Apenas mais uma de amor escrita por Christinne Syhan


Capítulo 2
Cap 2




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Minha cabeça doía muito, parecia que ia explodir. Acordei e olhei no espelho, eu estava ali, portanto não morri como no pesadelo. Eu estava com a mesma roupa e com uma faixa amarrada na cabeça, deveria ter um emplasto de ervas medicinais. Olhei o relógio, nove da manhã perdi a aula, pelo menos uma boa noticia, depois que cai da árvore não me lembro de mais nada posso concluir que desmaiei e depois dormi, meu pai entrou no quarto perguntando se eu estava bem

– estou... eu acho -minha cabeça doía muito- o que aconteceu?

– você estava na mangueira como sempre, o Pedro te chamou você se assustou e caiu.

– mas eu já cai varias vezes e o máximo que aconteceu foi eu quebrar o braço.

– dessa vez você caiu de cabeça no chão, quase quebrou o pescoço.

– que nada, nem doeu- dei o meu sorriso mais convincente.

– filha eu morro de medo de perder você, você sabe que podia ter morrido?- meu pai me abraçou- você é o que eu tenho de mais precioso na minha vida.

– pai não exagera, você já viu alguém morrer porque caiu de uma arvore?

– você já viu uma garota de 20 anos subindo em árvores?

– a pai, não começa

– tudo bem, vou trabalhar agora, se cuida

Meu pai sempre preocupado. Minha vó foi cuidar de mim, tomei café enquanto ouvia um sermão de que deveria ter modos de moça e etc. Fui tomar banho, quando entrei no quarto Débora me olhava com um olhar de interrogação.

– o que foi?

–por que você sempre mentiu pra mim?

– o que?

– eu sou sua prima, moro com você e achei que você confiasse em mim, mas percebi que não.

Eu não estava entendendo nada, era só o que me faltava sou assaltada, agredida, caio de uma arvore e agora sou falsa.

– por que você nunca me contou que é apaixonada pelo Leandro?

– o que?!

Ela perdeu o juízo de vez.

– eu não sou apaixonada pelo Leandro.

– então é o Tiago, eu sabia, sabia que você gostava de um deles e não admitia.

– da onde você tirou essa ideia?

– ontem você desmaiou, a vó pôs esse emplasto na sua cabeça e depois eu fiquei te vigiando, daí você começou a delirar ou sonhar falando, não importa. Você disse varias vezes Leandro e Tiago.

– eu não fiz isso

Como eu fiz isso? Não posso acreditar que delirei e falei o nome dele, que ridículo.

– se você não quer contar problema seu, é bom saber que você não confia em mim.

– quer saber gosto sim, quer dizer gostei não gosto mais e se você contar pra alguém eu te mato.

Débora ficou empolgadíssima.

– não acredito! Você gosta do Tiago, eu tinha razão, pena que eu não posso contar pra ninguém. Posso falar com ele?

– ta doida? Claro que não, esquece isso.

– como você quiser, tenho que sair agora.

Era só o que me faltava, a Débora vai me encher o saco para sempre. Almocei e fui para a lanchonete mesmo minha vó dizendo que eu não tinha condições físicas e o blábláblá de sempre. Chegando lá o Elias foi super atencioso comigo, me perguntou como eu me machuquei varias vezes, parecia sinceramente preocupado. Descobri o nome da garota insuportável, Mariana, tem 17 anos. Ela parecia ter ciúme da predileção de Elias por mim, estava sempre me criticando e tentando atrapalhar meu serviço, eu ignorei. Quando deu cinco horas da tarde eu não estava no meu melhor humor, a cabeça doía, o corpo também, estava cansada, com fome e com raiva da Mariana. Elias disse que resolveria minha situação e possivelmente eu seria contratada, alguma noticia boa. Um rapaz entrou na lanchonete e foi conversar com Elias depois se sentou em uma das mesas. Eu não sou de reparar nas pessoas, mas ele era impossível de não ser notável. Usava um terno sobre uma camisa social e calça jeans. Tinha uma pasta nas mãos e um relógio de ouro no pulso, o cabelo era castanho, bem cortado com cachos nas pontas cor de mel, a barba bem feita, os olhos de um azul profundo e estava tão perfumado que senti de longe. Ele conversava no telefone, eu estava limpando uma mesa por perto e pude ouvir uns pedaços da conversa.

– não é isso..estarei ai em 10 minutos... tá talvez 30, só trinta minutinhos você pode esperar... não desliga...amor? você tá ai? Que bom, eu juro que vou chegar o mais rápido possível... é verdade sim.. você não vai desligar na minha cara... Larissa?!

Ele desligou o telefone, por essas poucas palavras já pude perceber o tipo de cara,mais um playboizinho que mora em um apê de luxo e está preocupado com a namorada patricinha e a vida fácil e superfula. Sei que estou me guiando por estereótipos, não gosto de julgar uma pessoa sem conhecê-la, mas às vezes a aparência diz tudo. Mariana já foi atendê-lo, mas Elias a chamou, eu tive que ir atender o jovem burguês. Perguntei o que ele queria depois de um bom tempo ele respondeu, parecia preocupado e não tirou os olhos do celular. Um x-tudo e

– mais alguma coisa?-perguntei com a minha simpatia e bom-humor forçado

– um milk-shake de morango, pensando bem trás um milk-shake de creme.

Senti uma forte dor de cabeça, estava ficando um pouco assustada a dor não passava, a faixa na cabeça estava suada, esquentava muito com o chapeuzinho, havia mais de cinco horas que eu não comia e tudo ficou embaralhado, minha visão embaçada. Fui entregar o pedido, mas não me lembrava se era Milk-shake de morango ou creme. Na duvida escrevi morango e fui ao banheiro lavar o rosto.

Olhei no espelho e vi o reflexo de um monstro. Com o rosto abatido e com uma marca de arranhão, uma faixa na cabeça e o cabelo nem preciso comentar. Resolvi tirar a faixa, não suportava mais aquilo. Levei um susto maior ainda. Vi um calombo roxo e inchado e uma bola de pus, e em uma atitude espontânea e masoquista cutuquei sem muito cuidado e senti a maior dor da minha vida, pior deve ser só a dor do parto. Lagrimas escorreram no meu rosto (inevitável) até que Mariana apareceu na porta

– tem muita gente lá fora então é melhor você voltar a trabalhar ao invés de ficar olhando no espelho- ele olhou meu reflexo- tem uma coisa na sua testa.

– eu percebi

– ta feio se eu fosse você tampava isso

– eu ia fazer isso. Não é melhor você ir fazer seu serviço? pode deixar que eu cuido do meu

– só não demora muito, eu tenho que fazer o meu serviço não o dos outros- saiu com o nariz empinado.

Cobri aquele hematoma, ninguém mais veria principalmente se fosse da minha família, não existe coisa que eu mais deteste no mundo do que ir ao medico. Na verdade tenho ate certo pavor só de ver o jaleco branco e o estetoscópio, por isso esse machucado vai sarar e sozinho. Voltei ao trabalho e fui servir a mesa do jovem burguês, vou chama-lo assim. Coloquei o Milk-shake na mesa e assim que ele levantou os olhos do celular me advertiu:

– eu pedi o Milk-shake de creme e esse é de morango- disse ele voltando a olhar no celular

– ah! Me desculpe eu jurava que ouvi morango, mas eu vou trocar

– não se preocupe- fez cara de tanto faz- pode deixar esse mesmo, mas você deveria ser mais atenciosa, ainda mais pra quem está começando no emprego.

Como ele sabia que eu estava começando? Devia ser um cliente antigo pra saber até o quadro de funcionários. Estou começando a acreditar em destino. Alguma pessoas são destinadas a ter azar em tudo e eu sou uma dessas. Elias me chamou no balcão

– traga seus documentos pessoais e sua carteira de trabalho, você está contratada.

– serio?!

– você ta vendo aquele rapaz naquela mesa- ele apontou para o jovem burguês- ele é o dono da lanchonete, quer dizer o pai dele é o dono, mas colocou ele para administrar essa filial aqui, eu conversei com ele e você pode trabalhar aqui.

Fiquei contente, mas no fundo tinha um sentimento de insatisfação. Tanta torcida por um trabalho de garçonete, como eu queria estar em um lugar melhor com um trabalho melhor. Quem sabe as coisas melhorem daqui pra frente, pelo menos vou ter dinheiro para ir ao cinema. Resolvi ter uma atitude positiva, fui levar um copo de suco e enquanto equilibrava ele na bandeja (pois sou muito desastrada e o risco desse copo cair no chão é de 99%), comecei a pensar que tudo ia dar certo e que minha vida ia mudar pra muito melhor, daqui para frente nada de ruim acontecerá, adeus azar, adeus confusão. A Mariana deve ser um demônio periguete, ela esbarrou em mim e o meu maravilhoso equilíbrio mantido por tanto tempo e esforço se foi levando consigo o copo que caiu bem na cabeça de alguém. Justamente na cabeça dele.


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Notas finais do capítulo

Espero por comentários!



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