Hermione.

Harry sai e eu deito no sofá novamente. A noite chega rapidamente, mamãe já tinha preparado o jantar, ela iria nos encher de perguntas chatas e eu já estou até imaginando. Espero que o tempo passe rápido.

– Oi – diz Harry me dando um beijo.

– Tem certeza de que quer ficar aqui? – pergunto – Olha se você não quiser a gente foge daqui agora, por que eu não estou...

– Você me disse que não iria machucar ninguém – ele me interrompe.

– Mas eu não ia machucar ninguém se nós fugíssemos.

– Claro que iria. Não fisicamente, mas sua mãe iria ficar bastante magoada e eu prometi que iria jantar com vocês, estou cumprindo com minha promessa.

– Aargh. Por que você tem que ser tão legalzinho?

– Não sei – ele sorri e eu faço o mesmo, por que mesmo que eu não queira o sorriso dele me contagia.

– Oi querido – mamãe o abraça. Pronto, lá vai começar as baboseiras, não tenho paciência para isso.

– Mãe, vamos logo, por favor – suplico.

Sentamos na mesa, sinto um clima estranho, tudo isso é estranho.

– E então, quando começaram a namorar? – desta vez quem fala é meu pai.

– Hoje – dizemos em coro. Nos entreolhamos e rimos.

– Hoje? – pergunta papai novamente – Bom, eu vejo vocês colados desde semp... Semana rerereretrasada – ele se interrompe. – Então Harry, me fale mais sobre você, além do que nós já sabemos.

– E o que vocês sabem? – pergunto.

– Bom, ele é o garoto que sobreviveu – diz meu pai, depois esbugalha os olhos. Harry fica meio intrigado, mas força um sorriso.

– Do que ele está falando? – pergunto.

– Hã... Eu sobrevivi há um... Quero dizer, dois avada kedavra.

– Uau – digo impressionada – Como conseguiu?

– Não sei – Harry engole em seco.

– E quem os lançou em você?

– Querida, é melhor perguntar esse tipo de coisa depois do jantar, por que comida e morte são duas coisas que não combinam na mesma hora – interrompe mamãe.

– Certo – digo.

Depois do jantar eu e Harry estávamos conversando.

– Ei, eu não esqueci daquela conversa na hora do jantar – começo.

– Eu já imaginava – diz Harry fitando o jardim da mamãe.

– E então...?

– Não é um assunto da qual eu goste muito de falar... Bom, um homem muito ruim, foi ele quem tentou me matar várias e várias vezes.

– Mas por quê?

– Por que eu acabei meio que pagando o pato por algumas coisas que meus pais fizeram.

– Você tem raiva deles?

– Claro que não – Harry responde imediatamente – Meus pais sempre foram pessoas boas, que queriam justiça, não tem como sentir raiva por causa disso. No fim de tudo eles fizeram a coisa certa.

– Sabe, é bonito o jeito que você fala deles.

Harry sorri, põe as mãos em minha cintura e beija minha testa.

– Tenho que ir agora, está ficando tarde e amanhã eu tenho que trabalhar mais cedo. – diz Harry.

– Tudo bem.

– Posso vir buscar você para a gente sair?

– Claro que pode.

Ele me deu um beijo e foi embora.

Subi para meu quarto, eu estava super cansada, tomei um banho e deitei, como está muito frio, rapidamente pego no sono.

Estamos em um salão enorme cheio de pessoas, Harry está sentado e eu estou em pé atrás dele, seus cabelos estão longos, eu puxo alguns fios e ele sorri. Um velho de barba longa e óculos meia lua pega um papel que sai de um enorme cálice que está queimado, pois o cálice parece ser de fogo, o velho olha confuso para o papel, sua expressão parece bem triste, mas então ele se vira e chama alto para todos escutarem:

– HARRY POTTER!

Harry se encolhe.

– HARRY POTTER! – chama novamente o velho. Mas ele não quer ir, então eu puxo a gola de sua camisa o levantando.

– Anda Harry – digo empurrando-o para frente.

Acordo com um sobressalto, Potter? Não lembro em momento algum Harry ter mencionado seu sobrenome. Harry... Harry Potter... esse nome não me é estranho. Saio do meu quarto e vejo mamãe na sala, desço correndo.

– Mãe, sabe algo sobre Harry Potter? – pergunto. – É, quero dizer algo a mais do que o menino que sobreviveu.

Minha mãe me olha estranhamente.

– Não filha, ele é o seu namorado é só isso que eu sei – diz ela. Mas algo em sua voz e em seu rosto não me convence.

– Tudo bem – digo – Mas mudando de assunto, sabe onde está aquele meu casaco de frio rosa?

– Na primeira gaveta do meu quarto – diz ela – Eu lavei ele e pus lá, a muito tempo você não o usa e como é rosa você talvez quisesse por fogo nele, preferi não arriscar.

– Ok. Vou buscar – me viro.

– NÃO – ela grita – É... deixa que eu mesma vou buscar.

Mamãe está me escondendo algo, tenho certeza. Com alguns segundos ela volta com o casaco e me entrega, eu sorrio tentando disfarçar minha desconfiança e subo. Olho para a porta de seu quarto que está entreaberta e fico pensando se resolvo ou não entrar. Entro no quarto e fecho a porta para que ela não me veja. Abro a primeira gaveta da cômoda, tiro tudo que está nela de dentro, nada além de roupas. Abro a segunda gaveta, nada além de roupas novamente, abro a terceira gaveta nada, quarta gaveta estava vazia... Por que aquilo tudo? Junto as coisas novamente para por onde estavam, quando minhas mãos batem na primeira gaveta sinto algo... Oco. Rebolo as roupas de mamãe que estavam em minhas mãos no chão. Bato de novo e novamente sinto algo oco. Tiro o forro da gaveta, era apenas um forro falso, no forro verdadeiro encontro três jornais pouco velhos e amaçados. Caramba, por que mamãe faria um mistério todo só por jornais? Começo a rir da babaquice dela e resolvo abrir o primeiro jornal. Quando abro o jornal vejo um coração e dois jovens abraçados, quando eles viraram pude ver os rostos com clareza, aquela... aquela sou eu? E aquele é o Harry! Leio a matéria “Amor Juvenil”

QUÊ? Eu... eu e Harry já namoramos? O que é que está acontecendo? Esfrego os olhos com as mãos com a esperança de ser apenas uma imaginação minha, mas quando os abro vejo a mesma coisa. Solto o jornal e pego outro. Agora sou eu, Harry e Rony. “Harry Potter e seus amigos Hermione Granger e Ronald Weasley fogem de Hogwarts”. Rebolo os jornais no chão e ponho a mão nos olhos. Como pôde ter acontecido isso se eu conheci o Harry há pouco tempo em uma boate? Sem querer meus olhos enchem de água e saio do quarto.