–Mãe, vamos, estamos atrasadas!- disse Sophie entrando no carro.

Chegou o tão esperado dia, Sophie iria para a academia em menos de 2 horas. Não estavam atrasadas, mas botando pressão fazia Anne ir mais rápido. Roni, Josh e Francis voltaram a sua rotina, estavam trabalhando e não poderiam acompanhar Sophie. Emily fora para o instituto, a escola da Apreensão, só Jonny e Anne que pegou uma folga no trabalho estavam indo com Sophie. No dia anterior, ela se prepara para a academia no instituto, porém os Mestres falaram que coisas que nunca enfrentaram ainda estariam por vir. Sophie não gostava de pensar nisso, ficava com medo.

–Já vou, já vou. Pegou tudo?- perguntou Anne na porta da frente.

–Eu, Jonny e as chaves, sim já esta tudo aqui- disse Sophie.

–As chaves, estava procurando elas, por que não me disse que estava com elas?

–Você pediu para eu pega-las.

–A é, então vamos.

Sua mãe dirigiu com calma, assim que viu as horas, ficou brava por ser enganada, não estavam atrasadas. Sophie não ligou para a bronca, estava pensando em outras coisas. Ela tremia de ansiedade, suas mãos suavam, ela estava ansiosa por realmente conhecer Newman, fazia anos que não o via, e não sabia como seria... E ainda tinha Adam. Não posso me distrair, não posso pensar no Adam agora, tenho coisas mais importantes á resolver, pensou.

–Não fique ansiosa Sophie, ansiedade trás medo- disse Jonny do banco de trás- Você mesmo me diz isso.

Jonny era sábio mesmo sendo o menor da família, ele entendia como as pessoas se sentiam.

–Seu irmão tem razão, filha. Não fique ansiosa...- disse Anne.

Seus conselhos não ajudaram muito, só deixaram Sophie mais ansiosa que antes. Quando chegaram no estacionamento, Anne saiu do carro para pegar a mala, Sophie não conseguia se mexer, estava com medo. Jonny saiu da carro e parou ao seu lado.

–Não tenha medo, estou com você-disse tentando incentiva-la.

Seu irmão não estava com medo, ele estava bem mais calmo que ela.

–Não esta com medo de nunca mais me ver, ou de que aconteça alguma coisa e você precisara de mim? Não tem medo?- perguntou.

–Medo? Claro que tenho medo, tata, mas não de muitas coisa- Jonny sussurrou a ultima frase, para só Sophie ouvir.

–O que quer dizer com isso?- perguntou curiosa.

–Curiosidade, não seja curiosa, com curiosidade há...

–Medo, eu sei, mas você disse como se não tivesse medo de nada, como um apreensor não tem medo de nada?

–Vamos crianças, agora estamos atrasados- disse Anne chamando-os.

Jonny levantou uma sobrancelha e deu um sorriso á Sophie.

–Fique atenta, tata, qualquer coisa pode acontecer aqui, e não conte a ninguém que tivemos essa conversa, ok?

–Que? Como...

–Me promete.

Sophie se lembrou de Adam fazendo-a prometer que não contaria a ninguém das aranhas, a garota sabia guardar segredos.

–Prometo, mas essa conversa não acabou aqui.

–Vamos!- gritou Anne apresando-os.

Jonny foi indo até Anne e falou para Sophie.

–Com certeza não acabou- disse com um sorriso.

Sophie saiu do carro e foi atrás deles. Ela estava totalmente confusa, seu irmão tinha apenas 5 anos, e parecia saber muito mais das coisas do que ela. Do que ele estava falando? Ele não tinha medo? Tem uma explicação logica para isso... Não. Com certeza inventara tudo para faze-la melhor, mas onde saiu toda essa história? Como o pequeno Jonny inventou tudo isso? Sophie era esperta, até de mais, tinha algumas ideias para responder aquelas perguntas, mas não queria acreditar. Não poderia ser verdade, se fosse...

–Esquece!- disse á si mesma.

–Sophie, querida, pare de falar sozinha e vamos- disse Anne apresando-a.

A garota continuou até que parou na frente de um portão de metal enorme que estava aberto revelando um pátio gigante com vários apreensores usando a mesma roupa que Sophie usava, característica da Apreensão. Para as garotas um vestido um pouco comprido branco com mangas e para os garotos calça cinza junto a camisa azul claro. Sophie não gostava daquelas roupas, preferia seus vestidos floridos e suas calças jeans.

Os jovens apreensores estavam em uma fila, meninos de frente com as meninas. Só faltava um lugar na fila das meninas, Sophie era a única atrasada, ela correu até seu lugar. Os familiares foram para uma arquibancada ao lado onde podiam observar todos. Em sua frente estava um garoto que Sophie nunca vira, porém seus olhos pareciam familiares. Eram azul cinzento, mais puxado para um prateado, ela só conhecia duas pessoas com esses olhos, Newman e seu irmão mais velho Alfred. Não era Alfred, pois ele se casou no mesmo ano de Francis e Josh. O garoto tinha cabelos curtos loiros puxados para o prateado, Sophie não se lembrava de Newman com cabelos prateados, Newman também não era alto, nem musculoso como o garoto em sua frente.

O garoto sorriu, seu sorriso... pensou Sophie, ela nunca esquecera esse sorriso, era a única coisa que gostava em Newman. Com certeza era Newman, mas estava tão... tão diferente, talvez bonito, pensava Sophie. Ela sorriu de volta.

–Agora que todos estão em seus devidos lugares, vamos começar- disse uma voz grossa nos alto falantes.

Sophie conhecia aquela voz, era do presidente da Apreensão.

–Como todos sabem...- começou ele, Sophie já sabia o que veria depois, ele explicara toda a história de como param nesse lugar. Ela ouvira essa história a vida toda, e não estava nem a fim de ouvi-la de novo. A garota bufou e então percebeu que Newman ainda fincava seus olhos nos dela, ele riu com o desinteresse da garota.

–A muito tempo atrás, a espécie humana sofreu um ataque, na verdade era um teste do todo poderoso para saber como estávamos indo. Muitas pessoas foram corajosas em enfrentar esse ataque e muitas resolveram ficar na defensiva, assim separou a humanidade em duas espécies, a Apreensão e a Prontidão. Não éramos inimigos- aquela parte Sophie nunca ouvira, então resolveu prestar atenção- Ajudávamos uns aos outros, mas com a maldição impossibilitando o toque entre as duas espécies, nos separando, e com a inteligência da Apreensão, construímos a fronteira, ninguém das duas espécies podia atravessar a fronteira, pelo contrario seriam mortos.

–Mas as duas continuaram com um costume essencial, a AAPJI, Academia Aliança Para Jovens Inexperientes. Porém com os anos, foi chamado de apenas acampamento ou academia, em fim, isso é essencial para as duas espécie, uma preparação para os jovens se tornaram adultos, mestres de família. Por isso que estão aqui, em um mês vamos torna-los adultos para seguirem suas vidas ao lado de seu(sua) companheiro(a).

Sophie olhava para o chão, mas assim que o presidente falou “seu companheiro”, ela olhou diretamente para Newman, seus olhos ainda estavam fixos nos dela. Ele sorrio, porém Sophie não sorrio de volta. Tinha alguma coisa errada com ele, não era mesmo, e não era só pela aparência...

–Muitos de vocês já se conhecem, porém muitos não, então dentro de 15 minutos iram se despedir dos familiares, enquanto isso, podem se conhecer melhor- falou o prefeito.

Todas as garotas se mexeram, menos Sophie, ela estava com medo, e não conseguia dar um passo, ficou parada encarando os olhos cinzento de Newman se aproximarem.

–Oi- disse ele, sua voz era grossa, e suave.

–Oi- disse Sophie.

–Quanto tempo hein? Está diferente- disse ele encarando dos pés a cabeça.

–Eu diferente? Olha pra você- disse ela.

–É, mudei um pouco também- ele sorrio.

Um silencio cresceu entre os dois.

–Então... - Newman resolveu quebrar esse silencio- Como anda a vida?

–Hum... Bem, e a sua?

–Bem também... Esta ansiosa?

–Newman, achei que me conhecia bem o suficiente para saber que sempre fico ansiosa- disse Sophie rápido de mais.

Ela tampou a boca. Newman riu e tirou a mão da garota se cima de sua boca. Seu toque formigava a pele de Sophie, mas ela gostou.

–Me chame de Newt, Newman é muito estranho.

–Ok então Newt. Hum... É em homenagem ao seu nome a parte de New, mas o t não sei muito bem de onde é- disse Sophie coçando o queixo, pensando.

Newt riu novamente.

–Acho que senti saudades de você- ele ficou vermelho fazendo Sophie ficar vermelha também. Ela não sabia o que falar, não sentira falta dele também- E aproposito é Newt em homenagem a Isaac Newton.

–Ah... Era meu segundo palpite- disse ela fazendo uma careta.

–Você tem algum apelido também?

–Não, só Sophie, sempre fui Sophie e sempre serei só a Sophie.

–Só Sophie? Você não é só Sophie, você é A Sophie.

–A Sophie, hum... sei que sou importante, mas talvez não tanto assim- disse ela rindo.

–Para mim... Você é...- disse ficando vermelho.

Ela percebeu que ele estava nervoso, e tentava falar coisas assim para quebrar o clima. Ela se aproximou dele, para sussurrar em seu ouvido.

–Não precisa ficar falando essas coisas... Vamos nos conhecer direito, agora esta um pouco desconfortável, eu sei, também estou nervosa- ela o encarou ainda perto- mas vamos enfrentar isso, ok? Juntos.

Sophie esboçou um sorriso e se afastou um pouco. Newt parecia confuso com as palavras de Sophie, mas concordou.

–É, você mudou Senhorita Sophie, tinha medo de tudo, mas esta enfrentando a situação muito bem, esta bem mais corajosa...

Sophie o encarou depois desviou o olhar. Todos os outros jovens estavam felizes, rindo, conversando animados e... credo que improprio, se beijando na frente de todos, pensou Sophie. Depois olhou para Newt novamente, com certeza tinha algo diferente com o Newman ou Newt, tanto faz, e Sophie vai descobrir o que é.

–Vamos... Vamos ser apenas amigos agora, ok?- disse ela com um sorriso torto.

–Esta ótimo para yo aqui- disse apontando para si mesmo.

–Habla español?- perguntou Sophie sorrindo.

–Más bien, yo estaba en Argentina desde hace 4 años, así que aprendí a hablar un poco- disse rindo.

–Que bueno.

–Agora vocês podem se despedir de seus familiares, sejam breves- disse o presidente no alto falante.

Anne veio quase correndo até os braços de Sophie. Ela abraçou a mãe com força, ficaria com saudades dela.

–Se comporta, hein?- disse ela para Sophie, então se virou para Newt- Newman, quanto tempo. Esta diferente.

Ela o abraçou.

–Cuide bem da minha pequena Sophie- disse ela ao Newt- Ela esta muito assustada, e não dorme sem abajur, então...

–Mãe!- interrompeu Sophie.

–Que?

–Acho que já pode ir agora- disse Sophie envergonhada.

Ela olhou para o Newt que estava segurando a risada.

–Esta bem, se comporta- disse a abraçando de novo.

Sophie se virou para Jonny que chorava.

–Não chore pequeno Jonny- ela se abaixou para enxugar suas lagrimas, ficando de seu tamanho- Você mesmo disse para eu ser forte. Você também tem que ser.

–Eu sei... Serei forte, tata, por você- e então a abraçou forte.

Sophie segurava o choro, porém não aguentou e chorou nos braços do irmão. Ela se despediu mais uma vez deles e foram embora.

–Eles vão ficar bem- disse Newt a consolando, e enxugando suas lagrimas.

–É... Eu sei... Mas e seus pais? Seu irmão, não vem?- perguntou Sophie.

–Eles... Eles estavam muito... ocupados, e não puderam vir.

–Sinto muito...

–Tudo bem- ele esboçou um sorriso.

–Agora que já se despediram, vamos começar nossas tarefas- disse o presidente do alto falante.

Um portão se abriu na lateral do pátio, os apreensores começaram a caminhar para aquele portão.

–É, agora começou nossa jornada- disse Newt.

–Uma jornada perigosa, difícil e complicada, mas vamos sobreviver- disse Sophie.

–Claro... Mileide- disse Newt fazendo um reverencia á Sophie para que o acompanhasse até o portão.

Sophie fez uma reverencia pegando no vestido ao Newt e aceitou o braço.

–Caro Nobre, na verdade sou A Sophie, não Mileide, ela esta bem na sua frente- Sophie apontou para a garota que se encontrava em sua frente, seu nome era Mileide.

Eles se encararam e começaram a rir. Sophie não sabia o que estava por vir, não esperava coisas fáceis, porém achava que Newt iria ajuda-la, e isso já a deixa melhor. E ainda tinha Adam que iria ajuda-la a perder os medos, tudo estava se encaixando, estava tudo muito bem, mas isso não duraria muito, na verdade vai durar muito menos que Sophie imagina.