Priston Tale escrita por Yokichan


Capítulo 23
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Só escrevi três caps da fic hoje porque estava chovendo também *-*
Uhu. q
EHUAHEUHAEUHAUEH /táparei .-.



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Alec POV On.

 

 

         Finalmente, estávamos partindo daquelas malditas terras geladas. Sobre o grande falcão de Mizu, podíamos observar Eura ficando para trás, cada vez mais minúscula aos nossos olhos. Não havia para nós mais nada a fazer ali, afinal, nossa missão estava cumprida. Entardecia, quando sentado no dorso da acastanhada ave eu imaginava o sorriso de Shellby ao me ver retornar. Imaginei se ela havia ficado bem em minha ausência, se dormira tranquila, se permanecera aflita a cada segundo. Certamente, a última hipótese me pareceu combinar melhor com a personalidade doce de Shellby, embora sua preocupação me gerasse tristeza.

 

- Falta muito para chegarmos? - perguntei pela décima vez em dez minutos, desde que havíamos partido de Eura

 

- Você pode se acalmar, por favor? Isso é irritante. - disse Mizu entediado, mal virando o rosto para me encarar

 

- Ah, desculpe. - murmurei cabisbaixo, pensando em qualquer coisa inútil - Estou sendo chato? - perguntei, olhando para o céu claro

 

- Sim, se me permite a honestidade. - respondeu o Mago com uma ironia que pude sentir em sua voz

 

- Então, você não pensa na sua mulher? - sondei curioso, imaginando que tipo de auto-controle tinha Mizu em alguma de suas mangas

 

- Esposa. - corrigiu ele, sério como sempre - É claro que penso. Por que a pergunta? - ele fitou-me de canto de olho, intrigado

 

- Ah, sim. Esposa. - repeti pensativo - Bom, você é tão paciente com tudo... - expliquei hesitante, sorrindo um tanto receoso

 

- E por que eu não seria? Não tenho motivos para me preocupar. - explicou ele serenamente, voltando a olhar para o horizonte

 

- Hum. - assenti pensativo, mal escutando o que Mizu dizia - Estive pensando em uma coisa. - anunciei entusiasmado

 

- O quê? - o Mago pareceu desatento

 

- Eu poderia levar um presente para Shellby. Ela ia gostar, não é? - uni as duas mãos em um sinal empolgado

 

- Um presente? - repetiu Mizu, incrédulo - Que presente você encontraria no meio do nada? Um Cactos? - brincou o Mago, rindo

 

- "Só se for pra enfiar nessa sua maldita boca, aff." - pensei, cerrando os olhos na direção de Mizu, então disse - Vamos descer e procurar algo bonito para que eu possa levar. - propus, esgueirando-me sobre o falcão e espiando para o chão minimizado

 

- Sem chance. Estamos com pressa, esqueceu? - disse Mizu, irredutível a me encarar com seu assombroso semblante

 

- Verkan não nos mandará para as masmorras se nos atrasarmos cinco minutos. - argumentei de braços cruzados

 

- Não, Alec. - negou o Mago, tedioso - Não vamos nos desviar de nossa rota.

 

- Pare esse falcão agora! - vociferei, colocando-me de pé - Shellby merece um presente. - completei, obstinado

 

- Hunf, você é mesmo um cara insistente. - murmurou Mizu peculiarmente derrotado

 

         Talvez devido àquela amistosa sintonia era que eu e Mizu formávamos uma boa dupla para combates. Certamente, eu era insistente, e felizmente ele era compreensivo. Não pude controlar minha mente naquele momento ao imaginar que tipo de missão seria feita se no lugar de Mizu, o Conselheiro me incumbisse um companheiro como Electro ou Murdoc. Sorri ao fantasiar em meu coração que as preces de Shellby me forçavam a manter o caminho certo, a estar iluminado por uma sorte devastadora.

 

 

Alec POV Off. Mizu POV On.

 

 

         Aquele Mech era um homem estranho, dividindo seu coração entre o escasso tempo para uma letal guerra e a atenção destinada à uma mulher. Será que ele acreditava poder resolver cada qual com uma mão? Seu senso prático era algo incrível, e eu precisava admitir, mesmo que isso me rendesse alguns risos divertidos.

         Enquanto Alec não voltava, eu aguardava deitado sobre as costas de Salazarius. Com as mãos debaixo da nuca, meus olhos vagavam pelas nuvens apressadas no céu já não tão azul. Choveria em breve. O vento estava anormal, soprando com agressividade na direção para a qual devíamos ir. Daquela maneira, se partíssemos sem demora, seríamos beneficiados com a corrente de ar até Navisko, chegando antes do esperado. O sol desaparecera por trás das nuvens, e o crepúsculo se aproximava.

 

- Alec! - chamei - Ande logo com isso.

 

- Calma, estou quase conseguindo! - gritou ele um tanto afastado, e a curiosidade me fez sentar e observar o que ele tanto fazia

 

- Hum..? - murmurei, franzinho o cenho diante daquela cena inusitada

 

         A armadura de Alec aguardava jogada na beira de um lago, enquanto ele nadava até o centro do mesmo na direção de um conjunto de lírios. De fato, os lírios eram bonitos, com delicadas flores brancas, mas a situação continuava sendo cômica. Ele deixou-se mergulhar por alguns instantes, mas logo voltou a superfície desengonçadamente com os cabelos escorridos em frente ao rosto. Deduzi que o nado não era o ponto forte de Alec. Permaneci a observar aquela sutil luta contra a profundidade do lado em busca dos tão almejados lírios. O riso escapou por entre meus lábios apertados, controlados para segurar o escárnio, embora aquilo não tenha funcionado por muito tempo. Meu corpo convulsionava-se em gargalhadas abafadas, enquanto minhas mãos pressionavam o abdômen que tremia devido às minhas risadas.

 

- Do que está rindo?! - Alec ralhou, por uma distração deixando-se afundar novamente, e logo imergindo laboriosamente

 

- De você, é óbvio. - eu disse, controlando o riso ao máximo

 

- Espere só até eu chegar aí! - ameaçou ele, enfim alcançando o conjunto de lírios flutuantes e surrupiando alguns deles

 

- É o que eu tenho feito, mas você demora demais. Francamente, não sabe nadar? - zombei sutilmente, sorrindo

 

- E o que importa se eu sei ou não?! - vociferou enquanto nadava até a margem com os lírios na mão - São para Shellby!

 

- Ah, eu sei disso. - assenti sorridente, acomodando-me sobre o pescoço de meu falcão - Agora vamos logo. – apressei-o

 

- Eu já disse pra esperar! - ralhou Alec, estabilizando o fôlego enquanto vestia a armadura, zelando pelo bom estado dos lírios

 

- Não tem problema se eles murcharem até Navisko? - sorri, erguendo uma sobrancelha

 

- Eu pensei nisso. - ele estreitou o olhar na minha direção, mostrando-me na mão um cântaro de couro escuro - Que tal? - sorriu

 

- E no que beberemos água, Alec? - deixei as pálpebras caírem sobre meus olhos tediosamente

 

- Quem precisa de água, não é? Logo chegaremos na cidade. - argumentou ele entusiástico enquanto colocava o caule dos lírios dentro do cântaro

 

- Hunf, que seja. - dei de ombros, divertindo-me

 

         Terminada a eufórica idéia de Alec, retomamos o regresso para Navisko. Com o vento à nosso favor, deslizamos pelos céus incrivelmente rápido por intermédio das longas asas de Salazarius, meu leal falcão que em pouco tempo chegaria ao seu limite. Afinal, mesmo sendo uma invocação, o pássaro desgastava-se devido ao cansaço. Minutos antes de sobrevoarmos os portões da cidade abandonada, a chuva começou a cair, lenta e fragilmente, molhando a areia do deserto.

         Verkan nos solicitou pela rápida e eficiente atuação em Eura, informando-nos sobre os outros relatos já chegados de outros pontos do continente. O que eu, pessoalmente, não espera era que a guerra já estivesse se movimentando tão rapidamente. Então realmente tínhamos apenas um fiapo de tempo para organizar uma estratégia perfeita. Aquilo parecia loucura, mas tínhamos que cumprir a nossa promessa como guerreiros de elite.

 

 

Flashback On.

 

 

         "Depois de ter observado a cerimônia de nomeação durante tantos anos quando criança, finalmente naquele ano o meu próprio nome estava no pergaminho. Eu, com 15 anos, era o mais jovem dentre os outros guerreiros que se tornariam a Elite de Priston naquela manhã de domingo. A cidade inteira estava alvoroçada, entusiasmada para que a cerimônia enfim começasse. Todos queriam ver os rostos da nova geração, os novos protetores do continente, aqueles que jurariam sua vida em defesa de nossa nação. A música melodiosa começou a tocar, iniciando a nobre celebração. Flores delicadas e fitas vermelhas estavam espalhadas pelo alto das árvores e casas, decorando com ar triunfante a medieval Richarten. No alto do elegante palco montado, em frente ao castelo de Verkan, um guarda chamava os escolhidos para receberem seus pergaminhos de honra. Eu aguardava impaciente em meio aos tantos outros participantes, cuidando para que ninguém estragasse meu robe novo, adquirido especialmente para a ocasião. Minha mãe dissera que as vermelhas bordas inferiores do tecido me proporcionariam sorte.

 

- Da classe dos Pikes, Electro. - anunciou o guarda com um enorme pergaminho nas mãos, e toda a platéia aplaudiu fervorosa

 

         Um jovem subiu ao palco, radiante e irreverente, acenando para o povo que lhe felicitava. Ele usava uma máscara azul no rosto, assim como o gorro que lhe cobria os cabelos. Em suas costas, uma foice que acompanhava a altura de seu corpo. Imaginei o quão forte seria aquele garoto, o quão incríveis seriam suas habilidades. Naquele tempo, eu me denominava o mais fraco dentre os outros guerreiros. Mal sabia o quão estupidamente modesto eu estava sendo.

 

- Da classe das Sacerdotisas, Hakuna. - disse o guarda, dando uma pequena pausa para que uma garota docemente rosada subisse ao palco

 

         Ela parecia tão frágil e meiga, que subitamente senti vontade de correr até a escada pela qual ela subia e permanecer ali de prontidão para o caso de seus pequenos joelhos fraquejarem e seu corpo cair em inércia. Porém, o óbvio lembrete de que ela estava se tornando uma guerreira de elite me impediu de cometer tal ação desvairada. Por mais frágil que parecesse, aquela encantadora Sacerdotisa certamente era uma garota com poderes grandiosos.

 

- Da classe dos Magos, Mizu. - e então meu coração acelerou desesperado, eufórico e atônito ao mesmo tempo

 

         Algum desconhecido precisou me cutucar com seu cotovelo para que eu despertasse do choque e me pudesse à caminho do palco. Indescritível foi a sensação de ouvir as pessoas me aplaudindo como se eu fosse um Deus, depositando suas confianças em mim, esperando que eu fosse um homem forte para proteger o continente com meus próprios punhos. O guarda sorriu e entregou-me o pergaminho de nomeação, indicando com a mão para que eu me juntasse aos outros guerreiros celebrados. Naquele momento, eu senti que era muito mais forte do que imaginava. Eu senti que realmente podia proteger aquela gente, que eu queria fazê-lo.

         Por mais diferentes que fossemos um do outro, em um ponto todos nós éramos iguais. Todos havíamos feito o juramento eterno, a grandiosa promessa, com a mesma coragem e determinação. Com a mesma certeza de honrar aquelas palavras.

 

 

'Pela vida de Priston, eu prometo ser a força que protegerá, a coragem que enfrentará, a lealdade que vencerá. Pela vida de Priston, eu prometo honrar o meu juramento, na paz e na guerra, até o dia em que a eternidade me leve deste mundo.' "

 

 

Flashback Off.


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