Hermione.

Eu estava a ponto de ter um colapso, simplesmente não tem como sentar e esperar o Harry chegar. O dia passou tão vagarosamente, já é noite e eu estou deitada na minha cama, com algumas lágrimas rolando. Passei o dia todo aqui, sem comer nada, até por que a fome não chega. Mamãe graças a Deus fez o favor de não me perturbar mais. A porta do quarto está aberta e por causa disso consigo escutar duas vozes, a de Harry e a de minha mãe. Escuto ela dizer:

– Ela descobriu tudo – meu Deus, o que estava acontecendo? Eu tinha descoberto o que? Só posso estar ficando louca.

Ouço passos fortes, Harry sobe correndo pela escada e entra no quarto sem bater como sempre fazia.

– Mione – ele diz traçando alguns dedos em meus fios de cabelo.

– O que está acontecendo? – você vai dizer que eu deveria ter esmurra-lo e feito coisas terríveis, mas tudo o que consegui fazer foi abraça-lo. Por que por pior que seja a situação e por mais que ele esteja envolvido em simplesmente tudo, o abraço dele é a única coisa que eu preciso no momento, além de saber o que está acontecendo.

– Você não lembra de nada? – seus olhos estavam marejados. – Nada?

– E é para eu lembrar de alguma coisa? – pergunto.

– Sim Hermione. É sim.

– Mas... Harry me explica eu não estou entendendo absolutamente nada.

– Hermione, você teve a memória apagada. Com certeza você deve conhecer o feitiço obliviate. Então... Usaram em você. Você esqueceu-se de mim, esqueceu-se do Rony, da Molly, dos seus amigos, dos seus professores, de Hogwarts, de absolutamente tudo.

– Mas eu não lembro de nada disso... E então nós dois terminamos por causa disso? É... Por que eu e você terminamos?

Harry me olha confuso e espantado.

– Mione, nós nunca tínhamos namorado antes.

– Como não? Eu vi no jornal, amor juvenil...

– Mione eu era o seu melhor amigo e você minha melhor amiga – ele me interrompe – Por isso eu disse que não podia beijar você. Por que eu tinha que fazer você lembrar e quando você lembrasse, não seria mais a mesma coisa.

Meu coração apertou quando ele disse que era meu melhor amigo. Me senti totalmente fora do contexto, senti como se eu tivesse feito algo errado, como se simplesmente eu tivesse beijado um irmão.

– Hermione, chegou a hora de você me contar como foi esses pesadelos que você teve comigo. – diz Harry.

– Não foram pesadelos, foram sonhos mesmo, eu só disse aquilo por que eu te odiava. Bom o primeiro que eu tive já faz muito tempo, não consigo lembrar com clareza agora, mas não podia ver seu rosto, quero dizer quando eu acordava não conseguia me recordar. Depois de um tempo eu tive outro sonho, nós estávamos em uma cabana eu acho, dançando, você até tirava um colar... Medalhão de mim. O outro sonho foi quando éramos mais novos, seus cabelos eram maiores, e você estava todo molhado. Eu peguei uma toalha, pus em você, dei um beijo no topo de sua cabeça. E o de ontem, você estava sentado na minha frente e um velho chamou ‘’Harry Potter’’ lendo um papel tirado de dentro de um cálice gigantesco.

– Hermione, tudo isso que você sonhou foi verdade – ele diz olhando atentamente para mim.

– Quê? Ah... Não. Não! É mentira, Harry eu conheci você há pouco tempo, na boate e...

– Hermione, essa dança na cabana foi no setimo ano, quando saímos para procurar horcruxes, o Rony nos... Bom ele nos deixou, quero dizer ele perguntou se você queria ir com ele ou ficar comigo. Você ficou para me ajudar, e você estava triste, chorando, eu fui lá e... Bom o resto você já sabe.

– Então quer dizer que eu dei um pé na bunda do meu namorado? – pergunto sorrindo – Nossa, eu era malvadinha desde sempre.

– Não Hermione, você não era. Você era a pessoa mais bondosa desse mundo, você nunca teria coragem alguma de torturar ou matar alguém. Por isso eu fiquei tão horrorizado.

Eu o olhei confusa, mas meneei a cabeça pedindo que continuasse.

– O outro sonho foi no quarto ano, quero dizer os dois últimos sonhos foram no quarto ano. Meu nome foi parar no cálice de fogo, eu entrei para o torneio tribruxo e então você, caramba você se preocupava o tempo todo comigo. E aquela foto de amor juvenil, foi que aquela cachorra da Rita Skeeter que tirou quando você foi lá me abraçar antes de eu enfrentar o dragão.

– Caramba!

– Pois é.

– E se nada disso não for verdade? – eu preciso acreditar nisso, eu preciso acreditar que o garoto por quem eu estou apaixonada não era meu melhor amigo.

– Tudo que eu falei é verdade. Você só precisa lembrar. – ele diz segurando meu rosto com as duas mãos – Como você tem sonhos, talvez suas lembranças venham em sonhos.

– Quando nos conhecemos? – pergunto sem rodeios.

– Quando você tinha onze anos. Há onze anos atrás.

– Harry... Não sei o que dizer. Como nós ficamos agora?

– Iremos saber quando... quando a sua memória voltar.

– E se não voltar? – indago.

– Eu não sei – ele diz tristemente.

– Não quero ficar sem você – digo.

– Eu também não.

– Harry, eu preciso de um tempo.

– Eu sei, eu vou... vou dar o tempo que você deseja. – ele deu um beijo na minha testa. – Só quero que saiba que independentemente de tudo, eu te amo ok?

Assenti com a cabeça e ele saiu do quarto.

Fiquei deitada na cama, bolando de um lado para o outro procurando o sono e nada. Três horas depois eu finalmente consegui dormir. No dia seguinte acordei normal, mas quando me olho no espelho sinto algo diferente. Como se minha pele tivesse envelhecido uns dois anos. Meneio a cabeça e abro a gaveta para tirar uma roupa, quando vejo aquele vestido rosa, não consigo mais achar ele feio. Eu o pego e lembro de um baile, eu era bem mais nova e estava dançando com um cara bem mais velho. Cocei os olhos e fui para o banheiro tomar banho. Quando a água começa derramar na minha cabeça:

– Sou Hermione Granger e você é? – pergunto.

– Rony Weasley – ele me interrompe.

Abro os olhos, ufa, ainda estou no meu banheiro.

– Harry você é um grande bruxo, sabe?

– Não sou tão bom quanto você – disse Harry, muito sem graça, quando eu o larguei.

– Eu! Livros! E inteligência! Há coisas mais importantes: amizade e bravura e, ah, Harry, tenha cuidado!

Fecho os olhos novamente, desta vez com mais força.

– Da próxima vez crie coragem e me convide para o baile antes que outra pessoa convide e não como última opção! – digo chorando.

Enrolo-me na toalha e saio do banheiro.

– NÃO! Se você quiser matar ele, terá que nos matar primeiro – digo me pondo na frente do Harry.

– Nós sempre estaremos com você Harry,não importa o que aconteça. –digo.

– Hermione eu preciso de você agora mais do que nunca – diz Harry.

– Uau, você está linda – diz Rony.

– Sempre o tom de surpresa.

Ponho a mão na boca. Eu estou namorando o Harry? Não, não não. Não pode ser, nós somos irmãos. Só isso. Me pergunto atônita. Eu matei uma pessoa. Oh meu Merlin! Ah não. NÃO! – grito.

– Preciso do Harry – ando de um lado para o outro – Preciso falar com ele.

E o Rony? Nós namorávamos e... Rony – suspiro.

Deito na cama tentando por meus sentimentos nos lugares certo, depois de algumas horas me decido. Visto uma roupa rapidamente, nenhuma daquelas roupas fazia meu gosto, mas eu só tinha aquelas então. Sai descendo as escadas.

– Mãe – eu digo a abraçando – Mãe desculpa, eu... Fui muito egoísta com a senhora. Desculpe-me.

Ela apenas sorri e me abraça.

– Está tudo bem querida. Onde você está indo?

– Tenho que ir ver o Rony mamãe. Mais tarde eu volto.

Aparato na casa dos Weasleys.

– Molly – eu a abraço – O Rony está?

– Lá em cima Hermione, pode subir.

– Obrigada.

Subo as escadas, quando chego Rony está deitado olhando para o teto. Eu vou até ele e o abraço. Ele sem jeito diz:

– Hermione?

Eu apenas sorrio e assento com a cabeça.