Dente de leão - Após A ESPERANÇA escrita por Tanise Bach


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

– Está tentando morrer de fome?_ ele pega meu braço fino e o observa.
— Talvez eu apenas não saiba cozinhar._ faço uma careta e puxo meu braço, ele é a única pessoa que me resta.



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Algumas semanas se passaram desde a chegada de Peeta e meu incidente na cozinha. Tenho passado muito tempo na floresta tentando me esconder de seus olhos azuis, mas não obtenho sucesso afinal quando volto eles estão sempre lá. Ele passa todos os dias com uma cesta cheia de comida e praticamente a enfia em minha boca, não conversamos sobre nós e raramente alguma frase com mais de três palavras saí da nossa boca.
Não sei ao certo porque o tenho evitado, talvez seja a incapacidade de dizer algo sem gaguejar ou o formigamento no rosto que sinto cada vez que o vejo. Eu não gostaria de mantê-lo tão afastado quando tudo o que preciso são seus braços entorno dos meus, ele também não tem demonstrado vontade em ficar ou dizer algo como antes e isso me dá medo, não sei se ele ainda me ama.
A tempestade que se aproxima me livra dos pensamentos e corro em direção à vila dos vitoriosos, sem sucesso, quando passo pelo portal as pedras de gelo começam a cair e me apresso até minha casa. Entro e deixo a roupa molhada no chão da sala, corro para o banheiro e começo a encher a banheira com a água mais quente o possível e mergulho nela. Depois do banho desço para a cozinha enrolada em um cobertor azul, reviro os armários e não consigo fazer nada com o que encontro então como algumas bolachas e volto para o quarto.
A chuva começa a diminuir e o frio volta a assombrar o distrito doze, abro a parte de madeira da janela e observo a casa de Haymitch aberta e provavelmente inundada. Aquele velho estúpido e bêbado deve ter morrido afogado, penso. Visto roupas quentes e coloco um cobertor grosso em um saco preto, desço as escadas e vou em direção à casa do meu mentor. Quando abro a porta me deparo com Peeta empurrando a água na sala com um rodo velho e quebrado, o cômodo inteiro estava molhado e fedendo a mofo e vômito.
– Ele morreu afogado?_ digo com um pequeno sorriso.
Peeta me encara por um instante e encosta na parede amarela da sala.
– Quando cheguei ele estava dormindo no banheiro, provavelmente se arrastou até lá e empurrou a porta para a água não entrar._
– Vou dar uma olha no infeliz e já volto pra te ajudar então._ tento demonstrar afeto em minha voz, mas parece que ele não se importa.
Ando até o banheiro apertando o nariz para não sentir aquele cheiro podre e nojento mesmo que não seja possível, Haymitch estava jogado em um sofá úmido e tremia como se tivesse uma convulsão, tiro o cobertor do saco e o jogo em cima dele.
– Não vai diminuir os goles enquanto não se matar não é?_ resmungo.
– Você é tão doce quanto um limão._ ele revira os olhos e continua a despejar o veneno.
– Não sei o que o menino viu em você, dá mais coices que um cavalo!_ ele ri e me atira uma almofada.
– Nossa como você está engraçado hoje! Talvez se eu matasse alguns gansos e esvaziasse umas garrafas você teria mais para rir não é?_ ele me tira do sério.
– Você não seria tão cruel... Não é queridinha?_ sua expressão é de pavor e isso me faz feliz. Dou de ombros e saio.
Começo a limpar a cozinha e escorrego quando tento passar o rodo na parte de piso frio, bato a cabeça com força no chão e enxergo embaçado por alguns segundos. Peeta provavelmente ouviu o barulho e está logo do meu lado me ajudando a levantar, seus olhos me encaram e ele tenta segurar o riso enquanto me ajuda, observo seus lábios espremidos e começo a gargalhar então ele se une a mim. Rimos até nossas barrigas começarem a doer e falamos sobre como uma caçadora vencedora dos jogos é derrubada pelo chão liso e frio da casa e o quão estúpido é.
– Peeta – pigarreio– Eu sinto sua falta._ sinto um peso ir embora junto com as palavras e meu corpo começa a formigar com a sua expressão de surpresa.
– Eu também sinto a sua, fiquei com receio de me aproximar rapidamente e você se assustar._ ele sorri e senta ao meu lado.
– Nós poderíamos ser amigos, como no trem lembra?_ Sua expressão ainda é de surpresa e seus brilham quando falo da amizade que ele nos propôs uma vez.
– Então eu faço o jantar e você me conta algo íntimo._ ele ri e começa a procurar alguns ingredientes.
– Você sabe que não sou boa com esse tipo de coisa._ digo e o ajudo a cortar o frango. Ele me olha e finge chorar enquanto aponta para o pedaço que eu acabei de fatiar mostrando que eu também não sabia fazer aquilo direito. Terminamos o jantar e enquanto lavo alguns pratos ele leva o ensopado para Haymitch, visto o casaco e me despeço dos dois.


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