Assim que Rose saiu do Salão Principal Scorpius foi atrás, seguindo-a. Perto de uma grande tapeçaria, bastante afastada do Salão, o loiro tocou o ombro da ruiva.

—Está louco? —Rose quase gritava com a mão no peito. —Quase azarei você!

Scorpius ignorou.

—Você se machucou, não é!? —O garoto estava com os braços cruzados e parecia analisar a ruiva.

—Do que está falando?

—Do balaço! Ele te machucou, foi por isso que não mexeu o braço esquerdo o dia todo. —Dizia seriamente. Rose ficou sem fala, queria que ficasse em segredo. Teria treino e provavelmente o jogo contra a Corvinal , se soubessem de seu ombro não a deixariam se quer treinar. Pensou em um ótimo argumento, mas não teve a chance de usa-lo. Malfoy, em um movimento rápido se aproximou e abaixou a manda da capa de Rose, que não reagiu, apenas olhou para baixo.

—Se souberem, vão me tirar do time no próximo jogo! —Resmungou a primeira explicação que lhe passou pela cabeça.

—Rose! —E pela primeira vez o garoto a chamara pelo nome. Segurou-a pelos ombros. —Você precisa melhorar, não pode voltar a montar naquela vassoura tão cedo assim!

Scorpius soltara os ombros de Rose quando alguns alunos passaram por ali, olhando para os dois de forma ofensiva.

—Por que se importa tanto? —Rose perguntou sem entender o aparente desespero do rapaz.

Scorpius olhou para os lados.

—Acredite ou não, mas te ver pendurada naquela vassoura me assustou! —Disse quase como um sussurro. —Eu também fiquei surpreso com isso.

—Não entendo... —Rose murmurou.

—Também não! —Scorpius balançou a cabeça, ajeitou a capa de Rose e sorriu. —Boa noite!

A garota balbuciou uma “boa noite” e subiu as escadas correndo, jogando seu corpo na cama macia.

Naquele final de semana Rose optou por ficar sozinha pelos cantos. A ruiva observava sua coruja voar enquanto lia um grosso exemplar sobe Defesa Contra as Artes das Trevas, distraída em pensamentos.

—Hey Rô, quer assistir o treino de Quadribol comigo? —Alvo se aproximava.

—Eu não sei, queria terminar o livro! —Respondeu sacudindo o livro pesado.

—Ah qual é Rô, vamos lá! —Estendeu a mão para a prima. —Vai ser divertido!

Rose segurou a mão do primo e se levantou.

—Não vão encrencar com uma Grifinória e um Sonserino assistindo ao treino? — Alvo entortou os lábios.

—Talvez, mas sendo o treino da Sonserina acho que não terei problema com isso! —Sorriu. Rose parou por um momento.

—Treino da Sonserina? —Seu tom era de incredulidade.

—Sim! De quem pensou que fosse? —O garoto estava sem entender o motivo da reação exagerada da prima. —Algum problema?

Rose negou e seguiram até o campo. Escolheram um local e sentaram-se na arquibancada. O time já cortava os ares e Rose apenas observava timidamente. Sabia que não era bem vinda ali, e que a qualquer momento cruzaria seu olhar com Scorpius, mas evitaria o máximo possível. Observava a contracapa de seu livro quando aquela voz familiar soou encantadora.

—Hey Alvo, quando vai criar coragem e entrar para o time? —Scorpius segurava-se na vassoura, mas estava bem escorado na arquibancada de madeira.

—Sabe que não levo jeito pra isso! —Sorriu.

Scorpius olhou para Rose e lançou seu olhar irônico.

—Roubando jogadas Weasley? —Rose levantou o rosto e o encarou ferozmente.

—Enfie o pomo na sua... —Foi interrompida.

—Olha a boca Weasley! —O garoto ria, mas no fundo estava um tanto satisfeito por ter conseguido arrancar alguma palavra de Rose, contando que durante a semana a ruiva ignorara todas as suas investidas e não respondera nenhuma de suas provocações. —Minha ruiva está de volta!

E dito isso voou para o outro lado do campo, com um largo sorriso estampado no rosto.

—O que vocês têm? —Alvo quebrou o silêncio.

—Nós? Nada! —Respondeu rápido. —Ele apenas me irrita profundamente.

—Parece algo a mais! —Alvo falou e aplaudiu o apanhador que capturara o pomo de ouro.

Rose deu de ombros e se despediu, usando a velha desculpa: biblioteca.

Após o jantar Scorpius percebeu que Rose andava apressada pelos corredores, e seguiu-a novamente.

—Você sua doninha! —A ruiva surpreendeu-o em uma curva que o corredor fazia. —Por que estava me seguindo?

De forma ameaçadora Rose segurava a varinha, enquanto encostava as costas na parede fria.

—Você estava indo para a Ala Hospitalar, achei que tivesse se machucado. —Rose revirou os olhos com a desculpa do rapaz.

—Madame Pomfrey pediu para que eu voltasse depois de uma semana ou mais, talvez eu tire isso aqui ainda hoje. —Sorriu carinhosamente.

—Posso ir com você? —O sorriso em seu rosto faria qualquer garota se jogar e pedir para que, por favor, a acompanhasse. Rose um tanto descompassada sorriu e respondeu:

—Não! —O sorriso do rapaz desapareceu. A ruiva ao contrário, sorri indiferente e seguiu, virando-se, mas sendo seguida pelo loiro.

—Eu vou você querendo ou não! —Rose não tinha tempo para discutir, achou que se o ignorasse ele voltaria, mas estava errada.

Madame Pomfrey andava de um lado para o outro, agitada com dois garotos do segundo ano que usaram azarações.

—Senhorita Weasley, por favor, sente-se na cama que já venho lhe atender! —Sorriu indicando o leito branco e perfeitamente ajeitado. A ruiva sentou-se e ficou esperando, por mais que odiasse o jeito do Scorpius, não aguentava o silêncio constrangedor.

—Por que veio comigo? —Olhava fixamente para seus pés, que naquele momento lhe pareciam muito interessantes.

—Você estava sozinha, de novo. E sabendo que viria para a Ala hospitalar não achei uma boa ideia te deixar sozinha! —Ele era completamente diferente do pai pelo que Hermione lhe contava nas cartas. Era gentil e até carinhoso, mas o lado irritante era o mesmo de Draco.

A senhora de cabelos grisalhos chegou com alguns fios de seu perfeito coque fora do lugar. Parecia atordoada com tanta bagunça em sua sala. Remexeu nos bolsos do avental e entortou os lábios.

—Essas varinhas descontroladas ainda vão me deixar louca! —Falava enquanto Rose a observa com curiosidade. —Foram imitar o Clube de Duelo, mas o feitiço ricocheteou!