Linha tênue escrita por Jane Timothy Freeman


Capítulo 6
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos!

Algumas explicações são necessárias, mas deixarei que vocês leiam o capítulo primeiro. Não se esqueçam de olhar as notas finais, ok?

Muito obrigada pelo carinho,

Annie F.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/447377/chapter/6

– ... Por estas razões, Sir Arthur Conan Doyle é considerado um dos maiores escritores da humanidade. – Lizzie curvou-se timidamente aos aplausos que se seguiram.

Era a vez de Elizabeth apresentar seu trabalho sobre algum autor da literatura inglesa. No caso, escolhera o criador de Sherlock Holmes, o detetive mais famoso de todos os tempos.

– Alguma pergunta? – Disse o professor com expectativa. Quando Darcy levantou a mão, o homem quase pulou de felicidade. Ela, porém, limitou-se a cerrar os dentes e prestar muita atenção à pergunta. Não deixaria que Darcy a humilhasse!

– Elizabeth, você mencionou que vários fãs e estudiosos de Sir Arthur Conan Doyle acreditam que o detetive e seu companheiro de aventuras, John Watson, não fossem apenas amigos. Qual é a sua opinião sobre o assunto?

Sustentando o olhar inquisitivo dele, Elizabeth respondeu:

– Sou apenas uma jovem e não possuo conhecimentos muito profundos acerca deste assunto, mas acredito que seja verdade. – Sorrindo, a moça leu algumas passagens que davam margem para aquela interpretação e prosseguiu: - Considerando que a homossexualidade era punível com morte na época em que Sir Doyle escreveu os livros, muito me surpreenderia se houvesse referências mais explícitas. Para exemplificar, podemos citar E. M. Forster e seu Maurice, um livro com conteúdo homossexual publicado na década de 70, mais de cinquenta anos após ser escrito.

O professor concordou.

– Alguma outra pergunta?

Caroline levantou a mão.

Lizzie, você mencionou que Sir Arthur Conan Moyle...

Doyle – corrigiu Darcy com indiferença.

– Doyle, que seja, – continuou ela, corando. - baseou Sherlock Holmes em um professor. – Deu um sorriso sarcástico. – Que razão teria ele para isso? Inspirar-se como um garotinho em outro homem?

Elizabeth abriu a boca para responder, mas Darcy foi mais rápido.

– Caroline, creio que sua pergunta é um tanto tola. Sir Doyle criou uma história com espaços amplos o bastante para as mais diversas especulações. Basear-se em alguém mundano não parece ser tão incomum.

– Além disso, - continuou Elizabeth, ignorando a forma íntima com que Caroline a tratara e tentando não franzir a testa ante a interrupção de Darcy – inspiração é algo fundamental para a raça humana. Começamos nossa jornada moldando nossos passos como a natureza, nossos pais e amigos, o que impedirá que nos inspiremos em nossos mestres, pessoas que também nos guiaram ao que somos hoje?

Uma salva de palmas ensurdecedora tomou conta da sala. Elizabeth agradeceu timidamente, olhando para as únicas pessoas que permaneceram sentadas.

Caroline estava corada de raiva e fuzilava Elizabeth com o olhar.

Fitzwilliam, por sua vez, aplaudia distraído, piscando furiosamente e olhando com confusão para Lizzie.

Elizabeth meneou a cabeça e voltou a se sentar em seu lugar, sentindo-se levemente feliz por ter conseguido surpreender aquele garoto tão metido.

Outras pessoas da sala, porém, teriam discordado dela. A um olhar mais atento, Fitzwilliam parecia... encantado.

_________________________________________________________

– Lizzie, você foi incrível! – Comentou Charlotte enquanto se sentava em uma cadeira.

Elizabeth esticou-se na cama da amiga, sorrindo preguiçosamente.

– Mesmo? – Piscou para Charlotte. – O que deu na Caroline? Será que ela não percebe que ficar quieta também é inteligente?

A amiga deu de ombros.

– Sabe, Lizzie, ela é uma excelente aluna, mas não domina literatura como você e Darcy.

Elizabeth repetiu o gesto.

– É pior para ela comportar-se assim, então. Char, por que ela não se mostra tanto em matemática? Os dois têm um dom para isso, todos os admiram. – Suspirou. – Eu realmente não entendo.

Charlotte a olhou longamente.

– O que foi? – Perguntou Lizzie, desconfiada.

– Hum, nada, nada. Ei, você ficou sabendo do torneio de hipismo que acontecerá na cidade ao lado?

Elizabeth soltou um gemido desconsolado.

– Sim, infelizmente! Lydia não para de sonhar acordada com os “jovens cavaleiros de uniforme”. – Lizzie ficou pensativa por um momento. – Por que todo mundo faz esse escândalo acerca do ‘amor’? – Fechou os olhos. – Veja Romeu & Julieta, veja Otelo.

– Claro, vamos nos basear em personagens ficcionais que teriam vivido há muitos séculos. – Respondeu Charlotte com uma doçura sarcástica. – Veja seus pais, Lizzie. O amor é como a morte, penso eu: chega inevitavelmente, ninguém sabe quando, como e o porquê, mas deve-se aceitar. Não é algo que possa ser controlado.

Elizabeth franziu o cenho.

– Char, temos vários exemplos de que o amor é um male: as pessoas cometem atos hediondos e egoístas por causa dele. Há os que matam por causa de amor!

Charlotte encarou a amiga com severidade.

– Elizabeth Bennet, não confunda amor com obsessão. Você é minha melhor amiga e eu admiro sua inteligência, mas acho que sua teimosia pode causar-lhe mais prejuízos que benefícios. Não deixe que uma opinião tão drástica arruíne a sua vida!

Elizabeth levantou-se num salto.

– Devo ir para casa. Até mais!

Pegou suas coisas e saiu rapidamente. Charlotte apenas meneou a cabeça tristemente.

– Ah, Lizzie...

_________________________________________________________

– Elizabeth, meu amor, que cara feia é essa?

A moça apenas olhou para a mãe. O pai colocou uma mão carinhosa em seu ombro.

– Sabe que normalmente não concordo com sua mãe nestes assuntos, mas hoje é uma exceção, Lizzie. Nunca a vi franzir tanto o cenho! O que aconteceu?

– Nada, papai. Estou apenas cansada. – Suspirou, ansiosa para mudar de assunto, mas sem conseguir encontrar nenhum. Só queria ficar quieta!

Por sorte, o destino parecia ter piedade dela, pois Jane chegou à mesa do almoço com um sorriso imenso.

– Mamãe, papai, devo ir almoçar na casa de Charles hoje, Caroline me convidou. – Enquanto a irmã mostrava o sms para os pais, Elizabeth entendeu as intenções da irmã de Bingley: deixá-la propositalmente de fora. “Acho que não sou bem-vinda na casa deles”, pensou Elizabeth. Sorriu. Se Caroline realmente achava que aquilo a deixaria incomodada, estava muito enganada! Elizabeth queria distância dela e de Darcy. – Charles não se juntará a nós para a refeição, mas podemos estudar assim que ele chegar. Temos tantas matérias a revisar, a pesquisa está me deixando maluca!

A mãe comemorou.

– Que maravilha, Jane! Vá se arrumar!

– Hum, mãe, posso ir com o carro?

– De jeito nenhum! Infelizmente, minha querida, precisaremos dele hoje.

– Mamãe, o que está dizendo? E se ficar tarde? - ralhou Lizzie.

A mãe a olhou com um olhar capaz de transformar água em gelo.

– Bobagem, Elizabeth! Jane já é crescida e, além disso, duvido que Charles deixaria que ela viesse sozinha à noite. – Sorriu para a filha mais velha. - Deixe-me ajudá-la a se arrumar!

No final das contas, Jane foi para a casa dos Bingley caminhando e com uma mochila de roupas extras e cadernos nas costas.

Elizabeth estremeceu quando viu que chovia:

– As roupas dela ficarão arruinadas, mamãe! E os cadernos! Os livros...!

A Sra. Bennet apenas deu de ombros.

– Fique tranquila, Lizzie. – Sorriu para a janela. Elizabeth tentou imaginar o que pensava: talvez Jane ficaria doente e teria de passar a noite por lá? Ou a mãe achava que o vigor do exercício e o frescor da tempestade tornariam a irmã ainda mais atraente aos olhos de Charles?

Deu de ombros. “Se isso acontecesse comigo, certamente pareceria mais um gato molhado que uma deusa da chuva”, pensou.

Elizabeth não teria como saber, mas o destino estava habituado a contrariar todas suas pré-concepções acerca de si mesma. O dia seguinte serviria para provar este ponto de vista.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ok, vamos lá, explicações! rs

Claro que esta história e suas personagens mostram a minha visão de Orgulho e Preconceito. Por isso, meu Darcy é um tanto bobo e minha Lizzie é tão teimosa. Além disso, tenho de fazer algumas manobras para adaptar nosso universo ao deles e vice-versa. Assim, as personagens não serão exatamente do jeito que Jane as escreveu (mas não me arrependo, rsrs)!

Sempre foi de minha vontade explorar como os sentimentos de Darcy e de Lizzie cresceram e progrediram ao longo do tempo, por isso estou abusando de várias situações que não existem no universo de Austen e que podem parecer estranhas ao leitor.

Também sou inclinada a um dos extremos - ora escrevo um drama, ora uma comédia leve. Acredito que esta adaptação deva balançar bastante entre os dois, rs, mas estou mais inclinada à comédia. Espero que me perdoem por esta heresia! haha

Apesar destas explicações, quero que vocês me digam o que está funcionando e o que deveria ser alterado, ok?

Agradeço a todos pelos comentários maravilhosos! Espero que continuem acompanhando.

Annie F.