Daniel deu o ultimo acorde em sua guitarra, e a musica se encerrou. Todos ali perceberam os olhares de Julie e Daniel se cruzando por toda a musica.

– Senti uma indireta nessa musica hein Julie. – Martin disse tirando o seu baixo e o guardando.

– Já vai começar Martin? – Julie se irritou. – Mais uma brincadeira sua e eu faço você morrer de novo. – ameaçou com “delicadeza” sorrindo, passou por Daniel e saiu.

– Nossa, a Julie tá diferente né. – Felix comentou levantando com as suas baquetas na mão. Martin assentiu. Daniel olhava fixamente para a porta por onde Julie saiu, estava “atônito”.

– Daniel? Daniel?! – Martin gritava o chamando. Foi até o amigo, tocou no seu ombro, e o balançou.

– Hã? O que? O que foi? – Daniel despertou dos seus pensamentos.

– A gente tava te chamando a meia hora. – reclamou. – tava pensando na Julie é? – Martin o provocava.

– Cala a boca Martin! Você ta muito chato. – resmungou chateado.

[...]

Julie voltava para o seu quarto, tinha um sorriso vitorioso no rosto. Tinha conseguido o queria, provocar Daniel, ainda estava se mordendo de ciúmes pela chegada da nova fantasma. Já quase no fim do corredor, encontrou a porta do quarto do hospedes entre aberta, diminuiu os seus passos e foi se aproximando lentamente.

– Mas mãe, a senhora tem que me ajudar! Eu preciso, eu quero ele de volta pra mim. – ouvia vozes, deduziu que a pessoa estivesse no telefone, pois não ouvia uma segunda voz. – Tá. Ta bom, mas se a senhora não me ajudar, eu vou ter que me virar sozinha. – a conversa continuava, até que a porta se abriu totalmente, e Julie sentiu um vento passar por ela. “Que estranho”, ela pensou, agora foi até o quarto, estava vazio. Entrou, olhou pelos cantos, e não tinha nem rastros de que alguma pessoa acabara de passou por ali. Julie estranhou, sentia que tinha algo errado, mas resolveu ignorar aquilo. Saiu, e foi para o seu quarto.

Ao chegar la, ouviu o toque do seu celular, bufou ao ver no visor o nome do seu namorado.

– Alô? – atendeu mal humorada.

– Oi Julie, eu preciso falar com você. É serio!. – Nicolas avisou um tanto nervoso.

– Fala. Pode falar. – Julie disse se sentando na beirada da sua cama.

– Então, você sabe que os pais da Thalita tem uma casa de campo, aqui perto da minha não é?. – Nicolas começou, enrolava, tardando o que tinha pra falar.

– Eu sei Nic, mas o que você quer me dizer com isso? – Julie já estava irritada.

– A minha família é amiga da dela, então nos encontramos algumas vezes, e eu acabei...- suspirou. – ficando com ela. – falou por fim.

– Você fez o que? – Julie se levantou indignada.

– Me perdoa Julie! Eu não queria, eu juro! Ela me forçou. – se justificava. Julie soltou uma risada.

– Vocês dois se merecem! Ta tudo acabado entre nós Nicolas, quando você chegar dessa viagem, não me procure mais entendeu? ACABOU! – e Julie desligou sem dar tempo de resposta a Nicolas.

Por incrível que pareça, Julie não sentia triste, so sentia nojo, por ser traída, mas fora isso, se sentia aliviada por terminar com Nicolas.

Se deitou, pensava no seu relacionamento com o Nicolas, do qual, ela não negava que sentia arrependimento, gostava de Nicolas sim, mas somente como amigos. Até que veio a inspiração para compor. Pegou o seu violão, dedilhou alguns acordes e começou.

Tire um pouco o peso
Das minhas costas
Falta pouco tempo
Prá eu ir embora
E eu nem sei se vou voltar...

Trilhe seu caminho
Faça suas apostas
Mas não me deixe aqui
Sozinha sem respostas
Que eu nem sei
Onde encontrar...

Eu sou apenas
Uma criança indefesa
Você parece
Uma caixinha de surpresas
Se for assim meu bem
Adeus!...

Não tô te pedindo prá ficar
E não vou te encher
De promessas
Eu te quero bem
Mas no amor eu tenho pressa...

Vá se acostumando
Com a minha ausencia
Faça logo as pazes
Com a sua consciência
E veja se você errou...

Trilhe seu caminho
Faça suas apostas
Mas não me deixe aqui
Buscando as respostas
Que Você nunca encontrou...

Eu sou apenas
Uma criança indefesa
Você pareceUma caixinha de surpresas
Se for assim meu bem
Adeus!...

Não tô te pedindo prá ficar
E não vou te encher
De promessas
Eu te quero bem
Mas no amor eu tenho pressa.

– Musica nova? – Daniel perguntou a assustando.

– É. – respondeu. – Por que você não bateu na porta? – a morena perguntou irritada.

– Eu bati sim, você que não ouviu. – reclamou. – ai eu fiquei preocupado e resolvi atravessar a parede, pra ver se você estava bem. – sorriu se justificando.

– Hm, já viu não é, então pode ir embora.- apontou para a porta.

– Calma Julie. – Daniel disse se aproximando dela, soltou aquele olhar que ele nem desconfiava que a afetasse tanto. Julie corou, abaixou a cabeça, colocando uma mecha de cabelo sua atrás da orelha.

– Se você quer mesmo saber, eu terminei com o Nicolas. – Julie contou rapidamente, Daniel não pôde evitar sorrir.

– Sério? E você tá bem? – perguntou preocupado.

– Sim. – suspirou. – por incrível que pareça sim. – sorriu fracamente. – to com nojo dele, dele e da Thalita, ele me traiu com ela. – contou por fim.

– Eu sinto muito Julie, ele é um cretino, não deu valor para o tesouro que ele tinha nas mãos. – disse abaixando a cabeça, se não fosse fantasma, com toda a certeza tinha corado. Julie sorriu, se levantou do sofazinho que estava sentada, se aproximou do fantasma, e lhe deu um beijo demorado no rosto.

– E essa musica, você compôs pra quem? – Daniel perguntou curioso.

– Ah, sabe que eu não sei, as palavras vieram na minha cabeça e eu apenas escrevi. – deu de ombros. – que tal a gente cantar? Como nos velhos tempos, so eu e você. – propôs lhe estendendo a mão.

– Claro, que musica? – perguntou lhe dando a mão.

– Não sei, pode escolher.

– Que tal, “Quase sem querer” do Legião urbana”? – propôs sorrindo.

– Perfeito Dan! – Daniel sorriu com o apelido, os dois se encararam por alguns instantes, e Julie foi pegar o seu violão, que estava escorado na parede.

E eles começaram, Julie estava em pé, e Daniel sentado na cadeira com o violão no colo.

Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Sou tão tranquilo e tão contente

Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém

Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar
Explicação pro que eu sentia
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo
É sempre a pior mentira
Mas não sou mais
Tão criança a ponto de saber tudo

Já não me preocupo se eu não sei por que
Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você

Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos!
Sei que às vezes uso
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?

Me disseram que você
Estava chorando
E foi então que eu percebi
Como lhe quero tanto

Já não me preocupo se eu não sei por que
Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu quero o mesmo que você.

Passaram a canção inteira com os olhares conectados, Julie achou a canção perfeita para aquele momento, era como ela se sentia naquele momento.

– Nossa, eu adorei, a quanto tempo não fazíamos isso né, eu adoro tocar com você. – admitiu corando um pouco. Daniel apenas sorriu e se levantou ficando a frente de Julie. Os dois foram se aproximando lentamente, os seus rostos já estavam perigosamente próximos, quando Julie acabou com o pouco espaço entre eles, e selou os seus lábios em selinho lento, se deliciavam com os lábios um do outro.