Lembranças escrita por Le Sterwinche


Capítulo 29
Sem chão part.ll


Notas iniciais do capítulo

Oooooooooi meus amores, puxa vida faz muito tempo que eu não entrava aqui, e tempo que eu não postava aqui. Mas relaxem, o estado da minha outra fic está pior, desde o dia 16/02 que não posto lá, mas vou tentar arranjar tempo para atualizar isso. Eu estou tendo que estudar bastante e houve uns imprevistos aqui, não tive como escrever. E o capítulo iria ficar muito extenso e cheio de história, então resolvi fazer mais um. Nossa fanfic terá 31 caps certo? Mais dois e ela acaba, definitivamente kkkk. Espero que gostem, comentem por favor e mil desculpas pelo atraso.



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Hermione.

Sinto pingos de água caindo em meu rosto, tento abrir meus olhos, mas uma gota de água invade meu olho direito, fecho-os rapidamente e depois passo as mãos pelo meu rosto. Lembro-me rapidamente do falecimento de Harry, de Pether e Ethan e sorrio por ter acordado, por ter sido apenas um sonho. Mas minha alegria acaba quando percebo que estou na chuva, abro os olhos com a mesma velocidade da qual os fechei e vejo o corpo de Harry caído ao meu lado.

Coço os olhos e os abro novamente, vejo a mesma cena, meneio minha cabeça já sentindo as lágrimas invadirem meus olhos. Meu olhar percorre por todos os lugares, não vejo ninguém. Aproximo-me lentamente e seguro a mão de Harry e aparato na toca dos Weasley’s que correm de imediato sem entenderem nada. Rony põe a mão na boca e me olha assustado, não consigo responder e começo a chorar. Gina corre em minha direção e me abraça soluçando.

– O que aconteceu Hermione? – pergunta Arthur pasmo.

Explico tudo o que houve a eles, Rony enxuga suas lágrimas e seu rosto antes consumido pela tristeza, agora está vermelho de raiva.

– Por que ele teve de morrer? – pergunto a Gina. – Por quê? Pra que ele me trouxe de volta, pra que ele foi atrás de mim, pra que ele me fez lembrar Gina? – grito – Seria tão mais fácil se nada disso tivesse acontecido.

Gina não respondeu nada, apenas me abraçou e chorou junto comigo. Não consegui olhar para Rony, por que depois de mim, ele era o que mais estava triste.

– Hermione, querida venha para o quarto, você não merece ver isso, você precisa se trocar e... – Molly começa, porém eu a interrompo.

– Nós precisamos preparar o...

– Descanse, deixe que eu e Arthur ajeitamos isso, certo?

Não soube o que fazer ou o que dizer, só sei que eu estava muito triste para cuidar disso e deixei que Arthur fizesse.

No dia seguinte, as coisas do funeral estavam prontas. Depois de sairmos da igreja e chegarmos ao cemitério, fico em um local afastada esperando que todos saiam para eu poder assim ficar sozinha “com ele”. Eu já não aguentava mais as pessoas olharem para mim com dó, e dizerem que sentem muito, já não aguentava mais a falsidade e a dor que as pessoas fingiam sentir. Pessoas que mal falavam com o Harry.

Quando todos saem do cemitério eu faço um movimento com a mão indicando para meus pais que eu que eu vou depois de alguns minutos. Olho ao redor e não vejo mais ninguém. Assim que eu queria. Entrelaço minhas mãos sem saber o que fazer e começo a murmurar algo.

– Juro que não sei por onde começar, não sei o que fazer e eu simplesmente não sei o que eu estou sentindo. Sempre fui boa nas matérias escolares, eu era a irritante sabe-tudo, mas na matéria de expressar sentimentos eu nunca fui uma boa aluna. Eu não sou tão boa para decifrá-los e nem tampouco para explicá-los. Pode parecer besteira, mas eu sei que você está aqui. Sei que está me escutando e eu preciso desabafar – digo tentando ao máximo não deixar as lágrimas atrapalharem tudo.

Abaixo-me, me aproximando do túmulo segurando uma flor vermelha e ponho meus joelhos no chão, como se eu ainda fosse ficar ali por muito tempo.

– Se eu olhar para trás e lembrar de todas as passagens de minha vida, em quase todas você estará incluído. – começo – E eu não sei mais como vai ser se eu olhar para o meu futuro e não lhe ver lá. Por que todos os nossos planos, tudo o que construímos e ainda iríamos construir acabou de descer por um abismo sem fim, nem luz e nem muito menos como eu entrar nele e te trazer de volta. Sinceramente não sei como essa dor de não poder te ver nunca mais, não poder te abraçar, não poder te beijar, sentir o seu corpo no meu, eu não sei como essa dor de não ver mais seus olhos verdes e o seu sorriso irá me consumir. Fui tão chata com você, tão rude, tão incompreensiva, mas a única coisa que eu queria agora era poder escutar a sua voz, sua risada e poder te ver novamente. Ontem quando você disse que me amava mais do que tudo eu não respondi. Mas agora você sabe, e eu te amo mais do que tudo, Harry James Potter.

As lágrimas escorrem sem parar, começa a chover, ponho a flor vermelha em cima de seu túmulo, uma brisa forte bate em meu rosto e eu consigo sorrir.

Saio do cemitério e aparato na rua de minha casa. Antes de entrar em casa vejo pela janela papai e mamãe sorrindo e dançando, viro a cabeça e vejo aquela rua deserta, quando olho novamente eles continuam brincando. Forço um sorriso, mas Harry não sai da minha mente.

Quando nós crescemos e começamos a entender as coisas, ninguém nos diz como é perder uma pessoa. Não nos diz quando vamos perde-las, não nos diz o quanto iremos amá-las e nem nos diz se iremos suportar a dor que ficará em seu peito quando elas partirem. Não é como uma viagem, não é como uma briga, que você passa anos sem ver ou falar, mas sabe que a pessoa ainda está em algum lugar respirando e que um dia vocês poderão se reconciliar. A morte é diferente, ela deixa um buraco sem tamanho e sem profundidade em seu coração, um buraco que não se pode ser tampado, que não se pode ser cicatrizado. A morte é assim, ela leva o que você mais ama e nunca mais traz de volta.

Suspiro abrindo os olhos, levanto a cabeça e resolvo entrar em casa.

– Mãe – quando eles escutam minha voz param de dançar e ficam absurdamente sérios.

– Sim, querida – ela diz meio sem jeito, talvez envergonhada.

– Vou nos Weasleys hoje, certo?

– Filha... – ela iria me dá um sermão ou dizer que não, se papai não tivesse beliscado seu braço – Tudo bem, pode ir.

Nem pego nada, nem me despeço, saio dali e vou para a toca dos Weasleys.

Após uma semana, ainda estava por lá, meus pais entenderam por que eu queria ficar, eles iam me visitar todos os dias e ficavam super tristes ao ver meu estado.

Estava deitada na cama de Gina quando senti uma tontura e uma vontade imensa de vomitar. Não consegui correr até o banheiro e acabei vomitando na escada. Gina corre até mim e me olha confusa.

– Hermione, você está bem? – Gina indaga, se aproximando para me ajudar.

– Não – respondo imediatamente.

– O que você está sentindo?

– Tontura, enjoo... Não sei explicar, sei que eu não estou conseguindo suportar esse cheiro...

– Hermione, eu não estou entendendo, você ama essa comida que mamãe está preparando.

– Mas o cheiro está péssimo, está me matando...

– Que estranho, você ama esse cheiro – Gina arqueia uma sobrancelha.

– Que foi? – pergunto.

– Hermione... Ah! Não!

– Que é que aconteceu Gina? – começo a ficar com raiva.

– Você e o Harry já...?

– Já o que Gina?

– Vocês dois já fizeram amor?

– É claro que já, ora – respondo furiosa.

– A última vez foi quando?

– Um dia antes de ele falecer Gina – eu já estava em tempo de voar em cima dela e lhe dar uns tapas, mas meu enjoo e tontura não deixaram.

– Hermione, o Harry usou preservativo?

Foi ai que eu caí na real e entendi do que ela estava falando. Não sei como, mas eu não tinha pensado nessa possibilidade.

– Não – respondo confusa – Não. Nas duas últimas vezes ele não usou e eu... Puxa vida eu esqueci completamente de lembrar no dia seguinte.

– Você tem 99,9% de chances de estar grávida – Gina abre um imenso sorriso e me abraça.

– Gina eu não estou em condições de criar um bebê agora eu...

– E é por isso mesmo que você está grávida, por que esse bebê irá trazer muita felicidade na sua vida.

– Eu tenho que ir ao médico dos trouxas – insisto – Preciso saber se é verdade.

Eu estava muito feliz, mas ainda sim tinha possibilidade de não estar grávida, e eu não queria criar expectativas de uma criança para depois descobrir que ela nunca existiu.

– Tudo bem, estou entendendo. Eu vou com você – murmura Gina.

– Muito obrigada – forço um sorriso.

– Agora vá se vestir enquanto eu limpo isto. Vá logo – ela exige.

Iria pedir que não, que eu mesma limpava, que ela não precisava fazer aquilo, mas eu não fiz isso, apenas assenti e fui para o banheiro. Tomo um banho para me livrar daquele fedor de vômito e visto uma roupa, me sentindo mais leve e mais limpa.

– Estou pronta – sibilo me aproximando de Gina.

– Ok, eu também estou. Vamos?

– Vamos.

Quando chegamos ao hospital eu fiz todos os exames e o médico disse que chegariam no dia seguinte. Concordei e voltei para casa. No dia seguinte eu voltei para buscar o resultado dos exames.

– Parabéns – o médico disse sorrindo. Abri rapidamente os papeis e leio confirmado. Sinto uma vontade de pular, mas em vez disso, abraço o médico e volto aos Weasleys com a notícia.

– EU SABIA – Gina é a primeira a gritar – EU SABIA EU SABIA.

– Parabéns – Molly me abraça.

– Obrigada gente – peço ainda sem graça.

Mas Rony, que estava observando tudo de um canto da sala, não diz nada, não se aproxima e não me abraça. Ele ficou super fechado depois da morte de Harry, mas eu o entendia e eu iria dar o tempo que fosse, depois as coisas se ajeitariam.

– Agora eu tenho que avisar aos meus pais – digo.

– Você está certa – Molly como sempre sendo a certa.

– Acho que agora vou passar essa semana por lá, depois eu volto. Prometo. Não fiquem chateados... É que eu estou precisando dos meus pais agora.

– Minha querida – Molly se aproxima e põe a mão em meu rosto – Eu sei o que é isto, não iremos ficar chateados, jamais.

– Obrigada – respondo cansada.

– Agora vá lá e diga a eles que mandei lembranças, certo?

– Certo.

Chego em casa e entrego os papeis aos meus pais.

– Desculpem por ter escondido isso de vocês, mas eu queria dizer só quando tivesse certeza, até então eu não tinha, mas agora... Mãe me desculpe, a senhora deve estar muito brava comigo agora, por que eu ainda nem trabalho, mas... Quero que saiba que isso é a única coisa que está me deixando feliz no momento.

Quando eu pensei que mamãe fosse gritar e me dar mais sermões ela apenas sorriu, e o que eu menos esperava aconteceu, meu pai veio até mim e me abraçou.

– Olha, onde quer que ele esteja, ele vai estar amando isso tudo. Eu não poderia falar nada nessas circunstancias, eu só quero que você seja feliz, e essa criança irá trazer muita felicidade, não só para a sua vida, mas para a de todos que a rodeiam. Não precisa pedir desculpas por isso – ele diz me olhando de um jeito que nunca mais tinha olhado.

Eu estava sentindo saudades do meu pai, ele tinha se fechado totalmente depois de eu ter virado aquela garota rebelde, porém naquele momento a ficha dele estava caindo e ele percebeu que ainda tinha uma filha, e que ela precisava dele, mais do que nunca no momento.

– Obrigada pai – sorrio e o abraço novamente – Agora eu vou deitar um pouco, por que estou meio tonta...

– Claro, claro, quer que eu lhe leve até o quarto – mamãe se aproxima e eu sabia que ela ficaria mais cuidadosa do que ela já costumava ser.

– Não mãe, eu não preciso disso.

– Tem certeza?

– Eu tenho mãe – digo com raiva.

Entro no quarto e deito na cama, tento pensar em coisas boas, não consigo pensar em nada que me alegre. Fecho os olhos e de repente uma frase vem em minha mente:

Você terá um futuro de sofrimentos, mágoas e dor, mas logo depois disso tudo irá vir uma benção divina que mudará a sua vida e o sorriso novamente reaparecerá em seus lábios. Perderás uma coisa valiosa e ganharás uma joia rara.

No fim de tudo o que aquela velha que um dia eu chamara de maluca tinha razão. Quando ela disse isso e poucos dias depois achei que a coisa valiosa que eu havia perdido tinha sido Claire e logo depois meu sorriso tinha clareado novamente por causa de Harry. Eu tinha certeza disso. Mas eu estava errada, eu estive altamente errada, por que eu pensei errado e era para eu ter pensado em outra coisa. Mas nunca passou pela minha cabeça que Harry pudesse partir dessa maneira.

O buraco que ele deixou em meu coração, em minha vida, em mim ainda está aqui, vivo e profundo, esse buraco nunca vai cicatrizar ou ser tampado, mas o sangue que escorre dele todos os dias vai passar a escorrer menos quando a minha joia rara nascer. Passo a mão na barriga e suspiro, me ajeitando para dormir.


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