Capitulo 3

Ligação

Escrito: Hime Scarlet

***

Quando finalmente a rosada pode ouvir o som da campainha que simbolizava o termino da aula, se levantou, sem se importa muito jogou suas coisas de qualquer jeito em sua mochila, pondo a mesma sobre os ombros relaxados. Ignorando a animação das alunos que comentavam sobre o trabalho e seus respectivos parceiros, seguiu para a porta de saída, estava na hora de ir para casa. Não que fosse fazer muita diferença o local onde ela estava, podia ser onde fosse, ela não faria nada, e sobre o trabalho? Bem, isso pouco lhe importava naquele momento, uma recuperação a mais ou a menos não faria muita diferença, na sua atual situação em relação a escola.

Já alcançara o estacionamento quando pode escultar passos apresados muito próximos, esse foi o tempo que ela levou para se virar com a intenção de ver quem lhe perseguia, porem tudo que recebeu foi um forte impacto contra se. O resultado já era algo esperado, ela se considerava uma garota durona em relação a tantas que teve o desprazer de conhecer, contudo não deixava de ser humana, por isso que naquele momento ela estava caída de bunda no chão úmido do estacionamento. Em sua mente se passava as mais diversas ofensas para o individuo que ousara lhe derrubar de tal modo, ofensas essas que ela não se deteve em proferir.

–Seu bosta, filho de uma puta parida.- Não fez exatamente grita, mas fora o suficientemente auto para não apenas o seu agressor mas como as pessoas próximas, escultassem.

–Hn, prefiro que não ofenda minha mãe.- Uma voz falou, e a rosada levou alguns segundos para assemelhar o dono da mesma, o moreno com o qual não ia com a cara.

–Hn, pouco me importa, deveria olhar por onde anda, otário.

Sim, aquele era um dia estressante para ela, depois de tanto tempo de convivência com seus antigos amigos de Suna, sua cidade natal, acabou por adquirir a feia mania de xingar naquelas situações. Suspirou pesadamente, ignorando a mão que o moreno lhe estendera para ajudar a se levantar, levantou-se passando as mãos pelas roupas para ajeita-las e tirar qualquer sujeira muito indesejável que tenha ficado, como folhas secas. No ponto de vista de Sakura não tinha nada mais a se discutir, com isso se virou rodando a chave de seu carro no dedo seguiu quase que tranquilamente em direção ao seu bebe, isso ate uma mão forte e quente a prender, não era preciso ser muito inteligente para saber quem era.

–Onde pensa que vai?- O moreno perguntou, a tempo de Sakura novamente virar-se para fitalo.

–Para casa, não é obvio.- Como ela abusava no seu tom de deboche.

–Sim, mas precisamos discutir o trabalho.- Falou inalterável, para com a rosada. Contudo era de se admitir que Sasuke se sentia um pouco impressionado com ela, afinal ela era a primeira garota que não lhe jogava charme ou era exageradamente oferecida, muito pelo contrario ela lhe afrontava sem medo ou receio.

–Trabalho? Sim, tinha me esquecido, quer saber minha opinião sobre esse trabalho?- Não esperava por resposta do moreno, por isso continuou, com uma expressão de pouco caso, e a mesma voz de deboche. -Esse trabalho é uma bosta para ocupar o pouco tempo que tenho para não fazer nada, e aquela professora é uma puta por inventa-lo, o caralho que vou fazer a bosta de trabalho, uma matéria a mais o menos para recuperação não fara diferença.

–Você é irritante, sabia.

–Irritante, é...- Fora interrompida, afinal Sasuke pelos poucos minutos que passara com ela já sacava um pouco de sua personalidade, um gênio forte podia deduzir, e com certeza se a deixasse continuar, ali viria mais xingamentos.

–Ei, seu bosta o que pensa que esta fazendo?- A rosada gritou em plenos pulmões, se afastando bruscamente do moreno.

O que tinha acontecido? Bem, Sasuke achou um bom modo de calar por um instante a rosada, antes de mais xingamentos, foi de certa forma um movimento desesperado, mas a verdade era que aquilo apenas serviu para diverti-lo, estava gostando de ver aquela garota tão alterada. Porem claro aquela era Sakura, a garota mais problemática de toda a escola, aquela sua brincadeira não lhe saíra impune, naquele momento tinha o prazer de ver as maçãs do rosto da rosada rosadas, que ironia, ao mesmo tempo que podia sentir o gosto de sangue em sua boca, pela mordida que recebera.

–O que pensa que estou fazendo, irritante?

–Ora seu...- A rosada se preparou para socar o moreno que apenas desviou, as aulas de luta que tivera quase toda a vida tinha que servi para algo.

–Irei a sua casa no sábado, para o trabalho.- Foram as ultimas palavras do moreno.

–Eu já disse que não farei bosta de trabalho nenhum.- Gritou Sakura com raiva, porem já era tarde, o moreno já tinha encontrado seu carro e adentrado o mesmo, bufou de raiva enquanto seguia para o seu próprio.

Como um simples garoto de sua escola tinha a capacidade de lhe irritar desse modo? Só Kami sabia, talvez ele fosse um demônio enviado diretamente do inferno, com um único dever, estragar sua vida.

***

Sakura arfou sentindo seu corpo tremulo, com a visão embasada percorreu todo o comodo em que estava, seu quarto, sobre o criado-mudo viu o brilho dos números no relógio, 02:45, era muito sedo, ou muito tarde, como preferir. Seu coração bombeava o sangue por seu corpo de modo rápido e descontrolado, novamente tivera um pesadelo com relação a noite de 20 de novembro, cinco anos antes.

Se levantou com certa dificuldade e medo, se dirigindo ate sua mochila da escola retirou um objeto que não fazia muito utilização, seu celular, porem que naquele momento estava lhe destinado a trazer certa paz, consolo em outras palavras. Na discagem rápida colocou o aparelho sobre o ouvido, sua mão tremia. Já sentada novamente na sua cama, encolheu o corpo e com a mão abraçou-se. A cada toque que ela ouvia ecoar no aparelho seu coração dava um salto alto, ate que no quarto toque ele se silenciou e logo veio uma voz sonolenta na outra linha.

–Alo, quem é?

A voz dele, como sentira falta, lhe trouxera tanto conforto por anos, foi inconsciente, mas lagrimas banharam seus olhos, sentira tantas saudades.

–Sou eu, Sakura.- Sua voz sairá mais frágil do que ela esperava.

–Sakura-chan!- A voz se mostrou mas disposta e animada do que antes, mas logo se tornou baixa, parecendo notar apenas agora o modo com que a menina falara.- O que houve? Porque esta chorando Sakura-cham?

–Tive os mesmo pesadelos de antes, estão mais constantes, quase todas as noites, não durmo nem me alimento direito, to cheia de olheiras, você mangaria de mim se me visse assim.

–Nunca mangaria de você Sakura-chan, você esta pior do que eu pensei, vejo que terei de quebrar minha promessa. Não poderei ficar longe sabendo que você esta sofrendo tanto, sei que você quer se adaptar sem minha ajuda e a dos outros, mas não podermos simplesmente ficar parados sabendo que você esta do jeito que esta, não seja idiota Sakura você precisa continuar vivendo.

–Não quero, quero ficar só...

–Então porque me ligou, se me ligou é por que não é tão adaptável a solidão quanto pensava rosada.

–Você não me intende...

–Intendo e é por isso que não permitirei que as coisas continuem como estão...- Então o aparelho ficou mudo.

Sakura olhou o aparelho e viu que ele não ligava, com certeza teria descarregado, um suspiro lhe escapou. Era isso então, a promessa seria quebrada, os velhos tempo de certa forma voltaria. Não sabia exatamente como se sentir, triste, feliz ou frustada. Se encostou na grade da cama, e lembranças de cinco anos atras vieram a sua a mente, antes de tudo acontecer. Lembranças tão felizes, tão vivas, porem vagas pelo tempo, tão distante, mesmo com isso um fraco sorriso preencheu os lábios trêmulos. Talvez fosse bom ter tudo de volta, apesar de não se sentir digna de tal. Queria poder fazer algo para continuar como estava, era menos do que merecia, o sofrimento pelo qual passava de nada assemelhava-se com o que causou.