Teste sua coragem escrita por Gisely Mackingfor


Capítulo 4
Capítulo 4-Adam




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Adam ficou totalmente confuso. Depois de conversar com Sophie, não sabia se voltava para casa, ou ficava ali esperando ela voltar. Ele confiou mesmo nela? Nunca havia contado para ninguém seu medo de aranhas, era um segredo, e contou simplesmente para uma garota da Apreensão que não conhecia, e que tinha medo dele. Como fui burro, pensava. O garoto se estressou e chutou algumas pedras em seu caminho. Resolveu ir embora. No caminho de volta para casa, pensou em como Sophie era linda, muito mais bonita que Cassandra. Sophie era delicada, natural. Ele não conseguiu suportar a garota com medo dele e contou-lhe um segredo. Espera... Não fui burro, só queria que ela confiasse em mim, pensou.

Como alguém da Apreensão era tão doce? Perguntou se. Se todos fossem assim Adam não ia conseguir matar nenhum. Resolveu não pensar nisso e sim pensar em um jeito de explicar para sua mãe o que estava fazendo fora essa hora da madrugada, com certeza já era de madrugada. Lembrou-se de sua briga com Beatriz, será que dissera sério que não voltarei mais? Pergunto se, só tinha um jeito de descobrir.

Chegou em casa e todas as luzes estavam apagadas, deduziu que todos já estavam dormindo, então resolveu não fazer barulho. Assim que começou a subir as escadas, a luz do abajur da sala se acendeu.

–Onde estava?- perguntou Beatriz, virando a poltrona para encarar Adam.

–Pensando, andando...

–Perguntei onde estava, não o que estava fazendo.

Adam desceu do degrau e foi até a sala.

–Me desculpe mãe, não queria discutir com vo...

–Pare- interrompeu ela- Adam, meu filho- Beatriz tocou seu rosto- Não deve pedir desculpas. Primeiramente prontidões não fazem isso, e em segundo lugar, você estava certo. Fui dura de mais com você.

–Mãe, eu... Eu fui até o cemitério.

Beatriz ficou surpresa, mas esboçou um sorriso de satisfação. Ela ficou feliz do filho visitar seu pai, ele nunca fizera isso antes, a deixou orgulhosa.

–Isso é bom... Mas se quisesse conversar com seu pai, não precisava ir até o cemitério para isso. Ele sempre estará aqui- disse colocando sua mão no coração de Adam.

O garoto sabia disso. Beatriz sempre lhe dizia isso, sempre lhe dizia que seu pai não estava mais naquele mundo.

–Eu sei... Mas foi totalmente involuntário, não sabia para onde estava indo, e em fim cheguei lá.

Beatriz o olhou com compaixão, ela amava seu filho mais do que tudo nesse mundo.

–Depois... – Adam excitou.

Poderia confiar em sua mãe que esteve na fronteira, que conversara com uma apreensora? Sim, logico que sim, confiou na apreensora um de seus maiores segredos.

–Depois o que?- perguntou Beatriz curiosa.

–Depois fui até a fronteira- disse Adam.

A expressão de Beatriz mudou. Não dava para saber se ela estava com medo, ou confusa, ou assustada.

–O que aconteceu? Você não...

–Não toquei em ninguém, e não machuquei ninguém também- disse Adam antes dela terminar a frase.

Beatriz relaxou. Ficou mais tranquila.

–Mas então o que aconteceu?

–Conheci... Conheci uma apreensora...

Ela esboçou um sorriso.

–Que? Que foi? –perguntou Adam intrigado.

–Nada, mas o jeito que falou “conheci uma apreensora” foi... de um jeito feliz, assim deduzi que você gostaria de conhecer mais a garota, de que gostou da garota, de que ficou feliz de tela conhecido.

Adam ficou vermelho. Será que teria sido isso? Realmente o garoto se sentiu melhor na presença da garota. Mas então outra coisa invadiu seus pensamentos.

–Você deduziu muito rápido isso, muito esperta para uma prontidão...

Beatriz ficou assustada, como se alguém acabasse de lhe contar uma fofoca sobre ela mesma. Porem essa expressão foi tão rápida, que Adam não conseguiu distinguir direito, pois ela disfarçou muito rápido e esboçou um sorriso torto.

–Que? Esta me chamando de burra Adam Heisenberg? Sou esperta o suficiente para alguém da Prontidão!- disse sorrindo- Mas... Me conte mais dessa garota.

–Não tem o que contar mãe, só que é muito medrosa e se chama Sophie.

–Mas ser medrosa é de sua espécie, não pode culpa-la.

Adam sabia que ela tinha razão, ele teve pena de Sophie por ela ter medo de varias coisas, mas só foi isso, pena, nada mais.

–Ela vai para a academia. Disse que me veria de novo, mas não tenho certeza.

–Adam, ela é da Apreensão, querido, não poderá haver nada mais que amizade a distancia entre vocês dois.

–Eu sei...

–Então, não crie esperanças com ela- disse Beatriz pensando antes de escolher as palavras, como se fosse algo errado a se dizer- Não quero que se aproxime muito dessa Sophie, você poderá ficar cego por ela, e se encostar nela...

–Eu sei... Isso não vai acontecer, mãe.

–Eu não suportaria... Não...

E então lagrimas brotaram em seus olhos, e não conseguiu completar a frase. Adam a abraçou tentando consola-la. O garoto não suportava ver alguém que amava, sofrer. Era um de seus 4 medos, aranhas... Ver alguém que ama sofrer...

–Não se preocupe, não vou mais falar com ela.

Beatriz chorou com mais força. Adam não entendeu muito bem. Ou ela ainda estava chorando pela morte do marido ou por não querer que Adam faça o que mandou. Não, esses pensamentos não fazem o menor sentido, pensou Adam.

–Calma, vai ficar tudo bem- disse Adam abraçando-a mais ainda.

–É, vai... Mas agora você tem que dormir, amanha tem muito o que fazer- disse Beatriz levantando, enxugando as lagrimas como se nada tivesse acontecido e subiu as escadas deixando Adam sozinho na sala.

–Não entendo as mulheres e nem quero entender- disse a si mesmo.

Adam se deitou no sofá e ficou pensando em algo que não devia, Sophie, pensou em como seus olhos brilhavam a cada palavra que falara, como seus cabelos voavam ao vento, em como era gentil com alguém que mau conhecia...

–Não! Pare de pensar nisso, idiota- disse a si mesmo.

Porém não funcionou e adormeceu com o sorriso de Sophie em seu pensamento.

********

Adam acordou atrasado, pelo fato de não escutar o despertador que estava em seu quarto.

–Adam! Você esta atrasado!- disse Glenda chacoalhando-o.

–Mais um minutinho- disse Adam ainda sonolento.

–Se você quiser ouvir mais uma bronca do Chefe, tudo bem...

O garoto saltou em um pulo. Fazer 50 flexões de novo não lhe agradava. Subiu correndo, colocou o uniforme e voltou correndo para a cozinha.

–Bom dia, Adam- disse Margo animada.

–Bom dia, Margo- disse Adam beijando sua testa.

–Mamãe deixou seu lanche em cima da mesa- disse ela em um tom fofo como sempre fazia.

Adam pegou o saco que estava em cima da mesa, colocou na mochila e saiu correndo até a porta. Foi então que percebeu que havia esquecido o skate no cemitério.

–Ótimo!- disse Adam com raiva.

–Eu hein, você é esquisito, só fala sozinho- disse Glenda passando perto do irmão.

–Espere, Glenda, me empresta sua bicicleta?- disse Adam segurando em seu braço.

–O que? O que aconteceu com a sua? E seu skate?

–Não da tempo para explicar. Só me empresta sua bike.

–Mas eu ia usa-la hoje...

–Mas hoje é seu dia de folga, não precisara dela.

Glenda pensou bem, e por fim disse.

–Tá, mas quero ela inteira.

–Valeu- disse beijando sua testa.

Glenda fez cara de nojo, mas então abriu um sorriso maldoso. Lembrou se em como era sua bicicleta e em como Adam ia ficar linda nela.

O garoto saiu correndo até a garagem, assim que viu a única bicicleta que tinha na garagem, resolveu ir a pé. Olhou do relógio, eram 8:15 sua primeira tarefa era as 8:30, sendo que a agremiação, local onde treinava, era á 30 minutos de sua casa, não tinha escolha se não pegar a bicicleta de Glenda.

Pedalou aceleradamente. A bicicleta da irmã não era nada agradável, rosa choque com pompons no guidão e a cestinha rosa como tudo na bicicleta. Adam esquecera que Glenda adorava rosa, devia ter pegado a bicicleta da Margo, que era azul, muito melhor que a de Glenda, porém a de Margo era menor, nem chegava em sua barriga.

Faltava apenas 5 minutos para a primeira tarefa começar. E ainda estava a 15 minutos da agremiação. Chegou atrasado, 8:40. Assim que entrou no ginásio estavam todos correndo. Adam avistou Nathan correndo na frente de todos. O Chefe não vira que chegara atrasado, então resolveu correr com os outros, mas assim que passou perto do Chefe...

–Heisenberg, esta atrasado- gritou o Chefe.

–Não, chefe, estou correndo desde do inicio.

–Não tente me enganar Adam Heisenberg, 50 flexões, agora!

Adam bufou, todos haviam parado de correr para rir de Adam.

–Por que pararam? Continuem!- gritou Chefe a todos.

Chefe estava em forma. Sua pele escura escondia sua idade, cabelos cacheados e pretos assim como seus olhos, que varias vezes Adam não via, pelo fato de sempre estar usando óculos de sol. E nunca tirava o cavanhaque de seu rosto.

Adam se abaixou e começou a fazer as flexões. O garoto não era muito musculoso, mas era forte, e seus músculos ainda estavam para crescer. Fez rápido as 50 flexões, porém já estava exausto.

–Chega, vão para os alvos- disse Chefe assoprando seu apito.

–É melhor não se atrasar de novo Heisenberg, se não será 80 flexões- continuou diretamente para Adam.

Todos pegaram um arco e formaram filas na frente dos alvos. Adam ficou atrás de Nathan.

–E ai cara? Dormiu de mais hoje?- perguntou Nathan.

O garoto era o melhor amigo de Adam. Tinha cabelos ruivos curtos, olhos verdes, e músculos definidos, um pouco mais alto e ameaçador que Adam.

–Talvez...

–Minha casa, depois da agremiação, temos que conversar- disse Nathan.

Adam ficou curioso sobre o que conversariam, mas guardou a curiosidade para si mesmo. Chegou a vez de Nathan acertar o alvo, cada um tinha 3 flechas para acertar o alvo. Nathan atirou a primeira flecha e acertou fora do alvo que era como a sombra de uma pessoa. Adam soltou uma risada.

–Fique quieto, assim me desconcentra- disse Nathan para Adam.

Ele atirou a segunda flecha, acertou na perna do alvo.

–Mais pra cima Stromberg- gritou Chefe para Nathan.

O garoto atirou a terceira flecha que foi direito para a cabeça do alvo.

–Não tão para cima, mas foi bom- gritou Chefe.

Nathan não era muito bom no arco. Ele preferia espadas e facas. Agora era a vez de Adam. Ele se concentrou no coração do alvo. Atirou a primeira flecha, que foi diretamente onde mirava. Ele sorriu e olhou para Nathan que estava com raiva pelo amigo ser melhor que ele.

Adam atirou a segunda, e foi no mesmo lugar. A segunda flecha atravessou a primeira, dividindo-a em dois. Adam virou-se para Nathan e riu, fazendo Nathan ficar mais bravo ainda. Era uma brincadeira dos dois esculacharem um ao outro. Adam atirou a terceira flecha e foi diretamente no coração do alvo ao lado. Ele se virou para o amigo e fez uma reverencia á Nathan, rindo. Quando chegou perto de Nathan riu de sua cara. Nathan deu-lhe um soco no braço.

–E ai Chefe? Não mereço um parabéns?- gritou Adam ao Chefe.

–Você ainda chegou atrasado, isso não afeta em nada, Heisenberg- gritou Chefe de volta- Vamos fazer isso até vocês aprenderem a atirar direito! Ou seja, o dia todo!

Nathan bufou, não gostava de arcos. E não queria fazer isso o dia inteiro, Adam não se importou, era a tarefa que mais gostava de fazer. No final da tarde eles saíram da agremiação e foram direto á casa de Nathan, que era umas das maiores na Prontidão toda. Seu pai, o Richard Stromberg era o presidente da Prontidão, então não se esperava de menos. Eles foram direto ao jardim onde tinha uma cesta de basquete e começaram a jogar.

–Onde estava ontem a noite?- perguntou Nathan.

–Como sabe que eu sai?- perguntou Adam curioso.

–Sua mãe, ela me ligo, procurando por você.

Beatriz era muito protetora.

–Eu... Eu sai, fui até o cemitério- disse Adam acertando uma cesta de três.

–Só foi até lá? Ela me ligou depois falando que você chegou as 3 da manha.

–Que isso cara, tá parecendo minha mãe.

–Ela estava preocupada, Adam. Não gosto de ver sua mãe preocupada, você sabe disso- disse Nathan fazendo cesta.

Adam se esqueceu que Nathan tinha uma quedinha por Beatriz que aparentava ser bem mais nova do realmente era, ele gosta da minha mãe, que nojo, pensava. Mas Nathan estava destinado á outra garota, Scarlet.

–Tá... Depois fui até...- Adam excitou.

Poderia confiar no amigo, esse segredo? Talvez seria melhor guarda para si.

–Fui até a casa da... Cassandra- continuou.

–A é? Você sabe que isso não foi muito certo, né?- disse rindo.

Adam ri.

–É que não consigo fica muito longe dela, sabe?- disse rindo.

Os dois caíram na gargalhada.

–Terá muito tempo com ela, na academia e depois.

–Eu sei...- disse Adam um pouco triste.

Ele não queria pensar nisso, viver o resto da vida com aquela... Pensava. E ainda tinha Sophie... Não, não tem Sophie coisa nenhuma! Pensava. Ele olhou no relógio e já eram nove da noite.

–Tenho que ir, cara, nos vemos amanha, na academia- disse Adam apertando a mão de Nathan.

–Até lá, e vê se não se atrasa!- disse Nathan.

Adam pegou a bicicleta de Glenda e volto para casa. Quando chegou aproveitou as ultimas horas que restavam com sua família, iria ficar um mês na academia, e não os veria antes do casamento. Brincou com Glenda, Katy, Margo e Jason seus jogos de tabuleiro preferidos. E foi dormi cedo, estava ansioso para o dia seguinte, ele poderia rever Sophie...

–Não! Nunca mais verei aquela garota medrosa e feia de novo- disse a si mesmo.

Ele tentava falar mau dela para tira-la da cabeça, mas terá que ser muito mais para tirar aquela garota de sua cabeça.


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Notas finais do capítulo

Ta um pouco grande, mas espero que tenham gostado. O nome Nathan Stomberg foi criado por uma amiga minha, Marian Silva Viola. Odeio ela, mas suas histórias são fantasticas, seu nome aqui no nyah é Ninsa Stingfield:D Comentem



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