Broken Angel escrita por lotusflower


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mais capítulo saindo do forno pra vocês! Lembrando que onde tiver negrito, tem foto, só clicar! Bjos!



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Brook olhou mais uma vez por sobre o ombro e sorriu para o garoto loiro de olhos claros que a fitava e ele sorriu de volta, voltando o olhar para o prato.

A mãe de Connor percebeu a mudança de humor do filho, que havia entrado revoltado no restaurante e agora estava mais calmo.

– Tava com tanta fome que até mudou de humor, não é, Connor? - Ela sorriu.

– É… Claro, mãe. Mas isso não muda os fatos de que eu quero voltar pra Ocklahoma. Ele fechou a cara, mas piscou.

– É, eu sei… - Olive falou, entristecida.

A mãe e o irmão de Connor saíram na frente, enquanto o pai e Connor foram até o caixa. Richard pegou algumas balas, e Connor recolocou os fones, encostado no balcão, de costas para o caixa, observando Brook recolher os pratos. Ele estava fingindo muito bem, com o celular na frente, como se olhasse para a tela, quando na verdade, fitava todos os detalhes da garçonete.

– Con? Con? Hey! Vamos? - O pai o cutucou. - Vamos?

O garoto despertou do seu transe e saiu atrás. Brooklyn não o viu.

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O céu já estava escuro, mas não passava das seis e meia da noite. Jess havia acabado de sair da sala do dono do Towers, já pronta para ir embora.

– Brook, dia do pagamento, vai lá! - Ela piscou. - Boa noite, querida! Até amanhã.- Deu um beijo estalado na bochecha da menina, que passou ao seu lado, indo até a sala do chefe.

–Até amanhã, Jess! Vai com cuidado! - Ela sorriu e foi saltitando até o escritório. Assinou o cartão do ponto, e recebeu o envelope com seu salário. Era razoavelmente bom, e ela conseguia se virar, até porque, se virara com bem menos que aquilo. Brooklyn sentia um frio na barriga quando o dia do pagamento chegava, tanto que preferia trabalhar de graça, mas isso não era possível. Estranho, mas real. Brook pegou o envelope, sorriu e apertou a mão do chefe, como sempre, e depois saiu.

As outras duas garçonetes do turno da noite haviam chegado para lhe ajudar, e o movimento continuou a crescer.

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Connor tornou a ficar calado e passou o resto do dia em seu quarto, montando sua cama, arrumando seus pertences.

– Toc, toc. - Olive entrou e se encostou no batente da porta.

Ele a olhou, e voltou sua atenção para arrumar o que ele chamava de guarda-roupa.

– Connor, você não pode ficar assim por causa de uma mudança. Logo você se acostuma.

– Eu tinha uma vida lá. Eu ia começar a faculdade, eu tinha o time de futebol americano, eu tinha amigos. E do nada, por causa de uma merda de serviço, meu pai tem que se mudar e ainda arrastar toda a família? Nossa, eu vou ficar ótimo.

– Não precisa ser grosso. Seu pai só fez o que fez pensando em você e no seu irmão, no que vai ser bom pra vocês, e logo você vai estar enraizado por aqui. A casa é ótima!

Connor entrou no banheiro e bateu a porta forte.

– O jantar está pronto. - A mãe suspirou e saiu.

O garoto tomou um banho, enquanto pensava na garota do restaurante. O sorriso dela era intrigante e tinha algum segredo, sua pele branca como a neve, os lábios rosados naturalmente e os olhos cor de mel, emoldurados pelos cabelos castanhos, levemente soltos lhe davam um ar de doçura. Mas era loucura. Ele não a encontraria de novo, não seria tão fácil assim.

Ele se trocou e desceu até a sala. Seu pai o abordou com uma papelada.

– Connor! O seu novo colégio tem um time de futebol americano também, eu posso conversar com o treinador amanhã, levo o seu histórico, aposto que você vai entrar pro time e poderá usar isso para a faculdade! - Richard estava animado.

– Legal. - Ele acenou para o pai, e depois do jantar subiu ao seu quarto, bobeou na internet e acabou por dormir, apesar de não estar com o mínimo de sono.

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Brook terminou seu turno e foi para o quarto de funcionários. Arrancou o avental e colocou no cabide, pegou sua bolsa e se olhou no espelho. Cara de cansada. Agora o relógio já marcava mais que oito horas da noite e seria uma longa jornada até sua casa. O medo tomou conta da garota e lhe revirou o estômago. Respirou fundo e saiu de lá.

Nem ousou colocar o fone de ouvido, chamaria muita atenção, apressou o passo na grande avenida e entrou numa viela. Caminhou aceleradamente por mais 15 minutos e no fim da rua, entrou à esquerda chegando em outra mais iluminada. Mais um pouco de caminhada e chegou na esquina de seu quarteirão. Era a parte média da cidade, e até que tranquilo para se morar… Mais ou menos. Talvez não quando se é uma Milligan.

Sentiu todo seu corpo se descontrair quando pisou na esquina, pois nada havia lhe abordado durante o trajeto e em alguns passos estaria dentro de casa, segura. Quando pisou na madeira na entrada de sua simples moradia, sentiu algo lhe agarrar o braço com força.

Ela paralisou.

– Oi, Brook. - O homem grisalho, com barba por fazer e cheiro de pinga a olhou, sorrindo. - Hoje foi dia de pagamento, não é?

Ela fez que sim com a cabeça, prendendo o choro.

– Então o que acha de ajudar o papai, me dando seu dinheiro hoje?

Brook abriu a bolsa, tremendo e pegou a maioria das notas, contou discretamente para ser a mesma quantia que da outra vez, e lhe entregou.

– Nos vemos mês que vem! - Ele passou a mão pelas pontas do cabelo da filha e saiu trançando as pernas, em direção ao matagal que ficava no fim da rua.

Ela permaneceu quieta e estática, segurando até sua respiração, até ele sair de vista. Uma lágrima lhe escapou, e ela abriu a porta.

A sra. Finn estava sentada no sofá com seu gato, assistindo à um programa de tv qualquer.

– Demorou.

– Desculpe, o bar estava movimentado. Mas eu trouxe comida.

– Ótimo, deixe em cima da mesa.

Ela deixou a embalagem em cima do balcão da cozinha e subiu para seu aposento. Aquela não era a vida que sonhava, mas era bem melhor à que tinha antes e ficando longe de sua família já estava ótimo. Sua mãehavia lhe abandonado com o pai e o resto da família, quando ela era apenas um bebê e Brook não sabia como tinha sobrevivido. A família Milligan era, em Ashland, muito conhecida, mas não por ser rica ou importante, nada disso. Era porque eles eram a pior e mais cruel facção da cidade, donos dos tráficos e responsáveis pelos piores assassinatos, nem mesmo a polícia local tinha coragem de enfrentá-los. Viviam num galpão, na saída da cidade, em meio a um terreno baldio, seu pai, ela, os dois irmãos, Cameron e Drew, os tios e tias drogados, e a paisagem era a pior possível. Um fedor exalava pelas paredes, o esgoto aberto escorria pelo quintal, tudo era roubado. Brooklyn não tinha escolhido nascer com o sobrenome Milligan, não mesmo, mas era um deles e odiava o fato. Todos os seus primos eram péssimos na escola e ela se esforçava para não ser igual.

Deu certo, era sempre a primeira aluna da classe, ajudava todos que passavam por seu caminho, era muito educada e tinha que tomar cuidado para não deixar que seu pai percebesse. Todos gostavam muito dela, mas ninguém gostava de se envolver muito com Brook, por medo de sua família, o que a deixou sem amigos de verdade, sem a esperança de um futuro e sem namorados. Como Brook era a ovelha branca de uma família toda negra, era a que sempre apanhava e sofria as punições mais severas de seu pai e irmãos.

Até que completou 12 anos e fugiu. Como ela não fazia muita falta para o pai, ele não se importou. Brook conseguiu o sótão alugado na casa da sra. Finn. Não era uma casa grande, nem muito chique, mas hospitaleira, limpa, próxima ao seu colégio e longe dos Milligan. Gabrielle Finn era uma senhora quieta, não demonstrava afeto, mas foi a única que não se importou com o sobrenome da garota e deixou-a ficar. Deu-lhe o sótão, único cômodo livre, como quarto, e não cobrava aluguel, desde que recebesse ajuda com as contas e a limpeza da casa. Brook aceitou e desde seus 12 anos ficou por lá, apesar de não trocar muitas palavras com sra Finn. No ano seguinte, conseguiu o emprego no Tower e no dia que recebera seu primeiro salário, depois de um tempo de estabilidade, viu tudo mudar de novo. Seu pai descobriu sua nova fonte de dinheiro fácil: ela. Todos os dias de pagamento, desde então, ele a perseguia e pegava todo seu dinheiro. Todo não, porque Brook era esperta e ousada o bastante para deixar alguns dólares para ela. Ele a encontrara, pegara seu dinheiro, mas pelo menos, não a incomodara mais como antes incomodava. Essa era a vida que Brooklyn Milligan levava.


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Notas finais do capítulo

Gostaram deste?? Espero que sim!! Comentem ok? Por favor! Obrigada, leitores lindos!! Bjos até o próximo cap.