50 Coisas que eu Odeio em Você escrita por Mayy Chan


Capítulo 18
Eu odeio seus medos


Notas iniciais do capítulo

Hey, amoras! Adivinhem quem está de volta? Pois bem, acho que me deu um surto de inspiração e eu fiquei louca da vida querendo colocar romance logo e... esse foi o meu máximo. A fanfic é dia por dia e acho que ainda estamos só no comecinho.

Por isso, agora que finalizei uma fic minha, vou ter mais tempo pra postar nessa. Pelo menos é o que eu espero, né?

Boa leitura, espero que gostem.



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Escola, como podes ser tão malévola? Hoje meu terceiro horário é com a vaca da Hera, a esposa do diretor e madrasta da Thalia. Pra variar, aquela megera dá aula de literatura, uma coisa que deveria ser, ao menos, um pouquinho amada pelos estudantes em geral.

Que nada. A megera reclama do meu ponto de vista, sempre falando que eu estou errada em tudo, e ainda por cima faz de tudo pra acabar com todos os meus argumentos. Nunca estou certa, e também tive uma nota acima de "C" nas aulas dela. E olha que eu sou uma leitora assídua, e com certeza já li mais livros do que aquela Barbie-anos-50 que ela é.

Mas, mesmo assim, ouço calada. Não acho que ela mereça os meus gritos sejam realmente úteis contra a sua caneta e caderneta que ela usava pra mandar os alunos pra fora da sala, ou até mesmo pra detenção.

Hoje vim sozinha para a escola, porque ficar indo de carro todos os dias já me incomodava e também posso andar muito bem, porque estou em ótimas condições. Tudo bem que meu pai não gostou disso, muito menos Percy, mas meus argumentos superaram os deles claramente. Só que o meu maior temor era, porque ela sim me metia mais medo do que quando tinha que visitar a minha mãe na capital movimentada da Flórida.

Abri meu livro de Biologia para dar uma olhada antes do professor chegar, porque se é pra eu me dar bem, que faça isso com estilo. Quando ele perguntar, minhas mãos estarão prontas pra levantar como forma de desafio pra Malcolm, um menino que era bem mais parecido comigo do que se é possível imaginar. Temos os mesmos cabelos loiros, pele clara, olhos cinzentos e inteligência superior ao resto. Mas, depois de um tempo, parei de considerar isso uma espécime de milagre. Há uns dois anos atrás chagaram Abby, uma menina que facilmente passaria por minha gêmea, se não fosse o aparelho fixo, o fato de ser uns dez centímetros mais alta que eu, o esmalte berrante e o senso de humor nerd.

Quando ele chegou, notei que vinha uma menina com ele. Ela era tão pequena, que chegava a ser mais baixa que eu (se é que isso é possível), tinha cabelos encaracolados e olhos de um castanho escuro que a deixava com uma cara maliciosa em conjunto com a pele clara, algumas sardas, o sorriso lateral, a camiseta preta escrito com "I don't wanna give a damn 'bout my bad reputation" em letras brancas e as unhas bem pintadas de azul.

— Alunos, hoje teremos uma novidade na sala. Essa menina ao meu lado é Kaytlin Wipfray, ela veio de Herrisburg, Pensilvânia. Espero que sejam educados e a tratem bem. — depois de falar, ele se virou pra ela. — Pode escolher o seu lugar, senhorita.

— Antes podemos fazer um comunicado? — perguntou Travis, se referindo a ele e seus irmãos que eu gostava de chamar de tropa da zueira.

— Falem. — pera, ele revirou os olhos?

Chris, Travis, Connor e até Luke foram pra frente. Eles tem aqueles braços torneados e bonitos que podiam fazer com que qualquer garota caísse aos seus pés, mas é de acordo com o boato: um filho de Hermes só se apaixona realmente uma vez na vida e nunca mais larga a tal menina. Só falta a menina, mas isso é mero detalhe, coisa simples.

— Caros meninos da minha sala, temos uma coisa pra anunciar. Sabem essa menina que acabou de lhes ser apresentada?...

— Não, ele não vai fazer isso. — murmurou Kaitlin.

— Pois bem, ela é a nossa irmã mais nova. Quem encostar nela, pode se considerar um homem morto. Obrigado, de nada.

E, antes de sentar, não deixariam de colocar mais fogo no circo. Então, ao passar por ela, fizeram uma distribuição bizarra de carinho agressivo. Algo como bagunçar seu cabelo, beliscar suas costelas e, no caso de Connor, dar um beijo estalado e forte em sua bochecha pálida.

Em toda a aula, o Stoll ficou de vista grossa sobre a sala, mandando olhares feios pra quem se ousasse a olhar pra sua irmãzinha. Pelo que eu entendi, ela também é adotada pela família. Por um momento, acho estranho nunca ter ouvido falar dela, mas nada duvido daquela família.

Depois daquele horário, tive mais um de Álgebra. E, claro, no terceiro horário que fui realmente lembrar da existência de Percy já no terceiro período quando temos aula de literatura juntos com a vaca da Hera e outro percentual de pessoas na minha sala. Kailitn tinha o primeiro horário comigo, mas preferi chegar lá sozinha.

— Me pergunto como alguém conseguiria se casar com uma megera dessa. — indagou o Jackson se referindo a Hera.

— Também me pergunto como a Thalia ainda não surtou tendo que morar com ela. Algumas perguntas parecem não ter resposta exatamente digna.

— Bem, vou pegar o meu livro antes que ela chegue. Se for tirado pra fora mais uma vez, meu pai vai ficar uma fera.

— Ele ainda está na cidade?

— Pelo jeito ele vai ter uma reunião aqui na cidade, então preferiu já ficar por aqui mesmo.

— Faz sentido. — indaguei me virando para frente e pegando o meu exemplar de "Orgulho e Preconceito", e quando a megera chegou, ela já resolveu que ia passar o seu dia me enchendo o saco.

— Senhorita Chase, poderia me informar o que achou do livro?

— Na minha visão, não gostei nem um pouco da forma submissa que as mulheres eram tratadas. Eu sei que era uma época remota, mas a forma machista e petulante da personagem principal ainda não me afetou tanto quando o senhor Darcy. Ele é um real cavalheiro, na minha opinião, mas bem que podia ser mais... flexível e ter admitido os seus sentimentos mais cedo. Aquela deixa na chuva foi um ponto alto, de fato.

— Sabe o que eu detesto? Essa sua forma nojentinha de ser feminista. A sociedade é machista por um motivo. Realmente acha que a sua opinião fraca e idiota poderia sobrepor a de um macho alfa?

— Já notou que a senhora é mulher também?

— Eu sei onde é o meu lugar, queridinha. E de fato, é ao lado do meu marido obedecendo as suas ordens. Minha responsabilidade é cuidar do lar e dos meus filhos.

— Caso não tenha notado, a senhora não tem filhos.

— Thalia e Jason são meus.

— Caso não saiba, Thalia é uma feminista assumida e Jason é respeitoso quanto a Piper. Ele não fica dando ordens pra ela que nem um fazendeiro com a boiada.

— Quer que eu te mande pra sala do meu adorável marido até aprender onde é o seu lugar?

— Sabe o que eu acho, senhora? — Percy se levanta com as mãos no bolso. — Eu acho que não deveria julgar um aluno pelas suas crenças. Eu, por exemplo, não me importo nem um pouco quando minha mãe me pede pra fazer as coisas. Ela que tem me mantido completamente sozinha por todos esses anos. E é por isso que eu a amo.

— E o que isso tem com a senhorita Chase?

Me afundo na carteira. Será que Percy não pode simplesmente parar de tomar as minhas guerras pra ele e simplesmente me deixar lutar sozinha? Isso me dá um ódio tão grande que eu nem posso falar.

— Ela é a minha garota. A única em todo o mundo que simplesmente conseguiu substituir a garotinha que me foi arrancada quando eu mal podia defender. Sabe, a minha mãe é meio que infértil, então um bebê sempre seria um milagre vindo dela. Mas não era só eu. Depois que eu nasci, depois de um ano ela ficou grávida outra vez. Eu estava tão ansioso pra poder pegar aquela menininha nos braços e cuidar dela, porque meu pai fora embora cinco meses, quando descobriu a segunda gravidez. Mas eu a peguei uma vez e a levaram pra uma sala. Três dias depois me disseram que ela tinha ido pra um lugar melhor por causa que seus pulmões não funcionavam direito. E, sabe, eu nunca tive a chance de ver aquela menininha loirinha crescer. Só que dezesseis anos depois eu conheci outra menininha loira que precisava de mim porque não tinha proteção, da mesma forma que eu precisava dela pra poder tampar o buraco que tinham deixado em mim. E, seriamente, eu não estou nem aí se ela quiser mandar em mim, porque eu vou ouvir, implicar e depois fazer. Porque se ela me abandonar, aquela menininha vai continuar me assombrando todos os dias.

A sala ficou toda quieta. A professora ficou de boca levemente aberta e os óculos caindo no nariz. Mas eu só conseguia olhar pra Percy com as mãos na frente da boca.

Era por isso. Era isso que eu era pra ele. Eu poderia salvá-lo de todos os seus sofrimentos, e ele poderia me defender do que fosse. De repente eu não consegui mais sentir raiva do seu cabelo caindo nos olhos verde-azulados e nem da sua mania de morder a bochecha.

Peguei um papel e escrevi em letras meio transtornadas:

"Eu odeio seus medos

Senhor Quíron, tudo que eu queria era que parasse de doer tanto nele quanto em mim. Queria poder fazer que tudo passasse em um passar de olhos. Queria que o seu coração se consertasse em um passo de mágica.

Meu coração está quebrado demais pra emprestar o meu pra ele.

Mas hoje, tudo que eu quero é deitar e ficar. Não quero saber que as pessoas existem, ou menos respirar. Meus músculos doem, principalmente as minhas costelas, como se elas estivessem sendo esmagadas pela dor.

E eu odeio que ele tenha medos, porque só ele pode me proteger dos meus. E eu simplesmente não posso fazer os deles sumirem"

— Se me dá licença, eu quero me retirar da sala. — ele sorriu e se foi.

E quando ele foi, eu fiz a coisa mais estúpida da minha vida. Coloquei meu livro dentro da mochila sem ao menos prestar atenção no que estava fazendo. Organizei as coisas de Percy e enfiei dentro da dele e corri pelos corredores em busca dele. Sem pedir permissão nem pensar duas vezes. Eu estava ficando muito inconsequente.

Quando saí da sala, fui até a casa dos Jackson, que também não era tão longe assim.

Como já era de se esperar, ele estava sentado no chão do quarto, chorando como um bebê. Joguei as mochilas em cima da cama e nem precisei de pensar muito no que fazer. Quando eu sentei na sua frente, ele me puxou pra si. Seus braços envolviam as minhas costas enquanto eu segurava a sua camiseta com as mãos de uma forma que chegava a me doer as pontas dos dedos. Senti suas lágrimas molharem a minha camiseta, enquanto o garoto soluçava no meu ombro. E, mesmo não sabendo o motivo, eu também sabia que eu estava em prantos e as lágrimas desciam com facilidade pelo meu rosto.

— Não chora. — ele sussurrou fungando.

— Não consigo. — continuei a molhar o blazer do uniforme escolar.

— Nem eu consigo te ver chorar.

Ficamos assim por um tempo, não sei quanto ao certo. O único motivo por termos nos soltado foi quando vi que Percy começava a fraquejar, por estarmos tanto tempo na mesma posição. Quando voltei para sua frente, ele sorriu de lado e acariciou o meu cabelo que ficava por trás da orelha. O que mais me surpreendeu mesmo foi quando ele se aproximou e me ajudou a levantar.

— Vem, minha mãe já deve ter chegado e eu estou varado de fome.

Fui atrás dele, logo após de jogarmos nossos blazers e ele a gravata na cama. O caminho das escadas foi curto, principalmente pelo fato de ele me guiar com as mãos pra cozinha onde se encontrava Sally. O Jackson abraçou a mãe e a deu um beijo na bochecha indagando um "boa tarde" meio idiota.

— Aceitam muffins? Tem até pedacinhos de chocolate.

Aceitei e, enquanto comia, Percy me puxou pro seu lado e me deu um beijo estalado na bochecha, enquanto me abraçava lateralmente. Só que ele não parou por aí e continuou distribuindo beijos na minha bochecha e no meu cabelo. O que me fez mais surpresa foi que, um tempo depois, foi como se eu tivesse tido um ataque de loucura.

Então eu o dei um beijo no fim da bochecha e o sujei de chocolate.

E, uma vez na vida, estávamos quites.


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Notas finais do capítulo

Amooooooooooras, venho aqui pra lhes lembrar que, bem, eu estou meio atrasada, mas ainda quero os meus reviews, okay?

Agora eu vou ali ler um pouco e daqui a pouco eu volto pra responder vocês :)

Kisses, Mayy