Melissa saiu do banheiro segurando as três tirinhas brancas. O azul de seus olhos se mesclava com o arredor avermelhado de tanto chorar.

– E então? – Perguntou o loiro.

– O papai vai me matar. – falou ela e voltou a chorar, soluçando tanto que Dean pensou que ela ia sufocar a qualquer momento. Ela estava tão abalada que não conseguiu dar mais nenhum passo e sentou-se no chão, ali mesmo. Deixando cair as tirinhas com os três resultados positivos.

– Meu Deus. – sussurrou Dean atonitamente. Ainda tinha esperanças de que não fosse o caso de Melissa estar grávida, mas percebeu que estava errado.

– O que eu vou fazer agora, Dean? – falou ela.

– Nós temos que contar para ele.

– Contar? Não posso. – falou ela entre um soluço e outro. – Quando ele soube que você perdeu o dinheiro da comida, ele te deixou naquele reformatório por dois meses. Imagina o que ele vai fazer comigo.

– Mel, respira. – falou Dean segurando no rosto da irmã. Sentiu que ela estava tendo uma crise de pânico. – Se acalme.

– Não conta para ele. – falou ela. – Eu imploro, não conta.

– É melhor a gente falar de uma vez. Se você deixar para depois, mais irritado ele vai ficar.

– Me ajuda, Dean. – falou ela e o loiro respirou fundo.

– Eu vou, mas pra isso eu preciso saber: Você dormiu com ele porque quis ou porque foi pressionada?

– Eu não entendi.

– Você quis fazer ou ele lhe pressionou? Porque eu juro que o mato se ele forçou.

– Ele não me estuprou, se é o que você quer saber. – falou ela. – Mas me iludiu. Na verdade, ele não terminou comigo pela causa que te falei, ele terminou comigo porque eu disse que não queria mais fazer e que talvez eu estivesse grávida.

– Definitivamente, eu vou matar esse cara.

...

Já era quase dez horas da noite e Melissa estava dormindo em sua cama. Havia chorado a tarde toda e só Deus sabe como, ela conseguiu dormir um pouco. Dean e Sam adormeceram assistindo TV.

Estava tranquila até o momento em que uma luz muito forte invadiu o quarto e a porta se fechou. Abriu os olhos por causa da claridade, achando que já era de manhã e só então percebeu que havia um homem, inteiramente feito de luz, ao lado de sua cama.

Ela tentou gritar, chamar por seus irmãos, mas não conseguiu. As palavras, simplesmente, estavam presas em sua garganta. O homem se aproximou e sentou em sua cama. Ela tentou se encolher no canto, mas foi impossível, o homem não deixava ela se mexer também.

– Essa criança não deve existir. – falou ele e tocou na barriga de Mel que sentiu uma dor jamais sentida antes. Ela queria gritar, mas as palavras ainda não saiam.

Depois de alguns segundos, a luz foi diminuindo até existir apenas a fraca luz das luzes externas que entravam no quarto pela janela.

– Dean. Socorro! – gritou ela quando a voz voltou e a dor ficou ainda mais intensa. O rapaz entrou correndo no quarto.

– O que foi, Mel? – falou ele empunhando a arma.

– Tinha alguma coisa aqui. – falou ela chorando muito e segurando no baixo ventre.

– O que era?

– Eu não sei, havia muita luz e eu não consegui ver. Ele tocou em mim, na minha barriga.

– Uma luz? – perguntou Dean abaixando a arma e encarando a irmã. – Você deve ter tido um pesadelo. Eu não vi luz nenhuma.

– Pode ter sido, mas então, porque essa dor? – Mel se encolheu na cama.

– Onde é que dói? – falou o jovem afastando o edredom. Ao fazer isso, viu um pouco de sangue na cama. Ele se levantou correndo e puxou todos os panos, vendo uma enorme poça de sangue onde Mel estava sentada.

– Meu Deus!. – falou ela e a dor ficou ainda pior. Ela se encolheu na cama e Dean a carregou nos braços. O caçula, de doze anos, estava parado na porta do quarto, completamente assustado com o sangue que escorria da camisola de Melissa e a poça que estava na cama.

– Vamos Sam, venha atrás de mim. – falou ele depois que o menino abriu a porta da frente. – Pega o celular e liga para o pai avisando que estamos levando Melissa para o hospital. - falou ele e parou um taxi. Os três entraram e seguiram rápidos para o hospital mais próximo.

...

John chegou correndo ao St. Agnes Hospital quando o relógio marcava cerca de meia noite e meia. Nem sequer tomou informação no balcão, já que Sam havia lhe dito que estavam aguardando informações sobre Mel na sala de espera.

– Ela está bem? – Perguntou o homem ao encontrar o filho mais velho. – Sam me disse que a Melissa estava sangrando. O que houve? Alguma coisa tentou atacar vocês?

– Pai, antes que o senhor tome qualquer atitude, precisamos conversar.

– O que aconteceu, Dean? – perguntou ele pausadamente, perdendo a paciência. Antes que o rapaz pudesse dizer alguma coisa, o médico chegou na sala carregando uma prancheta.

– Quem são os responsáveis por Melissa Winchester?

– Nós. – respondeu John. – Ela está bem?

– Fizemos o que estava ao nosso alcance e conseguimos conter a hemorragia, mas não salvamos o bebe. Eu sinto muito.

– Espera, tem certeza que é da minha filha que você está falando?

– Sim, aqui diz: Melissa Campbell Winchester, nascida em 24 de Janeiro de 1979, em Lawrence, Kansas. – falou o homem lendo o papel. – Foi trazida pelos irmãos, Dean e Samuel. É isso?

– Sim, é isso, mas a Melissa não estava grávida. – ele falou e só depois entendeu. Olhou para o loiro que engoliu secamente. – Ela estava grávida?

– Estava, meu pai.

– Isso é o tipo de coisa que você pega o telefone e liga para mim.

– Eu só soube há poucas horas.

– Por favor. – falou o médico. – Vocês estão em um hospital.

– Desculpe, é que eu não sabia.

– A maioria dos pais não sabem que suas filhas adolescentes estão grávidas até a barriga está enorme e muitas vezes, só descobrem quando a menina entra em trabalho de parto.

– Ela está acordada? Podemos falar com ela? – perguntou Sam.

– Sim, ela acabou de acordar, mas não pode se aborrecer. Então, vão com calma. – falou o médico, principalmente para John, e saiu da sala. O homem encarou o filho mais velho, como se o acusasse de não ter cuidado da irmã.

– Pai, me escuta. – falou ele. – O cara se aproveitou da Mel, se aproveitou da inocência dela. Ela não tem culpa. – O homem pensou bem e respirou fundo.

– Você tem razão. – falou ele e abaixou o olhar. – É responsabilidade da mãe falar sobre esses assuntos, com as meninas, e Mel não teve ninguém. Na verdade, a culpa disso é minha.

– Não pai, a culpa disso é da coisa que matou a mamãe. – falou Dean. – Mas agora tudo vai ficar bem, não é?

John nada disse, apenas deu as costas e seguiu até o quarto da menina. Assim que entrou, Melissa começou a chorar.

– Papai. – falou ela aos prantos. Usava uma daquelas camisolas de hospital e tinha uma mangueira de soro em sua mão direita. – Desculpa.

– Tá tudo bem Mel, o Dean me explicou tudo. Não precisa ficar com medo. – o homem abraçou a menina fortemente e Melissa deixou um “obrigada” escapar pelos lábios para o irmão que piscou, como se dissesse que estaria sempre ali para ajudar.

– Porque você não confiou na gente? Somos sua família, Mel. – falou John.

– Eu fiquei com medo do senhor perder a cabeça. – falou ela triste. – Eu estava tão desesperada hoje e tive que contar ao Dean. Foi ele quem comprou os testes de farmácia.

– Não importa mais nada agora, o importante é que você está bem. – falou John.

– Não só isso. – falou o loiro. – Quem é esse Brad?

– Brad Summers. O quarterback do time de futebol. – falou Mel.

– Obrigado. – falou Dean e saiu do quarto.

– Pai, não o deixe ir, ele vai matar o Brad.

– Nessas circunstâncias eu não me importaria.

– Tem três meses que o Dean foi preso, não deixe ele fazer essa loucura agora. – Melissa se desesperou. Só em pensar que seu irmão poderia ser preso de novo, uma crise de pânico se apoderou dela. - Por favor, Pai

– Tudo bem. – John se levantou. – Eu não vou deixar ele fazer nada.

...

Dean correu até uma festa que estava sendo divulgada já fazia cerca de uma semana na escola. Ela seria realizada na casa de um dos filhinhos de papai que estudava no Edmondson-Westside High School, porque os pais estavam viajando a trabalho.

Ele sabia que os jogadores de futebol eram os primeiros a chegar nessas festas então sabia que o tal do Brad estaria lá. Esperou do lado de fora, até que o rapaz saiu acompanhado de uma garota loira. Ele respirou fundo e se aproximou.

– Você é o Brad Summers? – falou ele fingindo que estava animado em ver o rapaz.

– Sou sim, porque? É um fã? – respondeu o garoto rindo. Dean deu uma risada sem graça.

– Longe disso. – falou ele e deu um murro na boca do rapaz. – Eu vou matar você, mas antes preciso dizer porque. – A mulher gritou e saiu correndo, em direção a festa. Dean correu na direção de Brad e deu um chute em seu estomago, fazendo o homem cair no chão. O loiro não perdoou e caiu em cima do homem dando-lhe vários murros no rosto. – Da próxima vez que você engravidar alguém e não assumir a responsabilidade, certifique-se que o irmão dela não venha atrás de você.

– Dean, pare. – gritou John segurando o filho e o tirando de cima do rapaz. – Você quer arranjar mais confusão?

– Por causa desse desgraçado a Mel está internada. – falou Dean gritando. Todos que estavam na casa saíram para ver. – Ele fez isso com ela, pai. Ele a engravidou, se aproveitou da inocência dela e depois a chutou. – todos olharam para Brad. – O que eu fizer com ele ainda é pouco. - O loiro correu na direção do rapaz outra vez, mas John o segurou. - Me solta meu pai.

– Vamos embora, agora. – falou o homem.

– Eu vou matar esse desgraçado.

– Não, você não vai. – falou John e o virou para ver os olhos verdes do filho. – Não vale a pena sujar as suas mãos com um desgraçado como esse. Mel me pediu para impedir você de fazer uma besteira. É esse o exemplo que você quer dar para seus irmãos?

Dean olhou para o rapaz ainda no chão.

– Agradeça a Melissa por você ainda respirar.