Linha tênue escrita por Jane Timothy Freeman


Capítulo 10
Capítulo X


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos!

Pensaram que eu sumi, né? Nãaaaaaaaaaaao! Cá estou! :D

Ah, pessoal, a pontuação do capítulo anterior sumiu. Oo' Já arrumei, mas peço que me avisem quando algo assim acontecer! :/

Para resumir (e parar de enrolar): meus sinceros agradecimentos a todos os comentários maravilhosos! Novos leitores: sejam bem-vindos! MUITO OBRIGADA, "Uma Mente Perturbada", pela recomendação!



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Dia seguinte

Tendo terminado o trabalho, Darcy, Caroline e Elizabeth decidiram revisá-lo uma última vez apenas após o jantar, de modo a filtrar qualquer falha que tenha passado direto. Jane e Charles haviam terminado seus estudos para o dia seguinte.

Após o café da manhã (repleto de olhares furtivos entre alguns de seus participantes), Darcy sentou-se no sofá e começou a falar com Georgiana, sua irmã mais nova, pelo chat de uma rede social. Caroline aproximou-se dele, observando a conversa com um animado interesse.

Elizabeth juntou-se a Jane e Charles em um papo reservado, mas não deixou de perceber a estranha interação entre o outro par.

– Ah, Will, como ela deve estar feliz em falar com você! - Vendo que ele não respondia, prosseguiu: - Como consegue digitar tão rápido?

– Não concordo, Caroline. - Seguido de um leve suspiro de impaciência.

– Você sempre escreve tantos e-mails e fala com muitas pessoas importantes por meio da internet! Pode me chamar de careta, mas eu não aguentaria! Gosto das boas e velhas cartas.

– Ainda bem que são enviados a mim, e não a você.

Era uma grosseria enorme, mas Elizabeth teve de apertar os lábios para não rir.

– Diga a Ana que estou morrendo de saudades dela!

Darcy a olhou de soslaio, uma sobrancelha levantada.

– "Ana"?

– Aposto que ela não gosta de ser chamada de “Georgiana”, Will. É um apelido carinhoso. - Bateu as mãos no colo e deu um sorriso radiante. - Diga a ela, sim?

– Já disse uma vez, Caroline.

A moça inclinou-se para o lado, colocando-se entre o computador e Darcy.

– Como a tela está empoeirada! Deve ser o ambiente. Deixe-me limpá-la para você!

– Agradeço, mas não é necessário.

– Como consegue escrever dessa maneira, Will?

Ele soltou outro suspiro de impaciência e não respondeu.

– Quando me contou que ela está aprendendo a harpa, fiquei muito feliz! Instrumentos musicais são ótimos! Não conseguiria viver sem meu violino. - Olhou afetadamente para a caixa onde o instrumento estava guardado e sorriu. - E o desenho! Ana é uma artista.

Ele parou de digitar.

– Caroline, se me permite, entregarei tantos elogios numa próxima oportunidade, sim?

Ela deu de ombros.

– Não tem problema, nos veremos em breve. - Colocou-se novamente entre ele e a tela. - Você sempre escreve mensagens tão encantadoras? É o melhor irmão que eu conheço.

– Ei!

Elizabeth utilizou a oportunidade para dar uma longa gargalhada. A situação não poderia ser mais hilária!

Charles fez um biquinho afetado.

– Não é verdade, Carol! E Will não escreve tão bem como você diz. - Cruzou os braços. - Se ler atentamente todas as mensagens que ele enviou, aposto que as palavras não têm mais de quatro sílabas. Estou errado?

– Nossas formas de escrever são bem diferentes, Charles.

– Charles, você gosta de abreviar muito! E sua pontuação é uma vergonha!

Ele riu diante da defesa apaixonada da irmã.

– O que posso fazer? Minha cabeça funciona em uma velocidade mais alta que a que meus dedos conseguem acompanhar. Às vezes não consigo me fazer entender por causa disso.

Elizabeth sorriu.

– Sua humildade é admirável.

Darcy não desviou os olhos da tela, mas seus dedos pararam.

– Grande engano. A “humildade” de Charles é apenas mais uma maneira de se gabar.

Bingley colocou a mão no peito, fingindo ter sido apunhalado.

– Perdão?

– Exatamente o que ouviu, Charles, não se faça de desentendido. Você se orgulha de seu pensamento rápido e, portanto, de sua escrita desleixada. Fazer as coisas com tamanha rapidez é motivo de satisfação para quem as possui, mas a qualidade alcançada, que é a parte mais importante, é totalmente ignorada. Se um dia decidisse se mudar daqui, em quanto tempo o faria?

Todos estranharam a repentina mudança de assunto.

– É uma pergunta difícil, não tenho pensado em sair daqui… - Deu uma olhada para Jane, que ruborizou. - Acho que não demoraria cinco minutos, não tenho muitos pertences.

– É exatamente o que quero dizer. - Darcy virou-se para ele. - Falou isso como um elogio a si mesmo, vê? Mas qual é a vantagem em um ato tão precipitado? Os prejuízos são muito maiores.

Charles balançou a cabeça e deu uma risada.

– Ah, Will, deixemos o que foi dito em conversas descontraídas para lá. Não pode crer que tudo o que disse foi somente para me gabar diante de nossas convidadas.

– De modo algum, Charles: você realmente acredita no que diz. Porém, duvido sinceramente que conseguiria se mudar com tamanha rapidez. Se eu lhe dissesse: “Acho melhor adiar em uma semana”, você aceitaria o conselho.

– Darcy, acho que só conseguiu provar que Bingley não percebe seu próprio temperamento e, portanto, é incapaz de se gabar por isso.

Charles fez uma reverência.

– Obrigado, Lizzie, por transformar meus defeitos, tão cruelmente apontados, em elogio. Will me respeitaria mais se eu negasse e me mudasse o mais rápido possível.

Darcy e Elizabeth se encararam.

– Atender prontamente ao pedido de um amigo não é mérito para você, Darcy?

– Obedecer sem reflexão não é mérito a ninguém, Elizabeth.

Bingley suspirou.

– Ah, Will, somente tenho tanta estima por você porque nos conhecemos desde sempre. Eu o vi quando em fraldas, não se esqueça.

– Que coisa mais absurda a se dizer, Charles! - Caroline ficou horrorizada.

Darcy replicou calmamente:

– Não tem problema. Quando nos conhecemos, você também usava fraldas, mas por ser uma criança que se recusava a crescer.

Bingley ruborizou violentamente. Caroline e Jane riram levemente (por motivos diferentes), mas Elizabeth se controlou. Apesar do sorriso malvado de Fitzwilliam, algo lhe dizia que ele estava com o orgulho ferido.

– Acho que sua irmã está falando, Darcy.

Todos concordaram silenciosamente com a mudança de assunto.

Após algum tempo, o rapaz finalizou sua conversa diária com a irmã e pediu para que Caroline tocasse violino. Sem esperar por um segundo pedido, a moça levantou-se e executou uma composição italiana com perfeição. Apesar de achar a irmã de Charles profundamente arrogante, Elizabeth não podia deixar de lhe reconhecer o talento.

Folheava a pasta de partituras quando sentiu que alguém a observava. Relanceando discretamente pela sala, notou que, com efeito, Darcy fixava seu olhar nela com alarmante frequência. Intrigada, pôs-se a imaginar o porquê daquilo: o rapaz certamente não gostava dela, era claro, mas também não podia admitir que ele a encarava porque ela o deixasse desconfortável. Irritada por ocupar seus pensamentos com tamanha bobagem, Elizabeth concluiu que chamara a atenção de Darcy por ter tantos comportamentos e características repreensíveis. Deu de ombros e continuou a folhear a pasta: não dava a mínima para as opiniões dele.

A música de Caroline tornou-se muito animada; Jane e Charles logo dançavam, o que deixou Lizzie ainda mais encantada.

– Elizabeth, não gostaria de se juntar a eles?

A moça apenas sorriu. Darcy, surpreso, repetiu a pergunta.

– Sim, sim, eu ouvi, mas não sei como responder. Sei que gostaria muito que eu aceitasse, então me repreenderia por achar tamanha banalidade agradável. Sempre gostei de frustrar tais esquemas, ou seja, me recuso. Despreze-me, repreenda-me, Darcy.

Ele sustentou o olhar intenso de Elizabeth com uma calma surpreendente.

– Não seria capaz de fazer isso mesmo se quisesse. - Disse, rolando as mangas da camisa para cima e exibindo um par de pulsos limpos. O queixo da moça caiu diante da resposta dele.

O rapaz virou-se e pôs-se a acompanhar a comoção alegre entre Charles e Jane. Olhou de soslaio para os próprios braços e permitiu-se suspirar. Se não fosse a inferioridade das relações e dos pensamentos (ele tentava fortemente se convencer disso) de Elizabeth, estaria em sérios apuros.

**

Após o almoço, o grupo decidiu dar uma volta em um dos parques da cidade. Darcy e Caroline sentaram-se perto do lado e Charles, Jane e Elizabeth continuaram caminhando.

– Ah, meu querido Will, você deveria sugerir à sua amável futura sogra que é muito bom se calar. Ou aconselhe a mais nova que os jóqueis não são rapazes com os quais ela deveria se meter. - Deu um sorriso de puro desdém. - Acho que Elizabeth também pode ser aconselhada a perder o ar de desprezo e impertinência que possui.

– O que mais sugere para a felicidade de meu futuro (e hipotético) relacionamento?

– Seus antepassados ficariam tão orgulhosos ao ver que se misturou com pessoas tão… simples, Will. Faça retratos de todos os parentes dela e coloque nas paredes de Pemberley… Bom, talvez Elizabeth deveria ser mantida fora disso. Que pintor seria capaz de retratar a perfeição de seus olhos?

Fitzwilliam sorriu.

– A expressão deles é única, concordo, mas a delicadeza de cor e de forma pode ser reproduzida.

**

Elizabeth afastou-se assim que possível de Charles e Jane, desejando ardentemente deixá-los à vontade…

E cavar um buraco e se esconder dentro dele.

Respirando fundo, a moça encostou-se em uma árvore e esfregou o rosto entre as palmas das mãos. Por que Lydia tinha de ser tão indiscreta e desrespeitosa?

Haviam encontrado a irmã mais nova enquanto caminhavam, e esta praticamente se ajoelhou e implorou para que Bingley desse uma festa!

“Conte até 10, Elizabeth. 1, 2, 3, 4, 5…”

– Olhe, Darcy, nossa querida convidada está aqui!

“Ah, não.”

Lizzie forçou o melhor sorriso que podia e olhou para os dois, que caminhavam de braços dados (melhor: Caroline caminhava pendurada no braço de Darcy).

– Olá.

A outra moça deu de ombros e continuou a andar, falando pelos cotovelos.

– Essa trilha não é larga o bastante para nós três. Venha, Elizabeth, podemos ir pela avenida…

Lizzie, porém, não tinha a mínima vontade de se juntar a eles.

– Oh, não, Darcy, por favor! Não se incomodem comigo. Vou procurar Jane e Charles.

Virou-lhes as costas e, sem esperar resposta, pôs-se a caminhar, aliviada de que aquele fosse o último dia de tamanho tormento.

Somente mais um dia!


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Notas finais do capítulo

PEGADINHA DO MALANDRO! :P Darcy ainda não está apaixonado! ;D Desculpem, não resisti, rsrs.

PS: Sim, é terrível chamar a Georgiana de "Ana", prefiro mil vezes "Gigi"... Mas tive dois motivos:

1) Pra forçar a barra (afinal, é a Caroline que inventa o apelido);

2) Pra puxar a sardinha pro meu lado: Ana é um dos meus nomes na vida real, yay! :D

O que acharam? o/