Priston Tale escrita por Yokichan


Capítulo 22
Capítulo 19 - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Decidi terminar o cap 19 num post separado pra não ficar muito longo e cansativo ;*
Cap com musiquinha, nham. qq



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Obs: Recomendo que leiam o cap ao som dessa música, é muito cool: http://www.youtube.com/watch?v=d9E8wAjfpd8&feature=quicklist

 

 

 

 

Lady Die POV On.

 

 

"- Agora você vai me ouvir."

 

         "- O que está havendo, Lady?"

 

         "- Por que está tão distante de mim?"

 

 

         Eu estava começando a enlouquecer com aquela voz incrustada na minha mente, nos meus mais profundos pensamentos. Por que ele não podia apenas me deixar em paz? Por que ele não podia simplesmente me esquecer? Na verdade, não era isso que eu queria, mas era o que eu precisava. O olhar rígido de Murdoc não se fazia esquecer dentro de mim, como se meu coração masoquista pedisse por mais daquilo, por meu descontrole completo.

         Nem mesmo a escuridão de minha silenciosa casa conseguia suprimir aquela tortura. Incontáveis foram os copos de água que bebi, tentando afogar o meu sentimento, matá-lo dentro de mim. Transitava pela casa de um lado para o outro, transtornada comigo mesma, ligando e desligando luzes, mudando objetos inutilmente de lugar, criando um rastro profundo no chão amadeirado. Jogava-me na cama, no sofá, nada me confortava, apenas me aqueciam ou me esfriavam demais. O que diabos estava acontecendo?

 

"- Lady..."

 

         Por que a maldita voz dele não me abandonava? Era como se ele estivesse ali, me perseguindo no escuro, escondendo-se nas sombras das paredes ou debaixo dos tapetes. Murdoc estava sendo como um veneno para mim, projetando em minha alma uma terrível crise que eu não sabia como controlar. Talvez se ele estivesse mesmo ali, eu poderia despejar minha estúpida raiva sobre aquele Fighter, lhe chamar de idiota e cretino, e então tudo passaria. Eu estaria bem novamente, não estaria?

         Lancei-me sobre o sofá de tecido desbotado no centro da sutil sala. O móvel rangeu um lamento idoso, porém macio. Despojadamente, deixe-me ficar ali, no silêncio da madrugada. E a voz de Murdoc, aveludando meus ouvidos, penetrava em meu mais profundo ser.

 

"- Acho que só terei paz quando conseguir lhe matar." - pensei, abrindo um vil sorriso num rosto agora menos entorpecido. Um sorriso cheio de escárnio, de negra ironia, afinal eu sabia muito bem que matá-lo seria impossível - Maldito... - deixei escapar

 

- Acaso está se referindo à mim? - perguntou-me a voz que tanto me perseguia, e durante um segundo de devaneio eu imaginei ainda estar sob o controle de meus próprios pensamentos

 

         Inusitadamente, não era apenas mais uma fantasia. Surpresa pelo real timbre daquela voz, saltei do sofá com o corpo ainda trêmulo. Na janela, banhado pela tênue claridade da lua, estava ele. Murdoc, meu veneno. Sentado no beiral de maneira com os braços cruzados em frente ao peito, ressaltando a montanha de músculos que eram seus ombros. Aqueles olhos acastanhados me fizeram vacilar, de modo que com o fluir de um suspiro, deixei-me cair novamente no sofá. Ele sorriu sombriamente, e naquele momento meu coração se sentiu estraçalhado, derrotado.

 

- O que está fazendo aqui? - perguntei atônita, encarando-o com a agressividade que o choque me permitia

 

- Nada, como pode ver. - disse ele, erguendo as sobrancelhas num sorriso óbvio; senti vontade de chutá-lo para longe de mim

 

- Então... O quê? - sondei, recuperando aos poucos minha estabilidade; na verdade, meu coração ainda gritava em pânico

 

- Imaginei que estaria se sentindo sozinha. - explicou ele, saltando sutilmente da janela para dentro de minha sala

 

- Ora, não seja patético! - ralhei no intuito de erguer o corpo do sofá, mas hesitei ao imaginar se meus joelhos suportariam - Saia já da minha casa. - pedi secamente, movendo o rosto para o lado oposto ao de Murdoc

 

- Por que não pede olhando nos meus olhos? - provocou ele, mas eu apenas podia lhe ignorar; senti seus passos se aproximando

 

- Aff, você é mesmo um idiota. - comentei cabisbaixa, deixando que uma curva de sorriso surgisse em meu rosto corado

 

- Você não mudará nunca, não é? - disse ele com escárnio, ajoelhando-se rente ao meu corpo no sofá

 

- Nunca. - confirmei, então movendo meu rosto para que pudesse lhe olhar nos olhos; o sorriso de Murdoc me fazia entender de uma maneira abstrata o quão interligados estávamos nós dois

 

- Então terei de me acostumar. - assentiu lascivo, e tais foram as últimas palavras que eu precisava ouvir

 

         Sua imagem corpulenta inclinou-se sobre a minha, e mais uma vez eu me sentia completa no calor de seus braços. Não hesitei, não debati, não neguei. Aquela era a minha vontade, o meu mais profundo desejo. Entregar-me, afinal, não era tão difícil quando meu coração me traía daquela maneira. Traía-me terrivelmente, e poderia continuar a fazê-lo desde que aquele sentimento caloroso não se apagasse dentro de mim. Então era aquilo que chamavam de paixão? Eu, peculiarmente, resolvi chamar de laço.

 

 

"Não me importo que você me bata, desde que suas mãos continuem sempre macias. Não me importo que você grite comigo todos os dias, desde que sua voz seja a primeira a me acordar pelas manhãs. Não me importo que você jamais diga que me ama, desde que eu possa sentir o seu coração no meu. Agora, Lady, você é minha."

 

 

         Jamais imaginei que Murdoc seria capaz de compreender tão bem - e tão estranhamente - os sentimentos em meu coração, mas eu não me esqueceria daquele juramento feito no momento mais perfeito que um homem e uma mulher podem desfrutar. Se era assim que ele desejava, seria assim que aconteceria. Eu seria sua, e ele seria meu. O que aconteceria eu não sabia, mas e quem se importava com o futuro? Aquela noite fora o bastante para nós dois.


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