A Garota Gelo escrita por Lis Bloom


Capítulo 34
Capítulo 35




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O estúdio era muito maior do que eu tinha imaginado, havia uma fila enorme do lado de fora, será que estavam fazendo algum tipo de teste?

_ Gente, não é a garota do youtube? – Pergunta alguém vindo da direção da fila.

_ É ela. – Grita outro, e então a maioria vem em minha direção, alguns elogiando o meu look, outros pegando em meu cabelo, eu realmente estava muito constrangida com aquilo, dou um sorriso para todos e então sou salva por alguma alma boa.

Eu não queria ser tratada daquele modo, não que eu não gostasse, mas eu queria ser tratada como uma pessoa normal, talvez eu estivesse começando a ficar paranóica com isso tudo.

Entrei em um salão enorme, com vários quadros pendurados nas paredes de cantores famosos que tinham passado por ali, será que eu poderia ser a próxima?

A minha mãe estava ao meu lado o tempo todo, sentamos na poltrona mais próxima, até que um homem baixo, calvo, com uma barriguinha transparecendo através de sua camiseta polo de cor azul bebê e uma calça jeans, não combinando em nada com o seu sapa tênis verde, aquele cara realmente não tinha qualquer aptidão para senso de moda.

_ Você deve ser Melissa, a nova sensação do momento? – Pergunta ele com a sua voz grossa, porém não agressiva, estende sua mão para que eu possa apertá-la.

_ E a senhorita. – Diz ele se dirigindo a minha mãe. – Mãe de Melissa. – Fala ele estendo novamente a sua mão.

_ Por favor, pode me chamar de você. – Diz ela dando um sorriso de lado.

_ Me chamo Antônio, Sandra deve ter comentado de mim para vocês, estou muito honrado de ter aceitado o meu convite Melissa, tenho certeza que irá fazer um belo trabalho, você tem uma belíssima voz, se não se importem, poderiam me acompanhar, por favor? Iremos começar o trabalho já, já. – Diz ele indicando para que os seguíssemos.

Entramos por uma porta dupla feita de madeira, toda trabalhada por desenhos enigmáticos, o que tinha de trás daquela porta me deixou de queixo caído, eu nunca tinha entrado em uma sala onde se gravava CDs, e aquela era realmente imensa, com equipamentos de última geração, havia um vidro enorme no meio da sala que ia do chão ao teto, era do outro lado que ficava o cantor, como nos clipes que eu via pela internet, agora era a minha vez de ocupar aquele posto.

_ Primeiro quero que você cante músicas que já conhecemos, e ver no que você precisa melhorar, logo depois quero que cante suas autorais, sabe tocar violão? – Pergunta Antônio se sentando em uma poltrona que dava para os equipamentos de última tecnologia, com alguns colegas de trabalho do lado mexendo em alguns botões.

_ Sim. – Respondo.

Tinha feito a lista de algumas músicas que eu iria cantar, é claro que eu estava nervosa, mas aquilo só iria me atrapalhar, então respirei fundo, entreguei a lista para ele, que balançava a cabeça enquanto lia os nomes, e então gesticulou para que eu me dirigisse ao local do outro lado do vidro, e foi o que fiz.

A primeira coisa que eu pensei foi “Ai meu Deus, esse microfone é muito foda”, as outras pessoas do outro lado começaram a apertar alguns botões para colocar um ritmo diferente, mas com a mesma melodia de músicas já conhecidas, coloquei o enorme fone no ouvido, fechei os olhos esperando o sinal que logo foi dado, e comecei a cantar, esquecendo de tudo e todos ao meu redor.

Stranger in Moscow era uma música perfeita, e é claro que foi a primeira a ser gravada.

Terminada de cantar a música abri os olhos e todos estavam olhando estupefatos para mim, tinha dado alguma coisa errada?

Saio da sala com o coração batendo a mil, eu sabia que isso nunca daria certo.

_ Eu estou sem palavras. – Diz Antônio levantando-se da cadeira e cruzando os braços, olhando diretamente para mim. – A sua voz é ainda melhor de perto, incrível.

_ Está falando sério? – Pergunto sem acreditar, talvez a minha decisão não tenha sido tão idiota assim.

_ É claro que sim, agora entre novamente naquela sala, não vejo a hora de lançar logo esse cd, será um sucesso.

Minha mãe estava com um sorriso enorme nos lábios.

Passei praticamente a tarde toda gravando, e foi uma das melhores coisas que já aconteceu comigo, é claro que cansava um pouquinho, em alguns momentos eu tinha que parar para tomar um pouco de água, mas valia o esforço, o resultado sairia no dia seguinte, e se aprovássemos, já iria ser lançado.

_ Muito bem Melissa, por hoje acabou, amanhã você voltará as 09h00min para avaliar o resultado. – Diz Antônio. – O carro está a sua espera lá fora, até amanhã, e mais uma vez foi um ótimo trabalho.

_Muito obrigada Antônio. – Respondo puxando as mãos de minha mãe para nos dirigirmos ao carro, eu não queria voltar logo para o hotel, queria poder dar uma volta na grande São Paulo, conhecer lugares, me divertir um pouco.

Quando já estávamos dentro do carro eu pergunto ao motorista:

_ Se importa de darmos uma volta na cidade? Queria conhecer um pouco.

_ Claro senhorita, aonde deseja ir?

_ Está louca Mel? Você tem que descansar um pouco para amanhã. – Repreende minha mãe. – E eu ainda tenho que ligar para o seu pai e saber se a sua irmã ainda está viva.

_ Mãe, você pode ligar do seu celular, além do mais, não é todo dia que vamos a uma cidade como essa.

_ Como se não tivéssemos condições – Contradiz ela.

_ Eu quero ir ao lugar mais apreciado daqui. – Digo me dirigindo ao motorista e ignorando a minha mãe que continuava a resmungar.

_ Estamos a caminho. – Responde ele rindo.

Não conhecia nada daquele lugar, então é claro que eu estava completamente perdida.

_ Está tendo um show de uma banda de rock bem famosa aqui em São Paulo, não é de um nome reconhecido grandiosamente, mas é muito boa, eles estão tocando lá no Citibank Hall, e é para lá que estamos indo.

_ Estamos confiando em você. – Diz a minha mãe remexendo-se desconfortavelmente no banco do carro, ela não tinha com o que se preocupar, ele aparentava ser uma pessoa legal.

Demoramos um pouco para chegar ao local que estava completamente cheio, mas por sorte não tinha quase ninguém na fila dos ingressos.

_ Então você curte rock? – Pergunto ao motorista que com a conversa que tivemos durante o trajeto, descobri que se chamava André, tinha 24 anos e estava fazendo faculdade de direito, aquele era só um trabalho para conseguir pagar as contas.

_ Muito. – Responde ele que já tinha comprado os ingressos e estava nos direcionando a entrada. – A sua voz é muito bonita por sinal, espero que dê tudo certo.

_ Eu também.

_ Filha, tem certeza que não quer ir para outro local? – Pergunta novamente a minha mãe, ela não curtia muito essas coisas, estava mais para um sertanejo ou algo do tipo, mas fazer o quê, o André já tinha comprado os ingressos.

_ Não mãe, agora vamos entrar.

O local estava ainda mais cheio dentro, aquela banda realmente deveria fazer o maior sucesso, e eles já estavam no palco cantando, se não me engano, estavam cantando Holiday da banda Green Day, uma das minhas favoritas.

Olho para o palco e vejo três caras que aparentavam ter uns 18 ou 19 anos, um era moreno, magro, aparentava ser bem alto, os cabelos eram encaracolados e curtos, estava na bateria, o outro era japonês com os cabelos negros extremamente lisos que estava no baixo, e o vocalista tinha uma estatura média, a pele pálida, os cabelos cor mel e ondulados, estavam um pouco espetados para cima devido algum gel, aquela banda me fez lembrar um pouco a que eu quase tinha participado, não, aquilo era passado.

André leva a gente mais para frente do palco, foi um pouco difícil a passagem, mas conseguimos agora eu conseguia vê-los perfeitamente, mas aquilo não importava agora e sim a música, fecho os olhos e sigo o som da melodia, a sua voz caía perfeitamente como uma luva feita sob medida.

A música para de repente e sou obrigada a abrir os olhos para ver o que tinha acontecido, até que vejo o vocalista olhando diretamente para mim e diz:

_ Ei, não é você a garota da voz bonita? Poderia subir aqui para poder cantar uma música comigo?

Essa me pegou de surpresa.

E eu nem sabia o nome da banda.

“É fácil viver com os olhos fechados

Sem entender o que se vê

Está ficando difícil ser alguém

Mas tudo parece funcionar bem

Não é muito importante pra mim”

Strawberry Fields Forever – The Beatles


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Notas finais do capítulo

É claro que nunca fui ao Citibank Hall, mas o que custa sonhar?



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