A love of porcelain escrita por Cherry Bomb


Capítulo 8
Diferente




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Notei que Henry havia dormido. Levantei com cuidado e substitui minhas pernas por uma das almofadas. Fui para cozinha preparar o jantar. Enquanto cozinhava fiquei lembrando de como Edgard foi bom pra mim. Ele me ensinou tudo o que sei e sempre teve cuidado comigo, acho que nunca consegui retribuir essa gentileza.

Meu celular apitou que eu tinha uma mensagem, era de Ariele dizendo que eles iriam passar a noite na cidade e que era para eu trancar a porta, não sei com o que ela se preocupada, moramos fora da cidadã um pouco mais além do interior, aqui não tem uma viva alma, mas não questionei.

Preparei jantar só pra um e arrumei a mesa. Henry ainda dormia na sala então me aproximei para observa-lo melhor. Seu rosto é bem desenhado e seus lábios parecem que alguém pegou um lápis e os contornou. Os cabelos longos e lisos faziam com que eu quisesse tocá-los mas se eu fizesse isso ele iria se assustar ainda mais.

Uma hora depois ele acordou. Quando percebi que ele ia abrir os olhos me joguei no outro sofá e fiquei olhando para o teto tentando disfarçar o fato de eu ter ficado uma hora olhando pra ele.

–Por quanto tempo eu dormi? – Ele perguntou antes de bocejar.

–Três horas. Está com fome?

–Um pouco.

–A comida está em cima da mesa. “Bon appétit” – Subi para o meu quarto e troquei de roupa.

Vesti uma de minhas camisolas e penteei meus cabelos para depois prende-los em uma trança. Fui na ponta dos pés até a ponta da escada para ver o que Henry estava fazendo, mas ele não estava mais na sala.

Andei até a porta do seu quarto e encostei meu ouvido para tentar ouvir alguma coisa, não sei o porque mas eu queria ficar perto dele. Depois de alguns segundos com a orelha da porta Henry abriu a porta fazendo com que eu caísse no chão.

–O que está fazendo aqui? – Ele perguntou.

Quando olhei pra cima Henry estava com o cabelo molhado, sem camisa, usando uma calça de couro preta, me perguntei se ele tinha sido do mesmo modo que eu ou se havia nascido como as outras pessoas.

–Queria saber o que você estava fazendo.

–E por isso decide ficar com a orelha na porta?

–As pessoas aqui não fecham as portas exceto quando vão dormir e você dormiu muito hoje então não estaria dormindo agora.

–Você é esquisita. – Ele disse enquanto me ajudava a levantar. – Ei. Seus olhos são bonitos, os dois. – Nunca alguém de fora tinha dito que alguma cosia em mim é bonita.

–Obrigada. – Não sei se só isso basta quando alguém te elogia.

Henry estrou n quarto e pegou uma camisa, enquanto vestia ouvia a campainha tocar. Visitas é algo muito raro aqui em casa.

–Tchau Margot. – Ele disse descendo as escadas.

Eu não podia deixar a visita me ver então me escondi em um lugar onde eu conseguisse ver quem era que estava na porta..

Henry abriu a porta e uma menina de cabelos curtose castanhos passou os braços envolta do pescoço dele. Pensei que ele iria tira-la de lá, mas Henry passou os braços dele envolta dela. Só tinha visto essas coisas em filmes e geralmente depois dessa cena o casal tocam os lábios, e foi exatamente isso que Henry e a menina fizeram. Eles tinham os lábios colados um ao outro. Quando se soltaram desapareceram fechando a porta.

Eu estava sozinha.

O sol ainda não tinha nascido quando eu ouvi a porta da sala se abrir. Sai do meu quarto e fui discretamente ver o que era. Henry e a garota estavam novamente com os lábios colados mas desta vez as mãos dele não estavam envolta da cintura dela, estavam tirando as roupas que a menina usava. Voltei para o quarto e fechei a porta quando percebi que eles subiam as escadas em direção ao quarto de Henry.

Deitei na minha cama e fiquei olhando para o teto imaginando o que eles estariam fazendo. Se reproduzindo talvez? Eu não sei. Ariele nunca me deixou ver o que acontece depois da cena dos beijos nos filmes, mas eu sei que todo ser vivo se reproduz.

De manhã ouvi quando a porta do quarto de Henry se abriu. Me assegurei de que não era a garota que estava saindo do quarto para só depois abrir a minha porta.

–Bom dia. – Henry falou e depois fechou a porta de novo.

Fiquei de frente para o espelho observando a imagem que ele refletia. Quando desenhei isso em meu rosto fiz porque eu sabia que não iria me arrepender. Gosto do meu rosto assim, não ligo de ter flores brancas, desenhos em preto, uma caveira mexicana perfeita, desenhada. Gosto mais deste desenho do que as cicatrizes.

Vi quando a garota foi embora e então fui para a cozinha ver se Henry precisava de algo.

–Desculpas se te acordei. – Ele disse apoiando o corpo em um balcão.

–Não acordou. Eu nunca durmo. –Henry olhou pela janela e depois virou o rosto pra mim.

–O que você faz?

–Depende do dia. As vezes desenho, toco música, estudo, leio, vejo filmes...

– Qual o seu filme favorito?- Fiquei surpresa com a pergunta dele, mas acho que se eu disser qual realmente é meu filme favorito ele irá achar esquisito, então menti.

–Tempos modernos. Já viu? – Eu gostava desse filme mas não era o meu favorito.

–Já, ele é engraçado. Margot você já saiu daqui?

–Sim. – Não gosto de lembrar da minha primeira e ultima saída de casa. Depois daquele dia eu nunca mais tive contato com as pessoas, por sorte moramos no interior então aqui nunca tem pessoas, só arvores e um lago. – Você e a menina estavam se reproduzindo? – Perguntei para mudar de assunto.

–Reproduzindo? – Henry levantou os cantos da boca de modo que seus dentes ficassem a mostra e um som saiu de sua garganta. – Onde foi que aprendeu isso?

–Todo ser vivo se reproduz. – Falei sem entender as atitudes dele.

–Foi mais ou menos isso. – Ele falou.

–Por que você está fazendo esse barulho e mostrando os dente? – Perguntei.

–Estou dando risada. – Henry ficou serio e me encarou. – Você não da risada?

Juntei meus dentes e levantei os cantos da boca do mesmo jeito que Henry tinha feito.

–Assim? – Perguntei com a boca rígida.

–Meu Deus isso foi assustador. Volta pro seu rosto normal. –Desfiz aquela tentativa de sorrir. – Você é mais diferente do que eu pensava.

–Isso é bom?

–Eu ainda não sei Margot. – Henry saiu da cozinha e me deixou lá parada.

Esse garoto é bem complicado. Ele sempre faz essa tal coisa de “dar risada” e ainda por cima toca de modos esquisitos as mulheres, e depois eu é que sou a diferente.


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