Linha tênue escrita por Jane Timothy Freeman


Capítulo 9
Capítulo IX


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos! Como vão?

Como prometido! :D Parece que fiz uma leve confusão nas idades das personagens, então decidi 'consertar' nesse capítulo. De qualquer forma, caso a dúvida ainda persista: Lizzie, Caroline, Darcy e Charlotte têm 18 anos; Lydia tem 16; Jane e Charles têm 20/21 (ainda não decidi, rs). Por favor, AVISEM-ME se alguma parte ainda ficar confusa, ok?

Espero que gostem deste capítulo! Muito obrigada pelos MARAVILHOSOS comentários, vocês são os melhores leitores do mundo!

Um grande abraço,

Annie F.



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Elizabeth's P.O.V.

16 anos atrás

Ainda me lembro do dia em que Lydia chegou nos braços de minha mãe. Não é uma recordação muito clara - tinha apenas 2 anos na época - mas foi um momento muito, muito marcante.

– Olhe, Lizzie, essa é sua nova irmãzinha. Diga oi!

Como fiquei acanhada! Ela parecia tão frágil, quase não tinha cabelos A qualquer momento poderia se desmanchar e puff!, desaparecer.

Jane colocou uma mão em meus ombros e sorriu.

– Não tenha medo, Lizzie. Ela é exatamente como você.

Dei um sorriso trêmulo e segurei a mão de Lydia levemente, ainda muito temerosa de machucá-la. Quando ela fechou seus dedos gordinhos ao redor de meu indicador, quase gritei de susto! Lydia parecia quase um ser inanimado, mas reagira ao meu toque. Sorri um pouco mais e sussurrei:

– Olá.

Meus pais choravam e eu, com medo de ter feito algo errado, larguei a mão do bebê na hora.

**

Alguns meses depois - praticamente um ano, para ser mais exata, ajudava minha mãe a alimentar Lydia (que já era um bebê maior e mais robusto):

– Fala aaaaah - eu dizia, mas ela não me obedecia muito bem. - Lydia, fala aaaah, assim: aaaah. - Não adiantava. Jane e meus pais somente riam e continuavam seus afazeres.

Naquele dia, porém, o bebê fez algo que não esperávamos:

– Li... Li...

Fiquei estarrecida na hora. Ela estava tentando dizer o próprio nome!

– Isso. LY-DIA. Vamos! LY-DIA!

– Li... Li...

Todos haviam parado seus afazeres para assistir àquele momento histórico.

– Elizabeth! Pare de apressar a sua irmã!

– Liza.. Lizabet!

As memórias não são claras, como disse, mas tenho a forte impressão de que quase desmaiei naquele momento. A primeira palavra de minha irmã era o meu nome!

Dei-lhe um abraço apertado e fiquei me achando por dias. Quando alguém me perguntava sobre o ocorrido, eu dizia:

– Sim! Seremos amigas para sempre, de mindinho e tudo!

**

6 anos atrás

Conforme eu dizia a todos, Lydia e eu nos tornamos muito próximas durante os anos seguintes de nossa convivência - aliás, nós e Jane éramos um trio espetacular, irmãs como nós nunca foram vistas na face da Terra: brincávamos juntas, estudávamos e praticamente não brigávamos, nossa amizade era muito forte. Mesmo quando Jane entrara na adolescência, este comportamento não mudou: sua infindável paciência e enorme doçura nos mantiveram ainda mais unidas.

Quando entrei em minha juventude, todavia, não pude deixar de me afastar um pouco de Lydia. Os dois anos de diferença, que antes não faziam sentido algum, agora pareciam uma barreira interminável entre nós. Ela somente pensava em brincar e eu, por mais que a invejasse, possuía aquela vontade de me mostrar independente de tudo e de todos - uma mini-adulta. Charlotte, que já era minha melhor amiga, passou a ocupar muitos horários e espaços que antes pertenciam à Lydia. É claro que isto não fez muito bem ao nosso relacionamento e o distanciamento se tornou ainda maior, mas ainda conseguíamos nos relacionar de forma pacífica, sem muitas desavenças.

**

4 anos atrás

Ah! Quando Lydia entrou na adolescência, nossos problemas realmente começaram. Acostumada a ser o centro das atenções, suas atitudes passaram a ser ainda mais extravagantes: tornou-se uma pessoa muito vaidosa, falava apenas em paqueras e garotos e suas notas na escola começaram a diminuir. Dona de uma personalidade muito forte, Lydia logo conquistou uma legião de seguidores (dentre eles nossa prima Kitty) e tornou-se uma espécie de rainha.

Não é certo, eu sei, mas sempre tive o costume de ter um julgamento muito forte e decidido, ainda mais por acertar as probabilidades em quase todos os casos. Deste modo, a conduta desenfreada de Lydia despertou diversos tipos de comentários de minha parte e as brigas começaram a ocorrer com uma frequência alarmante. Se Jane não estivesse ali para apartar muitas delas, poderíamos ter nos ofendido seriamente.

Minha mãe ficava ao lado de Lydia, meu pai, ao meu. Nossas brigas se espalharam pela família e outras pessoas já brigavam por desavenças pequenas, conflitos tão inúteis que era difícil acreditar que duas adolescentes os houvessem causado.

Se nossa relação já estava tensa antes, naquele momento tudo caminhava para o caos. Como um elástico sob alta tensão, em algum momento a fibra se arrebentou e nossa amizade, que antes era uma das mais puras e verdadeiras que o mundo já conhecera, tornou-se apenas uma memória distante.

**

Hoje

Não sou adepta de arrependimentos, mas certamente não me orgulho de minha conduta com minha irmã. Hoje somos ainda mais afastadas! Quando penso em tentar reatar nosso relacionamento, Lydia faz algo e eu não levo a ação pretendida até o fim e sei que, por mais orgulhosa que ela seja, acontece o mesmo de sua parte.

Somos duas irmãs, sangue do mesmo sangue, que não conseguem se comunicar mesmo que suas vidas dependessem disso (acreditem, toda essa frase dramática é culpa de Jane).

Ah, Lydia...

____________________________________________________

Elizabeth acordou com um sobressalto.

– Hm? Que pesadelo estranho foi esse? - Esfregou os olhos e observou o local em que se encontrava. O sol se infiltrava pelas janelas: ainda era dia. Um retrato ao lado da cabeceira fez com que se recordasse: estava no quarto de hóspedes de Bingley, onde Jane dormira aquelas noites. - Mas por que estou aqui?... É mesmo! - Bateu uma das mãos na testa. - Senti-me um pouco tonta após o almoço e decidi descansar um pouco. - Deu uma risadinha sarcástica. - Mal posso esperar pelos comentários amáveis de Caroline e Darcy!

– Lavou o rosto no banheiro e deixou-se apresentável antes de retornar à sala.

– Desculpem-me... - Mas não havia ninguém. - Estranho. - Deu uma olhada ao redor, mas a casa parecia completamente vazia.

No balcão da cozinha, um bilhete:

Lizzie, fomos dar uma volta no parque. Não se preocupe, Caroline e Darcy adiantaram sua parte do trabalho. Descanse bem e não se esforce!

Jane.

Elizabeth amassou o papel entre os dedos, uma raiva crescendo dentro de si: Quem eles pensam que são para terminarem a minha parte do trabalho? Como se eu não fosse capaz de fazê-la! Aposto que foi de propósito!. Bufou alguns impropérios estava sozinha, afinal de contas e voltou a se deitar na cama do quarto de hóspedes, completamente entediada.

– O que vou fazer agora? Não tenho nada para me distrair deste tormento!

Pensou, pensou, pensou, mas não conseguiu encontrar nada que lhe satisfizesse.

– Vou fazer uma pesquisa completa sobre este trabalho e obrigar que os dois aceitem! Não posso deixar que terminem sem nem ao menos me consultar! De maneira alguma!

Voltou à sala, resoluta, abriu um dos livros que haviam emprestado da biblioteca e começou a escrever uma síntese furiosa e inspirada, totalmente impulsionada por sua raiva crescente. O cansaço, porém, logo a alcançou: após terminar o que seria considerado sua parte, Elizabeth caiu no sono.

– Hm... O quê? Acordou assustada ao sentir o livro se mexer embaixo de si. - Que horas são?

– Cinco e meia.

Assustou-se ainda mais ao ouvir a voz de Darcy. O que ele estava fazendo ali? E por que justamente ele tinha de vê-la naquele estado?

– Onde estão os outros? - Perguntou Elizabeth, tentando não ruborizar muito.

– Decidiram passear mais um pouco. Não gosto muito de caminhadas longas. Está melhor?

O tom dele era completamente desinteressado, o que agradou Elizabeth: se fosse muito dedicado e agradável, ela teria de retribuir o gesto e isto lhe era completamente impossível.

– Sim, sim. Desculpe-me por dormir em cima do livro.

Ele apenas deu de ombros e foi se sentar em uma poltrona afastada, pegando o mesmo livro que acompanhava antes.

– O livro é interessante? - Perguntou Elizabeth, ávida por finalizar aquele silêncio constrangedor o mais rapidamente possível. Seria muito rude voltar ao quarto de hóspedes e esperar o retorno dos outros?

– Sim.

Silêncio ainda mais esquisito. Lizzie suava frio, incomodadíssima.

– Apenas diga.

– Hm? O que quer dizer?

– Há algo em sua cabeça, Elizabeth, e sua postura indica que está morrendo para dizê-lo. Seja o que for, apenas fale.

De que ele estava falando? A moça não fazia ideia e...

Oh. A aposta. A consciência de Elizabeth e sua decisão de terminar com aquela farsa de uma vez por todas.

– Acho que isso deve acabar. - Disse, sem rodeios.

– Isso?

– A aposta.

A surpresa dele só ficou evidente pelo modo com que arregalou os olhos, pois sua postura despreocupada persistia.

– Está com medo de perder?

Isto era hora para brincadeiras de mau gosto?

– Não, Darcy, não estou com medo de perder. - respondeu Elizabeth com infinita paciência. - Ambos sabemos que você seria o perdedor. - Deu uma risada leve antes de prosseguir: - Só andei pensando e... É um motivo muito idiota. Não quero ganhar nada em cima do sentimentos dos outros.

Os cantos da boca dele se levantaram e Elizabeth jurou ter vislumbrado um breve sorriso.

– Acho que é um pouco tarde para isso.

– O que quer dizer?

Neste momento, porém, os outros retornavam do passeio e Elizabeth não pôde mais saber o que aquelas palavras significavam.

Por que ele tem de ser tão enfurecedor?


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Notas finais do capítulo

O que acharam? O que acharam? *-*'