Agatus - A Descoberta escrita por Letícia Francesconi


Capítulo 16
O Filho da Serpente


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Mais um personagem para vocês desfrutarem rsrsss. Victoria está muito malvada nesse capítulo rsrss. Muito obrigado pelos comentários incríveis da Oboro!! Valeu linda!!!
Espero que vocês gostem!! Beijos!



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A noite fora longa e pesada. O sono não se encaixava em mim de maneira alguma. As palavras de Raj rodeavam minha mente por quase toda a noite. Um aviso. Um aviso de que e de quem? Era essa a pergunta que não saía da minha cabeça. Tinha certeza, meu pai estava vivo. Apenas não era uma simples dúvida, era uma angústia que percorria minha mente de um modo severo.

Levantei-me um pouco atordoada. As estrelas brilhavam como fogo prateado no céu escuro, que ao longo se deformava em um dourado magnífico. O crepúsculo estava prestes a chegar ao fim. Podia ver a chama dourada nascendo ao fim das montanhas. O tempo estava agradável, o vento não era gélido, porém fresco.

Ao longo da sacada da casa, podia ver o sol nascer. Nesses momentos, que me lembrava de David. Sentia saudades de suas loucuras, de seus pensamentos insanos e sua obsessão por Vídeo Game. Lembrava-me do seu beijo, talvez o que eu sentia não era amor, mas sim amizade. Mas me lembro perfeitamente do que eu disse. Eu te amo, David. Eu estava muito longe para mudar tudo, as coisas que falei para ele, as que deixei de falar... Não queria trocá-lo por Raj, porém não teria ninguém para me comunicar neste lugar. Ele era a única opção que eu tinha. Mas não era apenas de David que eu sentia saudades, Peter ainda pendia em meu pensamento.

Raj me disse que meu pai não era quem eu pensasse que fosse. Jonathan Mayer não é o seu pai. Todas as palavras estavam presas em minha mente. Eu estava sendo avisada, eu era uma feiticeira maior e meu pai não era Jonathan Mayer. O que mais poderia infernizar minha mente? Eu estava perdida. Perdida em pensamentos e sonhos confusos.

...

– Se ele não é meu pai – falei enquanto Raj me encarava. Seus olhos pareciam cansados. – então quem é?

– Eu não sei – disse ele com um tédio presente.

– Você disse que ele não era um filho de Agatus, certo?

Raj assentiu.

– Então porque eu sou uma?

Raj parecia confuso.

– Katharine – disse ele entorpecidamente. – Eu já disse que não...

– E se minha mãe for uma? – o interrompi, o que fez o garoto perder a sua imensa paciência. Eu estava entusiasmada com uma resposta. Precisava saber o que estava acontecendo, após passar uma longa noite em claro.

– Isso pode ser possível – disse ele em um estado de ponderação. – Mas o assunto é o anel. Era do seu pai, não da sua mãe.

Não me conformei com sua resposta. Eu queria saber mais.

– Ela tem o livro de Agatus – falei rapidamente. Raj estava entediado. Nunca tinha visto ele assim. – Isso pode ser um sinal.

– Sim – confirmou ele. – Ou não.

Encarei-o.

– Qual é o seu problema Raj? – perguntei em um sussurro. – Você normalmente é mais animado.

Raj suspirou.

– Eu tive um pesadelo, Kat – disse ele, que parecia ter medo de suas palavras. – Passei a noite acordado. Estou com medo.

– O destemido Raj com medo? – duvidei em um tom desafiador. – Impossível!

Ele soltou uma risada curta.

– É sério – disse ele.

– Tudo bem – tentei oferecer um sorriso acalmador, como ele fazia comigo. – Não vamos mais falar disso.

Ele assentiu com seus olhos cansados.

– Eu espero que você...

– Raj? – disse uma voz vinda da porta.

– Yann? – Raj se levantou em um espanto. – Quanto tempo!

O garoto abraçou Raj firmemente enquanto eu os observava.

– Pensei que não voltaria mais.

– Devo admitir – disse o garoto. – Também pensei isso.

Raj parecia estático com a presença do garoto. Ele era alto e bonito. Seus cabelos eram negros, como os de David, sua pele era branca como a neve.

– Raj, eu trouxe um presente do Canadá para você – disse ele.

– Yann, não precisava – disse Raj um pouco contrariado, porém o sorriso ainda estava em seu rosto.

– Licença... – falei em um murmúrio. Eles se voltaram para mim.

– Ah, olá – disse Yann em um sorriso.

– Essa é a Katharine – disse Raj não me dando muita importância.

– Oi, eu sou Yann – disse ele em um aceno grotesco com as mãos. – Você deve ser a filha da Amy.

– Sim – seus olhos azuis me fitavam. – E você deve ser um grande amigo de Raj.

Eles se entreolharam.

– Esse cara aqui praticamente cresceu comigo. – disse Yann dando leves socos em seu ombro. – Nós podíamos sair para comer algo, o que acham?

– Vocês não irão a lugar algum – disse a moça de vestes vermelhas. – Yann, vá para seu quarto arrumar suas malas.

Yann assentiu e se ausentou rapidamente. Victoria se voltou para nós.

– Pensam que podem me enganar? – indagou ela.

Raj estava assustado.

– Não entendo o que quer dizer.

Victoria o olhou com desprezo.

– Acha que eu não sei que vocês dois saíram ontem?

– Não pode provar isso – retruquei atrevidamente.

Victoria me olhou irritada.

– Quantas vezes eu já disse para não sair daqui? – perguntou ela para Raj.

– Muitas vezes – respondeu ele em um sussurro. Sua cabeça se mantinha abaixada.

– Katharine – disse ela em um tom ácido. – Eu não permito que saia.

– Por quê? – perguntei. Eles me olhavam atentos. – Eu não entendo porque ele não pode sair.

– Isso é problema meu, Katharine – disse ela irritada. – Não se meta.

– Ele apenas quis me mostrar o templo de Lótus!

Raj arregalou os olhos.

Katharine!

– Como disse? – perguntou Victoria. – Raj? Fale.

Ele parecia atordoado.

– Eu apenas...

Ela o agarrou pela garganta, suas unhas afiadas afundando em seu pescoço.

– Não quero que faça isso nunca mais – sua voz era um sibilo amargo. Eu estava assustada com a situação. – O templo de Lótus é o último lugar que ela deve frequentar. Ouviu bem?

Raj assentiu. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, enquanto a mulher o apanhava pela garganta.

– Espero que esteja entendido – disse ela o largando. Raj afundou no sofá com as mãos no pescoço. Sua respiração era ofegante. – E você, menina – disse ela apontando para mim. – Não quero que ande por aí com esse louco, ouviu?

Não a respondi. Talvez o silêncio fosse a melhor alternativa naquela hora. Ela difundiu um olhar fúnebre a mim, logo se ausentando.

Suspirei fundo.

– Você está bem?

Raj balançou a cabeça.

– Acho que sim – sua voz estava rouca. As lágrimas escorriam em seu rosto.

– Deixe-me ver isso – sua garganta estava repleta de arranhões vermelhos, alguns até sangravam. Encostei nestes.

– Ai! – protestou ele com uma careta.

– Desculpe – falei enquanto ele soltava uma risada. – Precisamos de remédio. Isso está feio.

Raj olhou para ele mesmo.

– Ela acabou com o meu pescoço – reclamou ele.

– Por que ela fez isso?

– Eu disse que ela não gostava que ninguém saísse – disse ele tocando as feridas.

– Não entendo – declarei. – Por que ela não queria que eu fosse ao templo?

Raj ficou sério.

– Talvez ela saiba que você é uma feiticeira.

– Será que ela está tramando algo para mim?

– Talvez – disse ele. – A mente dela é muito sombria.

– E quem era aquele garoto? – perguntei. – Ela o olhou de um jeito estranho.

– Yann? – assenti. - Ele é o filho dela.

Duvidei do que ele disse. Filho?

– Um filho? – eu estava pasma. – Victoria tem um filho?

Raj assentiu.

– Sim – disse ele. – Ele é o tesouro dela. E poderoso também.

– Mas por que ele estava no Canadá?

– Ela quis livrá-lo da corte de Agatus – disse ele. – Sabe, ele é um pouquinho revoltado. O pai dele morreu antes mesmo dele nascer, e ninguém sabe a causa da sua morte e nem mesmo o seu nome. Victoria não gosta de falar sobre isso. Por essa razão, ela o corteja tanto.

– Isso é terrível.

– Não - disse ele distraído. - É até bom. A corte de Agatus deteve seus atos de loucura, empregando regras severas nele.

– E a corte de Agatus – falei sem mesmo saber do que se tratava. Raj me mataria. Eu já tinha feito perguntas demais. – Não permite que você ande por aí com uma menina ruiva?

Raj ecoou uma risada.

– Acho que permite – disse ele. – Mas ela o ama.

– Victoria possuiu capacidade de amar? – perguntei duvidosa.

– Em todo coração de pedra – disse Raj lentamente. – Sempre existirá uma ponta de amor.

– Acho que você gosta muito dele, não é?

Ele me encarou.

– Sim – disse ele. – Yann é um grande amigo.

– É como um irmão para você?

Raj riu da minha pergunta.

– Está com ciúmes, Kat?

Encarei-o confusa.

– Não sinto ciúmes de você, Raj – declarei. – Eu mal o conheço.

Ele ria distraidamente do meu surto.

– Claro – disse ele. A ironia exalava em sua voz.

– Ah, quer saber? – ele me olhava com olhos sarcásticos. – Eu não vou mais pegar remédio algum. Você já está curado.

Retirei-me da sala, ainda ouvido os risos bobos de Raj. Aquilo era patético.


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Notas finais do capítulo

Sem palavras rsrsss.
Beijão!!



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