Agatus - A Descoberta escrita por Letícia Francesconi


Capítulo 57
De Volta


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus Cupcakes ♥♥ como vão vocês?? Eu sei que demorei, mas é que não tive muito tempo. Queria dedicar esse capítulo a linda Vicky (psiu: ainda vou terminar de ler Doce Fascínio rsrsrs). Um beijão!!



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Kendria levou-nos ao portal. Não me recordava exatamente do local. Era tudo tão frio, tão inativo, tão... morto. O silêncio me cobria com sua capa negra e espessa. Incomodava. A respiração da minha mãe era inexistente, assim como a voz de David. As pegadas ligeiras de Kendria não ecoavam em meus ouvidos.

Aproximei-me das marcas impressas no chão alvo. Era assustador como os símbolos não haviam desaparecido sobre a neve, durante um longo período.

– Agatus, revele-se – falei. Minha mãe interrompeu-me.

– Agatus já está aqui – sorriu ela, afastando-me do portal.

Senti-me intimidada e desconfortável em saber quem minha era, realmente. Eu gostaria de gritar com ela, por ter me escondido tudo isso, por tanto tempo. Mas, somente suspirei e prossegui calada. David agonizava. Não sei o que ela fez, pois não notei um passo seu, muito menos algum gesto. Apenas senti uma energia me envolver e me puxar, uma forte luz nos encobriu.

David berrou, quando alcançamos a sala de treinamento. Minha mãe correu até o grande baú, abrindo o mesmo. Logo, exalando fúria, fechou-o com brutalidade.

– Droga! – com suas vestes alvas, que tão belas flutuavam ao ar em seus movimentos céleres, atravessou a sala como um raio. –As varinhas, todas destruídas – ela olhou para David e suspirou, exasperada. Voltou ao baú e o chutou. – Richard, seu desgraçado!

David me fitou, seus olhos estavam confusos. Por eles eu podia ver toda sua aflição. Seu sangue manchava o chão frio, algumas lágrimas escorriam. Nós precisávamos sair daquele lugar.

– Vá atrás de Christine – disse ela. –, eu cuido de David.

Não hesitei ao sair em disparada pelo corredor sombrio. Imagens de Raj surgiram em minha mente, num relance, enquanto corria. Ergui a cabeça e apaguei com um suspiro aquelas memórias.

Abri algumas portas, apressadamente. Mesmo o local estando gélido, eu suava. Minhas mãos, trêmulas, eram frias.

Ela não estava em lugar algum. Desesperei-me.

– Christine! – gritei sem sucesso, apenas ouvindo o eco vazio que minha voz formava entre as paredes escuras. As lágrimas caíam pesadas, enquanto, sem consciência exata, ajoelhei-me no tapete rubro e espesso. O corredor sombrio me vigiava com seus olhos absortos e invisíveis.

Encontrava-me diante do momento final. Eu tinha derrotado Richard, definhando toda tensão. Victoria havia sido deixada na floresta de Agatus. Não tenho noção, mas, suponho que seu fim tenha ocorrido. Prometi à Christine que a salvaria, não só a ela, mas a todos. Meu êxito final foi reencontrar David. E, embora estivesse ferido, eu estava imensamente grata por tê-lo ao meu lado, outra vez.

Respirei o ar que me cercava e, com relutância, levantei. Meus pés formigavam e minha nuca ardia, como se algum gato tivesse a arranhado. Ao abrir a gigantesca porta da sala de Richard, nada encontrei além da escuridão.

Sem êxito, retornei a sala de treinamento. Minha mãe estava ajoelhada, examinando a imensa ferida de David. O sangue aparentava ter parado de fluir como antes.

– Eu não a encontrei em lugar algum – arfei. – Conseguiu curá-lo? – perguntei ansiosa.

Ela sacudiu a cabeça e ergueu-se.

– Não – seus olhos angelicais possuíam um ar decepcionado. -, apenas estanquei o sangramento, ele está se curando lentamente.

Acariciei os cabelos negros de David, que tomou minha mão com a sua.

– Ainda não parece boa... Como se sente?

– Não se preocupe comigo, Kat. – seus lábios tocaram minha mão. Sorri em resposta. – Eu vou ficar bem. – ele fez uma careta ao espiar a perna. – Está suportável.

– Temos que ir depressa – disse minha mãe, inquieta.

– Mas, e Christine?

– Não temos mais tempo.

Levantei os olhos e a encarei, incrédula.

– Não podemos deixa-la aqui!

– Olhe aqui, Katharine – ela segurou meu maxilar com delicadeza, embora sua face demonstrasse impaciência. – Conheço Christine há séculos – repentinamente, fechou os olhos e suspirou. – e sei que ela é astuta o suficiente para fugir. – ela me soltou, dando um passo para trás. – Então, não precisa se preocupar.

Assenti, enquanto ela se atirava no chão para examinar os símbolos ali projetados.

– Precisamos voltar à Nova York – levantou a cabeça abruptamente para me encarar com precisão. Um sorriso leve delineava seu rosto. – Pode me ajudar a fazer isso?

Ajoelhei-me para traçar um dos gigantescos símbolos com os dedos. Pareciam estar entalhados no chão, algumas de suas partes ainda estavam quentes.

– Precisamos ficar juntos. – disse ela rapidamente. Ajudei David a ficar razoavelmente “de pé” e nós três nos unimos por um abraço em grupo. – Prontos?

Fiz um sinal positivo com a cabeça, assim como David. Apenas fechei os olhos, sem pronunciar alguma palavra em latim ou híndi, pois eu sabia que Agatus nos guiaria seguramente.

No começo, ou seja, nas últimas horas, não fora nada fácil de entender. Era completamente inacreditável o que havia acontecido, mas, (embora toda essa informação praticamente fritasse meu cérebro) eu estava extremamente confortável em saber que minha mãe estava de volta e que David estava presente. Além disso, saber que Richard não estaria mais ao nosso alcance e que Victoria havia supostamente desaparecido do mapa trazia um grande alívio ao meu subconsciente.

Quando voltei a abrir os olhos, a rua enevoada erguia-se ao nosso redor. Fria, vazia e familiar para meus olhos. Talvez David estivesse mais surpreso e satisfeito que eu. Mas, mesmo estando de volta, a sensação de vazio me englobava como o vento frio que ali nos circulava. Olhei para trás, sentindo que algo que faltava. Eu queria voltar àquela casa, despedir-me do que havia restado dos sinais dele. Mesmo tendo lidado com diversas angústias, sofrido nas mãos de Richard e Victoria, eu ainda tinha boas lembranças daquele lugar. Raj continuava em minha cabeça e ainda fazia meu coração ofegar descontroladamente, célere como uma bomba relógio e, ao mesmo tempo, o fazia pulsar manso e silente, como um reloginho com pilhas fracas.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Minhas pernas fraquejaram.

– Kat? – David me despertou de meus pensamentos. – Kat? Tudo bem?

Olhei ao nosso redor, assustada. O ambiente havia mudado sem que eu mesma percebesse. Estávamos no hospital, o mesmo em que Peter estivera. David permanecia deitado, a perna completamente enfaixada. Ignorei todos os sibilos dos aparelhos que o rodeavam e as agulhas que adentravam sua pele, quando seus lindos olhos azuis me fitaram. Eu ainda tinha a sensação de que ele se apoiava em mim.

– Sim – lhe dei um beijo rápido. – Eu... Eu só estava... Acho que...

– Tudo bem, Kat – David beijou minha testa. – Vai ficar tudo bem. Não se preocupe. – ele riu ao olhar a perna enfeixada. – Afinal, não pode ficar pior, não é mesmo?

– Onde está minha mãe? – ignorei sua piada, sem mesmo me dar conta.

– Aqui. – meus olhos foram velozes ao localizar sua figura recostada no batente da porta.

Suas roupas não eram as mesmas de antes. Usava uma camiseta cor cobre, decotada em v e uma calça jeans azul-marinho. Os cabelos ruivos, presos em um rabo-de-cavalo. Corri ao seu encontro. Aconcheguei-me em seus braços ternos, enquanto ela me envolvia e beijava testa.

– Você precisa de um banho – ela me apertou em seus braços. – Está com fome?

– Um pouco – esfreguei os olhos enquanto bocejava. Minha cabeça ainda latejava. – Talvez um café me fizesse bem.

– A dor amenizou, David? – perguntou minha mãe, doce. David levantou os olhos e sorriu em resposta. – Vamos para casa – ela me apertou. Grunhi baixinho. – Já avisei ao seu avô que está aqui.

David assentiu.

– Obrigado, Srta. Jones. – ele sorriu abertamente, passando as mãos pelo cabelo escuro. – Está muito bonita hoje – seus olhos percorreram meu corpo. Minha mãe riu. – Não mais que sua filha.

Revirei os olhos e saí pela porta, tentando entender o sarcasmo de David, em um momento daquele.


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