The Strange Girl - Franklin escrita por Chibi Midori


Capítulo 6
Amigo Novo




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Josh segurava a minha mão e parecia tenso. Ele andou em silêncio até o banco da pracinha. O mesmo banco em que nós conversamos a primeira vez. Eu nunca tinha visto o Josh tão sério e isso era muito grave.

- Eu prometi a você que eu ia te falar a verdade... E agora eu tenho que falar. Mas isso é bom. Acho que eu não ia poder guardar isso pra mim por muito tempo. – ele falou, parecendo desamparado.

- Josh?

- Meus pais resolveram me “internar” aqui em Franklin por causa da minha namorada. – ele falou sem olhar pra mim. – Lembra que eu te falei que foi por causa de drogas? Era por que a minha namorada era viciada.

- Se a sua namorada era viciada, o que você...

- Ela estava se afundando no vício, sabe? Eu me preocupava com ela, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Eu tinha experimentado, sabe? Uma vez. – ele falava mais consigo mesmo que comigo – Mas eu vi o que estava acontecendo com os meus outros amigos e larguei antes que me encrencasse também. Mas [i]ela[/i] se meteu com coisa grande demais pra ela. Uns caras barra pesada.

- E você com certeza não ficou quietinho como um mero expectador, né? – Deduzi. Eu conhecia Josh há pouco tempo, é verdade. Mas eu [i]conhecia[/i] ele. Não. “Conhecia” não é a palavra. Acho que o termo certo seria “entendia”. E entendia muito bem.

- Claro que não. Acho que eu sempre tive a língua comprida. E fora isso, ela era só uma garota, pelo amor de Deus!

- Ah, sim. Eu tinha esquecido que estamos na Idade Média e que você é um cavaleiro destemido. Desculpe.

Ele sorriu pra mim, talvez por que tenha percebido que eu não estava condenando sua atitude. Apenas sendo irônica pra deixar claro que eu compreendia seu lado, faria o mesmo, mas ainda assim achava uma atitude idiota. Cara, é como se eu lesse os pensamentos dele e ele lesse os meus.

- Aconteceu de repente. Eu disse uns lances que irritaram o Ashton. E ele me chamou pra roleta russa. O Ryan tentou impedi-lo por que achava que eu não ia dar pra trás. O Ryan era até legal, mas o Ashton era um completo mau-caráter.

Roleta russa.  Aquele  jogo de azar onde os participantes colocam uma bala — tipicamente apenas uma — em uma das câmaras de um revólver. O tambor do revólver é girado e fechado, de modo que a localização da bala é desconhecida. Os participantes apontam a arma para suas cabeças e atiram, correndo o risco da provável morte caso a bala esteja na câmara engatilhada. E eu achando que nem [i]existiam mais[/i] aquelas armas.

Meu Deus, no que o Josh andou se metendo pra proteger a namorada? É MUITA burrice se envolver com traficantes quando você NÃO USA drogas e nem pratica nenhuma atividade realacionada. Aliás... É burrice se envolver com traficantes. Ponto. Eu sei que no lugar dele, eu teria vontade de fazer a mesma coisa. Se fosse pra proteger alguém que eu amo. Só não acho que eu teria coragem.

Eu provavelmente ficaria no meu quarto, chorando com a minha impotencia e rezando pra que um outro alguém fizesse alguma coisa. E de repente notei que era isso que Josh queria fazer. Mas não podia por causa de algum sentimento de orgulho masculino. 

- E como você saiu dessa? – perguntei e senti um arrepio nas minhas costas.

- Não saí. No começo. – ele me olhou sombriamente e eu senti que estava empalidecendo ao ver que ele falava sério – Mas a minha mãe descobriu e entrou em pânico. Ela me forçou a vir pra essa maldita cidade passar um tempo com o meu pai. Odiei isso. Odeio ficar aqui nesse fim de mundo enquanto Lindsay está lá sozinha... Mas eu não acho que o Ashton fosse mesmo pra roleta russa. Quer dizer... Ele tem uma arma, mas ele é só um filhinho de papai idiota. Nunca atirou em ninguém.

- E você tem um plano pra voltar pra LA. – afirmei. Isso era fácil de deduzir.

- Sim. Eu deixei meus pais acreditarem que eu aceitei tudo. Estou andando com o pessoal daqui e meio que usando vocês... – Quando ele falou isso, fiquei magoada. Não demonstrei emoção nenhuma, é claro.

Mas era por isso que ele estava comigo? Pra que o senhor Watson soubesse que ele estava com a garota que o papai tinha escolhido? Ele ergueu o rosto e examinou minha expressão vazia. Sorriu levemente.

- Não me entenda mal, Luh. Eu gosto bastante de você, de verdade. Só que é conveniente pra mim que as pessoas achem que estou apaixonado por você ou coisa assim.

- Eu entendo você. Você a ama. Está disposto a qualquer coisa por ela. – falei com toda a mágoa indo embora. – Não ligo que me use. Só fico feliz de entender seu comportamento estranho. Você não precisa ficar comigo, está bem? Quer dizer... Pode dizer às pessoas que está comigo e fazer outras coisas, eu ajudaria você a...

- Não me importo de ficar com você, Luh. – ele sorriu - Eu já disse que gosto de você. É minha amiga. Mas obrigada, isso significa muito pra mim.

- É um plano idiota, Josh. Sua idéia é fingir que está feliz? Não acha que se for assim, seu pai vai querer você aqui?

- Sei. Mas eu vou deixar que eles se acalmem. Estou juntando uma grana. Quando eu for maior de idade, daqui a um ano, vou poder voltar a Los Angeles, Luh. – ele falou como se dissesse que planejava ir a locadora alugar um filme.

- E depois disso? – perguntei – Você tem que ser realista, cara. Vai confrontar seus pais, mudar pra uma cidade... E aí? Vai viver do amor?

- Vou me virar. Um emprego não é tão difícil de arranjar em Los Angeles. – ele falou, mas sua testa se vincou

- E mandamos o realismo pras cucuias, né, colega? – perguntei fazendo um sorriso tenso surgir em seu rosto.

- Obrigada pela preocupação, Luh. Mas por enquanto é só uma idéia má formulada. Eu tenho um ano pra pensar em tudo, não se preocupe. Se eu entrar demais no estilo “Living on a Prayer” você vai me refrear, né?

Revirei os olhos. Living on a Prayer era a música do Bon Jovi. Bem, tinha certo haver com a situação dele. Mas nem tanto. Ele me abraçou. E isso foi lindo. Somos agora mais que amigos. Melhores amigos, por falta de expressão melhor. Ele está fazendo tudo por amor à namorada. Muito lindo realmente. E eu vou ajudá-lo no que eu puder, mas vou ter que tomar cuidado. Cuidado pra conseguir convencer o Josh a amá-la e cuidar dela de um jeito que não envolvesse armas. Roleta russa. Argh! Estremeci.

**

- Acorda, Luh.

- Vai pra merda, Josh.

- Parem de brigar como um casal de velhos! – Gretchen sibilou pra mim e Josh – Você! Acorde por que a aula já vai começar. E Você! Pare de implicar com a minha amiga.

- Sim, mamãe. – Josh e eu falamos ao mesmo tempo.

É muito esquisito, sabe? Até ano passado, eu era o ET invisível. E hoje eu tenho até um grupinho. Gretchen, Josh e eu somos inseparáveis. Tyson nos acompanha às vezes. Jeanine ainda me odeia, embora eu não tenha idéia do por que. Adam e Heather me ignoravam por completo. Enfim: Esquisito.

- ...trabalhos em duplas. – o professor ia dizendo – Vamos visitar o museu e depois quero um relatório completo, digitado, cinco páginas...

Xinguei o professor por dentro enquanto ele dava mais detalhes do trabalho. Odeio trabalho em dupla. Odeio visitar museus. E odeio relatórios. A experiência vai ser um ódio, em outras palavras. Levou alguns segundos pra que eu entendesse que o professor estava dizendo o nome das duplas. Gemi.

- Gretchen Gardiner e Jeanine Peterson. – Droga. Perdi a Gretchen. Talvez eu fique com o... – Joshua Watson e Tyson Crowley.

VELHO MALDITO! Me tirou o Josh e o Tyson de uma única vez!

- Adam Carrow e Ludmille Williams. Heather Sunshine…

Ah, não. Eu não posso acreditar. Adam Carrow. E eu. Numa dupla de um trabalho. Odeio o professor de história a partir de agora. Da mesma forma que Adam Carrow me odeia. Merda.

**

Duas palavras: Situação. Constrangedora. É o mínimo que eu posso dizer de andar ao lado de Adam Carrow num maldito museu. Eu nunca falei com ele. Não diretamente pelo menos. E alguma coisa no Adam me inibe. Sei lá, ele é meio intimidante. Medo.

- Então...  – Comecei – O que exatamente temos que fazer?

- Temos que escolher uma seção do museu sobre a qual falar depois fazer um relatório. – ele respondeu sem me olhar. Eu nunca tinha reparado que a voz do Adam era grave e profunda.

- Hm... Você tem alguma preferência?

- Você pode escolher o que quiser, eu não ligo. – Simpááático...

- Tudo bem. O que você acha de... AI!

Há. Você nem imagina. Podia correr tudo bem. Eu podia ser fria com ele e ignorá-lo como ele me ignorava. Eu podia ser indiferente ao que Adam pensava de mim. Mas a anta aqui estava tentando ser simpática. E a anta aqui tinha que ficar olhando pro Adam e não pro chão. E esqueci que havia três degraus descendo ali. E eu caí. Uma cena muito digna, diga-se de passagem. ME MATA!!!

- Ludmille! – Aí! Palmas para o Senhor Frio. Ele sabe o meu nome. – O que...? Você está bem?

- Ai! Estou ótima. Caraca, vou ficar uma semana sem me sentar! Ai, minha bunda...

Bom, aí você pensa: Esse foi o mico do ano, Ludmille, não pode ficar pior. Adam ficou olhando pra minha cara com a expressão vazia. Enquanto isso não me ocorria a brilhante idéia de levantar. De repente a minha expressão desnorteada foi demais pro Adam. E começou a rir. Rir MUITO. E bastante alto. Levantei e trinquei os dentes com força. Saí batendo os pés com muito ódio de mim.

Correção: As pessoas param de cair quando chegam ao fundo do poço. Não eu. Eu cheguei ao fundo e cavo um buraco pra piorar. Sempre pode ficar pior quando se trata de Ludmille Jinx Williams. Meu nome devia ser Jinx. Por que isso quer dizer “Azarada”.

Alguém segurou a minha mão que estava fechada em punho e me puxou.

- Ei, desculpe! – pediu Adam – Mas você devia ter visto a sua cara. Foi falta de cavalheirismo rir. Mas se EU tivesse pisado em falso e caído por três degraus de bunda... Você não riria?

Quando ele acabou de falar, estava rindo outra vez. Imaginei a cena da minha queda, um sorriso relutante se formando no meu rosto. Bom, eu estaria me acabando de rir até agora se tivesse sido com ele.

- É, acho que foi engraçado. Que droga! Por que sempre acontece comigo?

- Você cai bastante então? – ele me perguntou, começando a andar e sem soltar a minha mão.

- Bastante não. Eu só tropeço a cada cinco passos. – admiti dando de ombros e isso o fez rir. Então tudo o que eu precisava fazer era cair na frente dele? Por que ele não disse logo?

- Vou tentar não rir mais. – ele prometeu

E depois eu é que sou a estranha! O cara me trata como um pedaço de bosta e SÓ POR QUE EU CAÍ começa a me tratar feito gente. Bom, não foi TÃO odiável quando eu achei que seria depois que o Adam começou a me tratar bem. Era quase tão fácil quanto falar com a Gretchen e o Josh.

Quase, por que com Gretchen e Josh era mais fácil. Alguma coisa no Adam me deixava pouco a vontade. Mas foi até divertido. Passar um tempão num museu com Adam Carrow. Divertido. Meu Deus, fui eu mesma quem pensou isso?

 


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Notas finais do capítulo

Olá, meus lovos Eu me viciei em escrever essa fic. Caso vocês queiram saber, eu tenho mais de dez capitulos prontos... E andei escrevendo umas coisinhas que... Hm, se vocês quiserem saber terão que deixar a Luh(a Sales, a eu) feliz. E como a Luh fica feliz? COM REVIEWS o/ Bjs'