Hermione.

Viro de um lado para o outro, não consigo dormir, abro os olhos, a cortina está aberta, o que faz com que eu veja a lua que está clareando meu quarto. Sinto-me triste por ter brigado com Harry, por ter sido tão chata com ele ultimamente, por ter agido como se não sentisse nada por ele.

Fecho os olhos novamente e bato no travesseiro, deixando-o mais confortável. Tento por alguns longos minutos dormir, não consigo. Olho para o teto pensando no que vou fazer, não posso simplesmente passar uma noite em claro, isso é horrível. Passo a mão pelo meu cabelo e resolvo levantar da cama.

Abro meu guarda-roupas e pego a primeira roupa que vejo. Tranco a porta de meu quarto e aparato na casa do Harry.

– Harry – digo entrando em seu quarto.

– Oi, Hermione – ele responde friamente.

– Nós precisamos conversar – exijo.

– Podemos conversar uma outra hora?

– Eu só vim pedir desculpas – berro.

– Como você quer pedir desculpas desse jeito hein? Você tem que se arrepender primeiro, para depois pedir desculpas.

– Mas eu estou arrependida – tento acalmar minha voz. – Olha eu fugi de casa, por que mamãe disse que eu vou passar um tempo sem vir aqui, e eu não consegui dormir pensando na nossa briga e que eu deixei você falando sozinho... Acho que estou arrependida.

– Hum... Ok.

– OK? É TUDO O QUE VOCÊ TEM PARA ME DIZER? – grito.

– Hermione, eu não fiz nada, você que está dando uma de louca ai, me tratando mal, eu nem sei por que e você ainda vem reclamar?

– Eu já disse que vim pedir desculpas.

– Certo, e você pediu? – Harry me fita por alguns segundos e desvia o olhar.

– Não – baixo a cabeça – Desculpe.

– Desculpe pelo o que?

– Ai Harry, você gosta muito de complicar as coisas.

– Eu gosto? – ele arqueia uma sobrancelha – Você veio pedir desculpas e não se desculpa, depois eu quem complico as coisas?

– Aaaargh – bufo – Desculpe Harry, me desculpe por ontem, desculpe por ter deixado você falando sozinho, desculpe por ter estragado o nosso passeio romântico, desculpe por ter te tratado mal esses dias, como se nós não fossemos mais um casal e me desculpe por estar tão estressada e acabar descontando tudo em uma pessoa que não merece. No caso você.

– Agora sim – ele sorri – Vou pensar no seu caso.

– Pensar? Você vai pensar?

– Está vendo? Você continua estressada.

– Eu não estou estressada – dou de ombros.

– Imagine só. Tudo bem Hermione, eu desculpo você – Harry se aproxima e dá um beijo em minha testa.

– Acho que o seu não foi muito sincero.

– Sim, foi sincero sim.

Ele se aproxima novamente e fecha seus lindos olhos verdes. Faço o mesmo entreabrindo a boca deixando seus lábios encostar-se aos meus levemente. Nossas línguas travam uma batalha entre si e Harry morde com leveza meu lábio inferior.

Sua mão esquerda desliza pela minha cintura e ele puxa meu corpo o que faz ficar cada vez mais colado ao seu. Ele põe sua mão direita dentro de minha blusa, passando suavemente os dedos em minhas costas, o que faz todo o meu corpo se arrepiar.

Harry tira minha blusa e eu faço o mesmo com a blusa dele. Ele me deita lentamente na cama.

– Eu te amo, mais que tudo – ele diz sorrindo.

– Eu também – respondo enquanto ele passa o dedo pelo meu rosto, descendo suavemente até minha barriga, logo após beijando suavemente meu corpo.

A cada toque de sua mão, meu corpo pede mais, seu corpo é quente, o que faz o meu ficar em chamas. Puxo seus cabelos com toda a minha força, o que faz seus lábios voltarem rapidamente para os meus. Ele me tortura até eu não aguentar mais.

Com sorrisos na boca, eu sei que ele continuaria com isso, me torturando até... Não sei quanto tempo. Cravo minhas unhas em suas costas e ele geme de dor.

– Que bom que agora você sabe o que eu estou passando – sorrio maliciosamente e ele enfim acaba com a tortura.

Depois de uma noite inteira de amor, acabamos pegando no sono. Pela manhã escuto algo roçar perto de meu pescoço.

– Bom dia – Harry sussurra em minha orelha, eu sorrio – Estou de saída, você vai ficar bem quietinha aqui me esperando ok?

Dou um pulo da cama.

– Aonde você vai? – pergunto assustada.

– Ei, espere, não precisa disso tudo. Eu não vou trair você. Eu só vou a um lugar, a trabalho.

– Mas... Harry hoje é a sua folga...

– Eu sei meu amor, mas é importante. E eu tenho alguns poucos minutos. Uns... Quinze, no máximo. Se você quiser que eu fique aqui...

– É claro que eu quero. Mas... Agora você pode me responder? Aonde você vai? – pergunto.

Harry enfia a mão no bolso de sua calça e retira de dentro um papel surrado.

– O que é isso? – indago.

Ele me entrega o papel onde está escrito:

Senhor Harry? Isso me faz rir, vamos ver se você realmente é competente no que faz. Te encontro amanhã nesse mesmo horário na floresta proibida de Hogwarts, sei que você adoraria voltar a um lugar da qual você ama muito.

Pether Grigori.

Um arrepio percorre minha espinha como um raio. Harry parece perceber.

– O que foi que aconteceu? – ele indaga curioso.

– Não sei, estou com uma sensação estranha. Harry... Harry por favor não vá.

– Hermione eu tenho que ir, eu tenho que colocar esse cara atrás das grades de Azkaban de novo. É o meu dever.

– Eu sei... – meus olhos enchem d’água – Mas eu não quero, eu nunca senti isso Harry, é bem mais do que preocupação. Por favor, fica aqui comigo.

– Meu amor, olha – ele se aproxima e segura meu rosto com suas duas mãos – Não vai acontecer nada, eu só vou lá fazer o meu trabalho.

– Harry... Eu vou com você. – digo pondo uma roupa.

– Nada disso, é perigoso.

– É perigoso para mim, mas não é para você? Nada disso, eu vou sim – insisto.

– Por que você é tão teimosa?

– Boa parte da minha teimosia eu aprendi com você – faço bico.

– Tudo bem, eu sei que nada vai fazer você mudar de ideia.

– Ainda bem que você sabe – retruco – Faltam quantos minutos?

– Agora, faltam onze.

– Harry eu estou achando isso muito estranho. É claro que ele não iria querer conversar com você, pense, por favor. Por Merlin! Pether não iria se entregar assim.

– Mione, eu já pensei nisso. Mas ele quer que eu vá, não sei para quê. Mas ao que parece ele tem um acerto de contas para acertar comigo. Eu entendo você está preocupada. Mas a esse ponto...

– Você não está entendendo nada – começo a chorar – Meus pressentimentos ruins, minhas visões, tudo o que eu venho sentindo em relação a você, e agora esse homem manda isso... Harry está tudo ligado, não é uma mera coincidência.

– Eu não estou preocupado, se nada acontecer a você eu vou estar bem ok? É só isso o que importa.

– Não – insisto – Não é só isso o que importa Harry, é o contrário, você tem que estar bem. Eu não sei o que e nem como eu...

Harry se aproxima e me dá um beijo caloroso. Quando nos separamos seu rosto está molhado pelas minhas lágrimas.

– Eu te amo muito – ele sorri – E tudo vai ficar bem. Você irá ver.

– Eu amo você – forço um sorriso.

– Agora pare de pensar nisso ok?

– Não consigo – minha voz soa falha.

– Consegue sim.

Harry toca seus lábios nos meus levemente e eu me entrego ao beijo. Quando o beijo acaba continuo com a testa encostada a dele.

– Essa é uma sensação que eu queria que ficasse para a vida toda – digo e vejo o sorriso aparecer na boca de Harry.

– E você irá ter – sua voz soa suave. – Mas agora nós temos que ir.

– Não, por favor não – peço novamente, mesmo sabendo qual será sua resposta.

– Sim Mione, se você não quiser ir eu vou entender, agora eu tenho que ir.

– Tudo bem – seguro em sua mão com um pressentimento ruim. Ele meneia a cabeça e rapidamente nós caímos perto da antiga casa de Hagrid. – Por que você não nos pôs logo dentro da floresta? – indago.

– Por que eu não sei onde ele está – Harry retruca.

Vejo-o dando uma boa olhada em Hogwarts e em seguida aperta minha mão com força.

– Vamos?

– Va-vamos – respondo insegura.

Entramos floresta adentro, passamos um longo tempo sem encontrar nada, então escuto vozes.

– Harry – cutuco o seu braço – Eu acho que eles estão ali.

– Ok, vamos até lá.

Cravo minhas mãos em seu braço e ele força um sorriso.

– Ora ora, e não é que ele veio – diz um homem negro e bastante forte. Estremeço quando lembro claramente seu rosto, em mil novecentos e noventa e um, foi ele. Ele quem me segurou, ele quem me sequestrou, ele e outro...

– Quem é você? – pergunto.

– Sou Ethan Grigori.

– Você não tem nada o que está fazendo aqui, Pether disse que...

– Alguém falou meu nome? – outro negro, desta vez mais alto, musculoso e muito parecido com Ethan se aproxima – Olá Harry – ele dá um sorriso em direção a Harry – Sou Pether, e Ethan é o meu irmão, poderíamos nos apresentar... Mas eu acho que vocês já nos conhecem, de alguns anos atrás.

Os dois soltam uma gargalhada alta e eu levo uma pontada no coração.

– Harry, meu amor, por favor, vamos sair daqui – sussurro em sua orelha para que os outros não pudessem ouvirmos. Seguro sua mão, mas nada acontece, continuamos no mesmo lugar – Harry, nós não podemos aparatar – berro – Não sei o que está havendo.

– Vocês não vão a lugar nenhum – Pether grita sério – Ethan, por favor – ele exige.

Ethan chega rapidamente ao meu lado e rasga minha calça, rebolando minha varinha longe de mim.

– NÃO – grito – DEVOLVE, O QUE É QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?

– Fica caladinha ai – ele segura meus braços com muita força.

– VOCÊ ESTÁ ME MACHUCANDO. ME SOLTA – exijo, mas ele apenas ri.

– SOLTA ELA – Harry grita, mas outro cara o segura, e faz o mesmo com sua varinha. Harry fecha os olhos ferozmente, acho que tentando fazer magia apenas com o pensamento, mas não acontece nada, ele abre os olhos, furioso e se debate.

– Harry James Potter – Pether cospe depois de falar o nome – E Hermione... Você é uma menina linda, e sinceramente não tem nada haver com tudo isso do que está acontecendo, seu único erro nessa vida foi ter se aproximado dele.

– Cala a boca – grito – Ele foi a melhor coisa que me aconteceu.

– Não quero machucar você, mas se continuar com esses atrevimentos mocinha, você não irá sair ilesa. Quero começar dizendo que, fui eu quem matei Claire – Pether anda de um lado para o outro olhando para Harry. – E como eu falei, Hermione não tem e nem tinha nada haver com isso, mas eu precisava fazer ela sofrer. Por que ver você sofrendo – ele olha para mim – Dói muito mais nesse garoto ai. E eu precisava que doesse.

– Por que você está fazendo isso? – Harry grita.

– Cala a boca – Pether grita com mais fúria – Vocês devem estar se perguntando como eu consegui matar Claire, mas foi muito simples, Ethan fez o trabalho por mim enquanto eu estava em Azkaban, quando eu sequestrei vocês dois. E eu consegui enganá-los tão bem, garotos como vocês dois são ingênuos, eu deixei pistas... Joguei a bolsa, deixei a pista do restaurante e vocês dois agiram como se nada tivesse acontecido.

– Isso é mentira, eu ajudei Hermione por dias e noites, mas não conseguimos provas alguma – retruca Harry.

– Vocês dois são uns zés manés, pobre Claire acabou pagando por tudo... Mas tudo bem eu não me importo de tirar o que for e quem for do meu caminho e da minha vingancinha.

– Vingança? – pergunto – Mas Harry não te fez nada.

– Ele realmente não fez nada, mas os pais dele sim, e ele vai ser julgado pelo o que seus pais fizeram.

– NÃO FALE DELES ASSIM – Harry grita e se debate, mas o cara lhe soca e eu escuto seu grito de dor.

– Então quando eu consegui passar algum tempo fora antes de ser capturado novamente, eu apaguei a memória de sua namorada Harry Potter. Por que eu queria que ela lhe tratasse mal, eu queria que ela mudasse, queria que ela fosse uma vergonha para sua vida. Eu tinha tantas outras pessoas para atingir, mas não sei por que... Eu sempre soube que se eu atingisse nela, o impacto seria maior.

Ele parou para ver se tínhamos mais perguntas, mas nós dois resolvemos ficar calados e assim Pether continuou.

– Por causa dos seus pais eu passei quase vinte e cinco anos sendo torturado, quase enlouquecendo, em Azkaban.

– Você mereceu – berra Harry.

– Não, eu era inocente, mas eles não ligaram para isso, eu acabei pagando por uma coisa que eu não fiz, e depois de anos sendo tratado como um delinquente, eu aprendi a ser um. E como já não tinha mais jeito, como os anos perdidos da minha vida não iriam voltar, eu resolvi fazer valer a pena cada segundo que eu passei ali. Eu sei que não é justo fazer com você, não é justo fazer você pagar, por um erro deles, mas não foi justo também eu ter pagado por um erro que não era meu.

Olho para o Harry e vejo se formar em sua linguagem labial as seguintes palavras:

Eu amo você.

Tento me soltar de Ethan, mas é impossível, ele é muito forte.

– Agora você vai pagar Harry, vai pagar por cada segundo que eu sofri.

– Não, por favor, não – imploro.

Pether pega uma estaca e a acaricia. Começo a chorar desesperadamente.

– Harry – grito – Tenta fugir, tenta alguma coisa por favor.

Vejo duas lágrimas descerem pelo rosto dele e tento mais ainda me soltar. Sem sucesso.

– Mas ainda vou fazer uma caridade por você – Pether se aproxima de Harry – Eu vou deixar você ver o rosto dela, pela ultima vez – então sai do meio e Harry consegue me ver. Ele cospe na cara de Pether, o que o faz ficar furioso e enfiar logo o pedaço de pau no coração dele.

– NÃAAAAAAAAAAAAAAAAO – grito – NÃAAO! NÃAAAAAAO! – não sinto mais os meus pés, um buraco imenso se abre dentro de mim, minha vista quase escurece como se eu fosse desmaiar.

– A missão foi concluída Ethan, agora pode soltar ela – Pether disse com uma voz realizada.

– SEU COVARDE, SEU IMUNDO – bati e chutei Pether quando Ethan me soltou.

– HARRY – corro até ele que está deitado no chão e começo a chorar. Caio de joelhos ao seu lado. Tiro rapidamente a estaca de seu corpo, a observo para ver se está inteira e se não tem nem um pedaço dentro dele. – NÃO. NÃAAAAAO. – minhas mãos estão tremulas, mas ponho a mão em cima de seu coração e tento falar a magia da cura – Sanitas ad vitam! Sanitas ad vitam... SANITAS AD VITAM.

Mas seus olhos verdes não tinham mais vida, seu coração não estava mais pulsando e sua respiração já havia parado.

– Sanitas ad vit... Harry não, meu amor volta. HAAARRY – sacudo seu corpo, que não corresponde – VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR. VOLTA POR FAVOR. HAAAAARRY. SANITAS AD VITAM. POR QUE VOCÊ NÃO ESTÁ RESPONDENDO? – encosto minha cabeça em seu peito e começo a chorar desesperadamente – MEU AMOR, NÃO VAI NÃO, FICA AQUI COMIGO.

Levanto a cabeça lentamente, quando olho seu rosto... morto, meu coração quase para. Passo a mão pelo seu rosto, meu coração e minha cabeça estão latejando de dor. Beijo sua boca e deixo várias lágrimas cair em cima de seu corpo.

– Não pode ser, não pode não pode. Eu sei que você ainda está vivo, eu sei disso. Harry por favor, me responde – bato a cabeça em seu corpo – Responde por favor.

Olho para o céu que está se fechando em nuvens carregadas.

– MEEEEEEEEERLIN! DEEEEEEEEEUS. FAÇAM ALGUMA COISA POR FAVOR. ELE É O MEU AMOR.

Viro meu rosto para todos os lados e não vejo nada, nem ninguém. Estou sentindo algo estranho, como se estivesse tudo rodando. Minha vista escurece e caio ao lado de Harry.