Agatus - A Descoberta escrita por Letícia Francesconi


Capítulo 56
Agatus


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora! Eu estava estudando muito muito muito! Não pensei que abandonei essa história! Não, nunca! Espero que gostem do capítulo, o próximo eu postarei em breve. A fic já está no finalzinho ♥ bjsss ♥♥



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O vento rugia. Parte de mim estava feliz, por ter reencontrado David, outra estava receosa e assustada. Eu queria dar meia volta e curar David, leva-lo para algum lugar seguro. Mas, eu precisava lutar. Olhei de relance para minha palma esquerda. Haviam símbolos desenhados, alguns de Agatus, outros desconhecidos por mim. Eram semelhantes a tatuagens.

Aproximei-me da gigantesca cruz. Victoria observava o local, o anel em mãos. O mesmo não cintilava. Quando notou minha presença, zombou.

Ora – seus lábios rubros se curvaram em um maligno sorriso. – Katharine.

– Você não vai levar isso adiante.

Ela revirou os olhos, fazendo o livro ressurgir. O mesmo pairava no ar.

– O que veio fazer aqui? Argumentar?

Meus lábios tremiam, assim como todo o meu corpo.

– Talvez eu possa ganhar algo com isso – debochei, nervosa.

Victoria não compreendeu meu sarcasmo, prosseguindo com seu feitiço. Proferiu as mesmas palavras em latim, de antes. Ergueu os braços no ar e cerrou os olhos. Uma nevasca densa se propagou ao nosso redor. Ao longe eu podia ver David jogado ao chão. Os pés descalços de Victoria afundavam no solo fofo, tomado pela neve. Ela abriu os olhos, confiante. E, com seu famoso sorriso rubro e afiado, brandiu:

Agatus! Libera te. Nunc!

Recuei. A nevasca cessou, em um único ruído. O silêncio predominou por alguns segundos, apenas ouvia-se minha respiração pesada. Alguns pássaros, de espécie desconhecida por mim, agitaram a vegetação seca, com sibilos irritantes. Estavam eufóricos. O chão começou a tremer. Cambaleei tentando me erguer. As lápides estremeciam, como se fossem quebrar. Em meio aos ruídos, distingui uma risada escarninha de Victoria.

– Vamos! Venha! – gritou. – Vamos nos juntar, dominar este mundo! Seremos imbatíveis, teremos tudo. Estou o libertando desta prisão, venha até mim....

Escorei-me em uma pilastra, reerguendo-me. Alguns objetos começaram a flutuar. A gigantesca cruz permaneceu inerte. Pedras e alguns galhos secos rodopiavam ao nosso redor, como na floresta de Alaris. As rachaduras, que abrangiam o chão gélido, transformaram-se em gigantescas fendas negras. A trilha de lápides desaparecera, engolida pelas crateras ali formadas.

Victoria permanecia de braços abertos para imensa cruz, o símbolo na mesma cintilava em dourado. Um estrondo veio, em seguida, outro tremor. Protegi meus olhos com o antebraço, quando uma luz intensa os machucaram. Cambaleei. De longe, ouvi gritos metódicos, de certa forma só poderiam ser de David.

Algo surgiu em meio a fumaça alva, como um pássaro, uma ave branca e delicada. Com os braços abertos, envolveu-me docilmente. Senti o perfume familiar, confortante. Victoria estava desacordada, jogada ao chão, vestido pela neve.

– Katharine, você... Cresceu.

Ela tocou minha palma esquerda, lendo os hieróglifos de Agatus ali registrados. Notei algo úmido cair em minha roupa, uma gota firme e tristonha. Seus olhos estavam como sempre, um oceano azul de mistérios, repleto de doçura.

– Mãe... – recostei-me em seu colo macio, o perfume das flores ainda exalava, desde a última vez que a vi, que a toquei.

O badalar das pedras ainda soava ao fundo, porém não era o que mais me incomodava. Havia um corte em sua manga direita, o sangue fluía, rubro. Não havia vestígios de dor em seu lindo rosto angelical, apenas um sorriso saudoso e enfraquecido.

Suas mãos dóceis me tocaram. A luz alva caminhava pelo ar. Ela abriu a boca, mas se interrompeu com o som do tremor.

– Temos que ir.

Ela se ergueu, com dificuldades, estendendo a mão para mim. Coremos até David, nos perdendo na nuvem branca do caminho.

– David!

– Aqui! – uma voz rouca respondeu.

Ele arregalou os olhos ao ver minha mãe. Ela se ajoelhou para examinar seu machucado.

– Não temos tempo para cura-lo.

– Mas você pode? – indaguei, eufórica.

– Não tenho certeza.

Meu coração disparou, ao mesmo momento que ela ajudou David a levantar.

– Onde abriu o portal?

– Na sala de treinamento de Richard.

– Onde ele abriu? – outro estrondo. Ela olhou para o céu cinzento. – Isso tudo vai ser destruído em poucos minutos.

– Não sei ao certo... – lembrei de Kendria. Chamei-a mentalmente, logo sentindo seu pelo em minhas mãos.

David se espantou. Montamos em seu dorso peludo. Minha mãe a acariciou, David permaneceu inerte com a criatura.

– Kendria, nos leve ao portal.

Dando um breve impulso com as patas, correu velozmente. Olhei para trás. Vi Victoria estirada ao chão. Por um segundo, tive pena dela, sabendo que tudo ao nosso redor se extinguiria.

– Mãe... - ela sorriu em resposta. – Esquece. – prossegui olhando para frente. Ela deu de ombros.


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