Madame Pomfrey sorriu depois de explicar o motivo que levou os dois garotos para seus cuidados.

—Senhorita Weasley, poderia tirar a blusa para que eu veja seu ombro com clareza?

Rose ruborizou e Scorpius fingiu não ter ouvido.

—Claro! —A ruiva —ainda muito corada— tirou sua capa, seguida de seu pulôver, gravata e então começou a desabotoar a camisa branca. Scorpius olhava para o outro lado desconfortavelmente, só voltou seu olhar quando Rose reclamou soltando um gemido de dor.

—Você está bem? —Ele então percebeu que ela usava uma regata branca, corou e voltou o olhar para os olhos da ruiva que assentia. Pomfrey tirava as ataduras com um certo receio, no final uma grande marca roxa, circula, tomava por completo o ombro da garota.

—Acho que a contusão melhorou, só tente não bater novamente. —A senhora guardava as talas. —Uma nova batida pode nunca mais te colocar em cima de uma vassoura!

Rose se assustou com a possibilidade, mas assentiu firme e vestiu a camisa novamente.

Scorpius sem hesitar passou a gravata em volta do pescoço de Rose e com seus dedos longos e ágeis fez o nó perfeito com delicadeza e suavidade. A garota observava o rosto sereno do loiro na sua frente, que observava com atenção o nó que fazia, ajeitando os lados e enlaçando as pontas.

—Obrigada! —Como se saísse de um transe, Scorpius soltou o tecido, assentiu e sentou-se ao lado da ruiva.

Madame Pomfrey se aproximou novamente.

—Pelo que vi trouxe um amigo muito atencioso, diga-se de passagem! —Sorriu pomposa. —Cuide da Srta. Weasley, ela é bastante teimosa. —Soltou seu sorriso cúmplice com Malfoy e voltou-se para Rose. —Está liberada.

Rose estarrecida com o comentário saiu pisando firma. A senhora sem entender pergunta a Scorpius:

—Falei alguma coisa? —O garoto suspira.

—A teimosia começa quando ela não aceita o fato de realmente ser! —Scorpius pegou a capa jogada no leito e saiu em disparada atrás da ruiva que resmungava.

—Hey, achei que voltaríamos juntos! —Scorpius falou ao se aproximar da garota.

—Desculpa é só que eu... —Suspirou.

—Você viu, pode jogar quadribol só precisa cuidar os balaços e prováveis quedas! —Sorriu galanteador entregando a capa para a ruiva. —Esqueceu isso lá!

—Obrigada por guardar o segredo e por estar lá, mesmo não precisando! —Rose acaricia a mão do rapaz.

—De nada Weasley! —O garoto aproximou-se da ruiva e ajeitou sua capa nos ombros. Recuou alguns passos. —Mas agora não pense que porque eu fiquei do seu lado e ajeitei sua gravata que vou parar de pegar no seu pé! —Scorpius sorri com o rosto corado da garota.

—Não contava com isso! —Houve uma demorada troca de olhares e sorrisos tímidos. —Boa noite e obrigada mais uma vez.

O garoto sorriu e seguiu seu caminho, estava nervoso demais para fazer qualquer coisa, para tentar ou dizer qualquer coisa. Não entendia porque a garota lhe deixava daquela forma. Já Rose, estava extremamente confusa com os acontecimentos do dia. Naquela noite não conseguiu dormir nem um segundo, aproveitou a insônia e escreveu uma longa carta para a mãe.

Na manhã seguinte suas olheiras mostravam que não havia dormido nada, disfarçou como pode e seguiu para suas aulas evitando encarar qualquer um. Não estava de bom humor e durante o dia arrastou sua carranca pelos corredores da escola. No final da tarde sentou-se no corujal e ficou ali acariciando sua coruja, de repente uma ave diferente entrou no local e pousou na sua frente. Rose delicadamente desamarrou o pergaminho da parte do animal e iniciou a leitura.

Na carta Hermione lhe contava as poucas novidades de casa, dizia que Ronald havia adorado a hipótese do soco em Scorpius e que confiava que a filha nunca mais faria aquilo. Contou por fim que uma coleção de livros havia chegado e que conseguira um autógrafo de Vítor Krum para Hugo.

Após ler, guardou o pergaminho no bolso de sua capa e rumou até seu Salão Comunal onde se juntou aos seus primos e seu irmão, que quase dormia por cima de um pergaminho manchado.

—Hey Rô, quase não te vimos! —Lily saiu de perto do irmão, diga-se de passagem, parecia apreensivo. —Ontem à noite você sumiu depois do jantar e hoje o dia inteiro ficou desaparecida, para onde foi? Explique-se mocinha!

—Calminha aí, ontem precisei resolver um problema e hoje tive aulas vagas, fiquei no corujal escrevendo para a minha mãe! —Respondeu. —Não é como se eu desaparatasse para algum lugar!

A ruivinha sorriu.

—Qual o próximo jogo? —Rose perguntou ao primo, que rabiscava posições e “possíveis” jogadas. A ruiva não pode deixar de perceber as mãos trêmulas do rapaz.

—Corvinal e Sonserina! —Falou sem ânimo algum.

—Algum problema? —A ruiva perguntou e naquela instante Lily e Hugo saíram quase correndo e sentaram-se um pouco afastado dos dois. Tiago olhou Rose e virou-se para encara-la.

—Por que não me contou que o balaço te machucou? —Seu tom era duro e sério.

—Achei que seria óbvio, não é? —Sua voz saiu repleta de sarcasmo. Até porque tinha o direito de esconder. —Digo, um balaço em alta velocidade lançado contra um ombro desprevenido!

Tiago olhou-a com um pouco de raiva.

—E por que o Malfoy sabe? —Tiago rebateu perfeitamente. Rose estava surpresa, e com uma imensa vontade de procurar Scorpius.

—Porque durante uma semana e meia ele foi o único que percebeu que meu braço estava imobilizado! —Respondeu sarcasticamente.

Tiago segurou os ombros de Rose fazendo-a encara-lo com certo receio.

—Rose, somos da mesma equipe, deveria contar para mim! —Soltou a ruiva e andou de uma lado para o outro com as mãos no cabelo.

—Sinto muito, só não queria ficar fora dos treinos. —Disse firme. —Não preciso contar nada que não queira, e eu estava bem, só precisava de repouso! Não precisava se preocupar com isso. —Vira-se para a porta e assente. —Agora se me der licença, preciso matar um Sonserino!

Antes que a ruiva pudesse sair Tiago a chamou.

—Eu o ameacei! —Falou para Rose que virou com uma das piores expressões possíveis. —Ele foi obrigado a falar!