A love of porcelain escrita por Cherry Bomb


Capítulo 23
Fome




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/446083/chapter/23

Acordei assustada quando comecei a ouvir alguns barulhos. A principio achei que fosse um gato ronronando, mas nós não temos gato. O barulho esta ficando cada vez mais alto e ainda mais esquisito.

–Henry. –Coloquei minha mão no breraço dele e o cutuquei.

–Que foi Margot? –Ele tinha a voz sonolenta.

–Estou ouvindo uns barulhos esquisitos.

–É ladrão, mata! –Ele sentou rápido na cama e ficamos encarando a porta.

–Vou descer e ver se tem alguém lá.

–Você não vai sozinha. –Levantamos da cama e começamos a andar pelos corredores.

Henry me seguia em silêncio. Andávamos nas pontas dos pés. Quando paramos no final da escada ouvi o barulho de novo, e desta vez ele estava mais alto.

–Henry ele tá se aproximando. –Falei baixinho. E então o silencio todo da casa foi quebrado pela risada do Henry. –Shiiiii, não faz barulho.

–Desculpas! –Ele ainda estava rindo mas eu ignorei.

Conforme andávamos o barulho ficava mais alto e Henry dava risada toda vez que escutávamos.

–Qual o seu problema? Pode ser um assassino e você fica ai dando risada. –Falei seria.

–Tá bom, chega, eu já me diverti. –Henry pegou a minha mão e sorriu. –Margot não tem ninguém nessa casa além da gente.

–Então de onde vem o barulho? –Ele não respondeu apenas me levou até a cozinha.

Fiquei sentada em uma das cadeiras vendo Henry preparar um enorme sanduiche de frango, salada, ovo...

–Toma. –Ele então colocou o enorme lanche na minha frente.

–Você sabe que eu não como.

–Eu sei, mas parece que isso mudou. –Ele então deu sorriso tão bonito que seria capaz de acabar uma guerra só mostrando esses lindos dentes e lábios. –O barulho que você estava ouvindo era a sua barriga roncando. Por isso comecei a dar risada.

–Isso não é possível Henry.

–Assim como não era possível você dormir, sonhar, ficar nervosa, tímida e até mesmo ter o coração batendo. –Fazia sentido o que ele estava falando.

–E se algo der errado? –Enquanto eu falava aquele barulho aconteceu de novo.

–Come. –Sempre observei as pessoas comendo então eu sabia o que fazer.

Quando dei a primeira mordida senti algo inexplicável. Aquilo era muito bom, era como se uma parte minha tivesse sido preenchida.

–Isso é... muito bom. –Falei com a boca cheia.

–Você não viu nada ainda. Mas te garanto que comer é um dos maiores prazeres dos seres humanos.

–Quais são os outros? –Perguntei.

–Dormir... e ... –Ele parou de falar e um sorriso novo surgiu em seu rosto, até seus olhos estavam diferentes, parecia com os do lobo mal das histórias de terror.

–E o que? –Aqueles olhar me deu um certo medo e uma sensação muito boa.

–Sexo. –Quando ele disse essa pequena palavra, senti um pedaço do frango descer pelo lugar errado da minha garganta. Fiquei tossindo até que tudo estivesse bem e Henry ficou apenas sorrindo com os braços cruzados.

–Ah, nossa, que coisa né. –Eu não sabia o que falar. –Se você quiser ir dormir, pode ir. Eu já estou bem. –Ele levantou mordeu o lábio inferior enquanto me olhava.

–Boa noite Margot. –Henry deu um beijo na minha testa e então saiu da cozinha.

Entendo que as coisas tenham mudado pelo fato de agora eu estar me tornando uma pessoa como o Henry. Mas eu ainda não entendo como essas coisas podem ser tão naturais pra ele.

Como por exemplo, quando nos tocamos, ele fica calmo, e isso me deixa nervosa. Eu nunca sei muito bem o que fazer ou como fazer ou como agradar ele. Antes eu não iria me importar de aparecer nua na frente dele, mas agora, tenho muito medo.

Henry age como se tivesse tudo sobre controle, como se ele não tivesse preocupação em ficar ao meu lado. Mas ele não entende que essas coisas são novas pra mim e que eu não sei como lidar com tudo isso.

Abri a geladeira e peguei praticamente tudo que tinha lá dentro, minha barriga ainda fazia barulho, então eu fui fazer o que as pessoas faziam quando estavam assim, comer.

Duas horas depois eu tinha acabado com toda a comida da casa, sem exceção de nada, mas pelo menos a fome tinha passado. Sem contar no fato de eu ter passado as duas horas pensando sobre o Henry e sobre a nova pessoa que eu sou.

Peguei meu celular e liguei para o Alex, ele tem me ajudado muito e sempre me passou uma imagem de quem entende esse tipo de coisa.

–Alô.

–Alex?

–Sim.

–É a Margot, tudo bem?

–Tudo tchuca e você?

–Estou bem. Desculpas se eu te acordei.

–Não chuchu, eu ainda nem dormi. Se é que você me entende. –Eu não entendi. – Em que posso ser útil?

–Eu queria conversar...

–Ok, já entendi. Me passa seu endereço por mensagem que eu jaja to na sua casa. –Nós desligamos e eu fiz o que ele tinha pedido.

Eu ainda estou tentando entender como podem existir pessoas tão boas no mundo, como Alex e Brenda, e ao mesmo tempo existirem pessoas capazes de ser tão ruins.

Henry tem me ajudado muito, mas ele sabe disso, já Alex e Brenda estão fazendo a mesma coisa só que sem perceber. Estar com eles faz com que eu me sinta diferente, como se eu não fosse a única pessoa no mundo.

Algum tempo depois a campainha tocou. Corri para atender a porta e sorri quando vi o Alex. E por mais estranho que pareça o cabelo dele não estava em um topete perfeito como antes, ele estava todo bagunçado, e olha que Alex tem uma fixação por esse cabelo.

–Ai tchuca não me olha com essa cara. To horrível eu sei. Mas é meio impossível está lindo ás sete e meia da manhã, de um sábado, sendo que passei a madrugada inteira acordado dançando.

–Nossa em desculpa! Você deve estar cansado e eu te chamei aqui. Me desculpas Alex!

–Margot calma. Eu estou acostumado. Só preciso de um banho e uma xicara de café bem forte. –Levei Alex até o quarto de Edgard e deixei ele lá para que pudesse tomar um banho se se sentir melhor.

Fui até o meu quarto ter certeza de que Henry estava dormindo. E ali estava ele, deitado em um sono profundo. Ele fica ainda mais bonito assim. Meu coração deu dois pulinhos rápidos e eu sorri. Fiquei parada na porta, já que Alex iria demorar um pouco, aproveitei para ficar observando meu Henry.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A love of porcelain" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.