Harry.

Quando cheguei em casa tomei um banho que fez o efeito da pouca bebida que eu ingeri sair, meus cabelos estavam molhados, mas eu não me dei ao luxo de penteá-los, pus uma roupa frouxa e confortável para dormir então deitei na cama, não conseguia dormir, não conseguia acreditar que Hermione, que a minha Hermione, esperem, não foi bem isso o que eu quis dizer, minha amiga Hermione, foi o que eu quis dizer, mas voltando, não consegui acreditar que ela havia mudado tanto, não conseguia acreditar que ela era uma garota ruim e egoísta agora, eu estava triste, mas não triste pelo o que Hermione havia se tornado, hoje tive a certeza de que a amaria (como amiga claro) sempre, não importa o que ela faça, porém a minha tristeza maior era o fato de ela não lembrar-se de mim. Sabe o que é passar sete anos convivendo com a mesma pessoa, considerar ela uma irmã e ela ter a memória apagada e quando a encontrá-la novamente ela não lembrar nem seu nome enquanto tudo o que viveram continua tamborilando em sua mente? Pois é, isso é horrível. Estava ficando frio, o inverno estava chegando, me cobri e virei de lado tentando dormir.

No dia seguinte acordei um pouco tarde por causa da noite anterior, dei um pulo da cama e tomei um banho apressadamente, quando desci não tinha nada para comer e não tinha percebido antes que estava morrendo de fome até minha barriga roncar, sai apressadamente e aparatei em um restaurante, naquelas circunstancias minha barriga não aguentaria uma longa estrada de carro. Olhei para os lados me certificando de que nenhum trouxa havia reparado que eu apareci magicamente, nada. As vidas dos trouxas eram assim, corridas o tempo todo e eles não tinham tempo para se preocupar com a vida dos outros.

Sentei e pedi ovos, bacon e torradas. Não sei se era fome, mas eu estava morrendo de saudades de comer aquilo e achei surpreendente gostoso, depois aparatei no ministério da magia. O ministro piscou para mim, eles não brigavam comigo quando eu chegava um pouco atrasado, pois como eu era o chefe do departamento dos aurores ele achava que eu sempre mantinha as coisas em controle. Mas naquele dia, diferentemente com o anterior tinham muitas coisas para eu fazer, um bruxo chamado Pether Grigori havia tentado fugir de Azkaban, sem sucesso, os dementadores não deixaram e não facilitaram para ele. A ficha dele estava em cima de minha mesa, ele me lembrava alguém... mas eu não conseguia recordar-me claramente de quem ele se parecia, mas acho que deveria ser só coisa de minha cabeça. Mas voltando a Pether, ele é irmão de outro bruxo que ouvi falar, Ethan Grigori, ele conseguiu escapar de Azkaban quando Voldemort explodiu aquele local para os comensais saírem, não ele não era um comensal, mas teve uma sorte grande ao contrário de seu irmão que continuava lá. Porém meu trabalho me chamava, eu tinha que ir a Azkaban e providenciar uma sela mais segura, para que não houvesse nenhuma escapatória. Fui a Azkaban, aquele lugar ainda me assombrava, tinha um ar sinistro. Não conseguia me conformar de como Sirius tinha passado quase treze anos naquele lugar sendo acusado injustamente. Depois que fiz isso, fui até a toca dos Weasley’s. Como sempre fui muito bem recebido, Gina não estava em casa e eu precisava conversar com Rony a sós.

– Tenho que te contar uma coisa – comecei logo, sem rodeios.

– O que houve? – perguntou Rony.

– Encontrei Hermione ontem – parte de mim não queria ter contado isto a ele, mas ele era meu melhor amigo e... bom, ex-namorado de Hermione e eu o devia isto.

Rony deu um pulo do sofá e ficou em pé radiante.

– COMO? O QUE? POR QUE NÃO ME CHAMOU? – gritou ele.

– Bom, eu fui em uma boate ontem e ela estava lá – admiti.

– Mas você disse que iria ficar em casa – Rony me olhava furioso.

– E eu ia, mas não consegui dormir e sai.

– Bom, pelo menos essa sua saída levou a uma coisa boa. Mas onde Hermione está? Ela está bem? Onde está morando e em que está trabalhando?

Juro que eu queria poder responder a todas essas suas perguntas, mas a única coisa que eu tinha para responder era que Hermione estava mudada, totalmente o oposto do que ela era, não se lembrava de nós e não queria papo comigo.

– Bom ela...

– Harry você tem que me levar para vê-la – Rony me interrompeu, ele estava tão feliz que eu não consegui dizer que aquela Hermione não existia mais.

– Tudo bem – forcei um sorriso para parecer convincente. – Agora eu tenho que ir Rony, já está tarde e eu estou bastante cansado – me despedi de todos e voltei para casa.

Cheguei em casa e sentei na escada, lembrei-me da noite passada e não consegui conter um sorriso ao lembrar daquela Hermione feliz que parecia nunca ter passado por nada de sofrimento em sua vida, não consegui conter um sorriso ao ver que ela estava tão mulher, que aquela garotinha tinha ido embora e que por mais mudada que ela tivesse, Hermione havia virado uma mulher linda. Meneei a cabeça e meus pensamentos foram para Rony. Mas que diabos eu tinha feito? Eu não sabia onde ela estava como poderia leva-lo a ela? Ela nunca iria abrir a porta para nós e talvez Rony e eu saíssemos cruciados da casa dela. Quando ele acalmasse eu teria que contar-lhes a verdade, ele merecia a verdade, depois de todos esses anos sofrendo o Rony merecia... aquela Hermione de volta. Eu tinha que arrumar um jeito de trazê-la de volta, vocês acham ser possível? Não sei, mas tantas coisas pareciam serem impossíveis na minha vida e essa talvez não fosse tarefa fácil, mas eu talvez conseguisse. Eu tinha que de algum modo trazer Hermione a vida, tinha que traze-la para Rony e para seus sonhos, eu não suportaria viver com o fato de que ela nunca teria a vida que sempre sonhou sendo que eu poderia ter feito algo. Decidi-me, eu vou achar Hermione e seja lá como ela me receber ou me tratar ou me machucar, eu vou conseguir. Mas logo depois disso me peguei confuso de novo, e se ela estiver melhor assim? Sem lembrar de nada, de nenhum sofrimento, sem lembrar... de mim, e se ela estiver realmente melhor sem mim? Mas e se ela estiver se destruindo? Bebendo daquele jeito... Mas ela realmente estava feliz e eu não podia simplesmente tirar a felicidade dela desse jeito, tudo o que Hermione havia passado de ruim em sua vida a culpa era minha, minha por ter me aproximado e virarmos amigos, minha por que ela me amava e se arriscava por mim, se Hermione não tivesse me conhecido teria poupado seu sofrimento e nada do que aconteceu com ela teria acontecido e nenhuma daquelas lágrimas haviam caído. Como eu poderia acabar com tudo de novo agora já que ela estava se permitindo ser feliz outra vez? Baixei a cabeça, eu simplesmente não sabia mais o que fazer. Meneei a cabeça levantando novamente e indo a uma lanchonete mais próxima.