Agatus - A Descoberta escrita por Letícia Francesconi


Capítulo 40
O Irmão de Raj


Notas iniciais do capítulo

Oi, galera! Quero me desculpar pela demora, este capítulo já estava pronto há muito tempo! Mas eu tive alguns probleminhas, mas agora aqui está ele! Espero que gostem ♥ Ah, irei atualizar, depois de séculos, a minha outra fic, Os Caçadores do Submundo. Eu queria avisar também que, há muito, muito, muito tempo, eu escrevia uns poeminhas meios loucos... Então resolvi postá-los, espero que você leiam!! Obrigado pelos comentários lindos!! Beijinhos!



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A sala de treinamento estava vazia, exceto pela luz artificial, certamente vinda de algum feitiço, que iluminava todo o lugar. O gigantesco tatame encontrava-se parado no chão, como se estivesse esperando algum feiticeiro disposto a lutar sob o mesmo. Entrei cautelosamente no recinto, um pouco fantasmagórico sem a presença de Jake ou Raj. Retirei os tênis limpos, que Raj fizera com sua magia mística, depois de os outros estarem ensopados de sangue, quando saí da prisão de luz. Coloquei-os num canto e prossegui para o tatame. Antes de me posicionar, retirei Peter do bolso, junto do anel de Agatus. Os mesmos acenderam-se, radiantes. O anel teve seu repentino destino, deslizei-o por meu dedo fino e suspirei. Firmei meus pés descalços no solo, empunhando Peter fortemente.

– Vamos, Katharine - proferi em um murmúrio. - Você consegue.

Não como Raj alcançava facilmente seu objetivo correlato. Ele apenas estalava os dedos e um feitiço livre de imperfeições nascia. Eu ficava boquiaberta, pensando como ele conseguia obter isto. Mas, o que eu mais adorava, era quando seus dedos gélidos tocavam minha pele e, é claro, quando ele me beijava. Odiava o fato de que ele não me queria por perto. Seria por... Medo? Ou algo que eu lhe fiz? Ou, até mesmo, algo que eu lhe disse? A conversa entre Richard e Victoria ficou martelando incisivamente em minha cabeça. Será que Ramech foi morto propositalmente? Em um incêndio arranjado? Alisha estava... Morta? Quem seria o outro filho de Ramech? Rajver... Quem seria este? Será que Raj o conhecia? Yann sabia sobre seu pai? Será que Raj e Yann...

– Ah, não - deixei Peter cair no chão distraidamente. Eu estava incrédula e pasmada. - Raj não...

Ruivinha?

Virei-me rapidamente por instinto. Meu coração palpitava.

– Diana - aliviei-me por não ter sido Yann. Estava tentando ao máximo me esconder dele. Eu não o queria. Eu queria outro.

– O que faz aqui? - perguntou a menina que agarrava inúmeras varinhas, incluindo as coloridas e as de luz, assim como Peter. Depositou-as no baú velho, onde guardávamos parte dos armamentos, os outros se encontravam acoplados nas paredes.

– Apenas treinando - chutei levemente Peter, antes de me abaixar para pegá-lo.

– Hum - murmurou ela, tentando fechar o enorme baú. Ela o chutou ferozmente. - Droga de velharia! Devíamos doá-lo para Alaris - ela soltou uma risadinha sarcástica e concluiu suas palavras. - Já que ele adora um museu. Isso, boa ideia! Vou falar com Christine, a casa do velho é praticamente um museu!

Diana riu mais uma vez e chutou o baú novamente.

– Diana - mordi o lábio inferior. - Sabe onde está Raj?

Ela cessou os chutes frenéticos no objeto antigo e se virou. Olhou diretamente nos meus olhos, e com uma expressão de pedra perguntou:

– Por que quer saber? - sua mordacidade havia esvaecido instantaneamente. Sua voz soou fria e grave.

– Por nada, eu apenas...

– Ora, Katharine - ela cruzou os braços e avançou três passos à frente. - Yann disse que você não queria o ver, nunca mais.

– O que? - sussurrei. - Yann disse isto?

Diana assentiu.

– Bem - deu de ombros - eu não sei o que aconteceu - ela girou, indo para a gigantesca porta. - Outra hora nos encontramos.

Ela ultrapassou os limites da sala e dobrou o corredor sombrio. Apertei Peter nos dedos e corri pelo mesmo corredor, sabendo exatamente onde encontrá-lo.

...

Abri pequena porta a minha frente. A mesma revelou-me um mundo de escuridão. Empunhei Peter e, com um pouco mais de concentração, fiz-o brilhar em uma chama prateada. Subi as escadas empoeiradas, temendo um ataque alérgico. Abri a outra porta, o coração palpitava na garganta. Olhei para o céu estrelado que se desempenhava acima de mim. Era lindo, embora tenha imaginado que ainda era dia. Logo à frente, encontrei um rapaz de lindos cabelos negros, cujas feições morenas revelavam sua identidade asiática. Raj observava o céu negro, mantendo o seu foco direcionado para a linda lua prateada. Aproximei-me do mesmo lentamente. Toquei em seu braço, fazendo com que seus músculos se contraíssem.

– Raj? - chamei a sua atenção docilmente. Ele me encarou com olhos trêmulos e densos.

– Oi, Kat - disse ele com um sorriso débil. - O que faz aqui?

– Talvez o mesmo que você - respondi massageando seus ombros. Seus olhos se fecharam ligeiramente e um sorriso torto surgiu em seu rosto.

– Pare, Kat - ele deixou escapar um gemido de satisfação, embora estivesse pedindo para interromper. Contudo, prossegui com as caricias no garoto indiano.

– Raj, por que não me quer por perto? - perguntei enquanto tentava alcançar sua mão gélida.

– Pois é o certo a fazer - respondeu ele ainda com os olhos cerrados.

– Por quê? - o puxei para o meu corpo, sentindo os seus músculos se tornarem mais tensos.

– Kat... - Raj me empurrou delicadamente e se afastou.

– Raj! - gritei enquanto o alcançava. - Não vá, fique... Olhe a lua! Lembra naquela vez? - rodeei a sacada em busca de uma pedra. - Aqui! Tome - entreguei-o o objeto, mas ele recusou.

– Não há lua alguma, Kat - Raj estalou os dedos e o céu negro se iluminou. Nuvens carregadas e felpudas surgiram acima de nós.

– Mas... - fiquei boquiaberta com o visto. Raj não era capaz de... - Como fez isto? Sua magia não...

– Kat... Por favor - pediu ele relutante.

Fui ao seu encontro velozmente. Envolvi meus braços em seu pescoço tentando o alcançar.

– Vim aqui para lhe perguntar algo - sussurrei olhando em seus olhos. Ele não se afastou como pensei que faria, apenas ficou inerte, fitando-me.

– Pergunte.

– É sobre o seu pai.

– O que é?

Mordi o lábio e, hesitante, perguntei:

– Seu pai, Ramech, teve um caso com Victoria?

Raj engoliu seco e franziu o cenho.

– Do que está falando, Kat?

– Por favor, já disse para me chamar de Katharine - suspirei e o fitei com mais precisão. - Ouvi uma conversa entre Richard e Victoria. Apenas me diga, isto é... Verdade?

Ele inclinou a cabeça, fazendo com que nossos narizes se tocassem.

Anda ouvindo por trás das portas, Katharine?– sussurrou ele. - Sabe, isto é muito, muito feio.

– Isto não vem ao caso agora, Raj... Quem... Quem é Rajver? - indaguei. Os olhos de Raj faiscaram, e não resisti. Avancei para beijá-lo, mas o mesmo me afastou.

– Kat, não podemos – contrastou ele. Seus punhos cerraram-se e sua expressão tornou-se dura.

– Raj, o que está acontecendo com você? Nunca... Nunca me negou, e por que agora?

Ele encarou os pés e estalou os dedos. A escuridão fractal invadiu meus olhos velozmente. As estrelas estavam bordadas no imenso céu negro. Raj levantou o olhar e me fitou intensamente. Agarrou-me pela cintura e, com o rosto a milímetros do meu, ele sussurrou:

– Eu nunca a neguei.

Nossos lábios se tocaram brevemente. Raj me fitou por alguns segundos e sorriu maliciosamente.

– Não haveria como...

Um grito culminante e feroz abrangeu o local. Raj parou e girou velozmente. Seus olhos negros transformaram-se em olhos azuis, como um farol intenso na noite penumbrante. Um rapaz moreno de olhos negros e assustados encontrava-se de pé, ofegante. A espada prateada, semelhante a de Diana, pendia em suas mãos.

– Katharine, você está bem?

Raj? O que... Não...

O Raj que estava a minha frente gruiu. Fitou a espada nas mãos do adversário e bradou.

– Você acha que pode me vencer?

Sua voz era amarga e feroz. Não era o Raj que eu conhecia.

– Yann, deixe-a! - gritou o outro Raj. - É a mim que você quer, ande! Acabe comigo!

Ele abriu os primeiros botões da camisa alva, demonstrando seu peitoral moreno. O outro Raj riu sinistramente e, viperino, findou.

Nunca.

Os dois Rajs se agarraram enquanto eu gritava. O Raj que estava sem armamento metamorfoseou-se em um Yann feroz. Transformou-se em sombra, enquanto Raj cortava o ar com a espada. Não via sinal algum de Yann, seu corpo esvaeceu em meio à névoa negra. Raj girava feito um louco a procura da imagem de Yann. Achei que ele iria desistir, porém persistiu em sua perseguição. Ouvi a risada sarcástica de Yann. O mesmo retornou a sua imagem anterior. Os olhos azuis brilhavam como nunca.

– Kat - pronunciou ele, lentamente. Raj avançou com sua espada, mas Yann foi mais rápido. Desferiu um soco na face do garoto, fazendo o mesmo tombar no chão. Yann riu e voltou-se a mim. - Minha querida Kat. Viu? - apontou para o corpo de Raj. - Ele é fraco. Como um homem pode lhe proteger assim? - Yann lançou um olhar de nojo para Raj. - Ele não lhe merece, Kat.

Eu queria correr. Mas Raj estava estirado no chão. Eu não poderia simplesmente correr, não era este o meu objetivo. Eu era forte e... Poderosa. Teria que haver algo a fazer.

– Yann, pare - supliquei. Minha garganta fechava cada vez mais. - Por favor.

– Princesa - Yann sussurrou enquanto tentava acariciar meu rosto. - Fique calma.

– Não, não e não! Eu não posso ver os dois se matarem... Por mim.

– É por um boa causa.

– Yann, não pode machucá-lo - as palavras secavam em minha boca. Tudo o que ouvi noite passada... Eu não compreendia. - Ele é... Ele é o seu...

– Não! - o grito de Raj alastrou-se em meus tímpanos agressivamente. Não pude notar nada. Minha visão tornou-se turva quando Yann caiu ajoelhado a minha frente. A espada reluzia sangue, cravada no abdômen dele. Yann sibilou. Sibilou alto o bastante para me fazer desmaiar. O céu tornou-se, mais uma vez, claro. A luz machucava meus olhos. Raj estava ofegante quando me segurou nos braços, para que eu não caísse.

– Shh, tudo bem, Katharine - Raj passou os dedos gélidos em meu rosto. Yann continuava com uma expressão assustadora, agora, jogado no chão. - Não olhe - advertiu-me ele. Fiquei aliviada e assustada ao mesmo tempo. Eu sentia um leve frio, subindo por meu estômago e... Medo. Yann estava morto. Morto por seu...

– Raj, o que eu fiz? - as lágrimas escorriam quentes, em meu rosto.

– Não, Katharine. Você não fez nada. É tudo minha culpa.

– Mas, Yann é seu...

– Não, Katharine. Não precisa... - ele cerrou os punhos e suspirou. - Não precisa dizer.

– Você sabe?

Raj assentiu e me abraçou fortemente. Seu aroma de flor de Lótus era mais forte do que nunca.

– Christine contou-me tudo - ele parecia mais calmo do que antes. Eu estava evitando o máximo possível olhar para o corpo de Yann, rodeado por uma poça de sangue.

– Até sobre seu pai e... Victoria?

Raj me fitou indiferente. Os olhos eram diamantes negros.

– O que sobre Victoria? - indagou.

Abaixei a cabeça respirei seu aroma de Lótus. Pelo visto, ela não lhe contou nada.

– Nada - tentei projetar um sorriso terno em meu rosto, mas, o que consegui, foi um sorriso torto entre lágrimas.

Raj retribuiu o sorriso.

O cadáver ensanguentado de Yann remexeu-se. Seus olhos perdiam rapidamente o azul intenso. Sua boca se abriu sinistramente, a voz soou rouca e exasperada.

– Agatus irá acabar com as vidas miseráveis de vocês... Ramech... Todos... Irão todos me pagar – sua voz era como pregos arranhando uma lousa. – E principalmente você... Irmão.

A última palavra esvaeceu roucamente seguido de um sibilo. Yann soltou seu último suspiro malévolo e se foi.

– Eu disse que ele estava lhe manipulando.

– Na próxima vez - o fitei com precisão. Seu rosto era uma escultura especialmente esculpida. - irei ouvir você.


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Notas finais do capítulo

Desculpem-me por algo, ou... Sei lá! Eu matei o Yann! Meus Deuses, como eu sou má! *-* Eu sei, eu sei! Mas, mesmo assim, comentem! Adoro vocês!



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