The Strange Girl - Franklin escrita por Chibi Midori


Capítulo 7
De Repente Dor




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O furacão Katrina passou por mim levando todo o meu cabelo pra cara. Ah, bela maneira de chegar à escola: parecendo a versão preta do primo Itt da família Adams. Ou a Samara d’O Chamado. Bom, meu cabelo sempre fica do jeito que eu coloco por que ele é muito fino. E por isso bastou me proteger do vento nos prédios da escola e passar a mão pra ele voltar ao normal.

Mas uma força obscura me fez ter o seguinte pensamento: Você não vai aparecer na sala de aula sem ter certeza da sua aparência agora que não é mais invisível. Antes de ir pra sala, você vai ao banheiro e vai olhar como está seu cabelo. Essa força obscura me força a muitas coisas, sabe? Coisas que eu não faria se estivesse no meu estado normal como passar reto pela sala de aula e ir ao banheiro no SEGUNDO ANDAR quando eu já estou meio atrasada. Luh tosca, Luh tosca, Luh tosca.

Entrei no banheiro e me olhei nos espelho. Claro que não tem nada de errado com meu cabelo. Bom, de errado tem. Ele é liso demais. Nhá. Não tem nada de anormal com o meu cabelo. Então eu escutei alguma coisa. Um soluço baixo e discreto no ultimo box.

Você está atrasada pra aula, Luh. Saia daqui agora e vá pra sala.

Eu não. Se tiver alguém chorando, eu vou ajudar.

A aula, Williams! A AULA!

Nããããoo! Eu vou ver quem está chorando, ver se eu posso fazer alguma coisa.

Tomara que seja a loira do banheiro. Tomara que ela te mate e te transforme na morena do banheiro. 

Ok, isso foi esquisito. Mas eu já estou acostumada a discutir comigo mesma como se fosse outra pessoa. Na verdade eu tenho uma consciência que é tipo o grilo falante do Pinóquio. O nome dele é Toff e ele é um bonequinho daqueles que parece um pirulito com quatro gravetinhos a guisa de pernas e braços.

Quando eu cheguei ao ultimo box, encontrei Heather Sunshine sentada sobre a tampa da privada chorando com vontade e enxugando o rosto com o papel higiênico, borrando toda a maquiagem. Os cabelos loiro-arruivados estavam presos num nó na nunca, para não entrar em contato com o rosto machado.

- Heather? Nossa, o que aconteceu com você? Está machucada?

- Ah, Luh! – eu senti um choque quando Heather levantou do nada e me abraçou com força – Estou completamente machucada, dilacerada, sangrando por dentro! Meu mundo caiu!

MEU DEUS! Por que nunca dou ouvidos ao Toff? Por quê?

- Calma Heather! Respira! Heather está tudo bem, fique calma!

Sempre que um dia começa normal, ele fica estranho. Sempre que um dia começa estranho, ele fica mais estranho ainda. Assim é a vida pra Ludmille Estranha Williams.

O lance é: Eu estou agora sentada no banheiro, junto à parede enquanto Heather Sunshine chora no meu ombro e desabafa. Adam deu um pé na bunda nela, pelo que eu entendi.

O que é muito estranho, por que ontem eu passei a tarde inteira com o Adam fazendo o trabalho de história e ele parecia absolutamente feliz da vida. Ele e eu fizemos o trabalho na biblioteca da cidade e depois fomos tomar sorvete juntos. Ele riu o tempo todo do que eu falava e quando me deixou em casa, saiu falando com a Heather no celular.

Eu não vi nada da expressão podre de feliz dele que sugerisse que o seu namoro passava por uma fase difícil ou que ele não estava satisfeito com alguma coisa. Ao contrário, ele tinha um brilho apaixonado nos olhos a tarde toda.

Eu tirei um chocolate da mochila e entreguei a Heather – sim, minha mochila sempre tem alcaçuz, chocolate e chiclete, ALGUM PROBLEMA? – dizendo que ajudava a animar. Ela pegou o chocolate e começou a comer gemendo que agora comeria chocolate e engordaria, pois não tinha mais o Adam pra admirar seu corpo malhado.

Heather me contou tudo. Falou-me sobre como seu primeiro beijo com Adam havia sido especial, entrou em detalhes sobre a primeira vez em que saíram e de repente eu já sabia toda a história de Heather e Adam. Eu a abracei quando os soluços a dominavam, murmurei palavras de conforto quando ela calava-se e consolei-a.

De repente, felicitei-me por não ter ouvido o Toff. Heather definitivamente não conseguiria passar por aquela barra sozinha.

Mas você não tem nada haver com isso. Heather não faria o mesmo por você.

Cala a boca, Toff. Talvez agora ela faça. Agora que eu fiz por ela. Talvez agora sejamos amigas. Nós SOMOS amigas. Ninguém fala dos próprios sentimentos assim pra uma garota que odeia. Estou conquistando os amigos aos poucos. Primeiro a Gretchen, do nada. O Tyson, só por conhecimento. Depois o Josh, dando um alcaçuz a ele. O Adam, caindo de bunda no museu. E agora a Heather, ouvindo seu desabafo.

Quase hora do almoço agora. Heather chegara à parte onde Adam lhe dissera as terríveis palavras finais. Pela primeira vez, a porta do banheiro abriu-se e Gretchen entrou com lágrimas nos olhos. Ah, não! Só falta o Tyson também ter terminado com ela.

- Ah, Luh! Graças a Deus encontrei você!

- Gretch, o que...?

Mas Gretchen correu e me abraçou com força como se EU, e não Heather, precisasse de consolo.

- Josh e eu ficamos tão preocupados quando você não apareceu na aula... Eu sinto muito, Luh. Sei como deve ser difícil perder um pai num acidente de carro...

- Gretchen! Do que você está falando?

- O Luke falou. O pai dele era amigo do seu, não é? O pai do Luke disse a ele sobre o acidente que seu pai sofreu ontem à noite. Morte instantânea e... – de repente, Gretchen fez cara de horror – Você ainda não sabia!

Pisquei atordoada. Meu pai. Morto. Não. Não é possível. Não faz sentido. Não o meu pai. Meu pai, meu pai, meu pai. Meu! Não podia me deixar assim. Não. Não.

Movida por rodinhas, saí do banheiro sentindo o rosto apático. Do lado de fora do banheiro, Josh e Adam esperavam de costas.

- Você a achou, Gretch? – perguntou Adam virando-se. Aí ele me viu – Luh! Achei que fosse a Gretchen. Ah, Luh...

- Não. – murmurei e continuei andando.

- Luh! – chamou Josh, segurando a minha mão.

- Me deixa Josh! – gritei lutando pra me soltar – Eu quero ir pra casa! – minha voz embargou na palavra casa

E, eu não sei ao certo como, no instante seguinte eu estava chorando alto no peito do Josh enquanto ele me apertava. Eu não podia suportar uma dor assim. Era o meu pai! Ele não podia estar morto. Não. Nunca mais vê-lo ou... NÃO!

- Sim, vou levar você pra casa. – prometeu Josh no meu ouvido e beijando ali.

- O que houve Adam?

- O pai dela morreu.

- Não! Como isso aconteceu?

- Aquela é a Williams? Agarrando o Watson?

Chorei e ignorei as vozes. Não faziam sentido e eu só queria ir embora. Desmaiar, morrer. Qualquer coisa que fizesse parar a dor. E eu sabia o que faria: Meu pai. Eu quero o meu pai, agora mesmo.

E de algum modo eu estava num carro. Derramei lágrimas em bicas. Vi alguém assumir a direção. Provavelmente era o Josh. Olhei só pra constar. Sim, definitivamente o Josh. Eu não queria a companhia de mais ninguém naquele momento.

Chorei durante todo o curto trajeto até em casa. Pela primeira vez não gostei de morar perto da escola. Havia algo de reconfortante em ficar com ele. Quando o carro parou, tentei sair e meus dedos lutaram em vão contra aquele trequinho, cujo nome me foge a memória, e que abre a porta do carro. Alguém abriu a porta pra mim e uma mão forte e quente envolveu minha cintura, me rebocando.

Josh tocou a campainha e minha mãe abriu. Os olhos dela estavam vermelhos e correram dele pra mim, pesadamente apoiada nele e ainda chorando.

- Ah, meu bem... – Minha mãe gemeu e me abraçou. Fiquei parada e mole, enquanto minha mãe me apertava.

E de alguma maneira desconhecida, eu estava no sofá da sala ao lado do Josh.

- O que houve senhora West?

- Ah, foi tão repentino, Josh. Um caminhão desgovernado bateu no carro dele. O motorista dormiu. Tão injusto... Bill era sempre tão cuidadoso ao dirigir...

- Eu sinto muito.

- Ah, eu estou tão preocupada! Os avós paternos da Ludmille já morreram, os parentes mais próximos que Bill tinha eram uns primos distantes, acho que eu vou ter que cuidar de muitas coisas. Ah, Ludmille. Eu não queria deixar você sozinha, meu amor. Mas hoje à tarde eu tenho que fazer umas coisas e seu avô viajou e sua avó tem que cuidar do Henry, eu...

- Eu vou ficar com ela, senhora West.

- Ah, Josh... Faria mesmo isso?

- Claro que sim. Não se preocupe com a Luh. Eu sei que é algo difícil, mas ela vai ficar bem.

Bem? Bem?! Como o Josh podia prometer isso a minha mãe? Claro que não ia ficar nada bem! Minha mãe saiu da sala e eu a ouvi soluçar. Eu de repente estava insensível. Doía tanto que cada parte do meu corpo ficou dormente. Nunca mais vou ver meu pai. Nunca mais ele vai prender minha franja e dizer que alguém com o rosto tão bonito quanto o meu não devia escondê-lo.

- Eu sei que é ruim Luh. Mas vai ficar tudo bem. Eu prometo. - Josh me puxou e me abraçou outra vez. Senti-o beijar o topo da minha cabeça.

Solucei e balbuciei palavras soltas, sem sentido, enquanto ele me deixava arruinar sua camiseta com lágrimas. Depois de algum tempo chorando, comecei a sentir um leve incômodo por forçar o Josh a me ouvir chorar ininterruptamente. Ele apenas afagava meus ombros e beijava minha testa às vezes, como se soubesse que palavras de conforto me magoariam ainda mais.

- V-V-Você Po-o-de ir pra c-casa se qui... Quiser J-osh. Est-t-t-ou b-b-b-b... – A palavra “bem” era a maior mentira que eu podia ter falado. Talvez por isso ela não tenha saído.

- Shh... Não vou a lugar nenhum. Não com você sofrendo desse jeito. – Ele falou no meu ouvido. O arrepio não veio, tal era meu sofrimento. Não dei importância e não resisti. Por que eu precisava dele ali. Eu estava aos pedaços e meu único consolo no mundo era o Josh. Eu podia ficar ali nos braços dele pro resto da minha vida. A minha parte egocêntrica exultou quando ele disse que ia ficar.

Queria acreditar que ia mesmo que ia tudo ficar bem, mas eu não acreditava. Enquanto isso, eu tudo o que eu podia fazer era desabar e sofrer. Felizmente eu tinha algo me mantinha ligeiramente melhor. Josh, meu melhor amigo. Argh.

 


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Notas finais do capítulo

Gente, eu ACABEI a fic Não por que eu matei o pai da minha personagem principal, mas por que eu LITERALMENTE acabei. Agora, tenho uma novidade para vocês: Vai ter continuação! Vai ter uns 12 ou 13 capitulos (Esqueci e estou com preguiça de abrir o word pra ter certeza, pq meu computador tá mal hoje)... E depois ainda vai ter continuação! o/
Digam o que acham disso. Também se não quiserem eu posto só até o final dessa mesmo =B
Bjs'