Linha tênue escrita por Jane Timothy Freeman


Capítulo 7
Capítulo VII


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos!

Não, eu não os abandonei! o Uhul! Mas fiquei sem internet e, por isso, não pude atualizar antes.

Para compensar a boa vontade (e paciência) de vocês, tentei escrever um capítulo maior. Espero que tenham gostado!

Muito obrigada a todos os leitores maravilhosos! *-*'

Annie.



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– Argh, que noite terrível!

Elizabeth dormira mal: seu corpo doía, seus olhos ardiam e seu coração pesava. Não estava acostumada a “brigar” com Charlotte daquele jeito.

Há uma semana que as duas não se falavam.

É claro que Elizabeth sabia que aquilo era culpa dela, já que a amiga parecia disposta a fingir que nada acontecera. Porém, Lizzie não podia, simplesmente não podia deixar que aquilo passasse. Quem era Charlotte para dizer o que ela deveria ou não deveria fazer?

E ainda havia Jane. A mãe praticamente a expulsava de casa todas as vezes que ela voltava, fazendo a irmã de Lizzie passar muito mais tempo na casa dos Bingley que na própria.

Elizabeth sabia que poderia visitar a irmã a qualquer momento (apesar do olhar feio de Caroline, Charles havia sido incisivo em deixar a casa à disposição dela), mas a ideia de encontrar Fitzwilliam e a irmã de Bingley fora do ambiente escolar lhe dava náuseas.

Por sorte, era sexta-feira!

Tomou um banho (e um analgésico), escapou do café-da-manhã “em família” (leia-se: a mãe tagarelando sobre como Jane e Charles eram perfeitos um para o outro) e foi para a escola, torcendo para que as aulas não fossem tão maçantes. Elizabeth só queria evitar tudo e todos!

Ao chegar lá, porém, percebeu que as coisas não seriam tão fáceis assim.

– Essa cadeira é minha.

Charlotte olhou para cima com um olhar inocente.

– Esta cadeira é de uma amiga minha, mas ela parece estar ausente nesses dias…

– Charlotte, pare de ser criança!

A amiga levantou-se de um salto e sussurrou.

– Elizabeth Bennet, eu é que sou a criança aqui? Eu só lhe disse o que achava, não precisava ficar toda melindrada. Você não fala comigo há uma semana!

Lizzie revirou os olhos.

– Ouça, eu entendo…

– Não, ouça você! Pare de ser tão cabeça-dura e olhe ao seu redor, Elizabeth! O mundo não está contra você! - Bufando, Charlotte se levantou e sentou-se na cadeira ao lado.

– Ok, posso ter sido um pouco… infantil.

– Um pouco? - Charlotte levantou uma sobrancelha.

– Precisa ficar forçando a barra? - Deu de ombros. - Não estou acostumada a brigar com você.

A amiga sorriu.

– Eu também não. Amigas? - E ofereceu o dedinho.

– Amigas. - Elizabeth revirou os olhos e cruzou o seu dedinho com o de Charlotte. - Não fazia isso desde que eu tinha cinco anos.

Charlotte deu uma piscadinha.

– Essa é a graça. E, Elizabeth Bennet, se começar a me ignorar de novo, eu juro que chuto esse seu traseiro pra fora do país! Estamos entendidas?

Elizabeth deu uma gargalhada e envolveu a amiga em um abraço apertado.

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– … Em 1799, Napoleão assumiu o governo da França como cônsul. Alguma pergunta? - A professora escaneou a sala com o olhar. - Ótimo, todos entenderam. Quero que entreguem um trabalho sobre as unificações alemã e italiana para a próxima segunda-feira. - A sala encheu-se de burburinhos desconsolados. - Nada de reclamações, é importante para que vocês entendam bem o processo! O trabalho vale nota e deverá ser escrito à mão. Ah! Eu também sortearei as duplas. - Começou a retirar papeizinhos de uma caixa. - Amanda! Você fará par com…

Elizabeth começou a fazer figuinhas, torcendo para que caísse no trabalho com Charlotte ou algum dos seus conhecidos mais próximos. Já pensou se ela tivesse de fazer trabalho com…

– Caroline! Você fará par com… Elizabeth.

Lizzie soltou um grunhido e deixou sua cabeça cair na carteira.

– O que eu fiz pra merecer isso?

A amiga deu-lhe uma palmadinha encorajadora no ombro.

– Calma, Lizzie. O que pode acontecer de pior?

– Como a sala tem um número ímpar de alunos - prosseguiu a professora após o sorteio. -, o último aluno poderá escolher uma dupla. Fitzwilliam Darcy, quem você escolhe?

Caroline agarrou-se no braço dele antes que pudesse formar qualquer reação.

– Não se preocupe, professora. Ele fará trabalho conosco.

Elizabeth fuzilou Charlotte com o olhar.

– De fato, Char, o que pode dar errado?

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Depois do sorteio dos grupos, Elizabeth teve de concordar em encontrar Caroline e Fitzwilliam naquele final de semana (começando pela sexta-feira). Por um lado, estava feliz: veria Jane.

Por outro… Lizzie grunhou pela enésima vez naquele dia. Por que tinha de fazer um trabalho justo com Darcy e Caroline? É lógico que os dois se juntariam contra ela! Que inferno!

Para piorar, a mãe de Elizabeth estava no espírito de romance com o pai da menina: aproveitando que Jane e Lydia dormiriam fora (os cavaleiros estavam chegando!), a Sra. Bennet também pediu (a palavra mais correta é "ordenou") que Elizabeth dormisse em outro lugar.

Elizabeth ajeitou a mochila das costas e suspirou de novo. Ainda bem que pudera passar em casa e voltar andando: o dia estava lindo e o humor dela melhorava significativamente durante uma caminhada.

Chegou à casa dos Bingley, cumprimentou polidamente todos os que se sentavam à mesa do almoço e acomodou-se ao lado da irmã, ignorando completamente o resto do cômodo.

Bem, não completamente. Charles era um rapaz muito doce e sempre tentava agradar Jane, estendendo toda sua gentileza para Elizabeth. Sem perceber, Lizzie pegou-se rindo com facilidade…

Até, é claro, ter de compartilhar da companhia de Darcy e Caroline. A irmã e Charles saíram para a faculdade, restando apenas os três naquela sala.

– Podemos começar? - Perguntou Lizzie, ansiosa para acabar com aquele tormento.

Por sorte, a tarde transcorreu sem maiores transtornos. É claro que Caroline tentava alfinetá-la de todas as maneiras, mas era dedicada aos estudos e logo boa parte da pesquisa estava feita.

Quando Jane e Charles voltaram, o grupo se reuniu para jantar. A irmã de Elizabeth estava com uma leve dor de cabeça, porém, e logo foi se deitar, deixando Lizzie sozinha.

“Na cova dos leões.”

Lizzie, querida, junte-se a nós em um jogo de cartas.

– Se me perdoam, prefiro ler um livro. - Respondeu Elizabeth a Caroline, tentando não franzir o cenho. A mania da outra de chamá-la pelo apelido era irritante!

Charles arregalou os olhos.

– Sei que é muito culta, Elizabeth, mas um jogo como esse é um bálsamo para o estresse de um dia de estudos. Venha!

Caroline deu um sorrisinho sarcástico.

– Não se incomode muito com ela, Charles. Lizzie despreza distrações tão fúteis como os jogos. Acho que ela também despreza quem se entretém com isso… Nada como sentir-se superior, não é?

Elizabeth respirou muito fundo, contando até dez antes de responder.

– Não sou digna de tantos elogios. Não tenho nenhum problema com jogos, simplesmente… Não estou com humor para eles hoje.

– Devo concordar. - Charles sorriu para ela e prosseguiu. - Há algumas semanas, eu e Jane jogamos algumas partidas de blackjack com Elizabeth e, devo dizer, foi uma experiência muito divertida.

Lizzie sorriu com alegria e agradeceu.

– Pegue o livro que quiser. Sinta-se em casa! - Bingley indicou uma estante com a cabeça.

Elizabeth concordou e foi até o local, analisando cuidadosamente vários volumes.

– Nossa biblioteca é muito pequena, Charles. A de Will é uma dádiva: tantos volumes bem conservados e importantes!

– A biblioteca de minha casa foi construída durante várias gerações.

Caroline fez sua jogada e pôs-se a sonhar.

– Quando finalmente tiver uma casa para chamar de minha, a biblioteca será tão vasta quanto a sua. - Deu uma piscadinha charmosa para o rapaz e virou-se para o irmão. - Faça o mesmo, Charles, querido.

O rapaz deu de ombros.

– Prefiro ganhar a de Darcy em um jogo de pôquer.

Elizabeth terminou de dar risada da cena e voltou a se sentar perto dos outros.

– Como vai minha querida Georgiana, Will?

O rapaz apertou os punhos levemente.

– Continua a crescer, Caroline.

– Ah, Elizabeth, se você tivesse o prazer de conhecê-la!... É uma menina tão talentosa. Deve ser mil vezes melhor que qualquer um nesta sala. À exceção de você, Will, é claro.

Oh, Caroline, que desventura a minha! Não conheço a irmã maravilhosa de seu amado, pensou Elizabeth. Revirou os olhos.

– Não sei como ela aguenta: tocar piano, desenhar… Tudo isso é tão chato! Como vocês suportam essa baboseira, Elizabeth?

– O que quer dizer? - Perguntou Caroline.

– Todas as moças que conheço são exaustivamente elogiadas por seus atributos físicos e mentais. Deve ser uma pressão tão sem sentido!...

– Esses elogios são aplicados sem critério, Charles. Na verdade, não conheço meia dúzia de pessoas, sejam homens ou mulheres, que os mereçam. - Darcy respondeu.

Elizabeth deu um sorriso sarcástico.

– Deve esperar muito de uma pessoa.

– Mas é claro! É um dever como ser humano, Lizzie, que nós leiamos muito, desenhemos bem e que falemos mais de uma língua. Comunicação é fundamental. - Caroline replicou.

– Exato. E reafirmo: para ser digno, a parte da leitura é a mais importante de todas. Saber todos os fatos do passado e do presente é essencial.

Elizabeth sentiu-se exasperar diante de tanta prepotência.

– Eu não me admiro que não conheça meia dúzia de pessoas que sejam dessa forma. Admiro-me que conheça um único ser humano que seja digno dessas palavras!

– Concordo, Elizabeth. Não leio um quarto do que Fitzwilliam lê, mas não me sinto inferiorizado por isso.

Lizzie sorriu para Charles, agradecendo silenciosamente.

– Despreza tanto sua própria espécie?

Elizabeth deu de ombros.

– Nunca encontrei uma pessoa assim e, creia-me, acho que prefiro continuar desse jeito. Conhecimento demais é muito perigoso. - Suprimindo um bocejo, ela se levantou. - Charles, onde posso dormir?

O rapaz repetiu o gesto.

– Bom, Jane está utilizando a única cama extra que possuímos e...

– Durma em minha cama, Elizabeth, e eu dormirei no sofá. - Darcy levantou-se também.

A menina meneou a cabeça.

– Estou agradecida, mas dormirei eu mesma no sofá. Boa noite! - E foi trocar de roupa e escovar os dentes.

___________________________________________________________

Apesar do dia quente, a madrugada estava de enregelar os ossos e Elizabeth não trouxera nenhum cobertor. Encolhendo-se como pôde, tentou aquecer-se até que o sono a venceu.

Lizzie não percebeu o vulto da madrugada que colocou uma manta sobre seus ombros e, com voz grave, sussurrou:

– Boa noite, Elizabeth.


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Notas finais do capítulo

E então? *-*'