Broken Angel escrita por lotusflower
Notas iniciais do capítulo
Mais capítulo saindo do forno pra vocês! Lembrando que onde tiver negrito, tem foto, só clicar! Bjos!
Brook olhou mais uma vez por sobre o ombro e sorriu para o garoto loiro de olhos claros que a fitava e ele sorriu de volta, voltando o olhar para o prato.
A mãe de Connor percebeu a mudança de humor do filho, que havia entrado revoltado no restaurante e agora estava mais calmo.
– Tava com tanta fome que até mudou de humor, não é, Connor? - Ela sorriu.
– É… Claro, mãe. Mas isso não muda os fatos de que eu quero voltar pra Ocklahoma. Ele fechou a cara, mas piscou.
– É, eu sei… - Olive falou, entristecida.
A mãe e o irmão de Connor saíram na frente, enquanto o pai e Connor foram até o caixa. Richard pegou algumas balas, e Connor recolocou os fones, encostado no balcão, de costas para o caixa, observando Brook recolher os pratos. Ele estava fingindo muito bem, com o celular na frente, como se olhasse para a tela, quando na verdade, fitava todos os detalhes da garçonete.
– Con? Con? Hey! Vamos? - O pai o cutucou. - Vamos?
O garoto despertou do seu transe e saiu atrás. Brooklyn não o viu.
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O céu já estava escuro, mas não passava das seis e meia da noite. Jess havia acabado de sair da sala do dono do Towers, já pronta para ir embora.
– Brook, dia do pagamento, vai lá! - Ela piscou. - Boa noite, querida! Até amanhã.- Deu um beijo estalado na bochecha da menina, que passou ao seu lado, indo até a sala do chefe.
–Até amanhã, Jess! Vai com cuidado! - Ela sorriu e foi saltitando até o escritório. Assinou o cartão do ponto, e recebeu o envelope com seu salário. Era razoavelmente bom, e ela conseguia se virar, até porque, se virara com bem menos que aquilo. Brooklyn sentia um frio na barriga quando o dia do pagamento chegava, tanto que preferia trabalhar de graça, mas isso não era possível. Estranho, mas real. Brook pegou o envelope, sorriu e apertou a mão do chefe, como sempre, e depois saiu.
As outras duas garçonetes do turno da noite haviam chegado para lhe ajudar, e o movimento continuou a crescer.
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Connor tornou a ficar calado e passou o resto do dia em seu quarto, montando sua cama, arrumando seus pertences.
– Toc, toc. - Olive entrou e se encostou no batente da porta.
Ele a olhou, e voltou sua atenção para arrumar o que ele chamava de guarda-roupa.
– Connor, você não pode ficar assim por causa de uma mudança. Logo você se acostuma.
– Eu tinha uma vida lá. Eu ia começar a faculdade, eu tinha o time de futebol americano, eu tinha amigos. E do nada, por causa de uma merda de serviço, meu pai tem que se mudar e ainda arrastar toda a família? Nossa, eu vou ficar ótimo.
– Não precisa ser grosso. Seu pai só fez o que fez pensando em você e no seu irmão, no que vai ser bom pra vocês, e logo você vai estar enraizado por aqui. A casa é ótima!
Connor entrou no banheiro e bateu a porta forte.
– O jantar está pronto. - A mãe suspirou e saiu.
O garoto tomou um banho, enquanto pensava na garota do restaurante. O sorriso dela era intrigante e tinha algum segredo, sua pele branca como a neve, os lábios rosados naturalmente e os olhos cor de mel, emoldurados pelos cabelos castanhos, levemente soltos lhe davam um ar de doçura. Mas era loucura. Ele não a encontraria de novo, não seria tão fácil assim.
Ele se trocou e desceu até a sala. Seu pai o abordou com uma papelada.
– Connor! O seu novo colégio tem um time de futebol americano também, eu posso conversar com o treinador amanhã, levo o seu histórico, aposto que você vai entrar pro time e poderá usar isso para a faculdade! - Richard estava animado.
– Legal. - Ele acenou para o pai, e depois do jantar subiu ao seu quarto, bobeou na internet e acabou por dormir, apesar de não estar com o mínimo de sono.
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Brook terminou seu turno e foi para o quarto de funcionários. Arrancou o avental e colocou no cabide, pegou sua bolsa e se olhou no espelho. Cara de cansada. Agora o relógio já marcava mais que oito horas da noite e seria uma longa jornada até sua casa. O medo tomou conta da garota e lhe revirou o estômago. Respirou fundo e saiu de lá.
Nem ousou colocar o fone de ouvido, chamaria muita atenção, apressou o passo na grande avenida e entrou numa viela. Caminhou aceleradamente por mais 15 minutos e no fim da rua, entrou à esquerda chegando em outra mais iluminada. Mais um pouco de caminhada e chegou na esquina de seu quarteirão. Era a parte média da cidade, e até que tranquilo para se morar… Mais ou menos. Talvez não quando se é uma Milligan.
Sentiu todo seu corpo se descontrair quando pisou na esquina, pois nada havia lhe abordado durante o trajeto e em alguns passos estaria dentro de casa, segura. Quando pisou na madeira na entrada de sua simples moradia, sentiu algo lhe agarrar o braço com força.
Ela paralisou.
– Oi, Brook. - O homem grisalho, com barba por fazer e cheiro de pinga a olhou, sorrindo. - Hoje foi dia de pagamento, não é?
Ela fez que sim com a cabeça, prendendo o choro.
– Então o que acha de ajudar o papai, me dando seu dinheiro hoje?
Brook abriu a bolsa, tremendo e pegou a maioria das notas, contou discretamente para ser a mesma quantia que da outra vez, e lhe entregou.
– Nos vemos mês que vem! - Ele passou a mão pelas pontas do cabelo da filha e saiu trançando as pernas, em direção ao matagal que ficava no fim da rua.
Ela permaneceu quieta e estática, segurando até sua respiração, até ele sair de vista. Uma lágrima lhe escapou, e ela abriu a porta.
A sra. Finn estava sentada no sofá com seu gato, assistindo à um programa de tv qualquer.
– Demorou.
– Desculpe, o bar estava movimentado. Mas eu trouxe comida.
– Ótimo, deixe em cima da mesa.
Ela deixou a embalagem em cima do balcão da cozinha e subiu para seu aposento. Aquela não era a vida que sonhava, mas era bem melhor à que tinha antes e ficando longe de sua família já estava ótimo. Sua mãehavia lhe abandonado com o pai e o resto da família, quando ela era apenas um bebê e Brook não sabia como tinha sobrevivido. A família Milligan era, em Ashland, muito conhecida, mas não por ser rica ou importante, nada disso. Era porque eles eram a pior e mais cruel facção da cidade, donos dos tráficos e responsáveis pelos piores assassinatos, nem mesmo a polícia local tinha coragem de enfrentá-los. Viviam num galpão, na saída da cidade, em meio a um terreno baldio, seu pai, ela, os dois irmãos, Cameron e Drew, os tios e tias drogados, e a paisagem era a pior possível. Um fedor exalava pelas paredes, o esgoto aberto escorria pelo quintal, tudo era roubado. Brooklyn não tinha escolhido nascer com o sobrenome Milligan, não mesmo, mas era um deles e odiava o fato. Todos os seus primos eram péssimos na escola e ela se esforçava para não ser igual.
Deu certo, era sempre a primeira aluna da classe, ajudava todos que passavam por seu caminho, era muito educada e tinha que tomar cuidado para não deixar que seu pai percebesse. Todos gostavam muito dela, mas ninguém gostava de se envolver muito com Brook, por medo de sua família, o que a deixou sem amigos de verdade, sem a esperança de um futuro e sem namorados. Como Brook era a ovelha branca de uma família toda negra, era a que sempre apanhava e sofria as punições mais severas de seu pai e irmãos.
Até que completou 12 anos e fugiu. Como ela não fazia muita falta para o pai, ele não se importou. Brook conseguiu o sótão alugado na casa da sra. Finn. Não era uma casa grande, nem muito chique, mas hospitaleira, limpa, próxima ao seu colégio e longe dos Milligan. Gabrielle Finn era uma senhora quieta, não demonstrava afeto, mas foi a única que não se importou com o sobrenome da garota e deixou-a ficar. Deu-lhe o sótão, único cômodo livre, como quarto, e não cobrava aluguel, desde que recebesse ajuda com as contas e a limpeza da casa. Brook aceitou e desde seus 12 anos ficou por lá, apesar de não trocar muitas palavras com sra Finn. No ano seguinte, conseguiu o emprego no Tower e no dia que recebera seu primeiro salário, depois de um tempo de estabilidade, viu tudo mudar de novo. Seu pai descobriu sua nova fonte de dinheiro fácil: ela. Todos os dias de pagamento, desde então, ele a perseguia e pegava todo seu dinheiro. Todo não, porque Brook era esperta e ousada o bastante para deixar alguns dólares para ela. Ele a encontrara, pegara seu dinheiro, mas pelo menos, não a incomodara mais como antes incomodava. Essa era a vida que Brooklyn Milligan levava.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
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