Lady Death I - Desires escrita por Leena C Anderson


Capítulo 6
Melhor Que Vinho


Notas iniciais do capítulo

Eu estou completamente impressionada com o final do capítulo, e como a Jennifer diria: Emy Le Blanc é completamente fantástica. Esse capítulo é ótimo para os fans de Jack, mas obviamente tem bastante espaço para o nosso Henry, que mais uma vez intitulou o capítulo com seus comentários.
Boa Leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/448108/chapter/6

– Emilly? - ouvi a voz de Jennifer chamar meu nome, fazendo minha atenção se voltar novamente para a loira, que me encarava de forma curiosa.

– Sim...? disse, recompondo-me e voltando a prestar atenção no que a loira dizia.

– O que houve? Eu estou à no mínimo três minutos esperando pela resposta de uma pergunta e você parece não ter nem ao menos me escutado! - exclamou ela, parecendo estar um tanto brava por causa de minha falta de atenção.

– Me desculpe, eu...- comecei a falar, fazendo uma pequena pausa e voltando novamente meu olhar para Jack.

– Quem é ele? - Jennifer questionou, notando a direção de meu olhar e voltando sua atenção para Jack, que estava sentado em um dos bancos próximos ao balcão.

– Ninguém. - respondi, virando-me para encará-la - O que você havia me perguntado?

– Isso pode esperar. - ela disse, abrindo um sorriso fraco - Quem é ele?

– Ok. - indaguei, suspirando logo em seguida - Eu posso confiar em você, como nos velhos tempos?

– Sim. - ela respondeu, dando de ombros - Por que não poderia? Não sou esse tipo de pessoa, se é isso que está pensando, Emy. Quer dizer...Eu não me aproximei de você simplesmente para me aproveitar da situação. Isso...Essa entrevista é realmente muito importante pra mim, e eu não quero que você ache que eu vou distorcer tudo o que você fala, ou colocar alguma conversa pessoal no meio disso, porque eu não vou. Eu sou...

– Jennifer Miller. Você é a Jennifer, e não eu. Isso seria algo que eu faria, não você. - disse, antes que ela pudesse completar seu raciocínio.

– Sim, quer dizer...Não. Não era isso que eu estava querendo dizer. Emy, eu não...

– Eu sei. - indaguei, dando um sorriso fraco - Você não faria isso, Jennifer, e eu sei. Seria algo que eu normalmente faria. É impossível que você tenha se esquecido do que eu fiz com o professor de matemática do primeiro ano.

– Eu sabia que era estranho quase toda a turma ter tirado a nota máxima naquela prova. - Jennifer comentou, dando uma risada fraca.

– Acredite, o dinheiro que eu ganhei com aquilo daria para comprar um carro. Foi uma pena o fato dele ter sido demitido um mês depois daquela prova...

– Você disse o que tinha acontecido para o diretor? - ela questionou, parecendo incrédula.

– Eu? - dei uma risada debochada - Quando nos falamos ontem você ficou surpresa em saber que eu ainda me lembrava de você, Jennifer, mas será mesmo de que você se esqueceu completamente de mim? Eu tiraria proveito da situação eternamente se possível. Henry descobriu, foi ele que estragou o meu negócio.

– Eu, sinceramente, acharia bem útil uma oportunidade de fazer o mesmo com o meu chef...- Jennifer parou de falar de repente - Emy! Sua...Sua vadia! Você está mudando de assunto! Quem. É. Aquele. Cara?

– Você, provavelmente como todas as pessoas que tem acesso à algum meio de comunicação, sabe que, recentemente, foram tiradas algumas fotos minhas ao lado de um homem...Um homem desconhecido.

– E você disse que não lembrava nem ao menos o nome dele, sim, eu sei disso...

– Se lembra de quando eu fiz um discurso emocionante sobre a importância de visitar criancinhas carentes para a sua mãe, fazendo-a chorar e deixando você vir comigo, enquanto na verdade estávamos indo à uma boate de streap? - questionei, esboçando um sorriso fraco, mas ao mesmo tempo debochado.

– É claro que sim. - ela respondeu com um sorriso - Ela ficou me dando dinheiro pra comprar brinquedos para as crianças por uns seis meses no mínimo. O que isso tem a ver?

– Eu continuo sendo uma mentirosa bem convincente quando quero...- respondi, olhando para Jack rapidamente.

– Ah. Meu. Deus. É ele? - ela perguntou, parecendo surpresa.

– Sim.

– Mas, isso não quer dizer muita coisa, quer...? - ela questionou - Quer dizer...Pode ser apenas interesse, você sabe disso. - disse ela, bebendo um pouco de seu milk shake.

– Não. Você poderia estar certa sobre isso, Jennifer, mas dessa vez não...E sabe por quê? Ele não sabia quem eu era. - indaguei, fazendo-a ficar completamente surpresa, quase se engasgando com o milk shake que tomava.

– Você só pode estar de brincadeira! Quer dizer...Emy! É-É impossível! Todo mundo sabe quem é Emy Le Blanc!

– Todo mundo, menos ele...Ao menos até aquela noite. Tenho certeza de que já descobriu o motivo pelo qual eu estava sendo tão misteriosa.

– E o que você está esperando? - ela questionou, fazendo-me ficar momentaneamente confusa.

– Para...?

– Ir falar com ele, obviamente! - dei uma risada fraca ao ouvir aquelas palavras.

– Eu não vou falar com ele, Jennifer. Foi só uma noite, nós nos beijamos, eu estava meio fora de mim, e foi só isso. Além disso, eu estou dando uma entrevista, certo?

– Ah, por favor...Não me venha dizer isso, Emy. Você não teria mudado de assunto naquela hora se fosse só isso. E a entrevista não importa, eu já tenho material suficiente para não perder o emprego.

– Isso não é o suficiente. - indaguei, fazendo-a me olhar de forma curiosa.

– Acredite, não perder o emprego já é o bastante pra mim, Emy...

– Mas, não para mim. - tirei meu celular da bolsa, colocando-o na câmera e tirando uma foto de nós duas.

– O que você vai fazer?

– Postar em todas as redes sociais possíveis, é claro. - expliquei, mexendo no celular por alguns segundos - "Reencontrar uma antiga amiga depois de anos...Isso não é ótimo? Jennifer e eu temos tantos assuntos para botar em dia! Dizem que amizades com mais de sete anos é algo que irá durar a vida toda, certo?" - disse, mostrando para ela a publicação.

– Meu chefe vai enlouquecer! - ela disse, dando um sorriso - E quando eu digo enlouquecer, eu quero dizer que ele não acreditava nem ao menos um pouco quando eu dizia que te conhecia, nem ao menos depois de ontem.

– Então dê à ele a entrevista, mostre a foto e faça-o morrer engasgado ao engolir a própria descrença. - esbocei um sorriso quase que perverso - Não de verdade, é claro.

– Relaxe, Emy. - ela respondeu, sorrindo de forma debochada - Lembra-se do que disse à uns minutos atrás? Eu sou Jennifer Miller, e não você. Levar essa frase a sério seria algo que você faria, e não eu.

– Você está perfeitamente certa.

Jennifer se levantou, pegando suas coisas.

– Ei, onde você vai? - questionei, completamente curiosa.

– Te ajudar a falar com aquele cara. - ela lançou um olhar rápido para Jack.

– O que você...?

– Um favor por um favor, Emy.

Observei Jennifer andar até o balcão, esbarrando levemente no ombro de Jack, de forma que parecia ser algo completamente acidental, embora eu soubesse que esse era o plano.

– Desculpe. - ouvi ela dizer, fazendo Jack virar-se para encará-la. Porém, ao invés de dizer algo à Jennifer ou de virar-se de volta, o olhar de Jack me encontrou, fazendo-me desviar minha atenção para a rua, que estava bastante movimentada. Poucos segundos depois, Jennifer passou ao meu lado, e eu balbuciei rapidamente em voz baixa:

– Você é maluca...

– Não mais do que você. - ela respondeu em um sussurro, dando um sorriso fraco e saindo da cafeteria.

Fiquei por alguns minutos pensando no momento que havia passado com Jennifer. Depois de tanto tempo sem vê-la, não esperava exatamente que a conversa fosse ocorrer em um clima tão calmo como ocorreu, e pela expressão de Jennifer de quando nos encontramos, ela também não.

Em meio a pensamentos sobre a nossa amizade, uma ideia brilhante me ocorreu, fazendo-me pegar meu celular na velocidade mais rápida que pude.

– Aqui fala o gênio da lâmpada, que realizaria todos os seus desejos mais loucos, selvagens e maliciosos. O que minha grande Rainha da Máfia deseja? - ouvi a voz de Henry soar pelo telefone de forma pervertida.

– Um segurança novo não seria tão má ideia...- indaguei, simplesmente para revidar sua brincadeira - Em quantos minutos você acha que consegue me mandar o telefone do chefe de Jennifer?

– Minutos? - Henry debochou - Você subestima muito meu talento, Lady. Cinquenta segundos, pode contar. - ele disse, desligando logo em seguida. Poucos segundos depois, ouvi meu celular tocar e logo vi a mensagem com um número de telefone.

Disquei os números esboçando um sorriso fraco e ao mesmo tempo divertido, esperando que o chefe de Jennifer atendesse.

– Jornal The News, Khlaus Evans falando. - ouvi a voz masculina falar.

– Olá. Eu sou Emy Le Blanc, e tenho certeza de que Jennifer Miller, uma grande amiga minha disse que faria uma entrevista comigo hoje. Ela acabou de sair daqui, e não nos víamos à muito tempo...Você é o chefe dela, certo?

– S-sim. - ele disse, parecendo estar um tanto surpreso.

– Eu não quero atrapalhar nem um pouco o desempenho do jornal, mas seria algo muito incômodo se eu o pedisse para dispensar Jennifer na sexta-feira? Sei que ela provavelmente tem um cargo muito importante, não é minha intenção atrapalhar, como já disse antes...

– D-de forma alguma. O-obviamente não será incômodo algum dispensar a Senhorita Miller na sexta-feira, se é o que deseja. Fico feliz que tenha concedido a entrevista.

– É um prazer ajudar uma velha amiga, com o que quer que seja. Muito obrigada por isso, Khlaus.

– Foi um prazer falar com você, Emy. - ele indagou, parecendo surpreso e ao mesmo tempo animado.

Desliguei a ligação, sorrindo e murmurando para mim mesma: Espero sinceramente que você morra engasgado com sua descrença.

Poucos segundos depois de desligar, pude ver Jack caminhando vagarosamente em minha direção, como se estivesse na dúvida entre falar comigo e fingir que não me conhecia. Desviei o olhar pouco antes dele me encarar, fingindo que não havia notado o caminho que ele estava tomando.

– Oi. - ele disse de forma tímida, parecendo um tanto incomodado com a situação.

– Ei, olha quem está por aqui. - indaguei ao me virar, dando um sorriso fraco.

– É Emy, não é? - ele questionou, sentando-se na cadeira onde à pouco Jennifer estava sentada.

– Sim. - respondi de forma divertida - Eu disse que você descobriria, certo?

– Ainda não vi motivo para você ter feito tanto mistério. - ele admitiu, parecendo estar se divertindo com aquela conversa.

– Que isso não pareça tão narcisista quanto eu acho que vai parecer, mas eu fiquei impressionada quando você disse que não sabia quem eu era, então...Achei melhor manter desse jeito. Você não faz ideia do quanto é raro conhecer alguém que não saiba quem eu sou, então eu tive que tirar proveito da situação. Ser só uma pessoa normal às vezes tem suas vantagens.

– Às vezes? - ele questionou, dando um sorriso fraco e erguendo uma de suas sobrancelhas.

– Em noventa por cento dos momentos. - respondi, dando um ar misterioso ao que eu disse.

– Noventa? É uma bela média. Isso fala muito sobre você, sabia? Diz que embora você se sinta incomodada com tudo o que dizem sobre você o tempo todo, ainda gosta disso...De sua vida, da fama, de tudo o que possui. Fala que você gosta de ter seus momentos de pessoa comum, mas que não trocaria sua vida por nada. - ele indagou, encarando a mesa ao invés de olhar para mim.

– Você trabalha em uma boate, ou é um psicólogo? Porque é isso que está parecendo, Jack. - debochei, fazendo-o me encarar como se questionasse algo à si mesmo em pensamento.

– Então você mentiu? - ele questionou, fazendo-me ficar um tanto confusa.

– Do que exatamente você está falando?

– A entrevista...Que foi exibida hoje. Você disse que não se lembrava do meu nome.

– Eu estava apenas te protegendo, acredite você ou não. - esclareci, fazendo-o me encarar de forma curiosa - Estar ao meu lado em uma foto não oficial, que parou em todos os sites de fofoca possíveis é quase como um suicídio de toda a calmaria existente em sua vida, Jack.

– Você estava dizendo a verdade quando disse que tudo não havia passado de um caso de balada. - ele afirmou, sem nem ao menos me olhar.

– E o que foi isso? - questionei de forma debochada - Uma tentativa fracassada de psicologia reversa? Isso explica porque você não conseguiu um emprego como psicólogo.

– Foi tão óbvio assim? - ele questionou, com um sorriso fraco e quase envergonhado em seu rosto.

– Mais do que você pensa. - exclamei, fazendo-o desviar o olhar de meu rosto.

– Então você está admitindo que era mentira. - ele provocou, porém seus olhos encaravam a rua movimentada na frente da cafeteria.

– Talvez. - respondi de forma misteriosa.

– Isso é um sim. - ele afirmou, voltando a me encarar - Se fosse um não, você não teria dito talvez.

– E o que você acabou de dizer significa que você espera que não seja um não.

Touché.

– Você está cada vez mais parecido com um perseguidor maluco, Jack. - indaguei, fazendo-o me encarar de forma quase enigmática.

– Posso prová-la de que você está enganada sobre isso? - ele questionou.

– De que forma? - perguntei, curiosa.

– Convidando-a para jantar. Amanhã a noite, no Daniel Boulud¹.

– Está disposto a enfrentar repórteres, paparazzis e etc.? É uma atitude bem corajosa, Jack.

– Por que não? - ele eboçou um sorriso - Te pego às 19:00.

– Perfeito. - exclamei, sorrindo.

– Eu tenho que ir. - Jack disse, olhando alguma coisa em seu celular - Foi bom vê-la, Emy. Até amanhã à noite.

– Foi bom vê-lo também, Jack. - esbocei um sorriso fraco, que se desfez assim que ele saiu da cafeteria.

Depois de alguns minutos, me levantei de onde estava e saí do local, caminhando em direção à limousine, que já se encontrava ligada. Em poucos minutos voltamos ao prédio da revista, onde Henry me esperava exatamente onde estava quando havia saído: na porta, como se esperasse por minha volta.

– O que eu disse para você fazer quando saí, Henry? - questionei, encarando-o com um olhar carregado de precaução. Ele não estava ali simplesmente por preocupação, sabia que eu voltaria ilesa, não era tão paranoico assim. Era algo um tanto mais informal, algo como uma ótima oportunidade para mais um de seus comentários, ou vários deles.

– Para fazer algo de útil, e eu o fiz. Pensar em você é algo total e completamente útil, Emy, principalmente quando isso se refere a pensar em você e eu ontem à noite. Foi maravilhoso, não acha? Poderíamos repetir a dose hoje à noite...

– Obviamente não, Henry. Além disso, você sabe que temos um compromisso para hoje à noite.

– Por favor, Lady...- ele deu uma risada debochada - Sem dúvidas, ficarmos sozinhos em um momento íntimo é muito mais interessante do que flertar com mafiosos em um bar reservado. - ele se aproximou mais, indo para atrás de mim e sussurrando em meu ouvido palavras provocantes - Seria ótimo ver você em outro daqueles modelitos que ganhou, Lady...Mack e seus negócios ridículos podem esperar, e sabe disso. Você é a rainha da máfia, lembra? Você controla isso...Os submissos dele não irão gostar nem um pouco, mas quem se importa? Sabe que a química entre nós é inevitável...

– Você é absolutamente inacreditável, Henry...- sussurrei, me virando para encará-lo, de forma que nossos rostos estavam à menos de cinco centímetros de distância - Absolutamente inacreditável e desprezível. - empurrei-o para trás, fazendo-o cambalear.

Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, entrei no prédio, caminhando em linha reta até o elevador, sem nem ao menos olhar para trás para ver se Henry me seguia.

Entrei em meu escritório rapidamente, sentando-me em minha cadeira e pegando as pastas que analisava no dia anterior, já que elas ainda precisavam ser terminadas. Antes mesmo que eu pudesse me concentrar, o toque do meu celular tocando me fez desviar o olhar das pastas para o eletrônico, que estava dentro de minha bolsa. Peguei-a, procurando o objeto por alguns segundos, e atendendo-o assim que o achei, no que parecia ser o quinto ou o sexto toque.

– Alô, Emy? - ouvi a voz de Jennifer soar pelo telefone.

– Olá, Jennifer, ou devo dizer, funcionária comum promovida à um cargo de importância. - indaguei, dando um sorriso malicioso.

– Como você conseguiu isso, Emy? - ela questionou, parecendo estar bem animada com o que eu havia feito em poucos segundos ao telefone com seu chefe.

– Simples. Eu simplesmente liguei para ele. Eu compreendo a filosofia de chefes, Jen, é assim que funciona. Você trás uma grande oportunidade para minha empresa, e eu te dou uma grande oportunidade. Uma troca de favores.

– Um favor, por um favor. - ela disse, parecendo estar um tanto pensativa - O que significa que eu te devo um favor.

– Nada disso, Jennifer. Ao meu ver, "Um favor, por um favor", soa como "Um segredo, por um segredo", e você se lembra de como eu fazia isso ficar muito mais interessante, certo? – questionei de forma perversa, fazendo com que ficássemos por um tempo em silêncio, até que Jennifer voltasse à falar.

– Sim, lembro. - ela afirmou - Você nunca me deixava ficar com apenas um segredo seu. Sempre se sobressaindo. Você contava um segredo, eu contava o meu, e você contava um maior ainda, normalmente sobre outra pessoa, algo bem revelador, em todas as vezes.

– Exatamente. Você me fez um favor, eu apenas fiz um para você. - comentei, em um tom mais usual do que achava ser possível - Além do mais, você sabe...Eu tinha que fazê-lo morrer engasgado com sua descrença de uma forma um pouco mais rude.

– Obviamente, você é Emy Le Blanc. E é exatamente por isso que deve estar completamente ocupada agora. E eu sei que acertei em cheio.

– Então...Até sexta-feira? - questionei, fazendo-a me responder quase de imediato.

– Sexta-feira? - ela parecia completamente espantada - V-vocÊ estava falando sério com o Khlaus? - ela parecia estar à ponto de ter uma parada cardíaca.

– Por que não? - indaguei, como se me divertisse com a reação dela - Somos amigas, e será divertido. Eu não me contento facilmente, e você sabe perfeitamente disso, Jennifer. Khlaus vai virar seu faxineiro um dia, e isso é uma promessa.

– Você é completamente fantástica, Emilly Rose Le Blanc. - ela comentou, perplexa, desligando logo em seguida.

Coloquei o celular sobre a mesa e voltei a analisar as pastas, percebendo que ali tinha um volume de trabalho bem maior do que eu esperava. Nada de descanso hoje, Emy. Pensei, direcionando toda a minha atenção para o que estava lendo.

* * *

Uma batida na porta me fez desviar os olhos da tela de meu notebook. Antes de responder qualquer coisa, olhei para trás. Já era noite, as estrelas enfeitavam o céu, assim como as luzes dos prédios de Nova York enfeitavam toda a cidade.

– Entre. - respondi, me levantando de minha cadeira e andando vagarosamente pelo escritório, pegando uma garrafa de vinho dentro do frigobar e uma taça em cima de uma das mesas. Para muitos, aquela coleção de taças era apenas um enfeite, já para mim, era uma grande diversão em dias de muito trabalho interno.

– Já é de noite, e você não saiu desse escritório o dia todo. - Henry disse, caminhando até mim e pegando outra taça, servindo-se de vinho assim que deixei a garrafa à sua disposição.

– Deixe-me adivinhar...- ele saboreou o vinho - Vinho Francês. Algo entre...Anos 80 e 90?

– Mil novecentos e noventa e sete. - disse, bebendo mais um gole do vinho - Você é bom nisso. Já pensou em trabalhar com vinho e parar de me perturbar diariamente? - questionei, sem nem um pingo de brincadeira naquela frase, embora admitisse não saber o que faria sem Henry.

– Sinto em dizer-lhe isso, Lady...Mas, você é mais gostosa do que vinho. E você sabe o quanto eu aprecio um bom vinho... - ele indagou, esboçando mais um de seus sorrisos maliciosos.

– Você não cansa mesmo, não é, Henry? – sentei-me em minha cadeira e fechei o notebook.

– Como poderia me cansar de você, Emy? Como alguém poderia? - ele exclamou, soltando uma risada cheia de escárnio - Eu sou um homem, e você...

– Por favor, me poupe disso, Henry. - exclamei, felizmente antes que ele pudesse completar sua frase.

– Caso seja o que você esteja pensando, não, eu não vim aqui simplesmente para te perturbar, Lady. Pelo visto você se esqueceu de que temos um compromisso...

– Não, Henry, eu não me esqueci. Fiquei muito ocupada o dia todo...Documentos, coisas da revista, mais documentos...- indaguei vagamente, sem me preocupar com a forma como dizia tais palavras.

– Compreendo completamente. - ele respondeu, também de forma vaga.

– Então...Qual local completamente inapropriado e inusitado Mack escolheu dessa vez? - questionei, voltando completamente minha atenção para Henry.

– Um lugar repleto de fábricas abandonadas, no Queens. – ele me encarava como se esperasse ansiosamente por minha reação.

– Surpreendente. - indaguei, depois de um tempo pensando - Ao menos é melhor do que o lugar da vez anterior. E espero, sinceramente, que seja um pouco menos tedioso, e mais rápido também.

– Acredite, ou não, Emy, eu também espero. - ele exclamou, sem nenhum tipo de tom diferenciado, utilizando somente um tom profissional.

– Então...Vamos? - perguntei, me levantando da cadeira e ajeitando meu vestido de forma fugaz - Eu odiaria me atrasar para um compromisso tão importante e divertido. - meu tom de voz era completamente irônico.

– É claro que sim. - ele exibiu um sorriso fraco e abriu a porta para que eu passasse.

* * *

O trânsito de Nova York não estava nem um pouco apropriado, como já era de se esperar. Engarrafamentos à toda parte, motoristas apressados buzinando à todo momento, e pedestres tentando passar entre os carros parados. Aquilo não era nem um pouco positivo, muito menos quando eu estava dentro de uma limousine, ao lado de Henry. Desde a noite de ontem, eu não sabia quanto poderia resistir às piadas e comentários dele, principalmente em um lugar daqueles, sabendo que demoraríamos ao menos meia hora para chegar em casa.

– Por que você não elimina o Mack de uma vez, Lady? - Henry questionou, fazendo-me desviar minha atenção da janela da limousine e direcionar meus olhos e minha mente para ele.

– Você sabe que não é minha intenção, Henry. Não importa o quanto todos achem que devo substituí-lo, não é minha intenção. - respondi, de forma firme e impassível.

– Eu sei, mas...Você é completamente apta para o cargo. Você sabe que não sou o único a dizer isso. Sei que Mack odiaria ser substituído, mas...

– Ele odiaria ser substituído por uma mulher, você quis dizer. - o interrompi, corrigindo-o e voltando aos meus pensamentos.

Mack era um criminoso qualquer que havia tentado entrar para muitas máfias, sem nenhum sucesso. Querendo vingança, acabou matando o chefe de uma delas, e o substituindo, o que o fez sentir um homem grande e poderoso. Ele é um grande mafioso de Nova York, que exige que todos os mafiosos da cidade se reúnam de tempos em tempos, em uma espécie de confraternização, que decide e organiza muitas coisas no mundo do crime organizado. O que importa no momento, é que ninguém suporta toda a burocracia de Mack ao organizar tal coisa, e como, mesmo assim, acham o evento importante, crêem que alguém deve substituí-lo. A mais nova aposta deles? Eu. Isso faz Mack enlouquecer completamente.

Em um lugar tão machista quanto uma máfia, é completamente normal que mulheres não tenham tanta importância, a não ser que uma delas seja chefe de uma grande máfia. Mack se sente completamente ameaçado por minha presença, tanto de forma pessoal, quanto quando se trata de seu cargo. Não que faça parte de meus planos assumir o lugar dele. Não sei se conseguiria manter a HCH, a revista, e ainda por cima organizar tais reuniões. A importância delas? Algo entre crucial e fundamental. Quando se trabalha em uma grande máfia, uma coisa é completamente crucial: a lealdade. Na maioria das corporações mafiosas, há todo um processo de juramento, em algumas ocasiões, até mesmo de sangue, o que faz tudo ficar muito mais sério.

Não é qualquer pessoa que é apta a trabalhar em uma máfia, assim como não é qualquer um que tem a capacidade e o dinheiro suficientes para ser cliente de uma. Os sites de máfias, assim como a maioria das corporações e reuniões, se escondem por trás de fachadas. São poucas as pessoas que conhecem o segredo por trás dos sites, e essas, estão espalhadas por todo o mundo, distribuindo os segredos para as pessoas certas, sejam essas clientes, ou não. Na maioria das vezes, o segredo para se entrar em contato com uma máfia através de um site é uma senha sigilosa, ou um truque fácil de hacker. Como uma pessoa sabe disso? Tudo depende muito de quem você é. Um vendedor ambulante não é cliente de uma máfia, mas um grande empresário sim. No mundo da máfia, sendo um mafioso ou um cliente, tudo o que importa são seus contatos, seu dinheiro, e seu poder. Sua conta bancária define quem você é, assim como seu status e suas posses. E é exatamente por isso que Mack se sente tão ameaçado.

O poder em minhas mãos se torna a pior ameaça para ele à todo tempo. Meu número de contatos é muito maior do que o dele, o número de pessoas que posso facilmente influenciar também. A importância do evento é grande, mas tudo o que ele faz parece ser, na maioria das vezes, completamente exagerado. Com uma nova pessoa sendo o cérebro por trás disso tudo, o evento seria muito mais interessante e válido.

– Se perdendo em meio às luzes de Nova York, Lady? - Henry perguntou, notando que eu vagava em pensamentos enquanto olhava pela janela.

– Apenas pensando. - disse, encarando-o rapidamente.

– Em mim, presumo…- ele esboçou um sorriso fraco e ao mesmo tempo completamente malicioso.

– Se eu estivesse pensando em você, Henry, coisa que não aconteceria de forma tão fácil, estaria pensando em uma forma de afastar você de mim por ao menos um segundo, o que exigiria tanto minha atenção ao ponto de nem ao menos notar sua presença, o que seria realmente encantador. - rebati, fazendo-o dar uma risada fraca.

– Sabe que ficar longe de você é uma missão difícil, Emy...E que enlouqueço completamente estando sentado em uma limousine ao seu lado. - ele disse, se aproximando mais de mim e colocando uma de suas mãos sobre minha coxa, fazendo-me suspirar.

– Você não terá o que quer, Henry, não hoje. – rebati, me afastando rapidamente.

– Isso significa que vou ter outro dia, certo? - ele questionou, sorrindo de forma sarcástica.

– Nem em um milhão de anos, Henry. – voltei à me concentrar na vista da janela.

Depois do que parecia ter sido meia hora, chegamos finalmente em casa, e com Henry se afastando de mim, eu tive uns minutos para me concentrar e pensar em como me portar no evento que viria a seguir. Não era fácil encarar Mack e seus comentários sem ter vontade de, no mínimo, atirar nele, e com todos à volta esperando sempre uma reação grande e poderosa, eu não poderia ir sem me preparar um pouco. A regra básica do evento era: sem armas. Com brigas ou somente discussões já sendo completamente previstas, a proibição de armas tornava tudo mais seguro e organizado. Qualquer um que fosse pego carregando armas de fogo poderia ser expulso dos eventos por um determinado tempo, o que, num mundo onde seus contatos e sua reputação importam mais do que sua índole, poderia prejudicar bastante todo e qualquer tipo de negócio.

Depois de alguns minutos em meu quarto me preparando psicologicamente para ocasião, finalmente resolvi me arrumar, e como única mulher realmente importante no local, jamais deixaria de compor um visual poderoso, exalando ganância, ambição e superioridade. Um vestido preto da Dior, sapatos Louboutin, um colar feito inteiramente de diamantes de dezenove quilates, cílios alongados com rímel, e um batom vermelho impecavelmente aplicado, destacando meus lábios de forma única.

Saí de meu quarto vagarosamente, caminhando até as escadas, onde Henry me esperava. Assim que me viu, um sorriso malicioso brotou em seus lábios, e sua mão tocou a minha, fazendo com que ele me conduzisse pela escada.

– Perfeita, assim como uma dama deve ser. - Henry comentou, continuando a me conduzir vagarosamente - E sexy como uma stripper, tenho que dizer. - ele completou, fazendo-me dar uma risada fraca.

– Por que eu já sabia que você não se contentaria com o primeiro comentário? - questionei-o, enquanto ele abria a porta do carro.

– Talvez porque você saiba que você merece mais do que apenas um elogio formal, casual e...

– Sem nenhum tipo de conteúdo sexual ou malicioso? - o interrompi.

– Eu estava prestes a dizer "profissional", mas isso também serve. - ele afirmou, indo até o outro lado do carro e entrando, colocando a chave na ignição e dando partida.

Quando se vai para um evento que pode ser considerado proibido, principalmente se você uma pessoa conhecida, é completamente fundamental usar um veículo desconhecido. Paparazzis seguem limousines o tempo todo, e ser seguido quando se está indo para um local que não deve ser frequentado por mais ninguém além de você, e outras pessoas convidadas para um evento particular não é nada bom.

Ao chegarmos ao local, um bairro completamente abandonado no Queens, a não ser por um lugar: uma antiga fábrica iluminada, onde o evento aconteceria, já podíamos perceber uma movimentação: alguns carros estacionados dos dois lados da rua, algumas pessoas entrando na fábrica e um segurança parado em frente ao local, observando a movimentação e revisando a lista a cada pessoa que entrava no evento.

– Se não é a nossa incrível Rainha da Máfia...- o segurança disse assim que Henry e eu saímos do carro - Uma convidada muito especial, eu diria...

– Mais uma vez o flerte começou desde o início...- comentei - Qual é a surpresa ou a ameaça de Mack dessa vez? - questionei, esboçando um sorriso fraco, e ao mesmo tempo repleto de perspicácia.

– Por que ele deveria ter alguma das duas coisas? - ele questionou, parecendo intrigado.

– Não finja que não sabe que ele possui ao menos um plano para me impedir de realizar algo de alguma forma. - indaguei.

– Não irei fingir, mas agora, acabou a conversa...Estão armados? - ele perguntou.

– Obviamente não. - Henry respondeu, antes que eu pudesse dizer qualquer palavra.

– Seria tão bom poder fazer apenas uma pergunta...- o segurança comentou, se aproximando de nós e revistando Henry.

Assim que o segurança se aproximou de mim, Henry o impediu de me tocar, lançando um olhar quase mortal ao homem.

– Nada de toques. Ela parece estar armada para você? - ele questionou, continuando com seu tom sério e impassível.

– Deus sabe onde ela poderia estar escondendo uma arma usando um vestido desses...- o segurança comentou, exibindo um sorriso malicioso e perverso.

Me aproximei do homem, que agora estava parado à poucos centímetros de minha frente e me encarando com um olhar que dizia muitas coisas. Rapidamente, pisei com o salto de meu Louboutin em seu pé, fazendo-o urrar de dor por um momento, até que conseguisse se controlar.

– Foi realmente ótima a forma como você nos deixou entrar tão facilmente...- sussurrei em seu ouvido, tirando o salto de meu sapato de cima de seu pé e entrando no local, sendo seguida por Henry.

Aquele lugar se parecia com qualquer coisa, menos com uma fábrica abandonada. Luzes adornavam o teto, e ao centro, um grande lustre de cristal. Garçons andavam por todo lado, carregando bandejas com taças cheias e vazias. As mesas eram adornadas com toalhas de tecidos finos, nas cores preto e branco. Uma música melodiosa era tocada no piano ao fundo do lugar, que era decorado com enormes cortinas pretas, decorando as enormes janelas fechadas, que não deixavam a fria brisa que soava ao lado de fora entrar. Meus olhos percorriam o local, procurando por rostos conhecidos até achar um que não me agradava nem ao menos um pouco, Damien Kleeman.

¹ Daniel Boulud é um requisitado restaurante francês, que fica em Nova York.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O próximo capítulo estará emocionante, com cenas importantes para todo o contexto da história. Espero sinceramente que vocês comentem.
Não se esqueçam de visitar o tumblr oficial: ladydeathstory.tumblr.com



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lady Death I - Desires" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.