Priston Tale escrita por Yokichan


Capítulo 21
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, sorry por ter demorado tanto para reescrever esse capítulo. ç_ç
É que esse casal da fic, pra mim é o mais chato de escrever, então demorou um pouco pra passar minha raiva por meu pc ter deletado o cap mara que eu estava escrevendo e a inspiração voltar. .-.
Só voltou porque choveu, então agradeçam à chuva. qq



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Murdoc POV On.

 

 

         Faziam algumas horas desde que havíamos deixado a assombrosa Greedy Lake. A tarde nos contemplava com o sol dourado que ardia sobre nossos ombros, aquecendo-nos brutalmente. Nossa missão estava cumprida e os relatórios estavam bem vivos em nossas mentes, abrigados da intensa voracidade do sol. No final do dia, deveríamos estar chegando em Navisko. Afinal, do que horas importavam? Lady Die acordara tempestuosa aquela manhã, e desde então não havia me dirigido um único olhar. Eu realmente não entendia as mulheres. Criaturas arredias e incompreensíveis elas eram, sem dúvida alguma. Na calada da noite fria, ela havia desfrutado do calor protetor de meus braços, murmurado meu nome para as paredes escuras, e quando o sol nasceu, era como se Lady não me conhecesse.

         Ela corria metros à minha frente enquanto atravessávamos uma planície desértica, como se não suportasse a minha proximidade. Eu continha-me o máximo possível, tentando ocupar meu tempo e meus pensamentos com as cruéis dúvidas que se acumulavam em minha mente. O que Lady Die queria de mim? Fora apenas uma brutal atração carnal? Eu acreditava fielmente que não, pois os suspiros trêmulos que ela intercalara junto aos meus lábios na noite passada foram extremamente espontâneos. O que poderia ser mais sincero que a espontaneidade?

         Esperei, esperei solícito e ansioso, mas Lady simulava sua própria solidão enquanto suas pernas avançavam habilidosamente sobre aquelas terras remotas. Para ela, era como se eu não estivesse ali, como se eu não existisse. Aquela ignorância me irritava, fazia meu sangue borbulhar dentro das veias, mas o que eu poderia fazer diante da lembrança noturna que povoava meus pensamentos? Minha paciência e controle finalmente se extinguiram.

 

- Lady? - chamei, aproximando-me lentamente naquela corrida silenciosa

 

         Ela não respondeu, o que me irritou furiosamente. Naqueles breves momentos até que meu corpo alcançasse o dela, tentei imaginar um bom motivo para aquela resistência estúpida. Em minha pesquisa pessoal, nada gravemente pecaminoso havia sido constatado, o que me deixou ainda mais confuso. Eu era apenas um homem, não uma bola de cristal.

 

- Lady? Você pode parar e me ouvir? - pedi, controlando minha voz truculenta pela irritação

 

- Vamos logo, não temos tempo para conversar. - ela disse, avançando a velocidade de sua graciosa corrida

 

         Aquele fora o ápice de minha furiosa confusão. Com um impulso - não só de meu corpo como também de minha mente - lancei-me na direção de Lady, saltando sobre ela com uma velocidade que ela distraidamente não esperava de mim. Uma nuvem de poeira envolveu-nos quando meu corpo pousou diante do dela, bloqueando sua passagem. Então, ela não tinha mais para onde fugir. Prendi seu pulso pequeno entre meus dedos, algemando-o fortemente. Imaginei que não deveria ser tão agressivo com a mulher que repousara junto de meu corpo horas antes, mas Lady Die realmente merecia algumas palavras difíceis. Quando a nuvem de poeira se dissipou, pude ver seu rosto assombrado a me encarar. Seus olhos injetados nos meus, vacilantes.

 

- Agora você vai me ouvir. - disse tempestuoso, fitando-a com meu mais cruel olhar enquanto meus dedos esmagavam subconscientemente seu frágil pulso

 

- O que pensa que está fazendo?! - ela vociferou assustada, puxando o pulso para longe de minha mão, o que foi inútil

 

- O que você pensa que está fazendo?! - repeti a pergunta, dando ênfase ao me referir à ela

 

- Tire suas mãos de mim! Está me machucando! - ela reclamou furiosa, debatendo seu braço preso contra o meu, até que soltei-a

 

- O que está havendo, Lady? - perguntei confuso, invadindo seu olhar verdejante

 

- Olha o que você fez! - mostrou-me agressivamente o pulso violentado por marcas vermelhas, mas imaginei que aquela exibição servia mais como uma distração para minha pergunta do que como um sinal de ofensa

 

- Me desculpe. - disse, fitando seu pulso marcado, então voltei a encará-la - Então, vai me responder? - sondei

 

- Não tenho nada para falar! Me deixe em paz, certo? - gritou ela, voltando a ser a mulher arrogante que eu conhecera

 

- Por que está tão distante de mim? Fiz algo errado? - perguntei, dando de ombros com indecisão

 

- Aff, até parece que você se preocuparia com uma coisa dessas! Agora saia da minha frente! - ralhou ela, driblando meu corpo

 

- E por que não me preocuparia? - sondei, franzindo o cenho por mais que ele já estivesse franzido

 

- Porque você é um idiota. - respondeu ela sem mais delongas, voltando a correr à minha frente

 

         E então eu soube que a conversa estava acabada. Eu era um idiota, sim. Ela era uma tola, também. Éramos dois estúpidos, certamente. Aquilo parecia engraçado se comparássemos nossas atitudes, mas na realidade, as coisas pareciam mais tristes do que na mera teoria. Inutilmente, permaneci a segui-la a alguma distância até Navisko. Foram momentos de perpétuo silêncio, onde apenas nossos passos quebravam aquela nostalgia. Uma pergunta insistia em badalar meus pensamentos, ramificando-se em inúmeras e cruéis dúvidas. Não seria difícil constatar a minha perturbação interna, já que esta se manifestava tão evidentemente em minha sombria face.

 

 

Murdoc POV Off. Lady Die POV On.

 

 

         Se um relógio marcasse quatro horas de silêncio até Navisko, minha mente marcaria quatro anos de desespero. A cada instante, eu me perguntava o motivo daquilo tudo, daquela violência entre mim e Murdoc. Nem mesmo eu sabia o que se passava em meu coração, embora em minha mente todos os sinais fossem claros demais. Quando ele se aproximava, eu corava por inteiro até sentir vontade de mergulhar naquele solo terroso e nunca mais voltar à superfície. Quando ele me dirigia sua voz inabalável, meu corpo tremia tal como um graveto indefeso tentando resistir de pé à uma ventania horrenda. Quando ele me olhava, eu apenas desejava correr para tão longe que ele não pudesse ver meu rosto por um bom tempo. Era estranho e incompreensível, quase inaceitável me sentir de tal maneira. Por outro lado, era apenas o que eu sabia.

 

         Para meu profundo alívio, no final da tarde meus olhos encontraram as altas muralhas de Navisko. Eu, pelo menos por algum tempo, estava salva das curiosidades inoportunas de Murdoc. Como poderia eu explicar diante de seus olhos que as recordações da noite que passamos juntos me incomodavam vergonhosamente?

         Ao passar pelo portão da cidade desértica, pude ver a imagem solene de Verkan no alto das escadarias que levavam ao SOD. Parecia que eu e Murdoc tínhamos sido os primeiros a retornar da missão. Espantei-me com a escuridão anormal que tomava conta dos céus de Navisko em pleno fim de tarde. As nuvens não deveriam estar douradas com o pôr-do-sol?

 

- Sejam bem vindos. - Verkan nos solicitou cordialmente com um sorriso provinciano no rosto envelhecido

 

- Fomos os primeiros, hein. - comentei, parando ao pé da escadaria e recuperando o fôlego cabisbaixa

 

- Olá, Verkan. - Murdoc cumprimentou parando ao meu lado; aquela proximidade realmente me incomodava

 

- Então, o que me dizem? - o Conselheiro sondou, cautelosamente curioso ao lançar seu olhar sobre nossas cabeças

 

- Vimos qu... - eu e Murdoc falamos ao mesmo tempo, atropelando um ao outro; eu o encarei como se fosse trucidá-lo

 

- Fale, Lady Die. - Verkan assentiu, parecendo surpreso com nossa falta de sintonia

 

- Sim. - abafei um pigarro com a mão, então comecei - Vimos que há um grande exército partindo de Greedy Lake, e não são criaturas fáceis de se dominar. Devem chegar aqui pela madrugada, no mínimo. Porém, não havia ninguém os comandando por lá. Não havia nenhum sinal do Fury. - finalizei desanimada

 

- Agiam por conta própria, como se estivessem sob o efeito de um feitiço. - Murdoc complementou sério

 

- Entendo. - assentiu o Conselheiro, refletindo por breves momentos - As cidades estão sob ordem de emergência e devem terminar de serem evacuadas em meia hora. Vão para suas casas e se preparem para a batalha. Estejam aqui ao amanhecer. Por enquanto, estão dispensados. - anunciou Verkan, meticuloso

 

- Certo. - eu e Murdoc tomamos diferentes direções e logo não estávamos mais em Navisko

 

         Ao chegar em Pillai, imaginei para onde haviam sido evacuadas todas aquelas pessoas. A cidade estava deserta, tão silenciosa quanto um túmulo. Era estranho transitar por uma Pillai tão quieta, tão "morta". Não se ouvia mais a música calma dos místicos, nem mesmo o suave murmúrio de vozes, nem mesmo o canto gracioso dos pássaros. A fonte dos chafariz havia sido interrompida, de modo que a água permanecera assombrosamente acumulada nas orlas petrificadas. Era assustador, tão assustador que um frio anormal percorreu a minha coluna, estremecendo-me ao alcançar a nuca. Só restara eu, a solitária Atalanta.


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