você é um garoto morto quando ele levantar daquela cama.

– Eu sei.

Ele deu uma gargalhada gostosa enquanto íamos até onde os meninos estavam, Nick ainda estava lá.

– Da última vez que vi vocês, estavam separados.

– Estamos juntos agora.

Revirei os olhos quando Vitor o respondeu arrogante e me abraçou.

– Voltamos.

– Não que tenha sido uma escolha sensata.

Lucca disse a respeito da nossa volta.

– Uma escolha insensata do Vitor, só para deixar claro.

Dinho fez questão de dizer.

– Eu poderia te dar uma surra para aproveitar que estamos no hospital.

– Claro, Lia.

Ele relaxou na cadeira.

– Vitor, o senhor Machado pediu para que eu acompanhasse vocês até em casa.

Bruce, o chefe da segurança, chegou perto de nós. Sempre notei que ele não gosta nenhum pouco do Vitor, mas ele era um cara legal.

– Oi Bruce!

– Lia!

Ele assentiu com a cabeça em forma de cumprimento.

– Então vamos indo, você quer ir lá pra casa, Nick?

Chamei por pura educação.

– Não, vou deixar vocês curtirem.

Sua voz tinha um tom de malicia.

– Você tá falando de sexo? Porque se for esse o problema, eles não fazem mais isso tem algum tempo.

Gui soltou e o Nick nos olhou rindo.

– Guilherme.

Vitor o olhou com raiva.

– Quê? Era segredo? Eu não sabia.

– Lia sem sexo?

– Sim, Nick, maldita aposta.

Disse rindo.

– Tá, vamos embora.

Vitor saiu na frente de todos, nos despedimos do Nick e fomos saindo logo atrás.

– Bruce vamos todos no carro com você?

– Acho que não cabe, Lia, se dividam que o Kyle leva alguns de vocês e outros vão comigo.

– Eu vou com você.

Segurei em seu braço, eu tinha feito uma amizade legal com Bruce, mas ele não gostava do Vitor de jeito nenhum, disse que ele irritou muito no dia do meu resgate.

– Então, Lia e Vitor, infelizmente, vão comigo e Gui, Dinho e Lucca vão com o Kyle.

Ele disse e todos foram para o carro.

– Você ficou com raiva?

Perguntei entrando no carro e o Vitor estava sentado no banco de trás com cara de poucos amigos, Bruce logo entrou e deu partida.

– Não!

– Sim, você ficou.

– Não fiquei.

– Então me dá um beijo.

– Por que você não pede para o Nick?

Revirei os olhos, não acredito nisso.

– Por favor Vitor, eu nem falei nada demais com o Nick, e o papo mais longo que tive com ele hoje você estava presente, para de ciúmes.

– Mas eu não gosto dele.

– E daí? Bruce não gosta de você e tenta conviver com isso.

Ele olhou para o Bruce que confirmou o que eu disse olhando pelo retrovisor.

– Mas eu não quero saber, você não tem que ter nada com esses meninos, nem amizade.

– Ah então vamos supor que você tivesse uma amiga, eu não poderia me meter porque ela era SUA amiga?

– Basicamente, sim.

– Me economiza, Vitor, quer ficar com raiva? Foda-se.

Virei a cara e fiquei olhando pela janela, que motivo mais idiota para se brigar, mas foi ele quem começou.

– Lia tem bala aqui, quer?

Bruce tinha tirado umas balinhas de hortelã de dentro do porta luvas.

– Claro.

Peguei algumas.

– Eu também quero.

– Pra você eu reservo outras balas.

Bruce disse sorrindo pelo retrovisor e eu ri do Vitor.

– Acho que vou pedir proteção aos Estados Unidos, tem muita gente querendo me matar.

– O que leva você a pensar que eles vão te proteger?

Perguntei jogando uma balinha para ele.

– Porque eu sou algo muito valioso para ser tirado desse mundo.

– Ou não.

Bruce comentou olhando para a estrada.

– Ninguém te perguntou nada.

– Tá, parem com isso.

Ri e deitei minha cabeça no colo do Vitor.

– Eu deixei você deitar no meu colo?

– Cala a boca, Vitor.

– Mas eu estou com raiva de você.

– Você tá um saco.

Agora eu tinha ficado com raiva, me arrumei e sentei direito. O celular do Bruce começou a tocar e ele atendeu, pareceu ser algo um pouco grave. Fui arremessada completamente contra o banco quando ele acelerou.

– O que está acontecendo?

Vitor perguntou preocupado.

– Parece que tem alguém na casa de vocês. - Bruce deu uma freada brusca quando chegamos. Fiquem no carro e não saiam daqui de jeito nenhum, ok? Por nenhuma hipótese.

E ele saiu rápido, vi o carro onde os meninos tinham vindo à frente do nosso.

– Vitor será que ainda tem alguém aí?

– Não sei, mas eu vou lá ver.

– Você não vai para canto nenhum, não ouviu o Bruce dizendo para ficar no carro? Pelo menos ele é a prova de balas, seu peito não.

– Mas eu tenho que ir lá.

– Não vai.

– Mas... Lia fica aqui.

– Se você sair desse carro eu vou também.

Ele se interrompeu e se virou para mim.

– Fica aqui.

– Não, se você sair eu saio.

– Por que você é assim?

– Por que você é idiota?

Ficamos nos encarando até que ele relaxou no banco com raiva. Esperamos mais alguns minutos até que o Bruce voltasse.

– Vamos.

Ele abriu a porta, saímos eu e o Vitor com raiva de dentro do carro, os meninos também saíram de onde eles estavam.

– Eita, primeiro sintoma da abstinência de sexo: estresse.

Dinho zoou enquanto passávamos na frente deles.

– Vai se fuder!

Vitor disse entrando em casa. Eu fui para o meu quarto, não quero ficar com raiva do Vitor, mas ele ta dificil hoje. Tomei um banho demorado e fui me deitar, precisava dormir.

– Oi.

Ele colocou a cabeça para dentro do quarto.

– Oi.

Respondi de mau humor. Ele entrou fechando a porta atrás de si e se jogou ao meu lado da cama.

– Desculpa, eu to estressado e descontei em você.

O olhei e ele parecia sincero e eu até entendia o lado dele.

– Ok, mas se você ficar com raiva de mim por besteira de novo eu corto seu pinto e dou para alguns cachorros comerem.

– Desculpa de novo. - Ele disse rindo e me puxando para cima dele. - É que juntou o que aconteceu com meu pai, minha mãe preocupada, nossa aposta, a falta de sexo e fiquei assim.

– Um dos problemas pode ser resolvido, não temos mais a aposta, lembra?

Disse sorrindo, ele riu e sua mão agarrou em meu cabelo me puxando para um beijo. Eu estava necessitada, também estava um pouco tensa com a situação que estava acontecendo, precisava relaxar. Abri os olhos quando ele separou nossos lábios para respirarmos.

– Vitor você por um acaso pretende fazer um vídeo pornô?

Ele parou de beijar meu pescoço e me olhou confuso.

– Não estou entendendo nada.

– Ali!

Apontei para um objeto meio escondido que parecia ser uma câmera e estava no canto da minha cômoda. Ele se levantou e foi busca-la.

– Acho que essa câmera era de outra pessoa.

Ele disse a puxando.

– Droga, deve ter mais, vou ligar para o Bruce.

– Ok.

Peguei meu celular e fiz a ligação enquanto ele ainda procurava mais pelo quarto, expliquei para o Bruce que em menos de 10 minutos já estava em casa.

– Onde vocês acharam?

– A primeira foi no quarto da Lia, procurei mais por lá e não encontrei.

Vitor disse entregando a câmera para o Bruce, ela era pequena o suficiente para estar bem escondida se eu não conhecesse tão bem meu quarto.

– Filho da puta, esse vai dar trabalho.

Bruce disse enquanto todos procurávamos mais câmeras, os meninos não haviam achado no quarto deles, havia uma no meu quarto, uma no do Vitor, uma na sala e uma na cozinha.

– Vocês sabem quem é esse cara, Bruce?

Gui perguntou, estávamos todos na sala, eu estava sentada no colo do Vitor e Bruce estava de pé observando as câmeras.

– Ainda não temos certeza, estamos investigando cada vez mais para descobrirmos, mas está difícil, o cara parece saber como se esconder.

– Ou vocês não devem ser tão competentes.

Vitor soltou e eu sabia que era só para encrencar com o Bruce que levantou os olhos da câmera e encarou o Vitor, esse menino não tem amor à vida.

– Talvez... Bruce se interrompeu. Deixa pra lá.

– Uma pergunta: vocês transaram na frente da câmera?

Lucca perguntou rindo.

– Não, eu vi a câmera antes.

– Então ainda estão no zero a zero?

– Isso não é da conta de vocês.

Vitor disse batendo no Dinho, até o Bruce tinha rido da situação.

– To vendo que sim.

– Vão se ferrar.

Ele me pegou no colo e me levou para o quarto dele.

– Ai meu celular tá vibrando.

Ele me jogou na cama de qualquer jeito e o pegou no bolso.

– Nossa, quanto carinho!

Reclamei me arrumando.

– Festa na casa da Sophia amanhã, para comemorar nossa volta e a melhora do meu pai.

Ele disse lendo a mensagem.

– Sophia não vive sem festa, mas você acha que vão nos deixar ir? Sabe que agora estamos em uma situação delicada.

Não sabíamos o que esse cara que estava atrás do tio Paulo queria e sabíamos que agora ele quer algo com a gente também, não sei se seria uma escolha sensata sair de casa, não sabemos como ele pode estar nos vigiando.

– E eu com isso? Nós vamos, eu quero festa.

Vitor guardou o celular e se sentou por cima de mim segurando meus braços ao lado da minha cabeça.

– Você não prometeu para o tio que ia me proteger?

– Eu vou te proteger, - Ele disse com uma voz maliciosa. Vou te proteger, cuidar de você, deixar você calma e relaxada.

Ele veio beijando meu pescoço e mordendo meus seios onde a blusa não cobria.

– Então eu posso fazer o mesmo por você.

Sorri e puxei seu cabelo para que ele me olhasse, os olhos e a boca do Vitor são o que mais mexem comigo. O beijei com toda minha vontade e ele retribuiu na mesma, logo o celular dele começou a tocar, tentamos ignorar, mas irritou.

– Pode ser a tia Dora com notícia sobre o tio.

Disse após separar nossos lábios.

– Não ia dar tempo de já ter preparado minha herança. - Ele disse pegando o celular e eu ri e bati nele. Sophia!

Ele me mostrou o visor rindo e atendeu colocando no viva voz.

– VOCÊS ESTÃO TRANSANDO, SEU MERDA? VITOR E EU, SEU DESGRAÇADO? EU VOU MATAR VOCÊ, SABE JOGOS MORTAIS? SUA MORTE VAI SER LENTA E DOLOROSA E 300 VEZES PIOR QUE AQUELAS...

– SOPHIA, CALA A BOCA!

Gritei com ela rindo, não acredito nisso.

– ISSO É A PROVA QUE ESTAVAM FUDENDO, LIA, NÃO É JUSTO COMIGO, O VITOR ME PROMETEU SEXO A TRÊS.

– CALMA SAPATÃO, AINDA VAMOS TER ISSO, ESPERE.

Vitor riu.

– VAI TOMAR NO CU!

Ela desligou na nossa cara.

– Vocês não vão ter nada.

– Qual o problema, Lia? Você tem que agradar seu namorado.

– Então por que você não me agrada também? Eu quero, eu, você e o Biel.

– Você vai sentir prazer em ver o Biel me agarrando?

– Não.

– Então, eu ia sentir em ver você e a Sophia, além de realizar minha fantasia de sexo a três com a Soph.

Ele estava sorrindo e pensativo.

– Você tem fantasia sexual com a Sophia?

– Tenho.

– E fantasia com a minha mão na sua cara tem?

Ele riu.

– Não, mas eu gostaria dela em outros lugares.

Ele puxou minha mão descendo pelo seu abdômen até seu pau por cima da calça. Apertei um pouco forte demais.

– Vá bater uma pensando na Sophia então.

– Ai caralho! Ele ainda ria de mim. Não quero bater pensando nela, preferia que ela estivesse aqui.

– Você é um merda.