As Aventuras dos Marotos escrita por Aki Nara


Capítulo 63
Capítulo 63 - A Decisão de Sirius




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Cena 1 – Trevas na Alma

Havia amanhecido no Lago Negro e um cão enorme encontrava-se deitado na grama, com olhos fechados, mas ouvidos atentos. O animal se levantou espreguiçando o corpo e latiu balançando o rabo para três garotas, que caminhavam em direção a aula de artefatos trouxas.

_ Olha! Que fofo. De onde você veio? – a garota que vestia a bata da Lufa-Lufa afagou-o nas orelhas.

_ Carmela! Deixa esse bicho ele pode ser perigoso – disse a amiga mais alta e  cautelosa.

_ Com essa cara de bobo? É só tamanho – o cão lambeu-lhe a palma da mão e depois lhe cheirou as pernas subindo gradativamente até as cochas. – Opa, cachorrão! Lugar errado.

_ Que tarado. Ainda por cima deve estar cheio de pulgas... – a garota gordinha que acompanhava as duas fez careta de nojo.

O cão pareceu ter entendido começando a se coçar diante dela.

_ Eu não disse! – a garota gordinha se encheu de razão.

_ É. Vamos indo, Carmela – a mais alta apressou a amiga.

_ Ta bom. Tchau cachorrão.

As garotas se viraram para ir embora, mas eis que o cão correu rasgando a saia de uma delas, justamente daquela que o chamou de pulguento e tarado.

_ Alguém segura esse cão – alguém gritou, mas o enorme cão já ia longe com a saia.

Distante dali já quase perto do salgueiro lutador, o animal se transforma em Sirius ainda com a saia na boca. Ele se livrou da prova do crime e rolou na grama contorcendo-se de tanto rir.

No entanto, aos poucos o riso foi cessando e se estirou deitado no chão, as lágrimas rolaram soltas fazendo-o esconder os olhos com o braço.

_ Mas que droga! – mordeu o lábio inferior quando ouviu o barulho bem do seu lado.

_ O que foi tão engraçado? Eu também quero rir. – Remo acabava de pular do Salgueiro.

Sirius olhou para o amigo e se sentou limpando a face na manga da camisa enquanto Remo se deitava colocando a cabeça sobre um dos braços.

Os olhos do amigo se voltaram para longe fazendo Sirius acompanhá-lo, o vento soprou neles e o azul no céu se estendia para todo os lados infinitamente.

_ Por que Remo? – Sirius quebrou o silêncio.

_ Hem? – ele se virou para encará-lo.

_ Você ama a Andy? – Sirius deitou-se novamente.

Um longo silêncio se estendeu antes que Remo pudesse responder.

_ Comigo Andy vai ter uma vida errante e filhos problemáticos como eu. O que eu posso oferecer a ela além de mim mesmo? Isso não é vida, Sirius. Ela merece ser feliz. Entende?

_ Não. Eu sou egoísta demais. Eu não sei porque Marlene não me dá notícias, mas se eu soubesse onde ela está... Eu iria até os Confins do Inferno atrás dela. Já não importa se ela não me ama mais ou se ela já não me quer... Não há por que mentir pra mim mesmo. A única verdade é que eu AMO e não há nada, nem ninguém que possa impedir isso.

Sirius se levantou olhando para o amigo ainda estendido.

_ Fiz a mesma pergunta pra ela... Quer saber o que ela me respondeu?

Remo meneou a cabeça, mas não sabia se estava preparado para ouvir.

_ “Remo está certo ao dizer que quero uma casa, filhos e alguém que possa estar comigo sempre. Poderia ter sido com ele, mas o sonho é meu. Portanto, só me resta encontrar alguém que queira compartilhá-lo comigo. Ele nunca seria feliz comigo”. – Sirius fez uma pausa breve antes de continuar – acho o amor de vocês altruísta demais, mas concordo que se ambos querem a mesma coisa... Quem sou eu pra dizer o contrário.

_ Obrigado por contar... – Remo se levantou sem olhar para trás ou mesmo se despedir e abriu a passagem secreta no salgueiro lutador que o engoliu por inteiro.

Sirius não teve tempo para pensar em responder tendo que se desviar da árvore que brandia os galhos violentamente. Ele teve um pouco de trabalho para sair do seu alcance e caiu sentado.

_ Mas que droga! – arfando de exaustão, ele esperou até recuperar o fôlego e se levantou novamente. – Aula de DCAT, lá vou eu. Estou louco pra acertar alguns.

Ele estalou todos os dedos das mãos e colocando-os dentro dos bolsos da calça afastou-se assoviando.

Cena 2 – Luz na Razão

Sirius ainda ficou na Sala de DCAT treinando com um boneco de madeira quando viu uma sombra se mover no seu flanco esquerdo fazendo-o atacar para perguntar depois.

_ Expelliarmus!

_ Protego! – o diretor foi mais rápido. – Temeroso Sirius, que inimigos o senhor pretendia encontrar em Hogwarts?

_ Errr... Talvez, algum namorado zangado.

_ Ah! Pensei que já tinha passado por essa fase.

_ Na verdade é algo inerente a minha força de vontade. Os problemas, isto é, as garotas voam como “moscas no fel”.

_ E naturalmente o senhor não consegue evitar? – Dumbledore sorriu levemente encarando-o por sobre os óculos.

_ Ah! Na maioria das vezes tento evitar, senhor.

_ Muito bem. Essa resposta é satisfatória, mas não é por isso que vim até aqui.

_ O senhor veio a minha procura? – Sirius demonstrou surpresa.

_ Sim, meu jovem – o diretor conjurou duas cadeiras. – Sentemo-nos. A professora McGonagal anda preocupada. Ultimamente com exceção de Lílian, James e Andrômeda, a outra tem faltado muita das aulas.

_ Desculpe, senhor – foi tudo que ele pôde dizer.

Sirius sabia que a formatura estava próxima e que ele havia perdido o foco. A intenção era entrar para a ODF e ajudar James no combate ao Lorde das Trevas.

_ A senhorita Marlene McKinnon está bem – Dumbledore espreitava o semblante do rapaz. – Não posso realmente dizer onde ela se encontra por que de fato eles correm perigo.

_ Perigo? – Sirius segurava o braço da cadeira com força.

_ Voldemort vem atacando toda e qualquer entidade que acolha os trouxas. Acredito que Hogsmeade tenha sido um aviso claro de que Hogwarts corre perigo. Os alunos ainda estão seguros aqui na escola, mas quantos deles voltarão para o início do semestre?

_ Qual a ligação disso com Marlene?

_ O Lorde das Trevas tem aniquilado trouxas sem hesitação, mas não se engane, ele tem menos tolerância para com os mestiços e com os bruxos que se deixam misturar. Ele tortura antes de descartá-los. O “crucio” acabou de ser considerado uma maldição imperdoável e está sendo usado para tortura.

_ De que forma posso ajudar a combatê-lo? – Sirius arregalou o olho atemorizado pela percepção do que era estar em guerra.

_ De duas maneiras, meu rapaz. Antes de qualquer coisa, assista às aulas e se forme com louvor. Precisamos de jovens capacitados na ODF. Infelizmente, não haverá juventude para quem começa a viver agora porque não haverá vida sem paz.

_ Então, pode contar comigo senhor. Não faltarei a mais nenhuma das aulas, mas isso não quer dizer que me comportarei.

_ É mais do que suficiente por ora – o diretor riu estendendo a mão enrugada para o jovem que o apertou num cumprimento, que selava um pacto entre bruxos de bem.

Cena 3 – O Amanhã

Peter olhou para Sirius enviesado, depois de tanto tempo não sabia como contornar a situação sem demonstrar mágoa.

_ O que foi Alomofadinhas – disse desconfiado.

_ Errrr... – Sirius estava realmente sem jeito, pois nunca se desculpava. – Acho que tenho sido um idiota ultimamente.

_ Só idiota?? Intolerante, intragável, pé-no-saco, purgante... – Rabicho enumerava os defeitos contando nos dedos sebosos.

_ Ow! Parou por “aí”. Se começar a me ofender não peço mais desculpas.

_ Você está se desculpando – a surpresa foi tanta que além de arregalar os olhos, Peter começou a olhar para o céu a procura de nuvens negras.

_ O que foi? – Sirius olhou para o céu sem entender a atitude de Rabicho.

_ Estou vendo se vai chover. É capaz de cair um temporal com essa sua atitude.

Sirius bateu com o punho cerrado na cabeça de amigo.

_ Ai. Tá louco? – Peter esfregou a cabeça no lugar dolorido.

_ Eu só estava testando pra ver se essa cachola funciona.

Peter parou um pouco olhando demoradamente para Sirius da cabeça aos pés.

_ Ih! Vai me dizer que está apaixonado por mim? – ele admoestou.

_ Você é bonito, mas nem tanto. Não faz o meu tipo.

_ Ainda bem. Acho que eu nem quero saber... Se você me disser que é o James eu vomito.

Sirius riu da brincadeira, mas Rabicho corou feito tomate maduro.

_ Por Merlin! Eu acertei?? – Sirius gargalhou mais ainda.

_ Bem-vindo de volta, cara. – Peter socou-o de leve no braço.

_ É. Como nos velhos tempos. Você vai pro baile de formatura?

_ Com certeza! Não vou perder a última boca-livre. E você?

_ E perder a oportunidade de beijar todas as garotas livres? Nunca!

_ Sei. Só as garotas livres? – a incredulidade estava estampada no rosto de Rabicho.

_ E alguma escapadela por trás das cortinas – Sirius piscou.

_ Eu vou estar muito ocupado. Não conte comigo.

_ Contar contigo pra quê mesmo?

_ Pra desviar os namorados furiosos. Você sempre arruma encrenca.

_ A vida só é boa quando se vive perigosamente. – Sirius gargalhou agitando os corredores de Hogwarts.


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