Apenas mais uma de amor escrita por Christinne Syhan


Capítulo 5
Cap 5




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– olha quem apareceu!-disse Elias

– oi Elias.

– oi Elias? Depois de tudo você vem toda mansa.

– me desculpa Elias.

– eu gosto de você. Sorte sua. Mas se você quer seu emprego de volta sinto muito.

– não, nada disso, só vim me desculpar e te ver.

– hum

– não faz biquinho. Sabe eu sinto como se te conhecesse a anos.

– sei.

– e aquele metidinho?

– o Lucas? Te odeia.

Olhei em volta. Fomos para a sala dele e conversamos bobagens. Toquei no assunto que me levou lá casualmente

– você viu a festa que vai ter na mansão da rua Bandeira?

– mega festa. Aniversario da namorada do Lucas. A irmã dele vai cantar, a Ana Paula. Quer dizer Mc paulynha.

– já ouvi falar, mas eu não curto muito. Você vai?

– recebi um convite. Olha que chique.

Tirou o convite da gaveta e me mostrou. Se eu pegasse aquele convite poderia ir na festa com o Pedro.

– você tem acompanhante?

– hum, curiosa. Quer saber de mais.

Olhei para o relógio. Era tarde, pelo menos pra minha vó e meu pai. Estávamos nos despedindo, quando Pedro chegou. Elias conversou com ele, e apesar do sonso não perceber, eu vi um certo brilho no olhar do Elias. Pedro não era gay, pelo que eu saiba, mas Elias não precisava saber disso. Elias ia embora e foi resolver algumas coisas. Chamei Pedro e contei meu plano.

– você ta doida? Eu não vou dar moral pra ele. E ele não ta afim de mim.

– sim esta, e você vai dar uma atenção especial para ele sim.

– isso é pedofilia, eu tenho 17 anos.

– ai, ai você quer ou não ir na festa?

– quero, mas eu não sou gay.

– não interessa, seja gentil e faça o que eu mando.

Estávamos saindo enquanto Pedro jogava todo seu charme (ele era péssimo nisso) e eu disse que esqueci meu celular na sala dele.

– mas seu celular não foi roubado?

Por essa eu não esperava.

– é da minha tia, ela me emprestou né Pedro

Ele confirmou. Elias estava desanimado em abrir a sala, eu disse que poderia ir e buscar enquanto ele conversava com Pedro. Ele ficou receoso, havia vários documentos importantes na sala e por mais que não parecessem nos conhecíamos há dois dias. Pedro insistiu e ele me deu a chave. Entrei na lanchonete e Mariana tentou me impedir, mas coloquei ela em seu devido lugar. Eu vi que ele pôs o convite em uma das gavetas. Era só saber qual. A primeira só tinha documentos, a segunda papéis, e a terceira uma revista que eu prefiro nem comentar, mas ate que era interessante, mas não era hora pra isso. A última gaveta, só podia estar lá. Sim, o convite estava na ultima gaveta, mas Mariana chegou bem na hora e me surpreendeu com o convite na mão.

– o Elias te deu permissão para vasculhar as coisas dele?

– o que você tem na mão?

– não é da sua conta.

– você não sai daqui enquanto não me mostrar o que pegou.

– larga de ser bisbilhoteira.

– então não saio.

Ela tentou tirar da minha mão, não deixei, mas o papel caiu. Ela pegou.

– você veio para pegar isso?

– é isso mesmo, não conta pro Elias, por favor.

– pra que você quer isso? É dele.

– ele pediu pra que eu pegasse.

– mesmo assim, você não sai daqui com isso.

Tentei arrancar o convite das mãos dela. Ela corria de um lado para o outro rindo da minha cara. Apertei os pulsos dela e a nojenta me arranhou com as unhas enormes. Perdi a paciência e dê um murro na cara dela. Ela me entregou o convite e eu fui em direção à porta, ela veio atrás de mim cambaleando e desmaiou.

Sei que meus golpes são perigosos. Devo saber alguma coisa de kung fu e karatê de tanto assistir Jack Chan na TV. Mas um murro meu não seria tão forte pra derrubar uma pessoa. Ou seria? Fiquei sem reação. Não tinha ninguém na lanchonete as portas estavam praticamente fechadas e a garota estava desmaiada no chão, apesar dela não merecer eu não podia deixa-la ali sozinha.

Tentei acorda-la jogando água do rosto, parece que isso só funciona com o Chaves por que nem sinal de vida. Resolvi dar uns “tapinhas’ no rosto dela. Isso funcionou. Eu extravasei toda minha raiva por ela, mas nada da garota acordar.

Eu precisava ir embora, o Pedro ia me matar, imagino a situação que ele deve estar passando. Mariana começou a se mexer, ainda bem, a primeira coisa que disse foi a velha frase “onde estou?” expliquei com toda minha paciência.

– meu rosto tá doendo- queixou-se ela.

– serio?- o maxilar estava inchado, sim eu exagerei.

– faz muito tempo que eu desmaiei?

– uns dez minutos.

– eu tenho que ir embora.

– sozinha? Você tem condições?- a boa samaritana aqui estava preocupada.

– é acho.

– e o Tiago não vem te buscar hoje?

– eu briguei com o Tiago. Mas isso não é da sua conta.

– desculpa o murro, eu não pensei que você fosse desmaiar.

– tenho quase certeza que não foi por isso que desmaiei. Agora vamos embora que já esta tarde.

Ela fechou a porta e foi embora, chorando. Eu tenho raiva dela, mas me deu dó. Parece que ela esta sofrendo de verdade, eu deveria ter acompanhado ela, pois andando daquele jeito poderia ser atropelada a qualquer momento. Pensei bem e vi que já fiz demais deixando a cara dela inteira.

Procurei pelos rapazes e eles estavam em uma sorveteria. Entreguei a chave pro Elias e expliquei o porquê da demora. Pedro estava furioso comigo:

– por que você demorou tanto?

– já expliquei, a menina desmaiou, você queria que eu deixasse ela lá?

– eu nunca passei tanto sufoco na minha vida. Você tinha razão, ele deu em cima de mim o tempo todo. E o pior.

– tem pior?

– não faz essa cara Lara! Ele pegou meu telefone e quer ir ao cinema comigo. Cinema.

– você sempre reclama que não tem companhia pra ir ao cinema.

– eu quero uma companhia feminina de preferência. Eu não vou.

– isso não importa. Nós vamos à festa, aqui o convite.

Pedro pulou de alegria. Leu e releu o convite. Nem dormiu a noite. Daqui a uma semana eu encontrarei minha irmã, cara a cara. Com certeza conhecerei minha mãe também. E se elas me rejeitarem? E se não quiserem saber de mim? Por mais que eu tentasse não conseguia esquecer isso. Preciso conhecê-las. Passamos a semana fazendo as fantasias. Eu sei que todos iriam estar com fantasias incríveis. Eu não tinha condições de comprar. A minha era de bruxa e o Pedro estava de zorro. A semana passou rápida, e o mais difícil foi convencer meu pai a deixar a gente ir. No sábado estávamos ansiosos. Faltando apenas uma hora, Pedro estava de se arrumar. Eu estava no quintal olhando as estrelas quando ouvi uma discussão. Vindo da casa ao lado, a casa do Tiago. Repeti a mim mesma que não iria espiar. Subi na mangueira, não resisti, claro, morrendo de vergonha eu estava parecendo uma velha bisbilhoteira. Ele discutia com a Mariana. Ela estava chorando. Eu queria ouvir mais da conversa. Fui para uma galho que quase chegava no muro. Pedro me gritou, dessa vez não me assustei. Acabei de sarar do outro tombo e não vou cair de novo. O idiota jogou uma bola em mim, quase me desequilibrei, mas me mantive no galho até que ouço um grito ensurdecedor. Cai em cima do Pedro. Quem gritou? Mariana. Eu ainda não tinha me dado conta de que estava vestida de bruxa, estava de noite, lua cheia, olhando fixamente para a vizinhança alheia. Ela se assustou ao ver uma coisa no galho da arvore. Eu também me assustaria. Pelo menos não quebrei nada. Estava inteira, não podia dizer o mesmo do zorro embaixo de mim.

– não posso ir.

– o que?!- eu estava furiosa- você me convenceu a ir nessa festa onde eu não conheço ninguém, me fez roubar o convite dos outros e iludir o Elias por nada?

– eu quebrei o pé, você é pesada, deveria fazer dieta.

– você vai, nem que seja com o corpo inteiro quebrado.

– tá doendo, como eu vou andar mancando?

– não importa, você deve ter torcido o pé. Eu vou enfaixar e nós vamos.

Enfaixei o pé dele, com todo o cuidado que ele merece.

– para Lara, ta doendo, você apertou de mais.

– não questione. Vamos pra festa.

– a pé?

– você tem dinheiro pro taxi? Imagino que não.

– no carro do seu pai.

– meu pai não vai deixar a gente pegar o carro dele, e não, eu não vou chegar lá de fusquinha.

Tinha muita gente chegando na festa em seus carrões. Pegar o fusquinha do meu pai escondido enquanto ele estava no bar com os amigos assistindo MMA não foi certo. Mas pagaríamos, nem que fosse sendo a chacota da festa, nem preciso dizer que fomos o centro das atenções, parecia que por um momento nada importasse mais além do fusquinha amarelo. Estacionei e fomos a entrada, enquanto aqueles metidinhos nos olhavam se perguntando se éramos do circo ou atores contratados para animar a festa. Tentei agir naturalmente e não tive problemas, entramos na mansão. Nunca vi um lugar tão decorada e imenso, tinha gente bebendo, dançando, se pegando, nadando. Nós não conhecíamos ninguém naquela multidão, como eu ir encontrar minha irmã? Tinha fotos dela em todos os lugares, humilde ela.

Entramos na mansão, estava escuro em um clima de balada. A procurei, mas não achava. Pedro já estava desesperado atrás da mc Paulynha. Nos perdemos um do outro. Era só o que me faltava, ele estava sob minha responsabilidade. O palco montado abaixo da escada da mansão se iluminou. A aniversariante foi apresentada. Ela, Larissa. Pegou o microfone e falou um tanto de coisa que eu não entendi nada, e disse pra todos se divertirem. Ela estava fantasiada de bruxa, como eu. A diferença era que a fantasia era boa e cara. Eu tinha que segui-la, mas tinha que achar o Pedro. Algumas pessoas estavam me olhando, eu acho que era por que eu estava com a fantasia igual da Larissa, parece que ninguém podia estar com a mesma roupa da estrela da festa. Por mais que eu procurasse não achava o Pedro. Nem a Larissa. Me senti perdida, ignorada. Eu era nada no meio de tudo aquilo. Fui perguntar pra uma garota se ela tinha visto o zorro, mas ela riu da minha cara. Estava bêbada e festa nem tinha começado. Passou quase uma hora e eu apavorada e perdida. Eu ia matar o Pedro, se achasse ele. Um rapaz me ofereceu bebida, aceitei. Fui levada pra pista e boiei enquanto todo mundo dançava. O rapaz até que era simpático, estava vestido de lanterna verde. Eu vi um zorro passando, só podia ser o Pedro. Mas o rapaz não me soltava:

– você sabia que o lanterna verde é gay?

Ele ficou atônito enquanto eu corria atrás do zorro. Vi a Larissa. Estava a metros de mim em um lugar mais iluminado e reservado com seus amigos. Eu poderia ir até lá, mas se eu fosse perderia o Pedro de vista. Fiquei na duvida, mas corri atrás do zorro e o perdi de vista. Que beleza, voltei ao lugar onde vi a Larissa e não a achei também. Desisti. Peguei uma bebida e fiquei parada olhando pros lados. Já era quase meia-noite. Ia começar o show. De repente alguém me puxa e entro em desespero:

– me solta!

– te procurei como um louco, tá na hora.

– hora de que? Do que você tá falando?

Ele parou de andar, mas ainda segurava minha mão.

– hora de que? Você ta bem, acho que bebeu muito.

Olhei para ele. Não, de novo não. Lucas, aquele nojentinho.

– vamos, sua mãe está te esperando.

– eu não vou pra lugar nenhum.

– Larissa! Colabora comigo.

– eu não sou a Lari... minha mãe esta me esperando?

– claro, ela não esta se sentindo bem, quer ir embora, então é melhor cantar os parabéns logo.

Era minha chance de conhecer minha mãe. E eu não ia desperdiça-la.


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Notas finais do capítulo

Espero comentários!



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