Daniel estava surpreso com a chegada de Joana, até um pouco incomodado. O namoro deles representou um grande arrependimento para Daniel, por isso não gostava de comentar muito sobre o assunto.

– Daniel, como você continua lindo! – Joana comentou o admirando.

– É. Eu sou lindo mesmo. – Daniel disse puxando o seu paletó com um sorriso convencido. – Mas e então, o que você veio fazer por aqui Joana? – Daniel perguntou guardando a sua guitarra.

– Ah. Depois que você morreu, cê sabe. – pausou se aproximando dele. – eu fiquei muito triste Daniel, e acho que uma ou duas semanas depois, não me lembro ao certo, perdi a noção de tempo, eu morri também, e desde então fiquei vagando por ai, até te encontrar de novo. – contou tocando nos ombros de Daniel, o mesmo se soltou bruscamente.

– Olha Joana, eu vou ser bem claro. – pausou se levantando. – o nosso relacionamento acabou ok? . – disse pausadamente. Joana abaixou a cabeça, mas a levantou rapidamente, encarou Daniel.

– Você ainda vai implorar pra ficar comigo de novo. – Joana afirmou o encarando, deu um beijo demorado no rosto do fantasma e saiu da edícula. Martin e Felix que estavam perto da porta, por fora, viram Joana saindo e entraram.

– Nossa Daniel. O que rolou aqui? – Felix perguntou.

– Nada Félix. Nada. A Joana é louca so isso. – Daniel respondeu sorrindo de lado.

– Hum, vocês estavam lembrando dos velhos né safadinhos. – Martin disse com ironia.

– Cala. a. boca. Martin! Será que você so fala besteiras. Você quase fez a Julie descobrir da minha musica. – Daniel esbravejou chateado.

– Qual é Daniel? Já ta mais do que na hora de você se assumirem, o Demétrius não pode mais mexer com a gente. E além do mais, cara, até um cego ali da esquina percebe que vocês dois se gostam. – Martin afirmou dando uma piscadinha de olho. Felix riu.

– E por falar em Julie. Eu acho que você devia ir la falar com ela, quando a Joana chegou, ela saiu daqui uma cara nada amigável. – Felix aconselhou.

– Ih Daniel, cuidado meu amigo, o pau vai comer feio hein. – comentou Martin rindo.

[..]

Julie estava deitada na sua cama, já tinha parado de chorar, teve inspiração para compor, pegou o seu violão e o seu caderninho e começou. Quando ouviu batidas na porta.

– Julie! Sou eu, abre por favor. – Daniel disse pelo lado de fora.

– O que você quer Daniel? – Julie se levantou e foi abrir a porta, evitava lhe encarar. O fantasma percebeu.

– Olha pra mim Julie. – Daniel pediu, a puxou pelo braço, e quando ela estava em seus braços, levantou o seu queixo, percebeu que os seus olhos estavam vermelhos e ainda um pouco marejados. – Por que você tava chorando? – perguntou docemente lhe acariciando o rosto.

– Por nada. – se soltou bruscamente. – eu acabei de terminar uma nova musica, vamos ensaiar. Mas antes sai, que eu quero trocar de roupa tá? Da pra ser? – Julie pediu mudando de assunto. Daniel a olhou desconfiado, mas assentiu.

[..]

Julie pegou uma roupa que ela havia comprado a pouco tempo, mas seria ideal para o momento, queria provocar Daniel. Estava se mordendo de ciúmes dele com Joana. Mas nem em seus próprios pensamentos admitia. Se maquiou abusando do lápis e sombra preta, passou um batom vermelho, ficou bem uma maquiagem pesada, mas admitia que ficou diferente do que ela normalmente usaria.

– Perfeito. – Julie afirmou sorrindo ao se olhar no espelho.

[..]

Na edícula.

– A Julie ta demorando muito, vou ver o que está acontecendo. – Daniel já ia saindo, quando a porta da edícula se abriu, e Julie entrou deixando todos de queixo caído.

– Nossa Julie, você ta um espetáculo hein. – Martin comentou a admirando.

– É. – Felix concordou. – muito linda. – finalizou sorrindo.

Daniel não conseguia falar, estava boquiaberto, so a olhava de cima a baixo abobado.

– Ei Daniel, fecha a boca se não a baba vai cair. - Martin comentou rindo para Daniel que revirou os olhos chateado.

– Deixem de me admirar e vamos tocar. Tenho musica nova. – Julie disse entregando um papel com a letra da musica pra Daniel e eles começaram a tocar.

Tantas decepções eu já vivi
Aquela foi de longe a mais cruel
Um silêncio profundo e declarei
Só não desonre o meu nome

Você que nem me ouve até o fim
Injustamente julga por prazer
Cuidado quando for falar de mim
E não desonre o meu nome

Será que eu já posso enlouquecer?
Ou devo apenas sorrir?
Não sei mais o que eu tenho que fazer
Pra você admitir

Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber

Perceba que não tem como saber
São só os seus palpites na sua mão
Sou mais do que o seu olho pode ver
Então não desonre o meu nome

Não importa se eu não sou o que você quer
Não é minha culpa a sua projeção
Aceito a apatia, se vier
Mas não desonre o meu nome

Será que eu já posso enlouquecer?
Ou devo apenas sorrir?
Não sei mais o que eu tenho que fazer
Pra você admitir

Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber.

Julie cantava todo tempo olhando para Daniel, principalmente na hora do refrão, o encarava, como se quisesse dizer algo a ele com a canção.